No último dia 20 de janeiro, o órgão aprovou a admissibilidade das acusações contra o dirigente, com 126 votos a favor e 114 contra. No entanto, devido ao avançado da hora e a um acordo entre os órgãos do clube e a defesa do mandatário, a reunião foi suspensa com base no artigo 85 do estatuto, o que a manteve permanentemente aberta e permitiu sua conclusão na noite desta segunda.

Como foi a votação?
Conforme previsto no edital de convocação e determinado pelo estatuto do clube, o presidente da Comissão de Ética e Disciplina Roberson de Medeiros faria uma apresentação de até 30 minutos. No entanto, ele não compareceu à mesa, e o pronunciamento do comitê foi feito por Rodrigo Bittar, integrante da comissão.
Augusto Melo também tinha o direito de se defender diante dos conselheiros, mas optou por delegar a tarefa ao seu advogado, Ricardo Cury. Logo após um polêmico pronunciamento à imprensa, no qual admitiu a derrota antes mesmo do início da votação, o então presidente deixou o Salão Nobre do clube.
A votação, iniciada com os conselheiros vitalícios do clube, ocorreu de forma sigilosa, com o uso de cédulas de papel. Embora alguns conselheiros tenham solicitado que o processo fosse nominal, o pedido foi recusado, pois o estatuto do clube determina o sigilo em situações como esta.
Estiveram presentes no Parque São Jorge 236 conselheiros, quatro a menos do que na votação de janeiro, que contou com 240. A apuração foi realizada imediatamente após o fim da votação e confirmou a derrota de Augusto Melo: 176 votos a favor do afastamento, 57 contra, um em branco e duas abstenções. Entre os que se abstiveram estão Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo, e Kadu Melo, sobrinho de Augusto.
A possibilidade de um novo adiamento da votação foi discutida ao longo de todo o dia, já que o então presidente do Corinthians tentava obter uma nova liminar para suspender a reunião. No entanto, horas antes do encontro, a 5ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo negou o pedido que buscava afastar Romeu Tuma Júnior da presidência do Conselho Deliberativo e anular a votação do processo de impeachment.
O que acontece agora?
Com a aprovação do impeachment, Augusto Melo foi afastado imediatamente do cargo, sendo substituído provisoriamente pelo primeiro vice-presidente Osmar Stábile.
Contudo, o afastamento definitivo de Augusto Melo ainda depende da ratificação da decisão pelos sócios do clube. A partir de agora, o presidente do Conselho Deliberativo tem até cinco dias úteis para convocar a Assembleia Geral de sócios, embora não haja prazo definido para a realização da votação, que, espera-se, ocorra dentro de trinta dias a partir da convocação.
Vale lembrar que, além do atual processo de impeachment, há outros procedimentos em andamento contra o presidente dentro do clube, incluindo um pedido de afastamento imediato, elaborado pela Comissão de Justiça após a reprovação das contas de 2024, que o acusa de gestão temerária com base na Lei Geral do Esporte.
Estágio do inquérito policial
Após um ano de investigações, a Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito do caso VaideBet com o indiciamento de quatro pessoas pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro. Entre os indiciados está Augusto Melo, que teve, também nesta segunda-feira, um habeas corpus negado na tentativa de anular o indiciamento. Além do presidente afastado, foram indiciados Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing, Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo, e Alex Cassundé, apontado pelo clube como intermediário no acordo com a casa de apostas.
A investigação, conduzida pelo delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), conseguiu rastrear o caminho do montante pago pelo Corinthians à suposta intermediária do contrato. Segundo a polícia, os valores foram desviados por meio de uma complexa rede de transferências bancárias – descrita no inquérito como um “percurso maquiavélico” – que terminou na empresa UJ Football Talent Intermediação. Essa empresa foi apontada por Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), como parte das operações do grupo criminoso no mundo do futebol.
Agora, o caso será encaminhado ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que analisará as conclusões do delegado e todas as evidências reunidas pela investigação desde maio do ano passado. Vale lembrar que um promotor do MP acompanhou de perto o trabalho da Polícia Civil ao longo do inquérito, participando inclusive das oitivas – uma prática comum, que busca dar mais agilidade e eficácia aos procedimentos investigativos.
O MP-SP tem total autonomia para decidir os próximos passos em relação à investigação conduzida pela Polícia Civil. A promotoria pode acatar integral ou parcialmente as recomendações de indiciamento, modificar alguma das acusações, incluindo crimes não apontados pela polícia, ou até mesmo rejeitar as conclusões do inquérito e solicitar seu arquivamento.
Nesta nova etapa, o Ministério Público pode solicitar novas diligências ou depoimentos, caso considere necessário para esclarecer os fatos. No entanto, também é possível que a decisão seja tomada com base apenas na análise dos autos do inquérito. Com isso, existe a possibilidade de que o presidente Augusto Melo nem chegue a ser ouvido pelos promotores.
Se o MP-SP decidir pela continuidade do inquérito, seja mantendo as acusações da polícia ou alterando-as, ele apresentará a denúncia dos envolvidos à Justiça, que deverá analisá-la e decidir sobre seu recebimento. Caso a denúncia seja aceita, será instaurado um processo na primeira instância, tornando os acusados, oficialmente, réus.
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