Crucifica-o! Crucifica-o!
As palavras proferidas na história mais famosa da humanidade – escrita há milhares de anos – ainda são repetidas rotineiramente em nossa sociedade tão moderna. Mesmo com computadores de última geração, transportes rápidos e softwares inteligentes, ainda não superamos o desejo inerente do julgamento ao próximo.
Essa face inquisidora se faz presente quando condenamos as visões contrárias e sub julgamos as posturas alheias à uma série de definições próprias. Nesse sentido, após dar tamanha volta, sinto-me na obrigação de falar sobre Fábio Carille.
Não faltam na imprensa, ainda hoje, um dia após sua demissão, críticas e críticas sobre a postura do treinador. A TV Globo, no auge de sua transmissão, falou abertamente sobre uma “mudança de interpretação” do que o treinador havia dito. O consenso geral do jornalismo é divulgar um treinador arrogante, desmedido e egoísta.
De fato, Carille não se conteve em certos momentos, atacou a imprensa, acusou aqui e ali. Nesses momentos, acabou comprando brigas pesadas demais.
A visão de um treinador intragável e difícil de lidar tomou conta daquele homem sereno e tranquilo, ainda vislumbrado com o posto de treinador do seu time do coração. As matérias saíram completamente do tom positivo e se transformaram em uma construção de um perfil turrão, teimoso e mal-educado.
Confesso que não acompanho o dia a dia do clube e não posso me pronunciar sobre o jeito do treinador. Porém, jogo o questionamento: precisa disso? Precisamos a todo momento pintar o Carille como um cara que mudou da água para o vinho para justificar sua demissão? Precisamos entrar em questões pessoais para julgar o trabalho alheio? O falastrão – e em muitos momentos, problemático – Renato Gaúcho – ou Portaluppi, que seja – é visto pelos mesmos figurões como irreverente e original. Já, Carille, em suas entrevistas sinceras, é um destruidor de grupos.
Novamente, lanço a pergunta: para quê? É necessário de fato pintar essa imagem à essa altura? Os programas esportivos precisam se concentrar em análises psicológicas profundas sobre o ex-treinador?
Não cabe, não faz sentido. Os números estão aí para mostrar o baixo índice de passes, os chutões e as poucas criações ofensivas. Isso basta para classificarmos a campanha de um treinador. Entrar tanto em méritos pessoais de um profissional que, errando ou acertando, se dedicou durante uma década ao clube é um tanto quanto desmedido.
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Já passamos da fase de fazer isso. Podemos ser maiores. Podemos superar. O futebol não precisa ser um antro de fofoca e disse-que-me-disse.
Deixa a bola rolar, não é esse o tão dito modelo europeu? Sejamos.
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