Arquivo da tag: Blog do Delbon

BLOG DO DELBON – Década dourada #6 – Os 10 maiores zagueiros

E chegamos ao fim. Aproveito o espaço apenas para agradecer os leitores de cada edição dessa brincadeira que fiz por aqui. Os rankings, até por serem extremamente pessoais, cumpriram com o objetivo de falar com as lembranças dos torcedores. E, se nada mais, pelo menos serviram como breves depósitos da memória recente do nosso Coringão.

Até a próxima!

Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

10-Manoel
Foi apenas uma temporada razoável. Entre críticas e gols em clássicos, o zagueiro Manoel, multicampeão pelo Cruzeiro, fez um 2019 irregular como toda a equipe. Na longa lista de ótimos zagueiros que o Corinthians teve nessa década, não há como deixá-lo em uma posição superior. Mas entre falhas e reclamações, ficam as lembranças de seus gols contra Palmeiras, São Paulo e Santos – feito que nenhum outro jogador dessa lista conseguiu.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

9-Henrique
Já veterano e sem ser a unanimidade que fora no rival, quando se transferiu ao Barcelona de Messi, em 2008, Henrique chegou ao Timão vindo do Fluminense como opção para a zaga após a despedida de Pablo. Ainda que irregular, Henrique chegou e logo fez incríveis 42 jogos seguidos com a camisa alvinegra em 2018, jogando um futebol de bom para muito bom. Ainda com Balbuena, fez uma dupla segura na histórica conquista do Campeonato Paulista no Allianz Parque e, até então, pouco sofria com as reclamações da torcida e da imprensa. Com a saída de Carille, seu futebol caiu. A dupla irregular com Manoel, em 2019, foi o suficiente para o tri-estadual, mas logo o desempenho do time foi se tornando ineficaz e Henrique, na berlinda, optou por rescindir seu contrato rumo ao mundo árabe.

Foto: © Daniel Augusto Jr / Fotoarena

8-William
O “Capita” brilhou realmente em 2008 e 2009, mas o nosso capitão no ano do centenário entra aqui um pouco na surdina por todo o seu período com a camisa alvinegra, mesmo que tenha terminado 2010 em baixa, como todo o time de Tite. William foi um dos símbolos do renascimento corinthiano quando o time foi rebaixado. Liderou o clube como homem de confiança de Mano Menezes nas três temporadas, jogando ótimo futebol em 2009, quando ergueu as taças do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil formando com Chicão, Alessandro e André Santos a melhor linha defensiva do Brasil no ano.

Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians

7-Pablo
Foi só 2017. Mas 2017 foi 2017: título estadual e nacional contra todas as probabilidades. Na sólida equipe do novato Fábio Carille, primeira a fazer um turno invicto na história do Brasileirão de pontos corridos, Pablo era peça essencial no pouco vazado sistema defensivo. Curiosamente, a dupla formada com Balbuena não era a típica dupla de zaga em que um atleta completa as características do outro. Tanto o paraguaio quanto Pablo eram rápidos, fortes, altos e vigorosos. Os resultados, além dos títulos e da insistência da torcida para que ficasse ao fim do contrato de empréstimo, foram 51 jogos e 2 gols, em uma temporada de completa glória alvinegra.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

6-Felipe
A história de Felipe no Corinthians é aquela para calar todo torcedor corneteiro até o fim dos tempos. Apresentado com outro desconhecido atleta – Cássio! – em fevereiro de 2012, o zagueiro chegou ao Timão vindo do Bragantino como um dos tantos frutos da parceria entre os clubes à época, que levou ao Corinthians de Moradei até Paulinho. Mas em 2012, 2013 e 2014, mesmo participando das campanhas vencedoras, sagrando-se campeão mundial e permanecendo no elenco, sem empréstimo nenhum, Felipe pouco contava com o apoio da torcida: nas poucas oportunidades, já com seus 23, 24 anos, o zagueiro passava uma impressão de insegurança muito forte, como na derrota para o Luverdense, em 2013.

Foi só em janeiro de 2015, com a saída inesperada de Anderson Martins e a chegada de Tite, que o conhecia desde 2012, que Felipe agarrou a oportunidade e a aproveitou com excelente performance. Desde o início da temporada, marcando contra o Once Caldas pela 1ª fase da Libertadores, Felipe transformou seu potencial em ato: extrema rapidez, ótima impulsão, posicionamento inteligente, desarme preciso e cabeceio exemplar são algumas características que hoje, com o sucesso de Felipe pelo Porto e pelo Atlético de Madrid, não são nem um pouco exageradas. É um dos casos clássicos de um jogador que amadurece tardiamente – sua glória no Velho Continente veio perto dos 30 – e que contrasta com os raríssimos casos de talento absurdo aos 18. Quem diria que Felipe chegaria mais longe na carreira do que todos nessa lista?

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

5-Balbuena
Quando “El General” chegou ao Corinthians, em 2016, a época não era das melhores. Vindo do Nacional, do Paraguai – time finalista da Libertadores de 2014, em que ficou no banco de reservas contra o campeão San Lorenzo – , Balbuena jogou a maior parte das partidas no segundo semestre, formando dupla ora com Pedro Henrique, ora com Vilson. Foi um ano para lá de esquecível dada a reconstrução necessária pós-desmanche do time campeão brasileiro em 2015. Na zaga, especificamente, a saída de Gil, em janeiro, e de Felipe, em junho, causou um buraco difícil de preencher por Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira.

Foi só em 2017 que Balbuena se firmou nas mãos de Fábio Carille, formando uma dupla invencível com Pablo e campeã estadual e nacional. O paraguaio ainda jogou o primeiro semestre de 2018, quando foi peça essencial do bicampeonato paulista formando dupla com Henrique. No total, marcou 11 gols em 136 jogos, sendo dois cruciais contra Fluminense e Cruzeiro, na campanha do Brasileirão de 2017, e outro inesquecível no Derby com cara de final vencido pelo Timão, no mesmo ano, por 3 a 2, na Arena.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

4-Paulo André
É difícil falar de Paulo André sem falar do extracampo em que o jogador sempre se meteu. Para além do processo contra o clube cobrando por ter trabalhado aos domingos e pela falta de folga – já pensou se virar moda?! – , do fogo de palha chamado Bom Senso FC, dos debates com dirigentes, dos livros lançados e do interesse em pintura e finanças, Paulo André foi um ótimo zagueiro que, por conhecer suas limitações e ser inteligente dentro de campo, virou um dos maiores vencedores da história do clube.

A quantidade absurda de lesões desde que chegou, ainda em 2009, para ser reserva imediato de Chicão e William, o deixaram apenas com 153 jogos em quase 5 anos de clube. Nesse período cheio de conquistas, Paulo André ora ficou em segundo plano, ora foi de suma importância para certos troféus. Se em 2009 e 2010 pouco apareceu, em 2011, com a opção de Tite por sacar Chicão no início do segundo turno da campanha do penta, Paulo André aproveitou a oportunidade, sagrou-se campeão como titular e foi Bola de Prata. A lesão em 2012 o tirou da histórica campanha da Libertadores, mas a saída de Leandro Castán para a Roma o fez retomar a titularidade para o Mundial de Clubes, onde ajudou a anular o estrelado ataque do Chelsea – e o deu a oportunidade de escrever um memorável diário da jornada do Timão no Japão.

Em 2013 ainda foi campeão da Recopa e do Paulista, marcando inclusive o gol da vitória contra o Santos de Neymar, em pleno Pacaembu, no jogo de ida. Seis meses depois, com a chegada de Mano Menezes e o início de uma reformulação no elenco, deixou o clube rumo à China, mas não sem marcar seu nome na história corinthiana com seus ótimos e seguros posicionamentos e cabeceios, sempre inspirando liderança nas equipes em que jogou.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Fotoarena

3-Leandro Castán
Castán chegou com uma mera opção – talvez a menos segura, aparentemente – em meio ao ano do centenário. Com William e Chicão titularíssimos e Paulo André e Thiago Heleno como reservas, pouco jogou. Foi no ano seguinte, com Paulo André lesionado e Thiago Heleno no rival, que Leandro assumiu a titularidade, indo do inferno contra o Tolima à glória do pentacampeonato. Ali, o zagueiro de Jaú mostrou que era, na minha visão, o melhor zagueiro da década corinthiana.

Único canhoto dessa lista, rápido e de bom passe, complementou Chicão na temporada seguinte formando a defesa menos vazada da América na campanha invicta da conquista da Libertadores. Com seu nome na história, deixou o clube rumo à Roma, onde ficou por anos até voltar ao Brasil para jogar no Vasco – por pouco não veio ao Timão, que era sua primeira opção. Castán é o símbolo de um jogador raçudo, extremamente focado e de boa técnica que veio a se transformar em um zagueiro de excelência, muito pela inteligência dentro de campo e pela gana que sempre demonstrou. Foram 3 gols em 112 jogos.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

2-Gil
Em 2013 o então campeão mundial Corinthians fez apenas três contratações: para o ataque, a estrela Alexandre Pato; para o meio, o conhecido e ótimo Renato Augusto; para a zaga, Gil… aquele que fez o desastrado pênalti no Ronaldo, em 2010, que resultou no último gol do Fenômeno com a camisa corinthiana. Desnecessário dizer qual foi o mais barato entre os três.

Mas Gil, com a curva descendente de Chicão e posterior saída do camisa 3, mostrou uma inacreditável regularidade em seus três primeiros anos de clubes. Regularidade em altíssimo nível, ressalto. Não é exagero dizer que em 2013, 2014 e 2015 foi ele o melhor zagueiro não só do Corinthians, mas do Brasil. Bola de Prata em 14 e 15, campeão Paulista e da Recopa em 13 e do Brasileirão em 15, Gil chegou a ser convocado pela Seleção, onde fez 11 jogos desde 2014. Deixou o clube na Florida Cup de 2016, em meio ao desmanche do timaço do ano anterior, com 184 jogos e 8 gols.

Quiseram os deuses do futebol – e a ligeira diretoria corinthiana – que nosso Gamarra negro voltasse ano passado com a mesmíssima regularidade e excelência de sempre. Como um muro, Gil consegue aliar força física com agilidade e ótima técnica com muita raça. É com essa calma que o zagueiro passa ao torcedor corinthiano, independente de quem faça sua dupla com ele. Com 220 partidas, Gil só perde em número de jogos, até aqui, para o nosso primeiro colocado.

Foto: © Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

1-Chicão
De todos os jogadores desta e de todas as outras listas, foi de Chicão o nome que escolhi para pôr na minha camisa listrada de 2009. E é verdade, novamente, que o zagueiro brilhou e marcou gol atrás de gol em 2008 e 2009, mas foi nessa década que os títulos mais importantes vieram: Brasileiro, Libertadores, Mundial, Paulista e Recopa, para somarem-se à Série B, ao Paulista e a Copa do Brasil da década passada.

Não foi só isso.

Com 247 jogos, Chicão é quem mais jogou nesta lista. Com 42 gols, é o zagueiro que mais marcou com a camisa corinthiana na era profissional. E quem o viu sabe que muitos foram golaços, principalmente de falta.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Mais do que as glórias e os números, Chicão sempre foi querido pela torcida pela coragem de dar as caras nos momentos mais difíceis do clube. Desde sua chegada, em uma total reformulação do clube pós-queda, até o desastre contra o Tolima, quando Alessandro e ele falaram para a imprensa como os líderes de um novo e imprevisível momento do clube. Mesmo em baixa, no segundo turno do Brasileiro de 2011, manteve-se como opção e ganhou a titularidade no épico ano de 2012.

Chicão é um dos pouquíssimos jogadores que ganharam absolutamente tudo de primeiro escalão a ser disputado pelo clube. Com boa técnica tanto para o desarme quanto para o início de jogadas ofensivas, é dele, não à toa, o primeiro passe da jogada do gol de Guerrero, contra o Chelsea. Ídolo, acima de tudo, é um dos maiores símbolos do início desta dourada década corinthiana, bandeira do nosso passado para que o presente e o futuro sejam tão gloriosos quanto.

Leia também:
Os 10 maiores laterais
Os 10 maiores volantes
Os 10 maiores meias
Os 10 maiores centroavantes

Você pode me seguir no Twitter:
Anthonio Delbon (@AnthonioDelbon) | Twitter 

BLOG DO DELBON: DÉCADA DOURADA #5 – Os 10 maiores laterais

Na esquerda ou na direita, nosso Timão foi muito bem servido nesta década. Tem para todos os gostos: ofensivo, defensivo, artilheiro, tático…e o critério? Bom, o critério é extremamente matemático, objetivo e preciso: minha lembrança, minha paixão e minha preferência. E qual é a sua?

Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

#10 Danilo Avelar
Avelenda, Avelenda…até aqui, janeiro de 2020, foram 92 jogos com a camisa do Timão e 9 gols – uma média bem boa para um lateral. Junta-se a isso um título paulista, com gol na final, e mais o gol da vitória no Derby em pleno Porcódromo e Avelar, de criticadíssimo pela torcida – com certa justiça – se tornou Avelenda, apenas para alternar boas e más atuações ao longo do ano, tal como todo o Corinthians de Carille em 2019. Seu estilo defensivo destoa da maioria dos nomes dessa lista. O que falta em velocidade, ultrapassagem e ofensividade sobra em estatura, impulsão e posicionamento defensivo. É o suficiente para a titularidade na lateral esquerda? Nessa nova década saberemos.

Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians

#9 Sidcley
De volta ao Timão, Sidcley tem a chance de continuar sua breve e bonita história com nosso manto. Seus 26 jogos e 3 gols realizados no primeiro semestre de 2018 foram suficientes para não o deixar na última posição do ranking, principalmente devido ao seu estilo ofensivo e incisivo que sempre agradou a Fiel. Campeão Paulista titular contra o Palmeiras em 18, tem a chance agora de se firmar em melhores posições na história do clube.

Foto: Reprodução

#8 Roberto Carlos
Ídolo do rival e talvez o maior lateral esquerdo dos anos 2000 no mundo, Roberto Carlos chegou ao Timão no ano do centenário e reencontrou Ronaldo, ex-companheiro de Real Madrid e Seleção. Jogou apenas uma temporada e mais os primeiros jogos de 2011, onde marcou 5 gols em 64 jogos. Não é pouca coisa para quem chegou ao clube com 36 anos. Com técnica ainda exímia, acabou perdendo um pouco o fôlego na reta final do Brasileirão, principalmente devido à mudança de esquema feita por Adílson Batista. Ainda assim foi eleito o Bola de Prata em 2010 e continuou no clube até o fatídico jogo contra o Tolima, onde não participou por uma lesão e uma história muito mal contada. Roberto Carlos sempre honrou, de toda forma, a camisa corinthiana em 2010. Sua falta de títulos fica, mas a memória de grandes lances, como o golaço olímpico contra a Portuguesa em pleno Pacaembu, faz o corinthiano se orgulhar de ter visto um craque vestindo sua camisa.

Foto: Reprodução

#7 Uendel
Um dos mais subestimados laterais que passaram pelo Timão recentemente – e também detentor do mau agouro que vem com seu nome, para torcedores que lembram os anos 05/07 do Timao – Uendel foi campeão brasileiro em 2015 sendo peça fundamental no esquema de Tite. Entre 2014 e 2016, fez 116 jogos e marcou 6 gols. Nesse período, atuações memoráveis contra o Flamengo, no Maracanã, em vitória por 3 a 0, e Coritiba, na Arena, em vitória por 2 a 1, são geralmente as mais lembradas pelos torcedores como amostras da raça e da técnica do jogador. Se não é mais lembrado é porque Uendel saiu repentinamente para jogar a segunda divisão pelo Inter, no início de 2017, e também por ter atuado entre os dois maiores laterais de sua posição na década. Um deles, inclusive, já vinha pedindo passagem ainda em 2015, quando o próprio Uendel sofrera uma lesão.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

#6 Guilherme Arana
Hoje, Arana tem apenas 22 anos, mas já bicampeão brasileiro pelo Corinthians, campeão paulista e homenageado máximo do estádio do principal rival do clube. Não é por menos. Nos 89 jogos com o manto alvinegro, a cria do Terrão sempre mostrou personalidade, ofensividade e muita habilidade. Ora distribuindo canetas ao estilo Renato Augusto, ora cruzando a bola com perfeição para consagrar Jô, o jovem lateral já firmou seu nome na história do clube. As esperanças de sua volta da até aqui malfada passagem europeia sempre fazem o torcedor corinthiano se coçar. Pelo pouco tempo que jogou aqui e pela pouca idade, há muito potencial para Arana se tornar um ícone, caso volte algum dia com um físico de atleta.

Foto: Reprodução

#5 Edenílson
Originalmente segundo volante, o gaúcho Edenílson foi trazido por Tite do Caxias ainda em 2011, para atuar como reserva de Paulinho e ser o típico jogador box to box. Mas enquanto Paulinho jogava inteiro e não dava espaço, Alessandro, já veterano, descansava um jogo ou outro, quando não se lesionava. Edenílson aproveitou as oportunidades na lateral-direita e chegou a ser titular na primeira fase da Libertadores de 2012. Ágil, regular e de boa chegada, foi um reserva de luxo e confiável na época dos maiores títulos do Timão. Quando chegou a hora de se firmar após a aposentadoria de Alessandro, foi vendido no início de 2014 para o Genoa, da Itália, abrindo espaço para o recém-chegado Fágner. Pelo Timão fez 135 jogos e 4 gols.

Foto: Reprodução

#4 André Santos
Sim sim…2009 não faz parte da década, mas eu estou roubando neste critério desde o título do nosso primeiro ranking. O motivo é simples: em 2009 é que começaram os títulos memoráveis de uma nova era do clube, simbolizada basicamente por Ronaldo e Mano Menezes. E em 2009, ou melhor, no primeiro semestre daquele ano fenomenal, Ronaldo dividia o protagonismo com alguns jogadores. Elias, Douglas e…principalmente, André Santos.

Vindo do Figueirense com Chicão para disputar a série B em 2008, o habilidoso lateral, na temporada e meia que ficou no clube, foi memorável. Seus impressionantes 24 gols em 98 jogos dão uma ideia do raio que era André Santos pela esquerda. Tal como outros grandes jogadores que pouco jogaram com a camisa do clube (Dida e Gamarra, pensando de bate-pronto), André marcou sua época com a camisa do Corinthians. Marcou gols em finais (contra Santos e Internacional), foi convocado pela Seleção sagrando-se campeão da Copa das Confederações e deixou saudade quando partiu para o Fenerbahçe, da Turquia. Driblador, ofensivo e inteligente, não é exagero dizer que André Santos foi o jogador mais técnico da lateral esquerda nesta lista – e daí minha insistência em incluí-lo, mudando décadas ao meu bel prazer corinthiano.

Foto: Reprodução

#3 Fábio Santos
O outro Santos da lista faz um contraste curioso com André Santos. Enquanto o primeiro era incisivo, driblador e artilheiro, Fábio Santos, vindo do Grêmio para ser reserva de Roberto Carlos, era tático, posicional e mais defensivo. Enquanto André durou menos de 100 jogos, Fábio durou mais de 200. Enquanto todos, à época, achavam que André um dia voltaria para se tornar um dos maiores da história recente do clube, Fábio, que todos achavam se tratar de um refugo ou uma mera opção, de fato se tornou um dos maiores. A história não mente.

Campeão de tudo no Corinthians de Tite e homem de confiança do treinador, o ex-camisa 6 do Timão entre 2011 e 2015 foi um jogador histórico. Inteligente, bom na cobertura e técnico no seu jogo cadenciado, Fábio foi um lateral que pouco lembrava os grandes da história do clube. Mas ganhou mais do que todos eles – Wladimir, Sylvinho, Kléber e cia., pensando nos últimos 50 anos. Forte mentalmente e calmo dentro de campo, é um dos símbolos de um Corinthians dono do Brasil, da América e do Mundo, com equilíbrio e brio tipicamente alvinegros.

Foto: Reprodução

#2 Alessandro
Quem não se lembra do seu gol no Derby pelo Paulista de 2011, no Pacaembu, pós-eliminação par ao Tolima, quando desabafou toda a raiva e o ardor que o torcedor corinthiano sentia? Alessandro não foi o mais técnico nem chegou perto de ser o mais completo de sua posição nos últimos tempos, mas talvez seja o maior nome nas laterais corinthianas desde Sylvinho em termos de representatividade. Capitão que ergueu a taça do Brasileiro, da Libertadores e do Mundial, é o maior símbolo, junto com Chicão, do time que foi do inferno ao céu em quatro anos. Vivendo a reestruturação total do clube, veio para jogar a segunda divisão em 2008 e se aposentou com nossa camisa como campeão de tudo em 2013. Nos seus 258 jogos e 4 gols, Alessandro virou não o Alessandro do Flamengo, do Grêmio, do Cruzeiro, do Palmeiras ou do Santos, clubes pelo qual passou com relativo ou nenhum sucesso. Alessandro hoje e para sempre será o Alessandro do Corinthians, guerreiro, imbatível e raçudo. Nosso inesquecível capitão.

Foto: Rodrigo Cocca/Ag. Corinthians

#1 Fágner
Confesso uma história pessoal: quando Fágner jogou seus primeiros jogos pelo clube, em 2006, sob o comando de Émerson Leão, eu sabia, com toda a pretensão dos meus 14 anos de idade, que ali havia uma cria de ouro do nosso Terrão. Às vezes isso se confirma, outras não. Com o então recente histórico pouco louvável de Coelho e Édson, eu já havia apostado boas fichas no jovem Eduardo Ratinho, que fez boa campanha na bagunça que fora 2005. Mas Ratinho não vingou no futebol como mostrava que vingaria, mesmo tendo oportunidades e rodando o mundo. Fágner, quando abruptamente foi embora, me gerou um tremendo mal-estar no meu fanatismo corinthiano latente: vingando ou não, sua história deveria ser contada no clube onde foi criado.

O tempo passou, Fágner foi se encontrar e se firmar no Vasco e lá, em 2011/2012, deu muito trabalho para Fábio Santos, Ralf, Tite e companhia: marcou até gol de cavadinha em São Januário contra o nosso Júlio César.

E o tempo passou de novo. E Fágner voltou – com certa desconfiança – ao clube que o lançou ao futebol. O resto é história.

Mais de 300 jogos pelo Timão, titularíssimo da lateral direita no tricampeonato paulista e no bicampeonato brasileiro da segunda metade da década e convocado para a Copa do Mundo de 2018, Fágner é hoje o segundo maior símbolo do clube (Cássio é hours-concours). Seu estilo, sempre ofensivo e de extrema técnica, se completou com os ensinamentos de Tite, em 2015: tornou-se um jogador completo, ofensivamente e defensivamente. Forte na marcação – nunca desleal como uma imprensa suja ama pintá-lo – e peça essencial na transição ofensiva, Fágner é aquele que mostra ao torcedor mais leigo como o jogo é jogado. Faz o passe difícil parecer simples, faz a vontade parecer fácil de vir à ponta da chuteira e faz o espírito corinthiano, acima de tudo, se materializar nos 90 minutos em que está em campo.

Melhor lateral-direito da história do clube pós-Super Zé, Fágner, ainda novo, tem tudo para quebrar mais recordes e firmar seu nome como uma lenda corinthiana. Por enquanto, é um dos nossos heróis em campo, símbolo do que o corinthiano mais gosta: técnica refinada aliada à inteligência e raça. Poucos são os eleitos a encarnarem nosso espírito.

Você pode me seguir no Twitter:
Anthonio Delbon (@AnthonioDelbon) | Twitter  

Veja outros textos no blog do Delbon

BLOG DO DELBON: DÉCADA DOURADA #4: Os 10 maiores volantes

Hoje sem introduções! Vamos à lista!

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

#10 Petros
Sinceramente, Petros inicia a lista mais por falta de opção do que por grandes méritos com a camisa corinthiana. Ramiro e Júnior Urso podem substituí-lo dependendo do 2020 alvinegro, mas até lá a posição é desse jogador que se identificou muito mais com a camisa são-paulina do que com a corinthiana. Nada apaga, contudo, alguns bons momentos do jogador que veio da Penapolense e virou titular na equipe de Mano Menezes em 2014. No primeiro derby da Arena, foi dele o segundo gol que selou nossa vitória. Contra o mesmo Palmeiras, no primeiro clássico no novo porcódromo, foi dele a roubada de boa e o passe para Danilo fazer o gol da vitória. Aqui no Brasil, enfim, foi no Timão que Petros mais jogou e mais fez gols.

Foto: Rodrigo Gazzanel

#9 Camacho
Camacho ainda pode galgar uma melhorar colocação nesse ranking em seu retorno ano que vem com Tiago Nunes. Até lá. Os títulos Paulista e Brasileiro de 2017, mesmo como reserva, já o garantem na lembrança do torcedor corinthiano. Em 75 jogos desde que veio do Audax que nos eliminou na semi do estadual de 2016, Camacho sempre demonstrou técnica e habilidade que o permitiam chegar ao ataque geralmente driblando ou tabelando. Os poucos gols o fizeram alternar entre o banco e o campo, mas qualidade nunca faltou ao volante que certamente brigará pela vaga de titular nesse início de anos 20.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

#8 Bruno Henrique
Outro jogador que mais se identificou com um rival do que conosco. Mas Bruno Henrique, justiça seja feita, pelo menos ultrapassou os 100 jogos com nossa camisa – e seus títulos aqui são os mesmos de lá. Campeão brasileiro em 2015 como reserva de Elias e Ralf, ainda teve tempo de brilhar no eterno 6 a 1 contra o São Paulo. Em sua estreia, contra o Palmeiras, jogou muita bola no Pacaembu e mostrou potencial para ser titular da equipe em 2014 e 2015, mas isso só veio a acontecer em 2016 após o desmanche no elenco.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Fotoarena

#7 Jucilei
Quando Jucilei chegou do extinto Corinthians Paranaense, a única imagem que se tinha dele era do gol que Pelé não fez, marcado contra o Atlético Paranaense no estadual. Ótima credencial que veio a se confirmar em 2009 e 2010. No ano do centenário corinthiano, Jucilei foi um dos destaques do clube no Brasileirão e chegou a vencer uma Bola de Prata, formando um trio de volantes de ótima cadência ofensiva e defensiva com Elias e Ralf.  No ano seguinte, contudo, a eliminação contra o Tolima e a preferência do recém-chegado Tite por Paulinho, um jogador de mais toque e menos condução de bola, fizeram com que a jovem promessa corinthiana fosse para o exterior e lá ficasse até pouco tempo, quando voltou ao Brasil para reforçar o São Paulo, já longe da performance que o fez ser convocado por Mano Menezes para servir à Seleção em 2010.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

 #6 Gabriel
Bicampeão pelo rival, Gabriel chegou ao Corinthians por indicação do ex-treinador Osvaldo de Oliveira. Com a saída de Ralf no fim de 2015, 2016 havia sido um ano caótico na posição de prmeiro volante: nem Cristian e nem Willians tomaram conta do setor. Quando Gabriel chegou no início de 2017, o corinthiano repousou tranquilo: titular incontestável, foi dono da camisa 5 no bicampeonato conquista por Fábio Carille. Com raça e um espirito incansável, ainda hoje alterna a titularidade com o monstro sagrado que é Ralf – e tem gente que prefere o camisa 5 ao multicampeão. Não é pouca coisa!

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

#5 Maycon
Maycon já tinha uma trajetória bem sucedida na base corinthiana quando foi promovido ao profissional ainda em 2016. No ano seguinte, voltando de um breve empréstimo da Ponte Preta, encontrou uma equipe nova, com treinador novo e alguns outros valores da base aparecendo – como Guilherme Arana e, mais ainda, Pedrinho. Nesse cenário que o segundo volante, assim como Gabriel, marcou presença e garantiu a titularidade em uma equipe histórica. O time que mais jogou junto da história do clube tem lá o nome de Maycon. Heptacampeão brasileiro, o jovem valor do Terrão corinthiano teve seu canto do cisne contra o arquirrival na finalíssima do Paulistão de 2018: foi dele o pênalti derradeiro que deu o bicampeonato paulista ao Corinthians em um porcódromo lotado de palmeirenses. Foi a despedida de um jogador com potencial para ser um dos melhores de sua geração na posição.

Foto: Reprodução

#4 Cristian
No contexto do ano de 2009, o gol de Cristian contra o São Paulo no último minuto do primeiro jogo da semifinal do Paulista, no Pacaembu, foi histórico e épico. Era o gol da afirmação corinthiana contra um tricolor que se achava soberano pelos três títulos nacionais recém-conquistados. Era o gol do alívio, da catarse, da passagem de bastão e do fim da hegemonia do rival. O chute derradeiro e o gesto de Cristian, para além dos gritos na comemoração com Mano, foram o símbolo de uma nova era alvinegra que se iniciava no confronto contra os grandes. Esse primeiro Cristian, sem dúvida, deixou o clube muito cedo – meses depois desse gol -, mas conseguiu marcar seu nome na história com três títulos e gols memoráveis para toda uma geração.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

O segundo Cristian, que voltou com alto salário em 2015, infelizmente não amarra as chuteiras do primeiro. Irregular e longe da forma física ideal, sofreu bastante pressão por ser um dos jogadores mais caros. Ainda conseguiu marcar o sexto gol na goleada contra o São Paulo, o que foi a cereja do bolo para o torcedor corinthiano. Contudo, em 2016 teve a grande chance de voltar aos bons tempos com a saída de Ralf para a China. Acabou falhando, alternando más atuações com Willians e saindo do clube de forma não muito tranquila após entrevero com seu ex-companheiro Alessandro, no início de 2017, quando o próprio volante foi à imprensa reclamar do dirigente.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

#3 Elias
Bola de Prata em 2010 e 2015 com a camisa corinthiana, Elias é um dos enigmas do futebol. Sempre teve bola para assumir a titularidade de uma grande equipe da Europa e da Seleção, mas algumas opções equivocadas e certa dose de azar o fizeram brilhar no Brasil mais do que em outros lugares. Por aqui, mesmo fazendo gols de títulos de Flamengo e Atlético Mineiro, foi no Timão que o jogador brilhou mais intensamente: campeão paulista, da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro, Elias foi peça-chave das duas equipes de futebol mais bonito nesses anos: 2009 e 2015. Sua segunda saída, em meados de 2016, o deixou marcado com parte da torcida, que virou ainda mais o nariz quando ele foi anunciado pelo Galo no ano seguinte. Nada apaga, contudo, a magnífica história que Elias fez no Timão – e não seria exagero colocá-lo como jogador mais técnico desta lista.

FOTO: RODRIGO GAZZANEL

#2 Ralf
Ralf é uma lenda viva da história do Corinthians – e tem tudo para alcançar o top 10 de jogadores que mais vestiram a camisa do clube, caso permaneça em 2020. Vindo do Barueri para o ano do centenário, não é exagero ver a contratação de Ralf como a melhor da época. E a concorrência foi grande: Tcheco, Iarley, Danilo, Roberto Carlos e tantos outros… O buraco deixado por Cristian ao sair no meio de 2009 foi prontamente preenchido por um volante incansável e de preciosa leitura de jogo. Foram essas duas características que fizeram de Ralf, sem exageros novamente, o melhor primeiro volante atuando no Brasil da década. Aqui, Ralf ganhou tudo o que tinha para ganhar, foi Bola de Prata em 2011 e homem de confiança de todos os técnicos que passaram, até por sempre buscar um aprimoramento de todos os quesitos da posição. De regularidade quase incompreensível, brilhou em 2010 com Ronaldo e Roberto Carlos e em 2019 com Boselli e Fágner. A lista de jogos de atuação marcante é infinita, tal como parece a saúde e a raça do nosso eterno cão de guarda.

Foto: Rodrigo Coca / Fotoarena

#1 Paulinho
Quando Mano Menezes colocou Paulinho no jogo contra o Flamengo, pela Libertadores de 2010, no Maracanã, eu xinguei ambos de todos os nomes que me lembrei. Poucos jogadores me fizeram queimar tanto minha língua como Paulinho fez, graças a Deus.

Os sapatos que o jovem volante vindo do Bragantino tinha de preencher eram grandes: Elias tinha sido craque do Timão em 2008, 2009 e 2010. Com a eliminação para o Tolima e a partida de alguns medalhões, a paciência para 2011 era baixa. Mas Tite confiou no Paulinho e ali, no Paulista daquele ano, começou uma parceria que levou o Timão aos maiores títulos de sua história e a ambos, Tite e Paulinho, à Copa do Mundo da Rússia, em 2018.

Mais do que merecido.

Paulinho, visto por Riquelme como um Lampard negro, teve uma ascensão incrível no Corinthians. A cada jogo da campanha do penta – e depois a cada título conquistado – o jogador mostrava mais recursos: passada larga, ofensividade, poder de marcação, passe preciso, chute forte e certeiro, cabeceio, noção organizacional, cadência de ritmo no meio campo…as qualidades do camisa 8 são fáceis de serem vistas: no gol de Guerrero, contra o Chelsea, é ele que se apresenta ao passe de Chicão, tabela com Jorge Henrique e conduz a bola a Danilo, escapando da marcação inglesa e construindo a jogada do gol. E como não lembrar do seu inacreditável poder de decisão contra o Vasco, pela Libertadores, ou antes mesmo contra o Cruzeiro no Brasileirão de 2011? Paulinho foi um craque que se construiu e simbolizou, por isso, a alma do Corinthians de 2011-2013 de Tite.

Multicampeão, inteligente, raçudo e decisivo, se mostrou o motor de uma equipe história – um motor inteligente. É o segundo volante que todo clube quer e que o Timão conseguiu ter por três temporadas. E quem sabe ele não volta ainda com gás para ultrapassar a marca de 34 gols em 167 jogos?

Você pode me seguir no Twitter:
Anthonio Delbon (@AnthonioDelbon) | Twitter



BLOG DO DELBON: Década dourada (2009-2019) – Os 10 maiores centroavantes

Hoje eu inicio no blog uma breve série de cinco rankings sobre os maiores jogadores que vestiram a camisa do Timão entre 2009 e 2019. A escolha dos anos é óbvia: dos títulos da equipe liderada por Ronaldo até hoje, nosso alvinegro viveu uma espécie de década dourada, semelhante aos anos 50 de Luizinho, Baltazar, Roberto, Cláudio e cia. e ao final dos anos 90 e início dos anos 2000, onde o Timão não passava um ano sem levar algum troféu.

(Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians)

A diferença, aqui, é a extensão e a importância das taças: uma discussão que dá pano para manga e que não cabe neste post. O que cabe é eleger e relembrar grandes figuras do Coringão que, seja com grande técnica ou com muita raça (ou ambos, nos melhores casos), honraram e marcaram seus nomes na história alvinegra.

Em vez de começar da defesa, começo pela camisa 9. O critério é também bem simples: meu gosto pessoal. Caso discorde, não se enfureça. Deixe quantos comentários quiser e relembre conosco o patrimônio e a história destes últimos anos dourados que esperamos que permaneçam nos vindouros anos 20.

(Foto: Divulgação/Ag. Corinthians)

#10 Kazim

Destoa, mas o motivo de sua presença é explicável: Corinthians 1 x 0 Avaí, 11 de novembro de 2017. O gringo da fiel nunca foi um primor técnico, mas nunca se acovardou em meio à chuva de críticas que sofria. Um dos 4 gols nos 37 jogos feitos entre 2017 e 2018 foi de suma importância: após a “final” contra o vice-líder Palmeiras e a vitória arrancada na raça contra Atlético Paranaense, na Arena da Baixada, o Timão tinha a chance de praticamente garantir o hepta em um jogo contra o Avaí em casa. Só tinha um problema: Jô, o craque do campeonato, estava suspenso e… o reserva era o pobre Kazim, reserva praticamente durante toda a competição.

Foi com o peito, na raça, que o turco-britânico deixou seu nome em um dos títulos nacionais mais improváveis da história do clube. Sua vida não foi longa nem tranquila no Parque São Jorge, mas deixou lá uma boa lembrança – além do marketing todo do sincero (quem duvida?) e emotivo jogador-torcedor do clube.

(Foto: Ag. Corinthians)

#9 Gustavo

O futebol tende a ser injusto. 2016 foi uma temporada tenebrosa após a saída de Tite para a Seleção. Do pacote comprado no início do ano para substituir a incrível equipe de 2015, ninguém vingou. No segundo semestre, Gustavo, artilheiro do Criciúma na série B, chegou em um ambiente pouco afeito às boas oportunidades: trocas de técnico, escassez de gols dos homens de frente e desorganização defensiva. Resultado: 9 jogos, zero gols e uma tatuagem precoce que virou piada pronta, ainda mais para quem carrega o maldito sufixo “gol” no nome.

Gustavo rodou, virou o maior artilheiro do Brasil em uma temporada – feito não alcançado por nenhum outro jogador na presente lista – e voltou a um Timão mais fresco, com técnico campeão de volta, equipe se conhecendo e pilares defensivos e ofensivos aparentemente sólidos. Resultado: 11 gols em 39 jogos na atual temporada e um título paulista onde foi importantíssimo na primeira fase. Pela idade e o potencial, pode alcançar muito mais pelo Coringão nos próximos anos e subir nesse ranking aqui. Não foi José Mourinho que rasgou elogios ao centroavante após o jogo contra o Racing?

(Foto: Reprodução)

#8 Luciano

A estreia de Luciano foi acachapante. Em dois jogos pelo Paulistão de 2014, marcou 4 gols e logo foi se firmando como boa opção ao centroavante titular, Paolo Guerrero. O ano era de transição, de formação de uma nova equipe que daria frutos só em 2015, mas ainda guardou para Luciano outra atuação marcante: contra o Goiás, pelo Brasileiro, marcou 3 gols em 11 minutos e se tornou o primeiro jogador a fazer um hattrick na então recém-inaugurada Arena.

O motivo da presença de Luciano aqui, contudo, foi sua participação crucial na campanha do Campeonato Brasileiro de 2015. Com a saída de Guerrero no início do torneio, a grande aposta de Tite era Vágner Love, que passou longe de corresponder: foram só 3 gols no 1º turno do torneio. Percebendo a queda de desempenho, antes mesmo de virar o turno Tite acabou por colocar Luciano de titular no clássico contra o São Paulo, no Morumbi. No empate de 1 a 1, o gol foi de Luciano. No jogo seguinte, contra o forte Sport de Eduardo Batista, Luciano marcou dois gols na vitória por 4 a 3. Na 19ª rodada, quatro dias depois, foram seus os dois gols da vitória corinthiana contra o Avaí, na Ressacada, por 2 a 1.

O segundo turno seria seu, não fosse uma lesão sofrida pela Copa do Brasil na Vila Belmiro. Love reassumiu o posto contra o Cruzeiro já marcando dois gols e o resto é história…mas, mesmo com oscilações e irregularidades, a canhota cirúrgica de Luciano deixou 24 gols em 94 partidas pelo Timão entre 2014 e 2016.

(Foto: Reprodução Youtube)

#7 Adriano

O imperador dispensa apresentações e também é óbvia a razão pela qual Adriano, de 8 jogos e apenas 2 gols com a camisa do Timão, estar aqui: Corinthians 2 x 1 Atlético, pela campanha do penta em 2011.

Longe da forma ideal, do entrosamento e da confiança de sempre, o eterno imperador de Milão, que chegou para substituir Ronaldo pelo menos em nome e marketing, fez um gol histórico na virada contra o Galo em uma dificílima partida no Pacaembu. Disputado ponto a ponto contra o Vasco, o campeonato de 2011 foi um dos mais emocionantes e importantes: dali saiu a semente do que viria a ser a melhor equipe do mundo no ano de 2012. Adriano pouco contribuiu na campanha inteira, mas sua canhota poderosa e precisa não deixou o Timão na mão quando foi requisitada. Com assistência de Emerson Sheik e explosão no Pacaembu, o histórico gol de Adriano o marcou na história do Timão – muito mais do que na história do rival tricolor, onde Adriano jogou muitos mais jogos e fez oito vezes mais gols.

(Foto: Reprodução Youtube)

#6 Boselli

Mauro Boselli mal conseguiu se firmar como titular do Timão nesta sua primeira temporada, mas está na metade desta lista por um fator claro: salvo os dois primeiros nomes do ranking, é de Boselli a maior técnica de um centroavante nestes 10 anos. E quem discordar está errado, sinto dizer. Eu sei que é uma afirmação discutível para quem discorda, mas Boselli tem uma técnica tão apurada que suas atuações – em uma equipe paupérrima de opções ofensivas – permanece sendo uma aula de, digamos, “como ser um centroavante”: leitura de jogo, pensamento rápido, jogo em dois toques, pivô, domínio, técnica apurada, posicionamento e finalização. É um Dennis Bergkamp latino, se quiserem uma comparação hiperbólica a ser cuspida por quem me achar maluco. É verdade que o argentino não está mais no auge dos tempos de Estudiantes – aquele Estudiantes de Verón que fez frente ao Barcelona de Xavi, Messi e Iniesta – ou de León, onde marcou inacreditáveis 130 gols. Porém, lúcido e participativo, Boselli, como Gustavo, tem grande potencial para se tornar um artilheiro inesquecível do Timão – só falta combinar com comissão técnica e equipe.

(Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians)

#5 Vágner Love

Love tem história antiga com o Timão. Em 2005, na época da MSI, por muito pouco não chegou ao galáctico Corinthians para formar a dupla de ataque com Tevez. Por precipitações, o negócio melou. Antes disso, tinha sido revelado pelo nosso arquirrival. Depois disso, passou pelo Flamengo e marcou o fatídico gol da eliminação do Timão da Libertadores de 2010, ano do nosso centenário. Cinco anos depois, chegou ao alvinegro vindo da China, cercado por uma desconfiança que viria a se justificar: fora de forma e em má condição técnica, fez um péssimo primeiro semestre.

Mas embalou no segundo e foi o artilheiro do Timão na campanha do hexa. Não só marcou 16 gols na temporada como fez parte da equipe mais vistosa do Corinthians nestes dez anos dourados. Saiu no fim do ano, mas ainda voltou no início de 2019 em melhor forma do que em 2015 e, revezando com Gustavo e Boselli, fez o golaço do título paulista que marcou o tricampeonato estadual do time de Carille.

Com presença marcante em dois títulos, Vágner Love pode até perder sua cota de gols, dar algumas caneladas aqui e acolá, mas nunca deixou de se esforçar e, não raramente, acaba por marcar certos golaços típicos de seu estilo de jogo veloz e vertical.

(Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians)

#4 Jô

Jogador mais jovem a vestir a camisa do Corinthians e formado no extinto terrão do Parque São Jorge, Jô saiu do clube após ser campeão paulista em 2003, como reserva de Liédson, e brasileiro em 2005, como reserva de Tevez e Nilmar. Voltou, após rodar o mundo e virar ídolo no Atlético, para conquistar os mesmos títulos, mas agora com protagonismo incontestável no mágico ano de 2017.

Alto e bom cabeceador, Jô, mais veterano, aprimorou sua técnica e seu estilo de jogo: pivô essencial para segurar a bola e fazer Rodriguinho e companhia chegarem à frente, também foi de suma importância seu repertório ofensivo. Velocidade (como no gol contra o Flamengo), oportunismo (como no gol contra o Botafogo), elasticidade (como no gol contra o Santos) e poder de decisão (como no gol de pênalti que selou a vitória na “finalíssima” contra o Palmeiras) foram alguns dos recursos que fizeram de Jô o craque do Brasil no ano de 2017 – e primeiro artilheiro nacional com a camisa do Coringão.

(Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians )

#3 Guerrero

Recomendado pelo filho de Tite, Paolo Guerrero era um jogador de careira consolidada na Alemanha, mas de pouca fama no Brasil. Por mais que alguns poucos soubessem de sua capacidade, foi no Corinthians que sua exposição tomou proporções mundiais, literalmente: foi dele os dois gols no Mundial de Clubes de 2012. Somando-se ao título no Japão a Recopa e o Paulista de 2013 – e mais a Bola de Prata de 2014, primeiro prêmio entregue a um atacante corinthiano desde Tevez, em 2005 – Guerrero garantiu seu lugar cativo na história corinthiana, por mais polêmica que tenha sido sua saída. Mais importante, portanto, é lembrar de sua jornada desde sua chegada. Encarregado de ser o 9 do Mundial, após uma conquista de Libertadores sem centroavante fixo, Guerrero não decepcionou. Entrosando-se com a equipe de Tite em pouco mais de uma dezena de jogos, fez tratamento durante a longa viagem para poder jogar contra Al-Ahli e Chelsea. Valeu (muito) o esforço. Até sair em 2015, Guerrero se tornou o maior artilheiro estrangeiro da história do clube, com incrível média de 54 gols em 130 jogos (0,41).

(Foto: Nelson Antoine / Fotoarena)

#2 Liédson

Liédson talvez seja o jogador mais subestimado dessa lista. Quem lembra de seu futebol nunca deixa de falar com admiração e saudade – mas poucos lembram de primeira. Talvez seja o fato do Levezinho se situar entre Ronaldo, que dispensa comentários, e Guerrero, que fez o gol mais importante da história do clube para os torcedores mais jovens (não é o meu caso). Talvez, quem sabe, seja seu protagonismo em um Campeonato Brasileiro que ficou, curiosamente, ofuscado pelos títulos internacionais ganhos em seguida, sem a participação efetiva dele, já em decadência técnica. Talvez, e a história nos dá lá seus exemplos, seja pura e simples falta de marketing.

O fato é que Liédson foi um dos jogadores mais bravos, técnicos e importantes da história do clube. Em um período sombrio pós-Tolima, seguido pela aposentadoria de Ronaldo e saída de Roberto Carlos, Jucilei e Bruno César – todos os três destaques do clube em 2010 – Liédson voltou ao clube depois de fazer uma lindíssima história no Sporting de Portugal. A responsabilidade não era fácil: substituir nada mais nada menos que Ronaldo e fazer a equipe de Tite, um técnico que tinha de matar três leões por dia para continuar no clube, funcionar ofensivamente.

E Liédson o fez.

E o fez de forma gloriosa: conduziu o clube ao vice-campeonato paulista antes de ser o artilheiro do pentacampeonato com 12 gols. Destes 12, muitos foram marcantes: o golaço de voleio (e a jogadaça feita no primeiro gol) contra o Grêmio de Renato Gaúcho, em pleno Olímpico, que garantiu a virada por 2 a 1;  o hattrick espetacular na épica goleada contra o São Paulo, no Pacaembu, por 5 a 0; o oportunismo contra Botafogo e Atlético Mineiro, ambos fora de São Paulo; os dois golaços contra o Flamengo de Ronaldinho Gaúcho, no Pacaembu, para marcar a virada por 2 a 1 contra o então concorrente ao título; o golaço de cabeça (sim, isso existe) contra o Atlético Mineiro, empatando o jogo a ser virado por Adriano; e o quase gol do título contra o Figueirense, em uma aula de posicionamento ofensivo e cabeceio.

Liédson fez muito pelo clube nesse 2011 cheio de desconfiança a cada fim de semana. Era o ano do tudo ou nada. E foi de tudo – ou melhor, do começo de tudo – graças a uma reformulação de espírito da equipe liderada tecnicamente por um camisa 9 letal e silencioso.

Foto: Reprodução

#1 Ronaldo

Falar do fenômeno é chover no molhado. Eu gostaria de aproveitar o espaço apenas para situar um cenário poucas vezes lembrado e suscitar um leve tema para debate: há Campeonatos Paulistas e há Campeonatos Paulistas. Em 2013, na esteira dos títulos ganhos em 2011 e 2012, o Paulistão vencido contra o Santos de Neymar era algo quase como certo – mesmo havendo riscos na semifinal e na própria final. Os campeonatos de 2001 e 2003, por exemplo, têm muito menos peso do que os de 1995, 1999 e 2018, conquistados contra o arquirrival. 2009, que é onde eu quero chegar, tinha um gostinho especial pelo seguinte: o último título estadual havia sido 2003. Nesses seis anos, o Corinthians não só caíra muito – além do literal rebaixamento, a moral da equipe no cenário nacional tinha ido para ao brejo com a malfadada parceria com a MSI e as páginas policiais decorrentes. – como também, por contraste, perdera o posto de campeão dos anos 98/03 para o São Paulo, então tricampeão brasileiro que havia, por mais de quatro anos, mantido um tabu incômodo contra nosso time.

2009, como ano da volta após o calvário da série B, foi o ano da redenção. Mas poderia não ter sido. O foi porque a equipe de Mano Menezes – talvez só menos vistosa do que o Timão de 2015 – tinha um entrosamento sensacional e, principalmente, um centroavante que está no top 10 de maiores jogadores da história do jogo. Com Ronaldo, o Corinthians ganhou uma fortaleza em campo, recuperou seu respeito no cenário estadual e nacional e quebrou a série hegemônica do São Paulo de Muricy Ramalho. Seus 35 gols em 69 jogos – um gol a cada dois jogos, praticamente – foram símbolos de uma instituição recuperada e sólida. Em resultados, isso significou um Campeonato Paulista invicto – fato geralmente subestimado, mas de importância tremenda – e uma Copa do Brasil incontestável.

E sobre os gols, há muito que se falar, mas pouco espaço. Melhor mostrarmos com saudosa lembrança e gratidão:

Você pode me seguir no Twitter:
Anthonio Delbon (@AnthonioDelbon) | Twitter

BLOG DO DELBON: O Corinthians é a cara do fracasso

Fracassar na vida é ter acesso à poesia – sem o suporte do talento
(E. Cioran)

(Foto: Reprodução/Instagram/fielgopro

Saudações Corinthianas

Em dias de vitórias, goleadas por 1 a 0, títulos ou gols memoráveis, não raro acabo me pegando em devaneios sobre o tamanho do poder e da paixão que o Corinthians impõe nesses 27 anos de vida que Deus me deu. Vira e mexe anoto, seja no celular, no computador ou no que tiver em mãos, o que o escudo do Timão simboliza para mim: fidelidade, amor incondicional, generosidade, altivez, resistência, tradição, brio, raça.

Convenhamos: tudo isso pode ser ouvido de qualquer corinthiano roxo (com o perdão do pleonasmo). Dependendo do dia, do clima, do estado de espírito, ser Fiel é ser o amante mais puro ou o guerreiro mais feroz; o questionador mais voraz ou o tradicionalista mais convicto. É sempre no olho do torcedor que o espírito da declaração fala – clichês não deixam de ser verdades profundas no olhar e na voz do torcedor sincero.

O que resta, sempre, é uma lealdade tão ardente quanto a paixão que a gera. Eu não sei exatamente o que é ser corinthiano, mas sei que ser morno definitivamente é não ser corinthiano. Há encanto alvinegro suficiente no calor dos anos 90 ou no frio dos anos Tite. Ser fiel é passar de um ao outro, na vitória ou na derrota. Principalmente na derrota.

Pensando com mais cuidado, minhas principais lembranças do Timão na época de formação do meu corinthianismo são fracassos retumbantes. Meus dois primeiros clássicos na Saudosa Maloca foram 5 a 1 para tricolores, em 2005, e 3 a 0 para santistas, no ano seguinte. Foi no Pacaembu que vi Luizão, ídolo de infância, começando uma goleada humilhante. Foi lá que vi Zé Roberto com a 10 branca comandando o ataque contra meu time. Em ambos tive de afastar meu pai de brigas nas arquibancadas mistas. Em ambos, senti impotência.

Foi tal impotência, bombada pelos fracassos recorrentes nos torneios sul-americanos, pela falta de estádio e até pelo polêmico título de 2005 que me fizeram entender um pouco do DNA Corinthiano: o sofrimento enviado ao corinthiano não é à toa e não é para qualquer homem. A falta de títulos paulistas de 54 até 77, a demora pelo primeiro título nacional em 90, e pelo primeiro título sul-americano, em 12, só se tornaram marcantes porque vieram precisamente do jeito que vieram.

Se há algo que aprendi com o Corinthians em todos estes anos é isso: poderíamos até hoje estar sem Libertadores, ou poderíamos ter passado 100 anos sem um título brasileiro. Ou, ainda, poderíamos ter ficado 40 anos sem título, de 54 até os gols de falta de Neto ou Marcelinho: o único resultado certo dessas hipóteses é que o fervor da nossa torcida cresceria de forma inimaginável.

Parafraseando Albert Camus, o que mais sei sobre moral e as obrigações do homem eu devo ao Corinthians. Ser corinthiano é fracassar e anular o fracasso no mesmo ato, graças à esperança que surge da dor. E quanto maior a dor de uma derrota, maior a paixão de vestir a camisa corinthiana na escola, na faculdade ou no trabalho do dia seguinte. Não há nada – nem título, nem vitória, nem golaço – que tire de mim a sensação de paz e força que foi usar o manto alvinegro na quinta feira posterior à eliminação contra o Flamengo de Vágner Love pela Libertadores de 2010.

Coisa semelhante só vi em místicos católicos como São João da Cruz ou Santa Teresa D’Ávila. O fardo nunca é leve – e nunca deixa de ser desejado, o que anula seu peso.

Dou aqui meus dois centavos: ser corinthiano é ter a plena e duradoura noção que alguém maior envia o sofrimento não por nos odiar, mas por nos amar. É o sofrimento que nos vincula a algo maior, além de nós mesmos. Ser corinthiano é transcender, é tocar a imortalidade mesmo sem nenhum mérito próprio – basta fracassar para se livrar da vaidade e do orgulho, o mesmo que a gente vê toda quarta e domingo em camisas coloridas pelo Brasil afora.

Ser corinthiano é ir além do próprio Corinthians e olhá-lo com eterna gratidão por isso.

Você pode me seguir no Twitter:
Anthonio Delbon (@AnthonioDelbon) | Twitter