Após acompanhar o lançamento da biografia do gigante CÁSSIO, em uma brilhante cobertura aqui da Central do Timão, me fiz essa pergunta. Para muitos, Cássio não é só o maior goleiro da nossa história, sim o maior jogador. Não é de se admirar.
Amado por crianças que o veem como exemplo, adorado por senhores e senhoras que o tem como um filho, nosso gigante passa aquela impressão de que apesar das adversidades em campo tudo está sob controle, e fora dele, transmite uma timidez quase infantil, aquela impressão de bom moço, uma pessoa agradável de se conversar e ter por amigo. Ele merece o status.
E os demais? Alguns são praticamente incontestáveis na história corinthiana, outros nem tanto. Mas, que fatores são necessários para que um atleta seja alçado a categoria de ídolo? Listei alguns mas desde já digo que é um texto onde precisarei muito da ajuda de vocês com comentários, concordância e discordância, outros nomes e outras histórias. A Fiel aqui tem voz! Vamos lá?
LONGEVIDADE
Quanto mais tempo um jogador veste nossa camisa, mais afinidade com a Fiel tem. O jogador passa a entender melhor os anseios da torcida, o que ela requer para que o guarde eternamente dentro do coração. Nesse ponto se destaca o recordista WLADIMIR e seus inalcançáveis 805 jogos, marca praticamente impossível de ser superada nos dias atuais. LUIZINHO, “O pequeno polegar”, conseguiu aliar tempo no clube a técnica refinada.O busto no Parque São Jorge mostra o tamanho que tem na história do clube. RONALDO GIOVANELLI é um daqueles que nasceu para jogar no Corinthians. A torcida se sentia representada por ele em campo. Confesso que, para mim, foi uma das piores saídas de um jogador do clube. Cheguei a imaginar que ele se aposentaria com nossa camisa.
TÉCNICA
Alguns não tiveram muito tempo de casa, mas a técnica em campo fazia toda a diferença para a conquista de vitórias e títulos. Nesse quesito não podemos esquecer craques como SÓCRATES, “O doutor”. Inteligente, tratava a bola como poucos. Capitão da seleção brasileira que mais encantou os amantes do bom futebol. Um líder democrático que deixou muitas saudades. DIDA, goleiro frio e decisivo em algumas de nossas principais conquistas; GAMARRA, zagueiro de baixa estatura, porém um gigante nas quatros linhas; EDILSON, “O capeta”, ou embaixador se achar melhor. Entortava quem aparecesse, desde pernas de pau a gringos consagrados de clubes gigantes. Cara feia para ele era fome; e RONALDO “O fenômeno”, esse último que já chegou com o status de ídolo do futebol mundial. Craques de uma técnica apuradíssima, jogadores além do seu tempo. Foi um privilégio vê-los vestir nossa camisa.
RAÇA
É disso que a Fiel gosta. Às vezes não precisava ter técnica, bastava demonstrar amor. De IDÁRIO a BIRO-BIRO passando pelo coringa WILSON MANO. Sem esquecer, claro, de MÁRCIO e ZÉ MARIA, “O super Zé”, jogadores que literalmente deram seu sangue pelo Corinthians.
Há aqueles que sentem saudades do paraguaio ROMERO que nunca foi um primor, assim como JORGE HENRIQUE e EZEQUIEL, mas que deixavam até a última gota de suor em campo. VAMPETA e TEVEZ são casos à parte de jogadores de grande talento e muita raça. A mistura das duas características é sinal de casamento perfeito e saudade imensa.
GOLS DECISIVOS
Talvez na história do Corinthians nenhum jogador tenha sido tão decisivo como MARCELINHO CARIOCA, principalmente em finais. Seu poder de decisão era incrível. Dos 206 gols marcados com nossa camisa, alguns de raríssima beleza, grande parte contribuiu para levantarmos alguns de nossos troféus mais importantes. E quando se fala em título importante não podemos deixar de citar NETO. Ouso dizer que sem ele o nosso primeiro título brasileiro não teria sido conquistado. Com lançamentos precisos e gols de falta marcados na hora certa, o craque entrou para sempre no nosso livro de histórias.
HORA CERTA E LUGAR CERTO
Talvez o item mais polêmico. Seriam EMERSON SHEIK, o “Rei da América”; e PAOLO GUERRERO, o “Senhor do Mundo”, ídolos? Seus gols encheram cada um de nós de uma alegria talvez nunca antes sentida. Tem seu lugar marcado na história, sem sombra de dúvidas. Dúvidas estas que não temos em relação a TUPÃZINHO e BASÍLIO. Dois jogadores comuns, que muito provavelmente passariam por nossa história como muitos passaram, foram importantes e só. Tupã se transformou ídolo por ser solidário. Ele deu de presente, após um passe preciso, o gol do título brasileiro de 1990 ao bom ponta FABINHO que desperdiçou a oportunidade caindo essa no colo do baixinho que com um carrinho certeiro entrou pra história, da mesma forma que um certo moleque da base chamado VIOLA entrou, roubando o título paulista de 1988 do Bugre em pleno estádio Brinco de ouro, na prorrogação.Basílio é um caso à parte. Nunca foi unanimidade, mas não podemos negar que esse nasceu iluminado, assim como o próprio Corinthians.
VAGUINHO, um dos principais jogadores daquele time campeão paulista de 1977,o sexto jogador que mais defendeu nossa camisa com 551 jogos, poderia ter tido sua história mudada definitivamente, se seu gol no segundo jogo da final contra a Ponte Preta tivesse sido o decisivo, ou se aquela sua bola no travessão no lance do gol do título tivesse sido só um pouquinho mais baixa. Mas quis a bola que o competente Basílio, que hoje tem acesso livre no clube, já tendo, inclusive, sido técnico, tivesse a honra de fazer o gol da nossa redenção, do fim do martírio. Enquanto isso, um solitário Vaguinho é encontrado pelo ilustre torcedor Miguel Miranda sentado anônimo em dos vagões do Metrô de São Paulo, sem festa, sem fotos, sem brilho e, o pior, sem o reconhecimento merecido. Coisas do futebol…
HÁ ESPAÇO PARA OS “INGRATOS”?
E o que dizer daquele craque que larga o barco e abraça um rival? Foi assim com GYLMAR, RINCÓN e RICARDINHO. O goleiro do inesquecível esquadrão campeão do IV centenário de 1954, campeão mundial com a seleção brasileira em 1958, é um dos maiores jogadores de todos os tempos no futebol brasileiro. De 1951 a 1961 envergou com maestria nossa camisa, até pedir para ser negociado com o Santos Futebol Clube. Destino igual teve o capitão do primeiro mundial. Freddy Rincón gozava de prestígio entre torcedores, comissão técnica e colegas. Até que, sem mais nem menos, poucos dias depois de ter levantado o, até então, maior troféu de nossa história, decide mudar de ares. No seu primeiro encontro com a Fiel após a conturbada saída, foi recebido pela torcida com notas e moedas e por seus ex-companheiros com 5 gols na lata. Para alguns o que fez Ricardinho foi imperdoável. Capitão nas conquistas do Rio-SP e Copa do Brasil 2002, conseguiu uma vaga na Copa do mundo do mesmo ano exatamente por suas excelentes atuações com nossa camisa. Logo após a conquista do penta com a seleção, retornou ao Brasil, jogou um amistoso e anunciou sua transferência para o São Paulo Futebol Clube. A alegação? Profissionalismo.
E O QUE DIZER DOS QUE NÃO CONQUISTARAM TÍTULOS RELEVANTES?
Aí entram dois super craques, RIVELLINO, “O Reizinho do Parque” e DOMINGOS DA GUIA. Domingos já chegou veterano ao Corinthians, com experiência em Copa do mundo e veio como uma grande contratação da época. Mesmo com sua maestria, infelizmente não foi capaz de nos dar um título e agradeceu ao heróis da década posterior por terem dado a Fiel aquela alegria que ele não pôde dar.Roberto Rivellino, cria da base, puro talento. Reza a lenda que os torcedores chegavam sempre mais cedo para vê-lo atuar pelo time de aspirantes tamanha era sua habilidade. Infelizmente, pegou a época mais difícil de nossa história, estreando na metade da década de 60. A pressão pelos títulos só aumentava a cada ano. Foi titular e peça fundamental para a conquista da Copa do mundo de 1970 com a considerada maior seleção da história do futebol mundial. Pelo clube teve a oportunidade de ouro de, enfim, conquistar seu tão sonhado título na final do campeonato paulista de 1974. A derrota para o arquirrival pôs fim a era Riva no clube. O ídolo do ídolo argentino Maradona, saiu tristemente do Parque São Jorge, mas está marcado para sempre na história do clube.
ALGUNS OUTROS NOMES INCONTESTÁVEIS (ASSIM CREIO)
Não poderia esquecer monstros sagrados como AMILCAR BARBUY, o primeiro jogador do Corinthians a defender a seleção brasileira. NECO, o primeiro com status de grande ídolo. Bicampeão sul-americano com a seleção brasileira. TELECO, que detém a incrível média de mais de um gol por jogo com nossa camisa. BALTAZAR, “O cabecinha de ouro”, primeiro corinthiano a marcar um gol em uma Copa do mundo, ídolo de Pelé e tema de música (“Gol de Baltazar/ gol de Baltazar/ salta o cabecinha/ um a zero no placar). CLÁUDIO, “O gerente”, maior artilheiro de nossa história com 305 gols anotados. OLAVO, zagueiro capitão do timaço da década de 50. ORECO, primeiro corinthiano campeão do mundo pela seleção brasileira em 1958…
É muita história e são muitos nomes… Então agora é sua vez de interagir, Fiel torcida. Quem faltou nessa lista? Quem sobrou? Quem é seu ídolo independentemente de tudo, escolha pessoal mesmo?
Ficarei aguardando as respostas aqui, no meu Twitter e nas demais redes sociais da Central do Timão.
Nos vemos em breve. Um grande abraço e… Vai, Corinthians!
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Marcelino Rocha, 42 anos, casado com uma loira linda e pai de uma princesa.
Cearense de Fortaleza morando em Brasília-DF há 32 anos, um verdadeiro “cearango”. Representante da Fiel torcida na segunda edição do game show Fanáticos do Esporte interativo em 2017. Escreve na Central do Timão desde sua existência. Apenas mais um louco entre esses 30 milhões.
Twitter e Instagram @marceparocha