Em eleição no GloboEsporte.com, torcida elege a seleção do século XXI; confira
A pandemia de coronavírus e a consequente falta de futebol na TV está gerando uma onda de nostalgia. Sem muitos acontecimentos atuais, nós acabamos tendo que visitar novamente o passado e assim matar um pouco da saudade do Corinthians.
Então, pensando nisso, o GloboEsporte.com disponibilizou uma eleição para escolher a seleção do Corinthians no século XXI. Cada torcedor poderia acessar o link no site e escalar o seu time. Veja agora o resultado:
O melhor Corinthians do século
Gol: com 31434 votos, Cássio foi o escolhido entre os torcedores. Zaga: Gil com 22020 votos e Chicão com 31183. Laterais: 20650 para Fábio Santos na esquerda e 28695 para Fagner na direita. Meio: 23131 votos escolheram Danilo, 20549 Ricardinho e 37870 Marcelinho Carioca. Ataque: 32049 votos para Tevez, 21514 para Emerson Sheik e 40024 (recorde da votação) para Ronaldo.
A seleção escolhida seguiu o esquema 4-3-3. Provavelmente, o técnico teria dificuldade de fazer a equipe jogar com um meio tão ofensivo. Porém, como deixar tanta gente boa de fora?
Que tal escalar a sua seleção? Marque a @centraldotimao e bora lá!
E chegamos ao fim. Aproveito o espaço apenas para agradecer os leitores de cada edição dessa brincadeira que fiz por aqui. Os rankings, até por serem extremamente pessoais, cumpriram com o objetivo de falar com as lembranças dos torcedores. E, se nada mais, pelo menos serviram como breves depósitos da memória recente do nosso Coringão.
Até a próxima!
10-Manoel Foi apenas uma temporada razoável. Entre críticas e gols em clássicos, o zagueiro Manoel, multicampeão pelo Cruzeiro, fez um 2019 irregular como toda a equipe. Na longa lista de ótimos zagueiros que o Corinthians teve nessa década, não há como deixá-lo em uma posição superior. Mas entre falhas e reclamações, ficam as lembranças de seus gols contra Palmeiras, São Paulo e Santos – feito que nenhum outro jogador dessa lista conseguiu.
9-Henrique Já veterano e sem ser a unanimidade que fora no rival, quando se transferiu ao Barcelona de Messi, em 2008, Henrique chegou ao Timão vindo do Fluminense como opção para a zaga após a despedida de Pablo. Ainda que irregular, Henrique chegou e logo fez incríveis 42 jogos seguidos com a camisa alvinegra em 2018, jogando um futebol de bom para muito bom. Ainda com Balbuena, fez uma dupla segura na histórica conquista do Campeonato Paulista no Allianz Parque e, até então, pouco sofria com as reclamações da torcida e da imprensa. Com a saída de Carille, seu futebol caiu. A dupla irregular com Manoel, em 2019, foi o suficiente para o tri-estadual, mas logo o desempenho do time foi se tornando ineficaz e Henrique, na berlinda, optou por rescindir seu contrato rumo ao mundo árabe.
8-William O “Capita” brilhou realmente em 2008 e 2009, mas o nosso capitão no ano do centenário entra aqui um pouco na surdina por todo o seu período com a camisa alvinegra, mesmo que tenha terminado 2010 em baixa, como todo o time de Tite. William foi um dos símbolos do renascimento corinthiano quando o time foi rebaixado. Liderou o clube como homem de confiança de Mano Menezes nas três temporadas, jogando ótimo futebol em 2009, quando ergueu as taças do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil formando com Chicão, Alessandro e André Santos a melhor linha defensiva do Brasil no ano.
7-Pablo Foi só 2017. Mas 2017 foi 2017: título estadual e nacional contra todas as probabilidades. Na sólida equipe do novato Fábio Carille, primeira a fazer um turno invicto na história do Brasileirão de pontos corridos, Pablo era peça essencial no pouco vazado sistema defensivo. Curiosamente, a dupla formada com Balbuena não era a típica dupla de zaga em que um atleta completa as características do outro. Tanto o paraguaio quanto Pablo eram rápidos, fortes, altos e vigorosos. Os resultados, além dos títulos e da insistência da torcida para que ficasse ao fim do contrato de empréstimo, foram 51 jogos e 2 gols, em uma temporada de completa glória alvinegra.
6-Felipe A história de Felipe no Corinthians é aquela para calar todo torcedor corneteiro até o fim dos tempos. Apresentado com outro desconhecido atleta – Cássio! – em fevereiro de 2012, o zagueiro chegou ao Timão vindo do Bragantino como um dos tantos frutos da parceria entre os clubes à época, que levou ao Corinthians de Moradei até Paulinho. Mas em 2012, 2013 e 2014, mesmo participando das campanhas vencedoras, sagrando-se campeão mundial e permanecendo no elenco, sem empréstimo nenhum, Felipe pouco contava com o apoio da torcida: nas poucas oportunidades, já com seus 23, 24 anos, o zagueiro passava uma impressão de insegurança muito forte, como na derrota para o Luverdense, em 2013.
Foi só em janeiro de 2015, com a saída inesperada de Anderson Martins e a chegada de Tite, que o conhecia desde 2012, que Felipe agarrou a oportunidade e a aproveitou com excelente performance. Desde o início da temporada, marcando contra o Once Caldas pela 1ª fase da Libertadores, Felipe transformou seu potencial em ato: extrema rapidez, ótima impulsão, posicionamento inteligente, desarme preciso e cabeceio exemplar são algumas características que hoje, com o sucesso de Felipe pelo Porto e pelo Atlético de Madrid, não são nem um pouco exageradas. É um dos casos clássicos de um jogador que amadurece tardiamente – sua glória no Velho Continente veio perto dos 30 – e que contrasta com os raríssimos casos de talento absurdo aos 18. Quem diria que Felipe chegaria mais longe na carreira do que todos nessa lista?
5-Balbuena Quando “El General” chegou ao Corinthians, em 2016, a época não era das melhores. Vindo do Nacional, do Paraguai – time finalista da Libertadores de 2014, em que ficou no banco de reservas contra o campeão San Lorenzo – , Balbuena jogou a maior parte das partidas no segundo semestre, formando dupla ora com Pedro Henrique, ora com Vilson. Foi um ano para lá de esquecível dada a reconstrução necessária pós-desmanche do time campeão brasileiro em 2015. Na zaga, especificamente, a saída de Gil, em janeiro, e de Felipe, em junho, causou um buraco difícil de preencher por Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira.
Foi só em 2017 que Balbuena se firmou nas mãos de Fábio Carille, formando uma dupla invencível com Pablo e campeã estadual e nacional. O paraguaio ainda jogou o primeiro semestre de 2018, quando foi peça essencial do bicampeonato paulista formando dupla com Henrique. No total, marcou 11 gols em 136 jogos, sendo dois cruciais contra Fluminense e Cruzeiro, na campanha do Brasileirão de 2017, e outro inesquecível no Derby com cara de final vencido pelo Timão, no mesmo ano, por 3 a 2, na Arena.
4-Paulo André É difícil falar de Paulo André sem falar do extracampo em que o jogador sempre se meteu. Para além do processo contra o clube cobrando por ter trabalhado aos domingos e pela falta de folga – já pensou se virar moda?! – , do fogo de palha chamado Bom Senso FC, dos debates com dirigentes, dos livros lançados e do interesse em pintura e finanças, Paulo André foi um ótimo zagueiro que, por conhecer suas limitações e ser inteligente dentro de campo, virou um dos maiores vencedores da história do clube.
A quantidade absurda de lesões desde que chegou, ainda em 2009, para ser reserva imediato de Chicão e William, o deixaram apenas com 153 jogos em quase 5 anos de clube. Nesse período cheio de conquistas, Paulo André ora ficou em segundo plano, ora foi de suma importância para certos troféus. Se em 2009 e 2010 pouco apareceu, em 2011, com a opção de Tite por sacar Chicão no início do segundo turno da campanha do penta, Paulo André aproveitou a oportunidade, sagrou-se campeão como titular e foi Bola de Prata. A lesão em 2012 o tirou da histórica campanha da Libertadores, mas a saída de Leandro Castán para a Roma o fez retomar a titularidade para o Mundial de Clubes, onde ajudou a anular o estrelado ataque do Chelsea – e o deu a oportunidade de escrever um memorável diário da jornada do Timão no Japão.
Em 2013 ainda foi campeão da Recopa e do Paulista, marcando inclusive o gol da vitória contra o Santos de Neymar, em pleno Pacaembu, no jogo de ida. Seis meses depois, com a chegada de Mano Menezes e o início de uma reformulação no elenco, deixou o clube rumo à China, mas não sem marcar seu nome na história corinthiana com seus ótimos e seguros posicionamentos e cabeceios, sempre inspirando liderança nas equipes em que jogou.
3-Leandro Castán Castán chegou com uma mera opção – talvez a menos segura, aparentemente – em meio ao ano do centenário. Com William e Chicão titularíssimos e Paulo André e Thiago Heleno como reservas, pouco jogou. Foi no ano seguinte, com Paulo André lesionado e Thiago Heleno no rival, que Leandro assumiu a titularidade, indo do inferno contra o Tolima à glória do pentacampeonato. Ali, o zagueiro de Jaú mostrou que era, na minha visão, o melhor zagueiro da década corinthiana.
Único canhoto dessa lista, rápido e de bom passe, complementou Chicão na temporada seguinte formando a defesa menos vazada da América na campanha invicta da conquista da Libertadores. Com seu nome na história, deixou o clube rumo à Roma, onde ficou por anos até voltar ao Brasil para jogar no Vasco – por pouco não veio ao Timão, que era sua primeira opção. Castán é o símbolo de um jogador raçudo, extremamente focado e de boa técnica que veio a se transformar em um zagueiro de excelência, muito pela inteligência dentro de campo e pela gana que sempre demonstrou. Foram 3 gols em 112 jogos.
2-Gil Em 2013 o então campeão mundial Corinthians fez apenas três contratações: para o ataque, a estrela Alexandre Pato; para o meio, o conhecido e ótimo Renato Augusto; para a zaga, Gil… aquele que fez o desastrado pênalti no Ronaldo, em 2010, que resultou no último gol do Fenômeno com a camisa corinthiana. Desnecessário dizer qual foi o mais barato entre os três.
Mas Gil, com a curva descendente de Chicão e posterior saída do camisa 3, mostrou uma inacreditável regularidade em seus três primeiros anos de clubes. Regularidade em altíssimo nível, ressalto. Não é exagero dizer que em 2013, 2014 e 2015 foi ele o melhor zagueiro não só do Corinthians, mas do Brasil. Bola de Prata em 14 e 15, campeão Paulista e da Recopa em 13 e do Brasileirão em 15, Gil chegou a ser convocado pela Seleção, onde fez 11 jogos desde 2014. Deixou o clube na Florida Cup de 2016, em meio ao desmanche do timaço do ano anterior, com 184 jogos e 8 gols.
Quiseram os deuses do futebol – e a ligeira diretoria corinthiana – que nosso Gamarra negro voltasse ano passado com a mesmíssima regularidade e excelência de sempre. Como um muro, Gil consegue aliar força física com agilidade e ótima técnica com muita raça. É com essa calma que o zagueiro passa ao torcedor corinthiano, independente de quem faça sua dupla com ele. Com 220 partidas, Gil só perde em número de jogos, até aqui, para o nosso primeiro colocado.
1-Chicão De todos os jogadores desta e de todas as outras listas, foi de Chicão o nome que escolhi para pôr na minha camisa listrada de 2009. E é verdade, novamente, que o zagueiro brilhou e marcou gol atrás de gol em 2008 e 2009, mas foi nessa década que os títulos mais importantes vieram: Brasileiro, Libertadores, Mundial, Paulista e Recopa, para somarem-se à Série B, ao Paulista e a Copa do Brasil da década passada.
Não foi só isso.
Com 247 jogos, Chicão é quem mais jogou nesta lista. Com 42 gols, é o zagueiro que mais marcou com a camisa corinthiana na era profissional. E quem o viu sabe que muitos foram golaços, principalmente de falta.
Mais do que as glórias e os números, Chicão sempre foi querido pela torcida pela coragem de dar as caras nos momentos mais difíceis do clube. Desde sua chegada, em uma total reformulação do clube pós-queda, até o desastre contra o Tolima, quando Alessandro e ele falaram para a imprensa como os líderes de um novo e imprevisível momento do clube. Mesmo em baixa, no segundo turno do Brasileiro de 2011, manteve-se como opção e ganhou a titularidade no épico ano de 2012.
Chicão é um dos pouquíssimos jogadores que ganharam absolutamente tudo de primeiro escalão a ser disputado pelo clube. Com boa técnica tanto para o desarme quanto para o início de jogadas ofensivas, é dele, não à toa, o primeiro passe da jogada do gol de Guerrero, contra o Chelsea. Ídolo, acima de tudo, é um dos maiores símbolos do início desta dourada década corinthiana, bandeira do nosso passado para que o presente e o futuro sejam tão gloriosos quanto.