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[Opinião] A notícia triste nem de longe é o tal tabu

  • Por Rafael Prado | Central do Timão


Quem viu o Corinthians de 2023 e teve a oportunidade de estar na Arena na noite desta terça-feira, 30, no clássico diante do São Paulo, percebeu rapidamente que três sentimentos mudaram ou desapareceram em relação à temporada passada: perspectiva, esperança e impotência.

O clima no estádio, que cada vez mais reúne em jogos grandes um perfil de torcedor que em nada se parece com a história que o time do povo se acostumou a contar ao longo dos mais de 100 anos, era estranho. Mas a culpa não pode ser atrelada apenas à elitização ali presente.

Faltava tudo.

A parte tática, tão ignorada na “gestão” Luxemburgo, foi o menor dos problemas. O ponto mais assustador da noite foi o fato de muitos ali terem jogado o máximo que podiam. Sim, você não leu errado, a grande maioria – dentre os que foram a campo de preto e branco – simplesmente não joga uma vírgula a mais do que foi apresentado no clássico. Não vou entrar no mérito dos mais experientes que, naturalmente, já não rendem a mesma coisa.

O pragmático e previsível Hugo, do rebaixado Goiás, joga aquilo ali. Caetano é uma espécie de novo Felipe – será bom um dia, mas quando já estiver em solo europeu provavelmente. Fausto Vera e sua imensa dificuldade no relacionamento com a bola constrange quem o assiste como torcedor e até como jornalista. E se a palavra é constrangimento, Yuri Alberto e sua “matada” de umbigo deixam esse que vos escreve sem português suficiente para analisar o lance.

No entanto, tais jogadores não entregaram nada diferente do costumeiro se analisarmos o que fizeram até aqui. Pelo contrário. Yuri, por exemplo, fez, de longe, a melhor partida dele em meses. Hugo pouco comprometeu até errar a saída de bola que gerou o segundo gol são-paulino. Caetano não jogava nem menos e nem mais do que sempre jogou até deixar [infantilmente] o Corinthians com um a menos. Fausto Vera brigou com a bola como briga semanalmente e sem exceções.

Ao contrário de 2023, onde um elenco bem mais qualificado e com jogadores diferentes como Guedes e Renato era mal treinado, o time atual simplesmente não tem de onde tirar nada além. Isso gera desespero e impotência. Essa sim é a notícia terrível da noite. O término de uma marca tão fora da curva, de um rival que conseguiu a proeza de ficar 10 anos sem vencer fora de casa, era um assunto que em nada tínhamos a ver.

Não percam o foco.

A perspectiva com esses atletas é nenhuma. Não tem talento disponível. Garro e Palacios são um ponto de luz e esperança em um túnel abismos distante.

Reparem que não mencionei Matías Rojas em momento algum nesse texto. Esse, teoricamente, teria futebol para tirar de algum lugar e ser ao menos sombra do jogador que vimos atuando pelo Racing. Mas alguém ainda acredita nisso? Perdido tática e tecnicamente nem sequer parecia um atleta profissional em campo.

Acham mesmo que a culpa é apenas do Mano Menezes? O treinador corinthiano pode não ser nenhum Van Gogh, mas como que pinta sem tinta? Esse Corinthians em nada se parece com uma obra de arte. O time atual é, no máximo, uma tela sem cor na mão de um pintor mediano sem instrumentos.

O problema maior é que nessa tela sem cor, o que a gente menos vê é o preto e branco tradicional.

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