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EY pediu por e-mail que Corinthians dividisse resultados de investigação com o Conselho do clube

  • Por Larissa Beppler e Daniel Keppler / Redação da Central do Timão

No final de janeiro, a Central do Timão publicou uma matéria sobre declarações de Augusto Melo, presidente do Corinthians, a respeito da investigação de sete contratos assinados por gestões anteriores. O trabalho foi realizado pela consultoria EY no primeiro semestre de 2024, enquanto esteve vinculada ao clube.

Embora o mandatário afirmasse que a empresa nunca informou ao clube os resultados obtidos nesses projetos, trocas de e-mails e fontes ligadas ao Corinthians sustentavam o contrário: a diretoria corinthiana já tem conhecimento desses resultados há meses. Essa versão, agora, é reforçada por novos documentos e conversas entre clube e empresa, aos quais a Central do Timão teve acesso.

Cobrança por escrito

Um dos documentos é um e-mail enviado em 1º de julho de 2024 por um sócio da EY a Augusto Melo, com cópia para membros da diretoria corinthiana: Marcelo Mariano (diretor administrativo), Vinicius Cascone (secretário-geral), Leonardo Pantaleão (diretor jurídico) e Luiz Ricardo Alves, conhecido como Seedorf (então diretor financeiro adjunto).

Na mensagem, a EY informa à diretoria do Corinthians que estava sendo cobrada por Romeu Tuma Júnior sobre os serviços prestados ao clube. O presidente do Conselho Deliberativo (CD) alegava não conseguir obter essas informações diretamente da gestão alvinegra, o que levou a empresa a reagir no e-mail enviado a Augusto Melo:

“Temos o compromisso de esclarecer que a responsabilidade de prestar tais esclarecimentos ao Conselho Deliberativo incumbe primordialmente à Administração do SCCP, podendo contar com o suporte da EY, quando necessário. Neste contexto, instamos que a Presidência e/ou a Diretoria do SCCP conceda uma resposta ao eminente Presidente do Conselho Deliberativo, com a máxima celeridade, mantendo a EY devidamente informada sobre o desenvolvimento da situação.”

A EY segue reforçando que, em maio, firmou um compromisso com o Corinthians para investigar sete contratos assinados por gestões anteriores à de Augusto Melo. O trabalho incluiu análise documental, testes de transações e background check de fornecedores, pessoas relacionadas e ex-dirigentes do clube.

No e-mail, o sócio da EY confirma que, em 6 de maio de 2024, a empresa se reuniu com Rozallah Santoro, Yun Ki Lee e Fernando Perino, então membros dos departamentos financeiro e jurídico do clube, para apresentar os resultados da investigação. Embora a mensagem não detalhe esses resultados, uma apuração da Gazeta Esportiva, publicada na última terça-feira, 18, e confirmada pela Central do Timão, revelou que não foram encontradas irregularidades entre os fornecedores e dirigentes envolvidos nos contratos analisados.

Ainda segundo a apuração, ao tomar conhecimento dos resultados da análise, a diretoria do Corinthians optou por não pagar pelos serviços prestados pela EY, que deveriam ser quitados em duas parcelas: R$ 97.959,18 em 10 de junho e R$ 144.139,94 em 10 de julho. Como resultado, a EY não emitiu o parecer final, deixando o clube apenas com as informações compartilhadas na reunião de maio.

Cobranças continuaram

Este e-mail jamais foi respondido pela diretoria, que até hoje afirma não ter conhecimento sobre o conteúdo da análise dos contratos feita pela EY. Em razão disso, a diretoria se recusa a prestar esclarecimentos aos órgãos fiscalizadores do Corinthians. Mesmo assim, outras tentativas de obter o material foram realizadas, incluindo uma série de ligações feitas por Romeu Tuma Júnior, membros da EY e pessoas ligadas ao clube.

Diante da negativa da atual diretoria em fornecer o teor dos resultados da investigação, o presidente do CD passou a buscar o material em outras fontes. A justificativa era subsidiar a Comissão de Justiça com os documentos, já que o órgão estava, à época, examinando os contratos assinados entre o clube e a consultoria.

Um dos nomes abordados foi um dos sócios da EY, que confirmou ao dirigente o conteúdo do e-mail citado nesta matéria: a diretoria teve acesso aos resultados da investigação dos contratos. Ele também informou que o parecer por escrito só poderia ser entregue após o pagamento pelos serviços, o que nunca ocorreu. Tuma ainda alertou que, caso a situação continuasse sem resposta, convocaria a EY para explicar o caso no Conselho Deliberativo.

Outra pessoa procurada foi um membro da atual diretoria, com quem Tuma expressou preocupação pelo fato de a EY resistir em compartilhar os resultados da investigação com o Conselho Deliberativo do clube, alertando sobre as possíveis implicações caso essa situação persistisse.

Ainda assim, os órgãos fiscalizadores do clube continuam sem acesso às informações recebidas pela diretoria do Corinthians. Da mesma forma, a EY segue sem receber pelo serviço prestado.

Cobranças também foram internas

Conforme mencionado anteriormente, a diretoria estaria omitindo de forma sistemática as informações sobre os serviços prestados pela EY dos órgãos de fiscalização do clube. Um dos conselheiros que, nos últimos meses, tem insistido nas cobranças é Paulo Roberto Bastos Pedro, também membro do Conselho de Orientação (CORI) do Corinthians.

A primeira cobrança ocorreu em 12 de agosto de 2024, quando Paulo Pedro questionou diretamente Augusto Melo sobre vários temas, incluindo a consultoria, durante uma reunião do CD: “Peço, também, esclarecimentos sobre o fato de até o presente momento não ter sido apresentado o relatório da empresa EY, o relatório que seria doa a quem doer.”

O presidente corinthiano respondeu, afirmando que, caso recebesse o pedido por escrito, forneceria os esclarecimentos. O conselheiro, então, entregou as questões por escrito, mas não obteve resposta. Dois meses depois, voltou a interpelar o mandatário alvinegro, lamentando a “falta de transparência” da diretoria.

“São 63 dias e eu até agora não fui respondido. A transparência, presidente Augusto, ela não é uma dádiva ou uma qualidade de um gestor. A transparência, ela é uma obrigação e é tudo o que nós não estamos vendo aqui. (…) O senhor está tratando com a paixão de 35 milhões de torcedores e o senhor age sem transparência, sem diligência, sem nada?”

Após um bate-boca entre Paulo Pedro e Augusto Melo, o assunto novamente ficou sem resposta, mas voltou à tona nos bastidores do Parque São Jorge quando o vínculo do Corinthians com a EY foi citado como um dos problemas da prestação de contas do primeiro semestre de 2024 enviada pela diretoria ao CORI. A situação foi fortemente criticada, levando o órgão a recomendar o impeachment do presidente.

No relatório, aprovado por unanimidade pelo Conselho de Orientação, o colegiado criticou a “dificuldade de entendimento” dos contratos assinados entre clube e empresa, além do alto custo dos serviços (podendo ultrapassar os R$ 13 milhões) e o fato de não ter recebido da diretoria alvinegra qualquer documento relativo à rescisão contratual entre o clube e a EY, tampouco os demonstrativos dos resultados obtidos com os serviços prestados pela consultoria e pagos pelo Corinthians.

Implicações políticas à gestão

Alguns conselheiros ouvidos pela Central do Timão reforçaram o entendimento expresso pelo CORI no relatório mencionado acima, de que as omissões de informação por parte da diretoria configuram prática de gestão irregular ou temerária, e afirmam que o fato de Augusto Melo saber dos resultados da investigação feita pela EY e se negar a compartilhá-los com os órgãos fiscalizadores constitui uma infração grave ao estatuto social do Corinthians.

Um conselheiro citou os artigos que, em seu entendimento, estão sendo descumpridos pelo presidente alvinegro neste tema: o artigo 106, nas letras “b”, “d” e “e”, combinado com o artigo 112, que trata das atribuições do cargo.

“Art. 106 — São motivos para requerer a destituição dos administradores (Presidente da Diretoria ou de seus Vice-Presidentes):

b) ter ele acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians;

d) ter ele infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária.

e) prática de ato de gestão irregular ou temerária.”

Vale lembrar que a recomendação do CORI para o afastamento de Augusto Melo, devido à sonegação de informações na prestação de contas do primeiro semestre de 2024, resultou em um processo ético-disciplinar na Comissão de Ética e Disciplina (CED) e pode levar ao impeachment do presidente.

Fontes também informaram à Central do Timão que a cobrança pelos resultados da EY continua, pois outros conselheiros e órgãos fiscalizadores do clube seguem exigindo essas informações. Caso a diretoria corinthiana persista em resistir ao envio das informações ao CORI, a EY poderá ser convocada para explicar a situação aos conselheiros.

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Visando encerrar divergências, Corinthians altera forma de contratação de Fred Luz

  • Por Daniel Keppler / Redação da Central do Timão

Apresentado no último dia 3 como novo CEO do Corinthians e trabalhando desde então no clube, Fred Luz ainda não possui vínculo contratual formalizado. Isso pois, até o momento, o Timão e o executivo ainda não entraram em um acordo sobre todos os termos do documento que deverá ser assinado. O que já se sabe no entanto, é que Fred Luz não terá o cargo formal de CEO na estrutura administrativa do Alvinegro.

A Central do Timão já havia noticiado, em matéria publicada no dia 9, que o contrato apresentado ao Corinthians pela Alvarez & Marsal, empresa da qual Fred Luz é sócio, possuía termos e condições com os quais o clube não concordava, e que na visão da diretoria e outras lideranças políticas do Alvinegro, tornavam inviável a assinatura do documento. A análise do compliance corinthiano chegou à mesma conclusão.

As divergências mais flagrantes eram o fato de apenas a Alvarez & Marsal ter o direito a uma compensação em caso de rescisão unilateral e, também, o documento não estar redigido em nome do executivo, mas sim de sua empresa, que prestaria um serviço ao clube indicando o nome de Fred Luz como CEO. O Corinthians entendia como indispensável que Fred se comprometesse como pessoa física na função.

Também havia preocupações com um possível conflito de interesses com a EY, parceira atual do clube em diversos projetos de consultoria financeiro-administrativa. Afinal, EY e Alvarez & Marsal são concorrentes no mercado, e existe um incômodo com a possibilidade de uma empresa ter que se reportar à outra nas suas atividades, colocando em risco até mesmo a continuidade da EY no Parque São Jorge.

Após conversas, a questão sobre a cláusula de rescisão foi sanada, mas não o ponto sobre o documento constar no nome da Alvares & Marsal. Assim, o clube se viu forçado a rever os termos da contratação do executivo para adaptar o vínculo às suas exigências. Ele deixará de, formalmente, possuir a função de CEO dentro do clube e, ao invés disso, o Corinthians celebrará uma parceria com a empresa, que fará uma “consultoria”.

Tal redesenho da função de Fred no Corinthians contempla boa parte das preocupações que havia no clube em relação ao contrato proposto anteriormente, embora não afaste totalmente eventuais riscos em relação à parceria do Alvinegro com a EY. Isso pois a empresa segue com a posição de não reportar seus projetos a uma concorrente. Esse impasse ainda não foi solucionado pela diretoria corinthiana.

Sobre as atribuições de Fred Luz, em tese seguirão as mesmas, tendo como tarefas prioritárias estabelecer metas às diretorias do clube e reestruturar o clube financeira e administrativamente. No entanto, há preocupação no clube com a previsão de que o executivo terá que se reportar não apenas ao presidente Augusto Melo, mas também a um “comitê gestor”, formado por pessoas de confiança do mesmo.

Não se sabe, ainda, quais são as pessoas indicadas por Augusto Melo para esse comitê, que deverá avaliar os projetos elaborados e propostos por Fred Luz durante a parceria da Alvarez & Marsal com o Corinthians. É previsto, também, que a execução desses projetos seja feita em alinhamento com esse comitê, o que põe em dúvidas o alcance da autoridade do executivo nessa possível nova hierarquia do clube.

De toda maneira, o novo desenho do contrato atendeu às expectativas de ambas as partes, e agora o documento segue para nova análise dos compliances de Corinthians e Alvarez & Marsal. Enquanto isso, Fred Luz segue trabalhando no clube, se reunindo com as diretorias e até mesmo procurando credores do Alvinegro para alinhas futuras renegociações de dívidas do clube.

É esperado que, após o aval dos compliances, o contrato seja enfim assinado e Fred Luz seja formalizado como parte da equipe de gestão do Corinthians até o final de 2026, quando se encerra o mandato de Augusto Melo.

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