Se você já ouviu esse bordão, ao vivo, você é um cara feliz. Neste dia do Radialista, peço-lhes uma licença especial para falar sobre dois profissionais do rádio que marcaram minha vida
Osmar Santos – o pai da matéria
Em tempos de Premiere, YouTube e afins, pouca gente ouve rádio e pouco sabem sobre o quão marcante era ouvir um gol do Timão na emoção de Osmar Santos, o mais corinthiano dos palestrinos.
O título histórico de 1977 foi muito mais especial pela narração dessa lenda viva do esporte. “Corinthians é a aaaaaaalma desse povo”. Quem nunca ouviu, alimente sua alma e ouça.
Infelizmente perdemos uma das maravilhas do mundo esportivo quando, Osmar Santos sofreu um acidente de carro, tirando sua coordenação motora, consequentemente, sua voz.
Rádio é um daqueles amores da infância, no qual você nunca esquecerá, e não é saudosismo. Foi meu companheiro na infância e adolescência, continua sendo meu desafogo do trânsito caótico paulista.
O jornalismo entrou em minha vida através do esporte, do Corinthians e do rádio, e justamente um dos melhores radialistas que eu conheci, me abriu as portas para a profissão: Maércio Ramos – O Morcegão!
Uma de minhas maiores alegrias e, principalmente, meu maior aprendizado, foi ter trabalhado, mesmo que pouco tempo, ao lado dele que eu sempre ouvia, na “extinta” Rádio Globo, no programa “Enquanto a Bola Não Rola”.
Trabalhar com ele mostrou que, além de ser um excepcional radialista, é um amigo que a vida te presenteia.
E ninguém melhor do que o próprio Maércio para bater asas e falar sobre, Osmar Santos, o maior narrador esportivo de todos os tempos.
“O rádio, principalmente o AM, que está com os dias contados, fez e faz parte da minha vida desde sempre. Comecei a ouvir, entender, escolher o que ouvir e me apaixonar com 7 anos, e lá se vão 49, estou com 56. Rádio é alimento para todos os sentidos, audição, tato, olfato e alma.
Não se vive sem, não se morre sem, se o mundo acabar um dia, segundos antes saberemos pelo rádio, pois TV, internet, seja lá o que for, não tem a velocidade deste veículo que podemos carregar pelos quatro cantos do mundo.
O rádio, ahhh o rádio! O rádio faz rir, chorar, “ver a cor”, sentir o sabor e ser parte da história dele, quem ouve um jogo de futebol, sabe o que eu digo, quem ouve uma música “vê” quem canta só de ouvir e quem escuta uma notícia, entende em rápidos 2 minutos, o por quê no rádio não se lê, até lê, mas interpreta.
Minha mãe me apresentou o rádio, repito, eu tinha 7 anos, mas desde que nasci ouvia o ruído, fiz um, 2, 3… 7 anos, e aí o ruído passou a ser voz na minha mente e me ajudou a me formar como homem e cidadão. Sou cidadão campineiro, saí de ouvinte para locutor de rádio, sem cursar, sem me diplomar, sem me preparar, que o rádio me propiciou uma faculdade que não precisava ler nem escrever, bastava ouvir.
E ouvi! O rádio me deu, além do trabalho, do ganha pão, me deu irmãos, e me fez conhecer e ser chefiado pelo maior de todos, para mim o maior comunicador de todos os tempos, ele, o pai da matéria, Osmar Santos.
Osmar Santos em 1995, quando na rádio Gazeta de SP, minha primeira rádio fora de Campinas, me entregou o troféu Aceesp (Associação dos Cronistas do Estado de SP) como repórter revelação, foi o máximo. Ele já limitado pelo acidente, fez questão de subir ao palco e me entregar o troféu. JAMAIS esquecerei, tá na alma.
Osmar Santos em 1977, final de Corinthians e Ponte Preta, Timão campeão, e ali o pai da matéria me fez casar com o rádio, ou seja, esse é um amor sincero e para o resto da vida.
Depois disso e do troféu que me entregou, me levou para a rádio Globo.
Acho que posso parar por aqui, pois como falou Osmar Santos naquela final… “Corinthians você contraria a lógica do universo”, e o rádio seguiu essa máxima porque todo mundo disseca com o advento da internet o rádio morreria, mas não, ele vive e vive muito bem, obrigado!
Obrigado, rádio!”
Por Manoel Santos (Tio Sam)
Colaboração Maércio Ramos – Morcegão
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