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BLOG DO RAFA GIL: O Exemplo

O Doutor Osmar de Oliveira era corinthiano fanático. Além de médico era jornalista, comentarista e locutor esportivo. Sempre foi um contumaz defensor do seu time “de alma”, embora fizesse as análises mais sóbrias e adequadas sobre futebol nos diversos programas de debate esportivo que participava. Fiz questão de frisar porque o mesmo sempre citava que não era corinthiano de coração, pois este um dia para, era corinthiano de alma, porque esta é eterna.

Certa vez contou um lindo episódio sobre a relação com seu pai, de quem herdara o amor inabalável pelo Corinthians. Quando criança havia feito uma travessura normal da idade, aquela velha brincadeira de tocar a campainha da vizinhança e sair correndo. Seu pai ao presenciar isso o chamou e apenas disse uma frase: “O Cláudio não faria isso.

O tal Cláudio era nada mais nada menos que Cláudio Christóvam de Pinho, apelidado “o Gerente”. Meia de raríssima qualidade, é o maior artilheiro da história do Corinthians com 305 gols. Porém, não foi citado pelo pai por seu legado futebolístico, mas sim, porque era reconhecido pela sua retidão de caráter, pela honestidade, pelas virtudes e enorme respeito que conquistou de todos. Um exemplo de cidadão e ser humano.

Contava Doutor Osmar, com os olhos marejados, que aquela criança nunca mais fez aquela travessura. Ele queria ser igual ao Cláudio, seu ídolo. Ainda declamou o quanto o Corinthians, através dos exemplos, foi responsável pela formação de seu caráter e o quanto isso perpassou todos os momentos de sua trajetória e da relação com seu amado pai. Somente quem é corinthiano entende a profundidade do que o Corinthians significa e a importância em cada momento de nossas vidas.

Reflito que muitas vezes os atletas se esquecem de que suas atitudes influenciam as pessoas. Não percebem a enorme importância que tem além do jogo de futebol. Não se dão conta da dimensão de suas ações, nem dos exemplos que dão dentro e fora de campo. Uma enorme responsabilidade, pois muda a vida das pessoas.

Fica aqui minha homenagem ao Cláudio e ao Doutor Osmar, que com seus exemplos ajudaram na minha formação. Colaboraram para que me tornasse o corinthiano fanático que sou. Assim como aquele pequeno Osmar, o Corinthians moldou minha trajetória e esteve presente nos melhores momentos da minha vida. O nosso Corinthianismo é resultado do exemplo, de todas inspirantes narrativas que estiveram presentes em toda nossa gloriosa história.

Saudações Alvinegras e Saravá São Jorge Fiel! Vai Corinthians!

COLUNA DO RAFA GIL: Questão Tática

O Corinthians vem adotando há bastante tempo o 4-2-3-1 como formação tática.  Um centroavante isolado na frente, abastecido por um central e dois pontas abertos, que auxiliam na marcação dos laterais adversários.

Foto: Renato Borges/RB Photografia

Esta formação tática não é nenhuma novidade. É adotada por grandes equipes ao redor do mundo e no próprio Corinthians se mostrou por diversas vezes vitoriosa.

Porém desde o início da temporada o Corinthians tem enfrentado diversas dificuldades na zona de criação do time. Seja na transição pela meia, seja no abastecimento de jogadas para a definição dos atacantes.

Não à toa, o professor Fábio Carille não consegue chegar a uma equipe ideal. Já mudou diversas vezes a escalação da equipe e os atletas não conseguem se firmar na posição. O time varia bastante de rendimento e não contenta o treinador. 

Talvez esteja na hora de mudar a formação tática do Corinthians. Não se pode esperar resultados diferentes se fazemos sempre as coisas da mesma forma. A marcação adversária conhece bem a formação e fica manjada a neutralização das jogadas.

Uma formação tática que poderia dar certo é o 4-4-2. A mesma do tetra de 1994 da seleção brasileira. Dois centroavantes abastecidos por dois meias, com dois volantes, um mais preso e outro mais a frente, com dois laterais que sobem como alas.

Escalação 4-2-3-1 e 4-4-2:

A adoção abriria um novo universo de jogadas para a equipe e poderia vencer por vez o estilo de jogo engessado que nem agrada ao treinador e muito menos a torcida.

Caso adotada poderia ser testada a dupla de ataque Love e Boselli, que já se mostraram inteligentes com excelente mobilidade. Pedrinho poderia ser o homem de criação pela direita e teríamos excelentes opções pela esquerda.

Sem os pontas presos, que atualmente mais servem como marcadores de laterais, teríamos uma melhor evolução pela ala, que conta com o melhor lateral direito do país Fagner, que defende e apoia muito bem. E definitivamente teríamos os volantes com maior liberdade de chegar ao ataque de forma sucessiva. 

Não existe a formação tática perfeita. A questão é que este esquema parece se encaixar melhor com as peças que dispomos no elenco. Não podemos nos tornar reféns de um só esquema tático. Mas mudar parece realmente a melhor solução. 

Saudações Alvinegras e Saravá São Jorge Fiel! Vai Corinthians! 

COLUNA DO RAFA GIL: Fagner, o injustiçado

Fagner é o melhor lateral direito atuando no Brasil. Em todos os fundamentos próprios da posição, tem desempenhado a função com maestria. É grande marcador, voluntarioso, executa bem a passagem, chega bem no ataque, é rápido, faz cruzamentos certeiros e chuta forte direcionado. Excelente atleta. 

Foto: Renato Borges / RB fotografia

Porém, parte da mídia tradicional não dá o devido valor ao jogador. Ele é vítima de constantes apelações. De maneira covarde, lhe atribuem pechas e são executadas comparações que beiram o ridículo, tamanho o absurdo proferido.

Inicialmente, optam por vociferar não merecida sua convocação para a Seleção Brasileira. Nem seu excelente desempenho na Copa do Mundo foi capaz de calar os detratores. Conta com a confiança do Mestre Tite, de quem foi comandado, pois nunca foge, nem se esconde em jogos grandes. As qualidades pro cargo são as expostas acima.

Para tentar descredenciá-lo, apontam da boca pra fora e de maneira vazia “um outro melhor”. Não vou nem perder tempo comparando, pois dá vergonha. Desde um Marcos “peneira” qualquer, até algum reserva sumido no exterior. Daí, dão um show de clubismo retrógrado de nulos argumentos e “jogam para a torcida”. Definitivamente, é deprimente. 

A derradeira é lhe considerar violento. Fagner é ríspido. Joga duro. Discípulo do futebol brigado, na dividida com o pé firme. É forte e propício para o jogo de contato. Mas não é desleal, muito menos covarde. Daí, alguns boçais que compõem o quadro das “mesas redondas circo” (grande parte delas tem essa característica), pegam um lance isolado e se dão ao luxo de julgar a carreira de um profissional sério. Injustificável! 

Assisto futebol com os olhos abertos. Não há clubismo nessas afirmações. Reconheço que Fagner tem defeitos. Por vezes, falha na cobertura, tem baixa estatura, erra passes e comete faltas desnecessárias. Mas, no geral, é muito superior a qualquer outro da posição no país. 

Aqui, não está sendo redigido um “tratado de defesa ao Fagner”, mesmo porque ele não precisa. Os fatos falam por si só. Apenas evidencio que, às vezes, se paga um grande preço por ser vitorioso no Corinthians.

Ao torcedor Corinthiano não são necessárias maiores explicações. Ele assiste os jogos e acompanha o time. Fica bem evidente a indiscutível qualidade do Fagner e sua enorme importância tática e técnica. O lateral direito tem um lugar guardado no coração da Fiel, com justiça.

Por Rafa Gil