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Há 108 anos, Corinthians joga pela primeira vez fora da Capital e vence duas partidas no mesmo dia

Em 17 de setembro de 1911, o Corinthians foi protagonista de um fato curioso, que ficou como um marco para a história de dois times

Campinas/SP do começo do século XX. Ao fundo vê-se a Igreja de São Benedito, em cujo Largo, o Corinthians jogou em 17/09/1911 (Foto: Blog Recantos e Encantos/Campinas)

O Corinthians, ainda varzeano, entrou em campo duas vezes no mesmo dia e no mesmo local, em Campinas. O primeiro jogo foi contra a Ponte Preta, também varzeana, disputado pela manhã, onde o Corinthians venceu a equipe campineira por 1 a 0 com gol de César Nunes, lateral esquerdo. A outra partida foi disputada no período da tarde, dessa vez contra o Corinthians de Campinas, seu xará, também conhecido como Corinthians Campineiro, o Sport Club Corinthians Paulista venceu por 3 a 1.

Igreja de São Benedito, em Campinas, no começo do século XX. Foi em frente a essa igreja que o Corinthians, ainda varzeano, jogou sua primeira partida fora da Capital. (Foto: Blog Recantos e Encantos/Campinas)

As duas partidas aconteceram num campo que existia em frente à Igreja de São Benedito no Largo São Benedito, atual Praça Pedro II, no centro da cidade de Campinas. O Largo São Benedito é testemunha das inúmeras transformações históricas, sociais e culturais pelas quais Campinas passou ao longo do tempo, especialmente da história dos negros e escravos da cidade. Atualmente, o tradicional Largo é ocupado nas manhãs e finais de tarde por aposentados, que se dividem para jogar damas nas mesas e bancos da praça.

Largo de São Benedito hoje, o local onde o Corinthians jogou e venceu duas partidas, contra a Ponte Preta e o Corinthians Campineiro, no dia 17 de setembro de 1911 (Foto: Blog Recantos e Encantos/Campinas)
A primeira formação do time do Corinthians: Valente; Police, Perrone, Atílio e Lepre; Alfredo, João da Silva, Jorge Campbell e César Nunes; Joaquim Ambrósio e Fabbi. Treinador Rafael Perrone. (Imagem/Internet)

Nas duas partidas disputadas naquele dia, o técnico Rafael Perrone foi a campo com os seguintes jogadores: Casemiro do Amaral, Police, Atílio, Onofre e César Nunes, José, Alfredo, Jorge Campbell e Campanella e Nani. Não encontramos fotos dessa formação, mas a foto acima, que ilustra o texto, mostra alguns dos jogadores e, ao centro está César Nunes, o autor do primeiro gol da história do Corinthians sobre a Ponte Preta.

César Nunes (lateral esquerdo, atuando como meia e até ponta direita – sócio fundador, esteve no time entre os anos de 1910 e 1920 e atuou em 132 jogos, com oito gols marcados. Foi ele quem deu ao Corinthians seu primeiro ídolo, Neco, seu irmão mais novo. (Foto Internet)

César Nunes era um dos 13 rapazes presentes na reunião que culminou na fundação do Corinthians em 1910. César era pintor de casas. Participou da primeira partida do clube em 10 de setembro de 1910. No início atuou mais como meia-direita, mas a partir de 1913 passou a atuar na linha média, onde ganhou o apelido de “Paredão”.

Em 1911 levou o irmão Neco, futuro primeiro ídolo corinthiano, para jogar nos quadros mais jovens do time. Ao todo, César dedicou quase dez anos de sua vida ao Timão como jogador, encerrando sua participação com o manto alvinegro em 13 de junho de 1920, após 132 partidas e 8 gols, além dos títulos Paulista de 1914 e 1916. Faleceu em 20 de janeiro de 1961 em São Paulo. (Fonte: Blog 100xCorinthians)

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Corinthians e Ponte Preta é um dos confrontos mais antigos do futebol paulista, sendo a Ponte, o mais antigo rival do Corinthians em atividade. Juntos, protagonizaram 147 jogos nesses 108 anos de história, sendo 83 vitórias para o Corinthians e 30 para a Ponte Preta e 34 empates. César Nunes abriu a contagem em 1911 e hoje são 408 gols, sendo 264 do Timão e 144 da Macaca.

Obs.: Sobre o Corinthians Campineiro não encontramos referências históricas, sendo a única citação, essa partida que fez contra o Sport Club Corinthians Paulista. Pedimos ao leitor que, se souber, nos informe, para não cometermos injustiça.

Por Letícia Madrona Granado e Nágela Gaia