Arquivo da tag: bndes

ACORDO CORINTHIANS X ODEBRECHT – Há motivos para comemorar?

Nesta segunda-feira, 12, foi ao ar mais um capítulo dessa extensa e longeva novela sobre o financiamento da Arena Corinthians

Arena Corinthians – Foto: Marcos Ribolli

Antes de mais nada, gostaríamos de deixar registrado que nada do que está descrito aqui diz respeito à Arena Corinthians em si, mas se refere ao modelo de financiamento que vem se arrastando desde 2010.

Vamos recapitular desde o início da história:

16 de setembro de 2010 – ATA de Reunião para aprovação da construção da Arena Corinthians

Esta data marca a aprovação da construção da Arena Corinthians em Reunião do Conselho Deliberativo. A votação positiva foi unânime e a princípio, o estádio seria com capacidade para 48 mil pessoas e teria um custo fixo de R$ 335 milhões, valor esse garantido pelo então presidente Andrés Sanchez.

03 de setembro de 2011 – Assinatura do contrato de construção da Arena

Quase um ano após a reunião do Conselho para aprovação da construção da Arena, o contrato finalmente é assinado, junto à Construtora Odebrecht. O contrato já vem com mudanças do inicialmente proposto pelo presidente do Clube, principalmente nos valores.

De R$ 335 milhões, o valor aumenta substancialmente para R$ 820 milhões. Esse aumento se dá para que o estádio pudesse sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014, com todas as exigências da FIFA, inclusive o número de assentos para os torcedores. Arquibancadas móveis seriam instaladas em cima dos setores Sul e Norte. Nisso, a Prefeitura de São Paulo, na Gestão de Gilberto Kassab, assim como o Governo do Estado sob a tutela de Alberto Goldman e o presidente da CBF Ricardo Teixeira, intercederam para que o Corinthians tivesse um subsídio de R$ 420 milhões através do CID (Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento) o que de toda forma o clube teria direito, visto que está previsto na Lei de Incentivos Fiscais que já existia para a região de Itaquera. Esse aumento no orçamento da construção do Estádio, fez a Odebrecht buscar uma forma de adicionar receita, sendo que conseguiu através de Debêntures, que são créditos lançados ao mercado para captar recursos, similar a um empréstimo. Essa transação aconteceu em 2014 entre a construtora e a Caixa Econômica Federal, e foi de R$ 350 milhões.

Fevereiro de 2019 – Reunião de conselheiros para discutir dívidas da Arena

Andrés Sanchez voltou para a presidência do Corinthians com a promessa de acabar com o imbróglio das contas da Arena que começou em R$ 335 milhões, chegou a R$ 480 milhões, saltou para R$ 820 milhões, sendo que, se somados os valores do overlay da abertura da Copa, que o Município de São Paulo, na pessoa do então Prefeito Gilberto Kassab, acordou em pagar, mas não cumpriu com o combinado, bem como os encargos financeiros decorrentes do atraso da liberação do empréstimo do BNDES e liberação do CIDS, o valor chegou a mais de R$ 1 bilhão.

Nesta reunião foram discutidos vários temas, principalmente sobre os números da Arena. Andrés se dispôs a responder a todas as dúvidas dos conselheiros e foram criadas comissões para tratar de assuntos do clube. A Comissão da Arena foi criada com membros da situação e oposição do clube. Nesta reunião, Andrés afirmou que faria acordo com a Construtora Odebrecht para reduzir o valor da cobrança de R$ 800 milhões. Conselheiros sugeriram que descontassem o valor verificado em auditoria na Arena em obras inacabadas, deixadas pela Construtora.

12 de agosto de 2019 – Em reunião do Conselho, Andrés diz ter feito acordo com Odebrecht

Andrés diz que fechou acordo com a Odebrecht e que o clube pagará apenas R$ 160 milhões dos R$ 800 milhões cobrados pela construtora. O valor proposto agradou a todos os conselheiros presentes na reunião, mas vale ressaltar que nenhum contrato foi firmado e há algumas informações que precisam ser debatidas:

Como será feito o pagamento desse valor com a Odebrecht

O Corinthians já tem um financiamento com a Caixa, pagando R$ 58 milhões por ano, sendo R$ 6 milhões por mês, de março a outubro, e R$ 2,5 milhões de novembro a fevereiro. Na reunião do conselho, em fevereiro, foi informado que o estádio tem uma arrecadação anual líquida de 54 milhões, deixando R$ 4 milhões em déficit anual e arcado pelo clube. O Corinthians não conseguirá arcar com mais um financiamento de forma simultânea.

FINANCIAMENTO COM A CAIXA EM RISCO

Andrés quer refazer o financiamento com a Caixa, diminuindo os juros e alterando o valor de parcela. Chegou a ameaçar interromper o pagamento, forçando-os a refazer o acordo. Acontece que isso pode gerar um desgaste com a própria Caixa, torcedores e até mesmo com o Governo Federal. Por um lado, está certo em querer alterar os valores, o Corinthians é o único dono de estádio – dentre os que foram construídos para a Copa do Mundo de 2014 -, que vem pagando regularmente o BNDES, através da CEF. Mas interromper o pagamento é uma forma equivocada de buscar uma renegociação. Conselheiros alegam que há falhas no contrato com a Caixa, falhas que, segundo eles, teriam sido informadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União), e isso seria levado até o banco estatal.

Odebrecht em recuperação judicial

Outra questão abordada por conselheiros é o risco de um novo acordo com a construtora não ser homologado na justiça, tendo em vista que a Odebrecht está em processo de recuperação judicial. Apesar de Andrés dizer que tem a aprovação da construtora, existe a possibilidade do acordo não ser concretizado.

Término das obras da Arena Corinthians

Caso o novo acordo com a Odebrecht realmente seja aprovado, a Arena herdaria um problema, que seria a falta de certos itens ou o complemento de alguns deles, entregues parcialmente. Essas obras, mesmo sendo grande parte delas das chamadas “perfumarias”, dificultam, de certa forma, a venda de espaços no setor Oeste da Arena, pois todas elas foram planejadas para dar mais funcionalidade à praça esportiva corinthiana.

Um relatório feito pela empresa Molina & Reis Advogados, contratada pelo Corinthians para coordenar a auditoria da Arena, apontou obras inacabadas. Trechos do documento entregue à diretoria alvinegra no início de 2017, foram divulgados no último mês de abril.

O QUE PRECISA SER REFORMADO

Drenagem e terraplenagem – R$ 20,04 milhões
Estrutura de concreto – R$ 2,1 milhões
Acabamentos – R$ 19,14 milhões
Instalações prediais – R$ 12,1 milhões
Ar condicionado e instalações mecânicas – R$ 4,2 milhões
Acessos e estacionamentos – R$ 1,1 milhão
Cobertura – R$ 1,8 milhão
Urbanização e paisagismo – R$ 3 milhões

O QUE DEIXOU DE SER FEITO

Drenagem e terraplenagem – R$ 1,76 milhão
Fundações e contenções – R$ 14,89 milhões
Estrutura de concreto – R$ 254,8 mil
Acabamentos – R$ 92,25 milhões
Instalações prediais – R$ 14,9 milhões
Sistemas eletrônicos – R$ 17,65 milhões
Ar condicionado e instalações mecânicas – R$ 2,1 milhões
Acesso e estacionamentos – R$ 4 milhões
Urbanização e paisagismo – R$ 3,6 milhões

Outras análises sobre as obras inacabadas foram feitas, chegando-se a conclusão de que as mesmas passam dos R$ 100 milhões de reais.

Ouvimos alguns importantes conselheiros ligados à oposição e que participaram da reunião sobre a aprovação do acordo:

Heroi VicenteO Grupo Liberdade Corinthiana repudia qualquer iniciativa de inadimplemento da Caixa Econômica Federal, da Odebrecht ou quem quer que seja, que acarrete risco ao Corinthians. Vale lembrar que as dívidas possuem garantias e não é adequado lançar o clube numa aventura, sem mensuração prévia das possíveis consequências. Se de fato existe o tal acordo que reduz a dívida – e não temos certeza – ótimo, porém que essa transação seja consumada sem que o Corinthians se torne inadimplente no processo e sem que ocorra comprometimento em relação à eventuais obras faltantes que se revelarem imprescindíveis ao perfeito funcionamento da Arena.”

 Felipe Ezabella“Em relação ao noticiado ontem, sobre a reunião do Conselho, o Movimento Corinthians Grande acredita que o possível acordo com a Odebrecht é extremamente positivo para o clube – desde que ele aconteça de fato e que os valores sejam realmente os veiculados pela imprensa. Em fevereiro desse ano, o presidente Andrés Sanchez afirmou que ‘em três meses o acordo seria assinado’. Em recente entrevista ao canal Fox Sports, o presidente declarou que pagaria apenas os R$ 400 milhões do BNDES mais juros, no amor ou no ódio. No mês passado, grupos de oposição se uniram para solicitar uma reunião do Conselho sobre o tema. Agora, mais uma promessa do presidente: o “acordo será assinado em um mês”, mas ainda sem a apresentação de documentos e os números da dívida real do clube sobre a construção da arena. Em teoria, mais um possível acordo. Na prática, parte do estádio continua interditado – e não sabemos quem pagará as novas reformas. Enquanto negocia o acordo, o clube registrou um aumento de R$ 150 milhões no seu endividamento, rasgando o orçamento aprovado pelo Cori e pelo Conselho Deliberativo no final do ano passado. Além disso, não tem publicado os balanços mensais no site, como prevê o estatuto do clube”.

Romeu Tuma Júnior – “O Andrés falou que fez um acordo, que estão redigindo e que só faltará assinar. Reduziu, legal, mas já pagou aquele monte de CID’s lá. Se tudo for conforme foi dito, deixará de ser um péssimo negócio para ser um mau negócio, ou seja, a Arena deixa de ser impagável para ser algo muito caro. Se o acordo realmente for feito, será bom, só que a Odebrecht não está em recuperação judicial? A justiça vai homologar esse novo acordo? Há como reduzir mais, tanto da Odebrecht, como também com a Caixa, pois há falhas tanto da construtora, como do Banco. Mas vamos ver, inclusive, fui convidado a participar dos próximos passos, em redigir o contrato e acompanhar a assinatura do contrato”.

Augusto Mello – “Esperamos que feche o negócio, apesar de que, eu não concordo. Se já pagamos R$ 160 milhões e vamos ficar com um saldo de mais R$ 160 milhões, mais os CID’s de mais ou menos R$ 450 milhões, já são R$ 770 milhões só aí, vamos pagar mais R$ 470 milhões pro BNDES, são R$ 1 bilhão e 200 milhões, com mais R$ 200 milhões de obras inacabadas que está entrando nesse acordo com eles, dá quase R$ 1 bilhão e 500 milhões nesse estádio. Então a coisa ainda não está batendo, não está fechando. Pra Odebrecht, não devíamos ter que pagar mais nada, pra mim tinha que ficar “elas por elas”, nem os CID’s daria, na minha opinião. Tem muita coisa obscura ainda que precisa aparecer”.

Chegamos à conclusão que ainda é cedo para comemorar o suposto acordo anunciado pelo presidente Andres Sanchez envolvendo Corinthians /Odebrecht. Afinal, como foi exposto, para o acordo ser validado, tudo indica que é preciso passar pelo judiciário, devido a construtora estar em recuperação judicial. Por outro lado, é importante reconhecer o esforço da atual gestão em querer resolver a situação do pagamento da Arena Corinthians. Porém, é importante dizer, que não é plausível tomar uma decisão radical para forçar um eventual acordo, a marca Corinthians não pode ser punida por decisões equivocadas de seus dirigentes.

Torcemos muito para que o acordo seja aprovado, afinal, o clube ganharia um “fôlego” em relação às contas da Arena, com uma nova engenharia financeira mais fácil de ser executada. O acordo seria muito benéfico, mas precisa ser, de fato, concretizado, sendo que as circunstâncias atuais parecem ser propícias.

Observação: Tentamos ouvir conselheiros ligados à situação, mas nenhum quis se pronunciar. Reiteramos que nosso veículo está à disposição para todos os conselheiros e diretoria do clube, caso desejem se manifestar.

Blog do Macedo (Twitter: @MACEDO88FUTSHOW ) e Tio Sam (Twitter: @tiosamsccp) para a Redação da Central do Timão

                          

BLOG DO TIO SAM: Comissão aprova acordo com Odebrecht para pagamento da Arena

Arena Corinthians – Créditos: Bruno Teixeira Rolo/Ag.Corinthians

Na noite desta segunda-feira (12), houve uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, no Parque São Jorge, onde foi detalhado, para os conselheiros, um acordo feito com a Odebrecht, diminuindo a dívida da Arena Corinthians com a Odebrecht.

Os detalhes do novo acordo foram mantidos em sigilo, por determinação do próprio presidente Andrés Sanchez. Caso algum conselheiro dê detalhes do novo acordo, poderá sofrer punição no clube, como a expulsão do quadro do Conselho.

A única informação autorizada a ser repassada pelos conselheiros e pelo próprio presidente, é que a dívida do clube com a Odebrecht caiu de 800 para 160 milhões de Reais. Nessa dívida não está incluído o valor que está sendo pago para a BNDES, através da Caixa Econômica Federal, dívida essa que está em 470 milhões de Reais.

Ainda não se sabem detalhes sobre o abatimento da dívida, mas é bem provável que o clube tenha repassado o restante dos CID’s à Construtora e abatido as obras inacabadas da Arena.

Segundo fontes, a reunião foi muito positiva e teve aprovação até mesmo de oposicionistas que fazem parte da Comissão da Arena.

Nos próximos dias, o Corinthians informará, de forma oficial, sobre o acordo com a construtora. Vale, também, lembrar que os valores citados acima são aproximados. Amanhã traremos mais informações sobre a reunião e o relatório.

Twitter @TioSamSccp

BRONCA COM ATRASOS, DÍVIDA, VALOR POR METRO QUADRADO E COMPARAÇÕES: Andrés Sanchez fala sobre Arena Corinthians

Andrés Sanchez, em participação no programa Jogo Sagrado da Fox Sport, abordou o tema Arena Corinthians.

Imagem: TV Fox Sport

O presidente do Corinthians afirmou que o valor final da arena corinthiana sofreu impacto por conta de atrasos alheios à vontade do clube, ironizando o fato de que alguns falam que muitos ajudaram na construção da praça esportiva localizada em Itaquera.

“Os estádios foram feitos para Copa do Mundo e tinha incentivo do governo no pré-copa.”

“Todos os outros estádios saíram em cento e vinte dias no máximo, o empréstimo, levou dois anos e três meses (a liberação do valor da Arena Corinthians)”

Por conta deste atraso, o mandatário afirmou que do valor recebido do BNDES foram consumidos 86 milhões só de juros, pois tiveram que pegar dinheiro emprestado no mercado financeiro. Andrés ainda criticou o ex prefeito de São Paulo Fernando Haddad, afirmando que ele não cumpriu com os acordos firmados, o que teria feito com que o Corinthians assumisse mais custos no projeto.

“aí vem o mentiroso e incompetente do Haddad…que era para Prefeitura pagar 100 milhões do Overlay e não pagou, era para monetizar os CIDS, levou três anos. Tudo isso atrasou”

Andrés voltou a afirmar que o Corinthians vai pagar todo o valor devido ao BNDES, que entende ser a parte que cabe ao clube.

“O Corinthians acertou R$ 400 milhões e vai pagar. Os outros R$ 420 milhões são problema do governo, da Odebrecht, do raio que os parta. Nós vamos pagar isso. No amor ou no ódio.”

Sanchez ainda falou sobre o valor da obra, comparando sua qualidade ao preço do metro quadrado, indagando aos presentes no programa se conhecem outra praça esportiva com a qualidade da arena corinthiana e pelo mesmo custo:

“cinco mil e seicentos o metro quadrado, me acha um estádio que custou isso. Viu! um estádio hem, não é cimento não…não é cimentão rachado…”

Importa destacar que a Arena Corinthians é uma das poucas que vem pagando o valor devido ao BNDES, sendo que ainda tem o ativo de grande parte dos CIDS para usar no acerto de contas com a construtora Odebrecht. Além disso, uma parte das obras não entregues, da categoria “perfumarias”, deve ser levada em consideração para calcular o valor final a ser ajustado com a construtora.

Por Redação Central do Timão