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Houve algum centroavante após Baltazar, que o alcance como ídolo do Corinthians?

O ídolo de Pelé, o Rei do Futebol, Baltazar, hoje faria 94 anos. Em 12 anos de Corinthians atuou em 404 partidas e marcou 269 gols, é o segundo maior artilheiro da história do clube

Foto: Reprodução

Grande centroavante, o segundo maior goleador da história do Corinthians, com 269 gols em 404 partidas, ficando atrás apenas do atacante Cláudio, que marcou 305 vezes. Baltazar, o Cabecinha de Ouro, fosse vivo, hoje faria 94 anos.

Ao lado de Cláudio, Luizinho, Carbone, Rafael, Mário e outras feras, o Cabecinha de Ouro foi figura importantíssima para as conquistas dos Paulistas de 1951, 1952 e 1954. Ele também conquistou pelo alvinegro do Parque São Jorge dois torneios Rio-São Paulo: 1950 e 1953 e a Pequena Taça do Mundo, na Venezuela, em 1953.

Foto: Divulgação Corinthians Cultural

Apenas falar sobre os feitos de Baltazar é muito pouco. Por isso, a redação da Central do Timão pediu a um torcedor apaixonado pela história centenária do Corinthians, o Professor Anthonio Delbon, que trouxesse ao torcedor mais novo uma ideia de quem foi esse extraordinário jogador que envergou por 12 anos a camisa do Corinthians e hoje repousa na memória corinthiana como ídolo, eternizado em busto nas alamedas do Parque São Jorge. Veja, abaixo, o lindo texto que Anthonio Delbon preparou para Baltazar neste dia de homenagens ao ídolo.

Imagem: Reprodução

“Em toda e qualquer matéria sobre Oswaldo Silva, o Baltazar, certos pontos nunca podem faltar: seu apelido de Cabecinha de Ouro, os famosos versos musicados “É gol de Baltazar, subiu o Cabecinha um a zero no placar”, a idolatria de Pelé por ele, que o imitava quando criança, e os 269 gols marcados em 404 jogos pelo Timão, que o fazem o segundo maior artilheiro da história do clube e o décimo oitavo que mais vestiu a camisa corinthiana.

Mais difícil é situá-lo dentro da história do clube – o que sempre é um desafio relevante para quem se mete a escrever sobre o Corinthians. Tentemos traçar um mínimo cenário.

Por muito tempo, o Parque São Jorge só possuía quatro bustos: Neco, primeiro ídolo alvinegro, e Cláudio, Luizinho e Baltazar, o maior trio de ataque da história do clube. Depois destes mágicos anos 50, pouco se viu tantos ícones em uma mesma equipe. Sócrates (anos 70/80), Rivellino (anos 60/70) e Teleco (anos 30/40) são os outros homenageados na sede do clube até aqui.

Se ficarmos entre os nomes citados, apenas Uriel Fernandes, o Teleco, parece fazer frente à história de Baltazar. Ainda assim, nas extintas eleições da Revista Placar para os melhores times da história de cada clube, foi de Baltazar a camisa 9 em 1982 e em 1994. Apenas em 2006 é que o Cabecinha de Ouro perdeu sua vaga para Casagrande, o que nos faz levantar uma questão: houve algum centroavante após Baltazar que o alcance como ídolo do Corinthians?

Para responder, uma pergunta prévia teria de ser feita: o que faz um jogador se tornar ídolo? A pergunta, como bem se sabe, é traiçoeira.

Títulos? Rivellino desmente.

Tempo de casa? Ronaldo, Tevez, Gamarra e Dida desmentem.

Identificação com a torcida? Ok, mas o que gera essa identificação no Timão?

Raça? Belangero, Sócrates e Ricardinho não se destacavam lá pelos seus carrinhos ou fôlegos incansáveis.

Técnica? Nem preciso começar a citar os genéricos de Idários e Biro-Biros que o torcedor corinthiano tanto gosta de ver no time.

Não se precisa responder tantas perguntas agora. A pergunta mais vale como desculpa para comparar Baltazar com seus sucessores e ver o tamanho do feito desse craque dos anos 50 que, com a cabeça, foi melhor até que Pelé.

Foto: Reprodução

Vejamos:

O reserva imediato de Baltazar, Paulo, já elevou o patamar sozinho a um nível que pouco se veria nas décadas posteriores. Foram 146 gols em 254 jogos. Menos jogos e menos gols que Baltazar, mas mais jogos e mais gols do que quase todos os centroavantes que o sucederam. Campeão paulista e do Rio-SP em 1954, destacou-se por seu estilo rompedor. Confirma, de certo modo, a máxima de que um bom titular necessita de um excelente reserva para o manter em alto nível. Paulo deu isso a Baltazar e depois o substituiu à altura.

José Alves dos Santos, o Zague, foi outro destaque da segunda metade dos anos 50. Como curinga no ataque corinthiano, marcou 128 gols em 242 jogos – outra média impressionante, praticamente impossível em tempos recentes. Zague, porém, fica na história do limbo corinthiano: o jejum de 23 anos sem títulos. Lá, divide seu reinado com outros grandes craques, como Flávio “Minuano”, centroavante corinthiano de 1964 a 1969, período em que marcou 170 jogos em 227 gols (oitavo maior goleador do clube). Flávio foi o primeiro artilheiro do Campeonato Paulista após Baltazar em 1952, superando Pelé no ano de 1967 com 21 gols. Fora do Timão, é lembrado em Fluminense, Porto e Internacional, onde foi campeão Brasileiro em 1975 e artilheiro colorado.

Menos técnico e mais sortudo, Geraldão aparece nessa lista como o centroavante do maior título da história do clube, o Paulista de 1977. 91 gols em 280 jogos não o tiraram da etiqueta de jogador – digamos educadamente – limitado tecnicamente. Isso não o parou no ano de 1977, quando marcou, nos cinco Majestosos em que jogou, cinco benditos gols.

Na memória corinthiana mais fresca, quem sempre figura como maior centroavante da história alvinegra é Walter Casagrande Junior, o jovem rebelde e artilheiro da Democracia Corinthiana do início dos anos 80. Em 256 jogos, foram 103 gols, dois títulos e convocação para a Copa do Mundo de 1986, sendo o primeiro centroavante corinthiano a ir a uma Copa do Mundo desde… Baltazar! Seu sucessor “espiritual” foi o irreverente Viola, outra espécie de maloqueiro que tem média de gols semelhante: 105 gols em 283 jogos, além de outra convocação à Seleção, agora em 1994, quando por pouco não fez o gol do título do Tetra. Tivesse feito o gol na prorrogação, Viola teria uma dimensão inimaginável hoje na história não só do Corinthians.

E aí chegamos aos tempos mais recentes. O Timão teve em Dinei uma espécie de eterno 12º jogador de suma importância (a final de 1998, contra o Cruzeiro, diz tudo e mais um pouco).

Mas foi em Luizão que a Fiel depositou sua confiança naquele período dourado 98/2000. Aquela que foi a maior equipe corinthiana desde o icônico time dos anos 50 teve em Luizão o seu artilheiro: 77 gols em 109 jogos.

Campeão Brasileiro, Paulista e Mundial, Luizão foi o primeiro artilheiro corinthiano em uma Libertadores: incríveis 15 gols em 2000. Mas sua idolatria sofreu diversos baques e o torcedor corinthiano sabe bem o porquê: Luizão jogou em toda equipe brasileira que se possa imaginar e fez sucesso na maioria delas. Mesmo sendo até hoje o Luizão do Corinthians, onde marcou mais gols e onde mais jogou aqui no Brasil, dificilmente alguém não lembrará do seu desempenho fatal em Palmeiras ou São Paulo.

Na entrada do novo milênio a figura de ídolo mudou de vez: com passagens fugazes, muitas vezes sem títulos importantíssimos, o torcedor foi se acostumando com menos. Deivid foi a peça chave da equipe de Parreira, em 2002, campeã da Copa do Brasil, do último e mais competitivo Rio-São Paulo da história e vice-campeão brasileiro. 37 gols em 99 jogos.

Um ano depois, Liédson surgia, ainda sem ser o levezinho, para garantir o Paulista de 2003 contra o São Paulo, no Morumbi. Voltando quase uma década depois, foi peça-chave para a Libertadores de 2012 e o Brasileiro de 2011, marcando no total 50 gols em 111 jogos pelo Timão. Ainda é pouco.

Antes dessa década que acabou de passar, três nomes não se pode omitir. O primeiro é o Tevez, que não era propriamente um centroavante, mas que teve uma média e um futebol típico de um. 46 gols em 78 jogos, melhor jogador do Brasil em 2005, campeão brasileiro e maior atacante estrangeiro, não seria exagero dizer, que já tenha passado no futebol brasileiro.

O outro nome é o do parceiro de Tevez por quase um ano: Nilmar. Liso, artilheiro, raçudo e incansável, Nilmar só fez 31 gols em 60 jogos porque sua canela era de vidro e porque o Corinthians era uma total bagunça no período em que jogou no clube.

O terceiro e último nome é, obviamente, Ronaldo. 35 gols em 69 jogos, fez história e história e mais história nos dois anos em que firmou seu pé em Parque São Jorge.

Nos anos 2010, Guerrero e Jô já marcaram época, mas prefiro esperar a aposentadoria de ambos.

Foto: Divulgação Corinthians Cultural

Conclusão
A preferência de cada torcedor não se discute. Pode-se sentir saudade até do tio Finazzi, de André Balada ou de Kazim, o nosso gringo. O que não se pode negar é que, somando uma boa variedade de critérios– gols, partidas, técnica, legado, valor histórico, tempo de casa, títulos e a tão famosa identificação – e os olhando com uma visão minimamente objetiva, Baltazar é o maior centroavante da história corinthiana desde que vestiu a camisa corinthiana, há mais de 60 anos.”

Por Anthonio Delbon

BLOG DO DELBON: DÉCADA DOURADA #4: Os 10 maiores volantes

Hoje sem introduções! Vamos à lista!

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

#10 Petros
Sinceramente, Petros inicia a lista mais por falta de opção do que por grandes méritos com a camisa corinthiana. Ramiro e Júnior Urso podem substituí-lo dependendo do 2020 alvinegro, mas até lá a posição é desse jogador que se identificou muito mais com a camisa são-paulina do que com a corinthiana. Nada apaga, contudo, alguns bons momentos do jogador que veio da Penapolense e virou titular na equipe de Mano Menezes em 2014. No primeiro derby da Arena, foi dele o segundo gol que selou nossa vitória. Contra o mesmo Palmeiras, no primeiro clássico no novo porcódromo, foi dele a roubada de boa e o passe para Danilo fazer o gol da vitória. Aqui no Brasil, enfim, foi no Timão que Petros mais jogou e mais fez gols.

Foto: Rodrigo Gazzanel

#9 Camacho
Camacho ainda pode galgar uma melhorar colocação nesse ranking em seu retorno ano que vem com Tiago Nunes. Até lá. Os títulos Paulista e Brasileiro de 2017, mesmo como reserva, já o garantem na lembrança do torcedor corinthiano. Em 75 jogos desde que veio do Audax que nos eliminou na semi do estadual de 2016, Camacho sempre demonstrou técnica e habilidade que o permitiam chegar ao ataque geralmente driblando ou tabelando. Os poucos gols o fizeram alternar entre o banco e o campo, mas qualidade nunca faltou ao volante que certamente brigará pela vaga de titular nesse início de anos 20.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

#8 Bruno Henrique
Outro jogador que mais se identificou com um rival do que conosco. Mas Bruno Henrique, justiça seja feita, pelo menos ultrapassou os 100 jogos com nossa camisa – e seus títulos aqui são os mesmos de lá. Campeão brasileiro em 2015 como reserva de Elias e Ralf, ainda teve tempo de brilhar no eterno 6 a 1 contra o São Paulo. Em sua estreia, contra o Palmeiras, jogou muita bola no Pacaembu e mostrou potencial para ser titular da equipe em 2014 e 2015, mas isso só veio a acontecer em 2016 após o desmanche no elenco.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Fotoarena

#7 Jucilei
Quando Jucilei chegou do extinto Corinthians Paranaense, a única imagem que se tinha dele era do gol que Pelé não fez, marcado contra o Atlético Paranaense no estadual. Ótima credencial que veio a se confirmar em 2009 e 2010. No ano do centenário corinthiano, Jucilei foi um dos destaques do clube no Brasileirão e chegou a vencer uma Bola de Prata, formando um trio de volantes de ótima cadência ofensiva e defensiva com Elias e Ralf.  No ano seguinte, contudo, a eliminação contra o Tolima e a preferência do recém-chegado Tite por Paulinho, um jogador de mais toque e menos condução de bola, fizeram com que a jovem promessa corinthiana fosse para o exterior e lá ficasse até pouco tempo, quando voltou ao Brasil para reforçar o São Paulo, já longe da performance que o fez ser convocado por Mano Menezes para servir à Seleção em 2010.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

 #6 Gabriel
Bicampeão pelo rival, Gabriel chegou ao Corinthians por indicação do ex-treinador Osvaldo de Oliveira. Com a saída de Ralf no fim de 2015, 2016 havia sido um ano caótico na posição de prmeiro volante: nem Cristian e nem Willians tomaram conta do setor. Quando Gabriel chegou no início de 2017, o corinthiano repousou tranquilo: titular incontestável, foi dono da camisa 5 no bicampeonato conquista por Fábio Carille. Com raça e um espirito incansável, ainda hoje alterna a titularidade com o monstro sagrado que é Ralf – e tem gente que prefere o camisa 5 ao multicampeão. Não é pouca coisa!

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

#5 Maycon
Maycon já tinha uma trajetória bem sucedida na base corinthiana quando foi promovido ao profissional ainda em 2016. No ano seguinte, voltando de um breve empréstimo da Ponte Preta, encontrou uma equipe nova, com treinador novo e alguns outros valores da base aparecendo – como Guilherme Arana e, mais ainda, Pedrinho. Nesse cenário que o segundo volante, assim como Gabriel, marcou presença e garantiu a titularidade em uma equipe histórica. O time que mais jogou junto da história do clube tem lá o nome de Maycon. Heptacampeão brasileiro, o jovem valor do Terrão corinthiano teve seu canto do cisne contra o arquirrival na finalíssima do Paulistão de 2018: foi dele o pênalti derradeiro que deu o bicampeonato paulista ao Corinthians em um porcódromo lotado de palmeirenses. Foi a despedida de um jogador com potencial para ser um dos melhores de sua geração na posição.

Foto: Reprodução

#4 Cristian
No contexto do ano de 2009, o gol de Cristian contra o São Paulo no último minuto do primeiro jogo da semifinal do Paulista, no Pacaembu, foi histórico e épico. Era o gol da afirmação corinthiana contra um tricolor que se achava soberano pelos três títulos nacionais recém-conquistados. Era o gol do alívio, da catarse, da passagem de bastão e do fim da hegemonia do rival. O chute derradeiro e o gesto de Cristian, para além dos gritos na comemoração com Mano, foram o símbolo de uma nova era alvinegra que se iniciava no confronto contra os grandes. Esse primeiro Cristian, sem dúvida, deixou o clube muito cedo – meses depois desse gol -, mas conseguiu marcar seu nome na história com três títulos e gols memoráveis para toda uma geração.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

O segundo Cristian, que voltou com alto salário em 2015, infelizmente não amarra as chuteiras do primeiro. Irregular e longe da forma física ideal, sofreu bastante pressão por ser um dos jogadores mais caros. Ainda conseguiu marcar o sexto gol na goleada contra o São Paulo, o que foi a cereja do bolo para o torcedor corinthiano. Contudo, em 2016 teve a grande chance de voltar aos bons tempos com a saída de Ralf para a China. Acabou falhando, alternando más atuações com Willians e saindo do clube de forma não muito tranquila após entrevero com seu ex-companheiro Alessandro, no início de 2017, quando o próprio volante foi à imprensa reclamar do dirigente.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

#3 Elias
Bola de Prata em 2010 e 2015 com a camisa corinthiana, Elias é um dos enigmas do futebol. Sempre teve bola para assumir a titularidade de uma grande equipe da Europa e da Seleção, mas algumas opções equivocadas e certa dose de azar o fizeram brilhar no Brasil mais do que em outros lugares. Por aqui, mesmo fazendo gols de títulos de Flamengo e Atlético Mineiro, foi no Timão que o jogador brilhou mais intensamente: campeão paulista, da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro, Elias foi peça-chave das duas equipes de futebol mais bonito nesses anos: 2009 e 2015. Sua segunda saída, em meados de 2016, o deixou marcado com parte da torcida, que virou ainda mais o nariz quando ele foi anunciado pelo Galo no ano seguinte. Nada apaga, contudo, a magnífica história que Elias fez no Timão – e não seria exagero colocá-lo como jogador mais técnico desta lista.

FOTO: RODRIGO GAZZANEL

#2 Ralf
Ralf é uma lenda viva da história do Corinthians – e tem tudo para alcançar o top 10 de jogadores que mais vestiram a camisa do clube, caso permaneça em 2020. Vindo do Barueri para o ano do centenário, não é exagero ver a contratação de Ralf como a melhor da época. E a concorrência foi grande: Tcheco, Iarley, Danilo, Roberto Carlos e tantos outros… O buraco deixado por Cristian ao sair no meio de 2009 foi prontamente preenchido por um volante incansável e de preciosa leitura de jogo. Foram essas duas características que fizeram de Ralf, sem exageros novamente, o melhor primeiro volante atuando no Brasil da década. Aqui, Ralf ganhou tudo o que tinha para ganhar, foi Bola de Prata em 2011 e homem de confiança de todos os técnicos que passaram, até por sempre buscar um aprimoramento de todos os quesitos da posição. De regularidade quase incompreensível, brilhou em 2010 com Ronaldo e Roberto Carlos e em 2019 com Boselli e Fágner. A lista de jogos de atuação marcante é infinita, tal como parece a saúde e a raça do nosso eterno cão de guarda.

Foto: Rodrigo Coca / Fotoarena

#1 Paulinho
Quando Mano Menezes colocou Paulinho no jogo contra o Flamengo, pela Libertadores de 2010, no Maracanã, eu xinguei ambos de todos os nomes que me lembrei. Poucos jogadores me fizeram queimar tanto minha língua como Paulinho fez, graças a Deus.

Os sapatos que o jovem volante vindo do Bragantino tinha de preencher eram grandes: Elias tinha sido craque do Timão em 2008, 2009 e 2010. Com a eliminação para o Tolima e a partida de alguns medalhões, a paciência para 2011 era baixa. Mas Tite confiou no Paulinho e ali, no Paulista daquele ano, começou uma parceria que levou o Timão aos maiores títulos de sua história e a ambos, Tite e Paulinho, à Copa do Mundo da Rússia, em 2018.

Mais do que merecido.

Paulinho, visto por Riquelme como um Lampard negro, teve uma ascensão incrível no Corinthians. A cada jogo da campanha do penta – e depois a cada título conquistado – o jogador mostrava mais recursos: passada larga, ofensividade, poder de marcação, passe preciso, chute forte e certeiro, cabeceio, noção organizacional, cadência de ritmo no meio campo…as qualidades do camisa 8 são fáceis de serem vistas: no gol de Guerrero, contra o Chelsea, é ele que se apresenta ao passe de Chicão, tabela com Jorge Henrique e conduz a bola a Danilo, escapando da marcação inglesa e construindo a jogada do gol. E como não lembrar do seu inacreditável poder de decisão contra o Vasco, pela Libertadores, ou antes mesmo contra o Cruzeiro no Brasileirão de 2011? Paulinho foi um craque que se construiu e simbolizou, por isso, a alma do Corinthians de 2011-2013 de Tite.

Multicampeão, inteligente, raçudo e decisivo, se mostrou o motor de uma equipe história – um motor inteligente. É o segundo volante que todo clube quer e que o Timão conseguiu ter por três temporadas. E quem sabe ele não volta ainda com gás para ultrapassar a marca de 34 gols em 167 jogos?

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04 de dezembro de 2011 – um dia inesquecível para todo corinthiano

Foi em uma tarde de luto no Pacaembu lotado que o Timão, contra o Palmeiras de Valdívia, Henrique, Marcos Assunção e, é claro, do falador Felipão, conquistou seu pentacampeonato Brasileiro, dando início ao que viria a ser a década mais vitoriosa da história do clube

Foto: Agência Corinthians

Sob o comando de Tite, um treinador em sua segunda passagem pelo clube que precisava matar dois leões a cada quarta e domingo para continuar no cargo após a eliminação para o Tolima, em fevereiro, a equipe corinthiana iniciou o campeonato de forma avassaladora: foram nove vitórias e um empate nos dez primeiros jogos, contando uma goleada contra o São Paulo de lavar a alma do torcedor: 5 a 1 no Pacaembu com hattrick de Liédson, brilho de Danilo, canetas de Émerson e frango de Rogério Ceni.

Foto: Reprodução

Mas a campanha não foi tão fácil como pareceria naquele momento. Disputado ponto a ponto contra o Vasco de Fágner, Diego Souza, Fernando Prass e Juninho, o campeonato só foi decidido na última rodada que, à época, era cheia de clássicos. Um empate no Rio entre Vasco e Flamengo e outro no Derby disputado no Pacaembu deu ao Timão o título exatamente no dia do falecimento de Sócrates. Com um sabor agridoce na boca, o corinthiano certamente guarda no coração a linda homenagem feita ao doutor no círculo central da saudosa maloca, antes do apito inicial.

Foto: Reprodução internet

Certamente Sócrates não se decepcionara com quem herdara sua camisa 8. O Timão de 2011 tinha em Paulinho tanto um poder de decisão quanto um elemento surpresa. Tanto um motor de arranque quanto ditador de ritmo. Com a responsabilidade de substituir Elias, Paulinho alimentou o esquema de Tite e foi um dos destaques do pentacampeonato.

Mas não foi o único.

Émerson Sheik, Danilo, Ralf, Leandro Castán, Fábio Santos… todos tiveram nessa campanha o seus atos de afirmação – e todos acabariam virando ídolos do clube. Isso sem contar Alex e Willian, decisivos em jogos dificílimos, como contra o Internacional tanto no Pacaembu quanto no Beira-Rio. Também os já campeões Alessandro, Chicão e Jorge Henrique, remanescentes dos títulos de 2009, que só aumentariam seu prestigio liderando o Timão em 2011 e no ano seguinte.

Foto: Reprodução

E como esquecer dos milagres e a raça do corinthianíssimo Júlio César, que chegou a jogar com o dedo quebrado contra o Botafogo, em São Januário? Ou mesmo a afirmação de Paulo André, eleito melhor zagueiro do campeonato pelo Bola de Prata pela solidez defensiva dada na reta final? Ou, é claro, os 12 gols de Liédson, o levezinho que fez o torcedor corinthiano esquecer rápido de Ronaldo para apreciar o poder letal do artilheiro luso-brasileiro?

Foto: Reprodução

Uma coisa é certa: o maestro destes tantos destaques que tiraram o Timão de um melancólico e angustiado início de ano e o levaram à glória em dezembro foi, sem dúvida, Adenor Leonardo Bacchi. E o já lendário Tite merece, para si, inúmeras outras matérias próprias, porque sua importância no pentacampeonato de 2011 não cabe em apenas alguns parágrafos.

04 de dezembro de 2011: um dia inesquecível para todo corinthiano.

Por Anthonio Delbon