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Inesquecível 23 de dezembro de 1998 – 21 anos do Bicampeonato Brasileiro

Corinthians e Cruzeiro precisaram se enfrentar três vezes para definir o campeão Brasileiro daquele ano, a última delas na antevéspera do Natal

Corinthians Bicampeão Brasileiro – 1998 (Foto: Reprodução Pôster Revista Placar)

Há exatos 21 anos, um time que a Fiel estava pouco acostumada a ver, com muitos craques sob a batuta de um comandante linha dura, derrotava o Cruzeiro e conquistava o Brasil pela segunda vez. Até hoje aquele time é motivo de saudades para os torcedores veteranos e de estudo por parte dos mais novos, ávidos por conhecerem um pouco mais sobre aquele fantástico time. E é exatamente um pouco dessa história que a Central do Timão contará agora.

Após uma campanha muito ruim no Brasileirão de 1997, correndo risco de rebaixamento até a última rodada, o Corinthians começa o ano de 1998 com mudança no comando técnico. Chega o vitorioso Vanderlei Luxemburgo prometendo revolucionar a forma do time jogar. Alguns bons nomes como os zagueiros Antônio Carlos e Célio Silva, além do meia Souza, saíram. Em contrapartida chegaram alguns ótimos jogadores como o zagueiro Gamarra e os meias Vampeta e Ricardinho que se juntaram a Rincón e Edilson que chegaram no ano anterior.

Naquele ano, Marcelinho Carioca voltou ao Corinthians pelo “Disque Marcelinho”, ação de marketing feita pela Federação Paulista. (Foto: Reprodução)

Porém, a volta mais comentada foi a do craque Marcelinho Carioca. Após uma passagem breve e frustrada pelo Valencia da Espanha, a Federação Paulista de Futebol comprou seu passe e o repassaria ao clube cuja torcida fizesse o maior número de ligações. Nascia ali, de forma inusitada, o “Disque Marcelinho” para os torcedores dos quatro grandes do estado de São Paulo. Lógico que a Fiel em peso mandou o recado e com mais de 60% das ligações “contratou” o ídolo.

Mesmo contando com um bom time, nos primeiros cinco jogos oficiais da temporada, pelo Torneio Rio-SP, cinco derrotas, incluindo duas para o arquirrival Palmeiras. Após a desastrosa campanha no torneio regional, o time entra na segunda fase do Campeonato Paulista e se classifica em primeiro lugar na sua chave com uma campanha de cinco vitórias e cinco empates. Após mais dois empates contra a Portuguesa nas semifinais, parte para a final contra o São Paulo. A vitória por 2×1 no primeiro jogo aproximou o time do título invicto, porém um revés inesperado na finalíssima impediu que isso acontecesse. 

O time chega ao Campeonato Brasileiro com desconfiança por parte da Fiel. O primeiro adversário seria nada mais, nada menos que o atual campeão Brasileiro e da Libertadores, o Vasco da Gama, no Maracanã, uma verdadeira prova de fogo. Mas o time se impôs e  venceu com um golaço de falta do ídolo Marcelinho Carioca.

Veja o golaço de Marcelinho e aproveite para ver porque Gamarra é considerado um dos maiores zagueiros da história do Timão.

Logo após essa partida, uma sequência empolgante de oito rodadas sem derrotas, incluindo goleadas sobre o Juventude, 4×0, e Atletico-MG, 5×1 em pleno Mineirão. Na décima rodada o primeiro revés. Derrota fora de casa para o Bragantino por 1×0. Após a derrota boas vitórias, principalmente sobre Portuguesa e Ponte Preta fizeram o time se manter nos eixos.

O time liderava o certame, quando uma inesperada sequência de maus resultados se sucederam. Derrotas para Cruzeiro, Santos, Palmeiras e Flamengo, além de um empate em casa contra o Goiás, ameaçaram a soberania do Timão, quando, enfim, o time retomou o trilho das vitórias ao bater o Atlhetico-PR por 4×2 no Pacaembu. 

Faltando três rodadas para o fim da primeira fase, o principal jogador da equipe, Marcelinho Carioca, que brigava pela artilharia do campeonato, foi afastado pelo técnico Vanderlei Luxemburgo sob alegação de indisciplina. Aliás, o treinador corinthiano aceitou o convite da CBF para assumir a Seleção Brasileira após a Copa do mundo, mas impôs uma condição, a de que seguisse no comando técnico do Corinthians até o final do Brasileiro.

Sem sustos, e com a permanência do seu treinador confirmada, o time se superou e venceu São Paulo, Vitória e América-RN garantindo a liderança e as vantagens nas fases finais. 

O gol de Edilson na terceira partida dos playoffs das quartas, levou o Timão às semifinais do Brasileiro/98 – Foto: Reprodução

Pela primeira vez na história as finais seriam disputadas em sistema de playoffs, com a equipe de melhor campanha tendo o direito de três resultados iguais. Isso mesmo, três resultados iguais, onde faria o primeiro jogo fora de casa e os dois seguintes em casa, sendo que a vitória de qualquer equipe nos dois primeiros jogos tiraria a necessidade de uma terceira partida.

Com essa novidade, o Corinthians parte para três jogos emocionantes contra o Grêmio válidos pelas quartas-de-final. Vitória fora de casa por 1×0, derrota em casa por 2×0 e a necessidade de um triunfo por qualquer placar no decisivo jogo no Pacaembu. Edilson tratou de levar o time às semifinais com um gol de cabeça.

Emoções maiores viriam no clássico contra o Santos. Derrota de virada no primeiro jogo na Vila Belmiro por 2×1, vitória importantíssima por 2×0 no segundo jogo do Pacaembu e um sofrido empate por 1×1, após estar perdendo, garantiram o Timão em mais uma final de Brasileiro. Edilson, mais uma vez, foi o herói da classificação.

Veja momentos desse jogo eletrizante entre Santos e Corinthians. Aproveite para entender porque Edilson era chamado de “Capetinha”

Chegou a hora da final contra um time muito forte, o Cruzeiro do técnico Levir Culpi, que já havia eliminado o time de Parque São Jorge na Copa do Brasil do mesmo ano. O time sentiu o peso do jogo no Mineirão e saiu perdendo por 2×0, mas buscou forças e na boa e velha raça corinthiana empatou o jogo. 2 a 2.

Mantida a vantagem, seguiu para o segundo jogo no Morumbi. Novo empate, dessa vez por 1×1. Esse jogo foi marcado por um erro histórico de arbitragem que anulou um gol legítimo de Rincón alegando impedimento.

Permanecíamos com a vantagem… Até que chega a tarde de uma quarta-feira chuvosa de 23 de dezembro. A cidade de São Paulo literalmente parou na antevéspera de natal com congestionamentos que chegaram a 134 km dando um nó no trânsito.

“O predestinado Dinei que saiu do banco, para mudar a história do Corinthians” (Galvão Bueno) – Foto: Reprodução internet

Mas quem realmente deu um nó foi o Corinthians no Cruzeiro. Com uma partida segura, dominou o primeiro tempo e foi para o intervalo com o empate que já lhe servia. No segundo tempo, como acontecera nos dois jogos anteriores, o talismã Dinei entrou e decidiu a partida com um passe mágico para o iluminado Edilson e um cruzamento preciso na cabeça do pé de anjo, garantindo o bi com um 2×0 incontestável.

Entre sorrisos, lágrimas e abraços, um incontrolável Dinei fazia sua festa particular trajado com uma camisa da Gaviões da Fiel, assim como Marcelinho que desceu ao fosso do estádio do Morumbi para ficar próximo e comemorar junto a Fiel.

Gamarra, o capitão do Brasileiro de 1998 – Foto: Divulgação

Coube ao capitão Gamarra a honra de erguer a taça e dar um presente de Natal especial a todos os corinthianos, um presente que hoje completa 21 anos mas segue muito vivo na memória e na história do time do povo. Comemore, Fiel. Essa data é eterna.

FICHA TÉCNICA DO JOGO:
Corinthians 2 x 0 Cruzeiro-MG
Data: 23/12/1998
Estádio: Morumbi 
Público: 57.230 pagantes
O Corinthians: Nei, Índio, Batata (Cris), Gamarra e Silvinho; Ricardinho (Amaral), Vampeta, Rincón e Marcelinho; Edílson e Mirandinha (Dinei). Téc. Vanderlei Luxemburgo.
O Cruzeiro: Dida, Gustavo (Alex Alves), Marcelo, João Carlos e Gilberto; Valdir (Marcelo Ramos), Ricardinho (Caio), Valdo e Djair; Muller e Fábio Júnior. Téc: Levir Culpi.  
Gols: Edílson aos 25 e Marcelinho aos 35 do 2º Tempo.

Por Marcelino Rocha

Blog do Marcelino: Paciência, Fiel. Muita paciência…

A palavra de ordem é essa: PACIÊNCIA.

(Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians)

Após o revés ante o limitado Botafogo, percebemos que algumas coisas não mudaram. A enorme dificuldade contra times da parte de baixo da tabela; a apatia da maioria dos jogadores; os inúmeros erros nas finalizações, algumas bem simples; e a Fiel jogando toda a culpa no treinador.

Coelho caiu de paraquedas no time principal após a demissão de Fábio Carille. Técnico no Sub 20, não fazia parte da comissão técnica anterior, e por algumas declarações e diferença na forma de jogar da equipe sob seu comando, denota-se que ele via erros na condução do antigo trabalho. Impôs sua filosofia e após quatro jogos ficou claro que a mudança na forma de jogar não surtiu o efeito desejado.
Não, definitivamente toda culpa não era do Carille, assim como também não é do Coelho. É dos jogadores, então? Eles têm sua parcela, claro, mas se estão lá nos representando é por que alguém os trouxe.”

“Ah, mas boa parte chegou com a anuência do antigo treinador”...

Mas como eu disse aqui certa vez, ninguém é maluco o suficiente de saber que o clube tem poder aquisitivo para contratar um Marcelo e dispensá-lo para que venha o Avelar. O treinador escolhe aqueles que a diretoria pode pagar. E nossa realidade atual é a do “bom (?) e barato”, principalmente se esse barato tiver um empresário “amigo”.

(Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians)

Estamos trazendo compositores de elenco, não reforços. Pintou um cara em fim de contrato, que venha de graça, de preferência com salário baixo, não importa a posição, não importa o histórico, esse serve. E nisso a folha salarial só aumenta com o inchaço no plantel e dispensas acontecem “reforçando” os adversários com o salário pago pelo clube. Quanto desperdício! 

Conseguem agora compreender de quem é a maior culpa? Definitivamente não é do treinador. Tiago Nunes chegará com o copo nem tão cheio, nem tão vazio. Virá com a perspectiva de um inédito e histórico tetracampeonato Paulista e uma Libertadores (isso se o time colaborar nessas últimas quatro rodadas). Em contrapartida, já iniciou um processo de reformulação no futebol profissional que continuará após o término da temporada com chegadas e saídas. Sua filosofia de jogo é diferente e os jogadores que ficarem deverão assimilar o quanto antes. 2020 será um ano de reconstrução.

Por isso é de suma importância que nós torcedores e principalmente os jornalistas tenham PACIÊNCIA com o trabalho do Tiago Nunes e sua comissão. Ou será que após um começo ruim, ou uma sequência de maus resultados já começará a fritura pública do treinador? 

Cobranças são necessárias, principalmente em um clube gigante, com uma torcida apaixonada e ávida por títulos como a nossa. Mas essas devem ser feitas com responsabilidade não somente analisando resultados, sim todo o contexto.

Que estejamos juntos nessa e que tenhamos a PACIÊNCIA necessária com nosso futuro comandante.

Nos vemos em breve. Um grande abraço e… Vai, Corinthians!!!

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Marcelino Rocha, 42 anos, casado com uma loira linda e pai de uma princesa.
Cearense de Fortaleza morando em Brasília-DF há 32 anos, um verdadeiro “cearango”. Representante da Fiel torcida na segunda edição do game show Fanáticos do Esporte interativo em 2017. Escreve na Central do Timão desde sua existência. 
Apenas mais um louco entre esses 30 milhões.
Twitter e Instagram @marceparocha