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23 anos da morte de Vicente Matheus, o presidente apaixonado pelo Corinthians

“Fiel à sua nação até a morte” – Esta é a frase que está na lápide do mais icônico e amado presidente da história do Corinthians, e resume bem quem ele foi

Foto: Reprodução

Um dos 11 filhos de pai português e mãe espanhola, Vicente Matheus, nascido na Espanha em 1908, chegou ao Brasil aos seis anos. De origem pobre, humilde, ajudava os pais no armazém, mas as coisas começaram a melhorar com o arrendamento de uma pedreira, segundo consta no livro “Quem sai na chuva e para se queimar”, que relata sua vida.

Ajudava o pai na pedreira, carregando pedras, quebrando-as e, por fim, cuidando dos pagamentos. Quando o pai morreu, herdou naturalmente a administração do negócio. Nunca teve tempo para estudar, dizia.

Na década de 30, conseguiu vencer licitações para pavimentar as ruas de São Paulo, entre elas a rua São Jorge, que liga a avenida Celso Garcia até o portão de entrada do Parque São Jorge. O Corinthians já havia se mudado da Ponte Grande para o local. Foi quando Vicente Matheus, que já tinha identificação com o clube, mudou-se para o Tatuapé, para ficar perto do Corinthians. No ano seguinte tornou-se sócio do clube, e naturalmente chegou ao conselho.

Em 1954, ano da histórica conquista do Paulista do IV Centenário de São Paulo, tornou-se diretor de futebol. Iniciava-se assim na vida política do Parque São Jorge e em 1959 elegeu-se presidente pela primeira vez.

Foi o comandante nos anos difíceis de seca de títulos, mas também nos anos de duas das principais conquistas do Cointhians: o Campeonato Paulista de 1977, que encerrou um jejum de 23 anos sem taças no Estadual, e o Campeonato Brasileiro de 1990, o primeiro nacional de relevância do clube. Apesar da fama de pão duro, é incontável a fortuna que ele doou ao Corinthians. Dizia que o dinheiro era do Corinthians, não era dele para gastar como quisesse.

Vicente Matheus de joelhos no Pacaembu, em 9 de outubro de 1974, na semifinal do Campeonato Paulista contra o São Paulo. O Timão venceu por 1 a 0, mas perdeu a final para o Palmeiras pelo placar agregado de 1 a 0. (Foto: Reprodução)

Como presidente, Matheus fez de tudo para tirar o Corinthians da fila de títulos. Contratou craques, buscou técnicos experientes, caçou sapos enterrados no Parque São Jorge (acreditando que o jejum era motivado por algum “trabalho”) e chegou até ser radical mandando para o Fluminense o maior jogador do time (e do clube): Roberto Rivellino, após o time perder a decisão do Campeonato Paulista de 1974 para o Palmeiras. Dizem que sofreu com essa decisão, mas, que queria ver o Corinthians bem. 

Foto: Reprodução

Neste sábado, completam-se 23 anos da morte de Matheus, que ocorreu às 19h30 de outro sábado, 8 de fevereiro de 1997, aos 88 anos, após 14 dias de internação no Instituto do Coração, em São Paulo. O “Presidente”, como era chamado até quando não estava no poder, foi enterrado no cemitério da Quarta Parada, na zona leste (seu território preferido) de São Paulo.

Coincidentemente, no dia do velório de Vicente Matheus, em 9 de fevereiro, o Corinthians derrotou a Inter de Limeira por 2 a 0 pelo Campeonato Paulista. A despedida de Matheus foi com uma vitória do grande amor que o mais “folclórico” presidente da história do clube teve. Neste domingo, 9 de fevereiro de 2020, o Timão enfrenta, mais uma vez, a Inter de Limeira, pelo Campeonato Paulista.

Foto: Reprodução TV Cultura

“Ele era um homem que acima de tudo amava o Corinthians. Fazia tudo pelo Corinthians e, apesar do que muitos pensam, administrava com a razão e não com a emoção”, disse José Texeira, que foi técnico, auxiliar-técnico e coordenador do clube alvinegro.

Dizia que amava mais o Corinthians que sua própria família. Rico, humilde e carismático, dono de um bom humor inesgotável, grande frasista e apaixonado pelo Corinthians, vez ou outra soltava pérolas que se tornaram lendárias com o passar dos anos.

Passados vinte e três anos de sua morte, vamos relembrar algumas:

* ‘Comigo ou sem migo o Corinthians será campeão’

* ‘Minha gestação foi a melhor que o Corinthians já teve’

* ‘O Sócrates é inegociável, invendável e imprestável’

* ‘Gostaria de agradecer à Antarctica pelas Brahmas que nos mandaram’

* ‘Quem está na chuva é para se queimar’

* ‘O difícil, vocês sabem, não é fácil’

* ‘Jogador tem que ser completo, tem que ser como o pato, que é aquático e gramático’

* ‘Vou dar uma anestesia geral para os sócios com mensalidade atrasada’

* ‘Tive uma infantilidade muito difícil’

* ‘Haja o que hajar, o Corinthians vai ser campeão’

* ‘Um jogo só acaba quando termina’

* ‘O nosso mais novo reforço para compor a zaga é o Quero-Quero, Lero-Lero…’ (na contratação de Biro-Biro)

* ‘Peço aos corintianos que compareçam às urnas para naufragar nossa chapa’

* ‘Depois da tempestade, vem a ambulância’.

Foto: Reprodução

Vicente Matheus foi presidente do Sport Club Corinthians Paulista por vinte anos durante vários mandatos não consecutivos de 1959 a 1991. Em suas gestões, o clube foi campeão Paulista nos anos de 1977, 1979 e 1988 e campeão Brasileiro em 1990.

Por Nágela Gaia/Redação da Central do Timão

#77VIVE: Há 42 anos, Timão batia Ponte e quebrava longo tabu

No terceiro jogo das finais do Paulistão de 1977, Corinthians se impôs contra a Ponte Preta e, enfim, conquistou o estadual após quase 23 anos

Basílio, o herói de 77, o autor do gol do título Paulista de maior importância para a Fiel (Imagem/Reprodução/Internet)

Após vitória e derrota nos primeiros jogos das finais contra a Ponte Preta, o Corinthians foi para o terceiro jogo contra a Macaca disposto a findar o incômodo jejum de 22 anos, oito meses e seis dias sem conquistar o Campeonato Paulista. Curiosamente, a Fiel Torcida cresceu de forma considerável durante o período e, como de praxe, lotou o Estádio do Morumbi naquela noite, em 13 de outubro de 1977.

Imagem Reprodução/Youtube/Rádio Esportivo

O jogo começou nervoso e, logo aos 16 minutos de bola rolando, Rui Rei, craque da equipe campineira, foi expulso após discussão com o árbitro Dulcídio Wanderley Boschillia, para delírio dos 93 mil Fiéis presentes no Morumbi.

Após primeiro tempo com ligeiro domínio corinthiano, o segundo tempo foi de duas equipes cautelosas e nervosas, com poucas oportunidades de gol, tamanha a importância daquela partida e o receio de deixar o tão sonhado título escapar.

O Corinthians jogava pelo empate até os 36 minutos do segundo tempo, quando Zé Maria bateu falta pela direita, Vaguinho bateu no travessão e sobrou para Wladimir cabecear e Oscar salvar em cima da linha. Mas, no rebote, Basílio fuzilou, sem chances para o goleiro Carlos, marcando um dos gols mais importantes da história do Corinthians.

Após o gol, a euforia tomou conta da Fiel no Morumbi e em todo o Brasil. Em campo, mesmo sem Geraldão, expulso após briga com o ponte-pretano Oscar, o Timão se segurou até o apito final, quando o Bando de Loucos invadiu o gramado e festejou sua primeira “libertação” ao lado de seus heróis. Brandão foi carregado nos ombros pela torcida corinthiana, que ajoelhava-se e comia a grama da partida. A festa foi tão grande, que até o então presidente do clube, Vicente Matheus, perdeu os sapatos.

(Foto: Acervo/Agência O Globo)

A conquista do Paulistão de 1977 é celebrada e enaltecida pelo Corinthians até os dias de hoje, chegando até mesmo a inspirar uniformes do clube lançados pela Nike, como em 2007, 2013 e 2017. Relatos afirmam que tal feito pode até mesmo ser considerado o maior da história do Alvinegro.

Um momento imortalizado na voz de Osmar Santos:
“O Corinthians, envolvido nessa chama, nessa religião e nessa bandeira.”

(Campanha: “Fé Alvinegra” – Nike
Criação: Wieden+Kennedy
Narração original de Osmar Santos na Rádio Globo em 77)

Corinthians, enfim, campeão Paulista de 1977! O ano de 1977 nunca terminou para os corações corinthianos.

Confira a entrevista que a Central do Timão fez com Wladimir, um dos ídolos de 77, sob a luz do lampião. Aproveite, inscreva-se no canal e clique no sininho para receber as atualizações em primeira mão.

Por Gabriel Salvati

Legado alvinegro: Família Matheus, um marco na história do Corinthians

Durante dezoito anos não consecutivos, o espanhol e corinthiano de coração Vicente Matheus foi presidente do Timão, sendo sucedido por sua esposa, Marlene, única mulher a presidir o clube

Vinte e dois anos depois do falecimento de Vicente Matheus, folclórico ex-presidente do Corinthians, nesta semana, a nação alvinegra também deu adeus à sua viúva, dona Marlene, aos 82 anos. Ela foi sucessora de Vicente logo após seu último mandato, em 1950. Em 108 anos de Corinthians, Marlene foi a única mulher a ocupar o cargo político de maior influência no clube, de 1991 a 1993.

Marlene e Vicente se conheceram em 1968, desde então, Marlene passou a ser politicamente ativa dentro do clube ao lado do esposo

A parcela mais jovem dos 30 milhões de loucos, ainda que não tenha nascido na época em que estes dois grandes ícones foram mandatários, provavelmente já ouviu falar do quão marcante são esses períodos para a história do time paulista. Marlene e Vicente são mais um caso de história de amor em preto e branco. Se conheceram graças ao Corinthians e, se hoje estivessem vivos, completariam 51 anos juntos. Ambos compartilharam uma vida de amor pelo clube, com carisma e feitos históricos.

Durante a era Vicente Matheus, o Corinthians viveu um jejum de quase 23 anos sem a conquista de títulos importantes. No entanto, neste período se consagraram grandes nomes, ídolos reverenciados até hoje e para sempre na história do Sport Club Corinthians Paulista. O fim do jejum se deu graças a um deles. Conhecido como “pé de anjo”, Basílio chegou ao elenco do clube paulista em 1975 e foi autor do gol mais comemorado da história do futebol mundial. Em 13 de outubro de 1977, em um jogo das finais do campeonato paulista contra a Ponte Preta, a Fiel torcida finalmente pôde soltar o grito de campeão.

Ex-jogador Basílio comemora o gol que deu ao Corinthians o título de Campeão Paulista de 1977, após quase 23 anos na fila

Vicente Matheus também levou ao parque São Jorge jogadores como Biro-Biro, Wladimir, Geraldão e o eterno Sócrates. Basílio, contudo, com o passar dos anos tornou-se amigo da família Matheus. Ele esteve presente no último adeus à Marlene Matheus, na última terça-feira (2), em São Paulo. O ex-jogador prometeu guardar a imagem da mulher alegre e feliz que ela foi em vida e lamentou a sua perda repentina, antes mesmo da homenagem que o clube pretendia fazer a ela no mês de agosto. “Não tivemos tempo pra nada”, disse em entrevista à Gazeta Esportiva.

Emocionado, Basílio recordou a importância do legado da família Matheus na história do Corinthians:

“Tem muitas coisas boas. O seu Vicente, quando assumiu pela primeira vez como presidente, de lá pra cá, tem uma história muito bonita dentro do clube. Quando cheguei, o resgate que ele estava fazendo dentro do clube deixou uma marca fundamental”, afirma.

O resgate ao qual ele se refere, era resultado da indignação de Vicente diante da dificuldade do time de conquistar um título, que pode ser entendida em outra fala de Basílio, em uma entrevista cedida ao Esporte Fantástico, nove anos atrás:

“Ele entrou chutando porta, parede, empurrando cadeira e falou que iria reformular todo aquele elenco, comprar novos jogadores”, relembra.

No ano desta reportagem, dona Marlene ainda era viva. Em suas palavras, era possível perceber o amor e o orgulho por toda a vivência que teve ao lado do esposo em prol do Coringão. Hoje, estão juntos novamente, para brilhar por toda a eternidade no céu alvinegro. Se foram, mas deixaram um legado a toda nação corinthiana, dos mais jovens até os que viveram na mesma época que o casal: acreditar, sempre, no Corinthians. Pelo Corinthians. Com muito amor. Até o fim.

Em memória de Marlene e Vicente Matheus.

(1936 – 2019 | 1908 – 1997)

Por Redação Central do Timão

BLOG DO DR. CÉSAR: Meninos e meninas, eu vi

Esposa do histórico Vicente Matheus, falecido em 1997, Dona Marlene foi Presidente do Corinthians entre 1991 e 1993. Uma gestão difícil num período de domínio amplo do São Paulo e início da gestão Parmalat. O Corinthians foi a segunda ou terceira força na gestão de Dona Marlene.

Foto: Acervo/Gazeta Press

Alegre, altiva, expansiva, maternal, simpática e empática. Eis Dona Marlene, em síntese.

Meninos e meninas, eu vi.

Foto: Acervo pessoal de Marlene Matheus

Vi Dona Marlene Matheus dançando Flamenco e tocando castanholas no Programa da saudosa Hebe Camargo. Show. Que energia! Ela era especialista na dança espanhola.

Fonte: FolhaPress

Vi Dona Marlene Matheus arrasada, mas altiva na morte de Vicente Matheus. Ela manteve a força num dos piores momentos de sua vida. Era preciso continuar e manter vivo o legado de Vicente.

Vi Dona Marlene no Programa Mesa Redonda, detonando o ex-Presidente Alberto Dualib, que deu um golpe para o fim de se perpetuar no poder. Dona Marlene ficou inconformada, chorou. Não por ela, mas por Vicente, que deu a vida pelo clube.

Vi Dona Marlene Matheus votando contra a MSI.

Vi Dona Marlene Matheus apoiando Andrés Sanchez em 2007.

Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press

Vi Dona Marlene Matheus consolando os torcedores do Corinthians no fatídico dia 02 de dezembro de 2007. Ela era uma espécie de mãezona da fiel. Acolheu os torcedores como se fossem seus filhos, pois entendia mais que ninguém o momento da dor.

Vi Dona Marlene Matheus apoiando Roque Citadini na última eleição em 2018.

Foto acervo pessoal de Marlene Matheus

Vi Dona Marlene Matheus exaltando o Corinthians e o seu marido Vicente. Eles dedicaram grande parte de suas vidas em nome de um amor incondicional.

Meninos e meninas, eu vi Dona Marlene Matheus, a primeira e única Presidente do Corinthians, inegavelmente um dos maiores exemplos de Corinthianismo.

Descanse em paz, grande Marlene.