• Por Daniel Keppler / Redação da Central do Timão

A investigação envolvendo a intermediária do acordo entre Corinthians e VaideBet, e sua relação com a empresa laranja que recebeu cerca de R$ 1 milhão da comissão paga pelo clube, continua rendendo novos desdobramentos. Em depoimento à Polícia Civil do Estado de São Paulo, o vice-presidente do Timão, Armando Mendonça, revelou que avisou o presidente Augusto Melo sobre suspeitas em relação ao caso.

A informação foi divulgada pela repórter Lilly Nascimento, da ESPN, que teve acesso ao relato do dirigente às autoridades. Segundo Armando, o alerta a Augusto sobre as movimentações suspeitas realizadas pela intermediária Rede Social Media Design foi feito em 8 de maio, portanto, 12 dias antes da publicação da matéria pelo jornalista Juca Kfouri, que revelou o escândalo da empresa de fachada.

O vice corinthiano pretendia, com o alerta, fazer com que os pagamentos à intermediária fossem suspensos para que a polícia pudesse investigar possíveis irregularidades, evitando danos à imagem do Corinthians. O risco, segundo Mendonça diz no depoimento, era de o clube estar “abastecendo outra (empresa) considerada fantasma. Ou seja, transformando dinheiro lícito em ilícito”.

Outro pedido era para que Augusto afastasse o diretor administrativo Marcelo Mariano de suas funções. Isso pois Armando entendia ser um ato de má gestão o diretor ordenar pagamentos à intermediária ultrapassando a hierarquia da diretoria financeira, aproveitando-se de ausência do então diretor Rozallah Santoro. O afastamento também serviria para o clube fazer investigações internas.

No entanto, ainda segundo o depoimento, Armando diz que o presidente Augusto ignorou todos os pedidos e recomendações, mantendo pagamentos e não afastando nenhum dos envolvidos de suas funções. A alegação era de que essa questão seria um problema exclusivo da intermediária, e ninguém seria afastado sem prova de corrupção.

Apenas após a publicação e repercussão da matéria de Juca Kfouri, no dia 20 de maio, o Corinthians se posicionou oficialmente, afirmando não ter responsabilidade sobre eventuais repasses financeiros a terceiros. Ainda assim, preferiu não afastar nenhum dos envolvidos para manter a lisura da investigação, mesmo com pedidos de diversos diretores para fazê-lo.

Desde então, o caso acarretou em uma debandada de diretores da gestão Augusto Melo, em uma crise institucional ainda sendo contornada pelo mandatário. A Polícia Civil também se envolveu no caso, tendo ouvido também a mulher usada como laranja no esquema. O delegado responsável, Tiago Fernando Correa, também já se manifestou afirmando que, hoje, vê o Corinthians como potencial vítima na situação.

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