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BLOG DO DELBON – Década dourada #6 – Os 10 maiores zagueiros

E chegamos ao fim. Aproveito o espaço apenas para agradecer os leitores de cada edição dessa brincadeira que fiz por aqui. Os rankings, até por serem extremamente pessoais, cumpriram com o objetivo de falar com as lembranças dos torcedores. E, se nada mais, pelo menos serviram como breves depósitos da memória recente do nosso Coringão.

Até a próxima!

Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

10-Manoel
Foi apenas uma temporada razoável. Entre críticas e gols em clássicos, o zagueiro Manoel, multicampeão pelo Cruzeiro, fez um 2019 irregular como toda a equipe. Na longa lista de ótimos zagueiros que o Corinthians teve nessa década, não há como deixá-lo em uma posição superior. Mas entre falhas e reclamações, ficam as lembranças de seus gols contra Palmeiras, São Paulo e Santos – feito que nenhum outro jogador dessa lista conseguiu.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

9-Henrique
Já veterano e sem ser a unanimidade que fora no rival, quando se transferiu ao Barcelona de Messi, em 2008, Henrique chegou ao Timão vindo do Fluminense como opção para a zaga após a despedida de Pablo. Ainda que irregular, Henrique chegou e logo fez incríveis 42 jogos seguidos com a camisa alvinegra em 2018, jogando um futebol de bom para muito bom. Ainda com Balbuena, fez uma dupla segura na histórica conquista do Campeonato Paulista no Allianz Parque e, até então, pouco sofria com as reclamações da torcida e da imprensa. Com a saída de Carille, seu futebol caiu. A dupla irregular com Manoel, em 2019, foi o suficiente para o tri-estadual, mas logo o desempenho do time foi se tornando ineficaz e Henrique, na berlinda, optou por rescindir seu contrato rumo ao mundo árabe.

Foto: © Daniel Augusto Jr / Fotoarena

8-William
O “Capita” brilhou realmente em 2008 e 2009, mas o nosso capitão no ano do centenário entra aqui um pouco na surdina por todo o seu período com a camisa alvinegra, mesmo que tenha terminado 2010 em baixa, como todo o time de Tite. William foi um dos símbolos do renascimento corinthiano quando o time foi rebaixado. Liderou o clube como homem de confiança de Mano Menezes nas três temporadas, jogando ótimo futebol em 2009, quando ergueu as taças do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil formando com Chicão, Alessandro e André Santos a melhor linha defensiva do Brasil no ano.

Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians

7-Pablo
Foi só 2017. Mas 2017 foi 2017: título estadual e nacional contra todas as probabilidades. Na sólida equipe do novato Fábio Carille, primeira a fazer um turno invicto na história do Brasileirão de pontos corridos, Pablo era peça essencial no pouco vazado sistema defensivo. Curiosamente, a dupla formada com Balbuena não era a típica dupla de zaga em que um atleta completa as características do outro. Tanto o paraguaio quanto Pablo eram rápidos, fortes, altos e vigorosos. Os resultados, além dos títulos e da insistência da torcida para que ficasse ao fim do contrato de empréstimo, foram 51 jogos e 2 gols, em uma temporada de completa glória alvinegra.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

6-Felipe
A história de Felipe no Corinthians é aquela para calar todo torcedor corneteiro até o fim dos tempos. Apresentado com outro desconhecido atleta – Cássio! – em fevereiro de 2012, o zagueiro chegou ao Timão vindo do Bragantino como um dos tantos frutos da parceria entre os clubes à época, que levou ao Corinthians de Moradei até Paulinho. Mas em 2012, 2013 e 2014, mesmo participando das campanhas vencedoras, sagrando-se campeão mundial e permanecendo no elenco, sem empréstimo nenhum, Felipe pouco contava com o apoio da torcida: nas poucas oportunidades, já com seus 23, 24 anos, o zagueiro passava uma impressão de insegurança muito forte, como na derrota para o Luverdense, em 2013.

Foi só em janeiro de 2015, com a saída inesperada de Anderson Martins e a chegada de Tite, que o conhecia desde 2012, que Felipe agarrou a oportunidade e a aproveitou com excelente performance. Desde o início da temporada, marcando contra o Once Caldas pela 1ª fase da Libertadores, Felipe transformou seu potencial em ato: extrema rapidez, ótima impulsão, posicionamento inteligente, desarme preciso e cabeceio exemplar são algumas características que hoje, com o sucesso de Felipe pelo Porto e pelo Atlético de Madrid, não são nem um pouco exageradas. É um dos casos clássicos de um jogador que amadurece tardiamente – sua glória no Velho Continente veio perto dos 30 – e que contrasta com os raríssimos casos de talento absurdo aos 18. Quem diria que Felipe chegaria mais longe na carreira do que todos nessa lista?

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

5-Balbuena
Quando “El General” chegou ao Corinthians, em 2016, a época não era das melhores. Vindo do Nacional, do Paraguai – time finalista da Libertadores de 2014, em que ficou no banco de reservas contra o campeão San Lorenzo – , Balbuena jogou a maior parte das partidas no segundo semestre, formando dupla ora com Pedro Henrique, ora com Vilson. Foi um ano para lá de esquecível dada a reconstrução necessária pós-desmanche do time campeão brasileiro em 2015. Na zaga, especificamente, a saída de Gil, em janeiro, e de Felipe, em junho, causou um buraco difícil de preencher por Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira.

Foi só em 2017 que Balbuena se firmou nas mãos de Fábio Carille, formando uma dupla invencível com Pablo e campeã estadual e nacional. O paraguaio ainda jogou o primeiro semestre de 2018, quando foi peça essencial do bicampeonato paulista formando dupla com Henrique. No total, marcou 11 gols em 136 jogos, sendo dois cruciais contra Fluminense e Cruzeiro, na campanha do Brasileirão de 2017, e outro inesquecível no Derby com cara de final vencido pelo Timão, no mesmo ano, por 3 a 2, na Arena.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

4-Paulo André
É difícil falar de Paulo André sem falar do extracampo em que o jogador sempre se meteu. Para além do processo contra o clube cobrando por ter trabalhado aos domingos e pela falta de folga – já pensou se virar moda?! – , do fogo de palha chamado Bom Senso FC, dos debates com dirigentes, dos livros lançados e do interesse em pintura e finanças, Paulo André foi um ótimo zagueiro que, por conhecer suas limitações e ser inteligente dentro de campo, virou um dos maiores vencedores da história do clube.

A quantidade absurda de lesões desde que chegou, ainda em 2009, para ser reserva imediato de Chicão e William, o deixaram apenas com 153 jogos em quase 5 anos de clube. Nesse período cheio de conquistas, Paulo André ora ficou em segundo plano, ora foi de suma importância para certos troféus. Se em 2009 e 2010 pouco apareceu, em 2011, com a opção de Tite por sacar Chicão no início do segundo turno da campanha do penta, Paulo André aproveitou a oportunidade, sagrou-se campeão como titular e foi Bola de Prata. A lesão em 2012 o tirou da histórica campanha da Libertadores, mas a saída de Leandro Castán para a Roma o fez retomar a titularidade para o Mundial de Clubes, onde ajudou a anular o estrelado ataque do Chelsea – e o deu a oportunidade de escrever um memorável diário da jornada do Timão no Japão.

Em 2013 ainda foi campeão da Recopa e do Paulista, marcando inclusive o gol da vitória contra o Santos de Neymar, em pleno Pacaembu, no jogo de ida. Seis meses depois, com a chegada de Mano Menezes e o início de uma reformulação no elenco, deixou o clube rumo à China, mas não sem marcar seu nome na história corinthiana com seus ótimos e seguros posicionamentos e cabeceios, sempre inspirando liderança nas equipes em que jogou.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Fotoarena

3-Leandro Castán
Castán chegou com uma mera opção – talvez a menos segura, aparentemente – em meio ao ano do centenário. Com William e Chicão titularíssimos e Paulo André e Thiago Heleno como reservas, pouco jogou. Foi no ano seguinte, com Paulo André lesionado e Thiago Heleno no rival, que Leandro assumiu a titularidade, indo do inferno contra o Tolima à glória do pentacampeonato. Ali, o zagueiro de Jaú mostrou que era, na minha visão, o melhor zagueiro da década corinthiana.

Único canhoto dessa lista, rápido e de bom passe, complementou Chicão na temporada seguinte formando a defesa menos vazada da América na campanha invicta da conquista da Libertadores. Com seu nome na história, deixou o clube rumo à Roma, onde ficou por anos até voltar ao Brasil para jogar no Vasco – por pouco não veio ao Timão, que era sua primeira opção. Castán é o símbolo de um jogador raçudo, extremamente focado e de boa técnica que veio a se transformar em um zagueiro de excelência, muito pela inteligência dentro de campo e pela gana que sempre demonstrou. Foram 3 gols em 112 jogos.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

2-Gil
Em 2013 o então campeão mundial Corinthians fez apenas três contratações: para o ataque, a estrela Alexandre Pato; para o meio, o conhecido e ótimo Renato Augusto; para a zaga, Gil… aquele que fez o desastrado pênalti no Ronaldo, em 2010, que resultou no último gol do Fenômeno com a camisa corinthiana. Desnecessário dizer qual foi o mais barato entre os três.

Mas Gil, com a curva descendente de Chicão e posterior saída do camisa 3, mostrou uma inacreditável regularidade em seus três primeiros anos de clubes. Regularidade em altíssimo nível, ressalto. Não é exagero dizer que em 2013, 2014 e 2015 foi ele o melhor zagueiro não só do Corinthians, mas do Brasil. Bola de Prata em 14 e 15, campeão Paulista e da Recopa em 13 e do Brasileirão em 15, Gil chegou a ser convocado pela Seleção, onde fez 11 jogos desde 2014. Deixou o clube na Florida Cup de 2016, em meio ao desmanche do timaço do ano anterior, com 184 jogos e 8 gols.

Quiseram os deuses do futebol – e a ligeira diretoria corinthiana – que nosso Gamarra negro voltasse ano passado com a mesmíssima regularidade e excelência de sempre. Como um muro, Gil consegue aliar força física com agilidade e ótima técnica com muita raça. É com essa calma que o zagueiro passa ao torcedor corinthiano, independente de quem faça sua dupla com ele. Com 220 partidas, Gil só perde em número de jogos, até aqui, para o nosso primeiro colocado.

Foto: © Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

1-Chicão
De todos os jogadores desta e de todas as outras listas, foi de Chicão o nome que escolhi para pôr na minha camisa listrada de 2009. E é verdade, novamente, que o zagueiro brilhou e marcou gol atrás de gol em 2008 e 2009, mas foi nessa década que os títulos mais importantes vieram: Brasileiro, Libertadores, Mundial, Paulista e Recopa, para somarem-se à Série B, ao Paulista e a Copa do Brasil da década passada.

Não foi só isso.

Com 247 jogos, Chicão é quem mais jogou nesta lista. Com 42 gols, é o zagueiro que mais marcou com a camisa corinthiana na era profissional. E quem o viu sabe que muitos foram golaços, principalmente de falta.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Mais do que as glórias e os números, Chicão sempre foi querido pela torcida pela coragem de dar as caras nos momentos mais difíceis do clube. Desde sua chegada, em uma total reformulação do clube pós-queda, até o desastre contra o Tolima, quando Alessandro e ele falaram para a imprensa como os líderes de um novo e imprevisível momento do clube. Mesmo em baixa, no segundo turno do Brasileiro de 2011, manteve-se como opção e ganhou a titularidade no épico ano de 2012.

Chicão é um dos pouquíssimos jogadores que ganharam absolutamente tudo de primeiro escalão a ser disputado pelo clube. Com boa técnica tanto para o desarme quanto para o início de jogadas ofensivas, é dele, não à toa, o primeiro passe da jogada do gol de Guerrero, contra o Chelsea. Ídolo, acima de tudo, é um dos maiores símbolos do início desta dourada década corinthiana, bandeira do nosso passado para que o presente e o futuro sejam tão gloriosos quanto.

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BLOG DO DELBON: Década dourada (2009-2019) – Os 10 maiores centroavantes

Hoje eu inicio no blog uma breve série de cinco rankings sobre os maiores jogadores que vestiram a camisa do Timão entre 2009 e 2019. A escolha dos anos é óbvia: dos títulos da equipe liderada por Ronaldo até hoje, nosso alvinegro viveu uma espécie de década dourada, semelhante aos anos 50 de Luizinho, Baltazar, Roberto, Cláudio e cia. e ao final dos anos 90 e início dos anos 2000, onde o Timão não passava um ano sem levar algum troféu.

(Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians)

A diferença, aqui, é a extensão e a importância das taças: uma discussão que dá pano para manga e que não cabe neste post. O que cabe é eleger e relembrar grandes figuras do Coringão que, seja com grande técnica ou com muita raça (ou ambos, nos melhores casos), honraram e marcaram seus nomes na história alvinegra.

Em vez de começar da defesa, começo pela camisa 9. O critério é também bem simples: meu gosto pessoal. Caso discorde, não se enfureça. Deixe quantos comentários quiser e relembre conosco o patrimônio e a história destes últimos anos dourados que esperamos que permaneçam nos vindouros anos 20.

(Foto: Divulgação/Ag. Corinthians)

#10 Kazim

Destoa, mas o motivo de sua presença é explicável: Corinthians 1 x 0 Avaí, 11 de novembro de 2017. O gringo da fiel nunca foi um primor técnico, mas nunca se acovardou em meio à chuva de críticas que sofria. Um dos 4 gols nos 37 jogos feitos entre 2017 e 2018 foi de suma importância: após a “final” contra o vice-líder Palmeiras e a vitória arrancada na raça contra Atlético Paranaense, na Arena da Baixada, o Timão tinha a chance de praticamente garantir o hepta em um jogo contra o Avaí em casa. Só tinha um problema: Jô, o craque do campeonato, estava suspenso e… o reserva era o pobre Kazim, reserva praticamente durante toda a competição.

Foi com o peito, na raça, que o turco-britânico deixou seu nome em um dos títulos nacionais mais improváveis da história do clube. Sua vida não foi longa nem tranquila no Parque São Jorge, mas deixou lá uma boa lembrança – além do marketing todo do sincero (quem duvida?) e emotivo jogador-torcedor do clube.

(Foto: Ag. Corinthians)

#9 Gustavo

O futebol tende a ser injusto. 2016 foi uma temporada tenebrosa após a saída de Tite para a Seleção. Do pacote comprado no início do ano para substituir a incrível equipe de 2015, ninguém vingou. No segundo semestre, Gustavo, artilheiro do Criciúma na série B, chegou em um ambiente pouco afeito às boas oportunidades: trocas de técnico, escassez de gols dos homens de frente e desorganização defensiva. Resultado: 9 jogos, zero gols e uma tatuagem precoce que virou piada pronta, ainda mais para quem carrega o maldito sufixo “gol” no nome.

Gustavo rodou, virou o maior artilheiro do Brasil em uma temporada – feito não alcançado por nenhum outro jogador na presente lista – e voltou a um Timão mais fresco, com técnico campeão de volta, equipe se conhecendo e pilares defensivos e ofensivos aparentemente sólidos. Resultado: 11 gols em 39 jogos na atual temporada e um título paulista onde foi importantíssimo na primeira fase. Pela idade e o potencial, pode alcançar muito mais pelo Coringão nos próximos anos e subir nesse ranking aqui. Não foi José Mourinho que rasgou elogios ao centroavante após o jogo contra o Racing?

(Foto: Reprodução)

#8 Luciano

A estreia de Luciano foi acachapante. Em dois jogos pelo Paulistão de 2014, marcou 4 gols e logo foi se firmando como boa opção ao centroavante titular, Paolo Guerrero. O ano era de transição, de formação de uma nova equipe que daria frutos só em 2015, mas ainda guardou para Luciano outra atuação marcante: contra o Goiás, pelo Brasileiro, marcou 3 gols em 11 minutos e se tornou o primeiro jogador a fazer um hattrick na então recém-inaugurada Arena.

O motivo da presença de Luciano aqui, contudo, foi sua participação crucial na campanha do Campeonato Brasileiro de 2015. Com a saída de Guerrero no início do torneio, a grande aposta de Tite era Vágner Love, que passou longe de corresponder: foram só 3 gols no 1º turno do torneio. Percebendo a queda de desempenho, antes mesmo de virar o turno Tite acabou por colocar Luciano de titular no clássico contra o São Paulo, no Morumbi. No empate de 1 a 1, o gol foi de Luciano. No jogo seguinte, contra o forte Sport de Eduardo Batista, Luciano marcou dois gols na vitória por 4 a 3. Na 19ª rodada, quatro dias depois, foram seus os dois gols da vitória corinthiana contra o Avaí, na Ressacada, por 2 a 1.

O segundo turno seria seu, não fosse uma lesão sofrida pela Copa do Brasil na Vila Belmiro. Love reassumiu o posto contra o Cruzeiro já marcando dois gols e o resto é história…mas, mesmo com oscilações e irregularidades, a canhota cirúrgica de Luciano deixou 24 gols em 94 partidas pelo Timão entre 2014 e 2016.

(Foto: Reprodução Youtube)

#7 Adriano

O imperador dispensa apresentações e também é óbvia a razão pela qual Adriano, de 8 jogos e apenas 2 gols com a camisa do Timão, estar aqui: Corinthians 2 x 1 Atlético, pela campanha do penta em 2011.

Longe da forma ideal, do entrosamento e da confiança de sempre, o eterno imperador de Milão, que chegou para substituir Ronaldo pelo menos em nome e marketing, fez um gol histórico na virada contra o Galo em uma dificílima partida no Pacaembu. Disputado ponto a ponto contra o Vasco, o campeonato de 2011 foi um dos mais emocionantes e importantes: dali saiu a semente do que viria a ser a melhor equipe do mundo no ano de 2012. Adriano pouco contribuiu na campanha inteira, mas sua canhota poderosa e precisa não deixou o Timão na mão quando foi requisitada. Com assistência de Emerson Sheik e explosão no Pacaembu, o histórico gol de Adriano o marcou na história do Timão – muito mais do que na história do rival tricolor, onde Adriano jogou muitos mais jogos e fez oito vezes mais gols.

(Foto: Reprodução Youtube)

#6 Boselli

Mauro Boselli mal conseguiu se firmar como titular do Timão nesta sua primeira temporada, mas está na metade desta lista por um fator claro: salvo os dois primeiros nomes do ranking, é de Boselli a maior técnica de um centroavante nestes 10 anos. E quem discordar está errado, sinto dizer. Eu sei que é uma afirmação discutível para quem discorda, mas Boselli tem uma técnica tão apurada que suas atuações – em uma equipe paupérrima de opções ofensivas – permanece sendo uma aula de, digamos, “como ser um centroavante”: leitura de jogo, pensamento rápido, jogo em dois toques, pivô, domínio, técnica apurada, posicionamento e finalização. É um Dennis Bergkamp latino, se quiserem uma comparação hiperbólica a ser cuspida por quem me achar maluco. É verdade que o argentino não está mais no auge dos tempos de Estudiantes – aquele Estudiantes de Verón que fez frente ao Barcelona de Xavi, Messi e Iniesta – ou de León, onde marcou inacreditáveis 130 gols. Porém, lúcido e participativo, Boselli, como Gustavo, tem grande potencial para se tornar um artilheiro inesquecível do Timão – só falta combinar com comissão técnica e equipe.

(Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians)

#5 Vágner Love

Love tem história antiga com o Timão. Em 2005, na época da MSI, por muito pouco não chegou ao galáctico Corinthians para formar a dupla de ataque com Tevez. Por precipitações, o negócio melou. Antes disso, tinha sido revelado pelo nosso arquirrival. Depois disso, passou pelo Flamengo e marcou o fatídico gol da eliminação do Timão da Libertadores de 2010, ano do nosso centenário. Cinco anos depois, chegou ao alvinegro vindo da China, cercado por uma desconfiança que viria a se justificar: fora de forma e em má condição técnica, fez um péssimo primeiro semestre.

Mas embalou no segundo e foi o artilheiro do Timão na campanha do hexa. Não só marcou 16 gols na temporada como fez parte da equipe mais vistosa do Corinthians nestes dez anos dourados. Saiu no fim do ano, mas ainda voltou no início de 2019 em melhor forma do que em 2015 e, revezando com Gustavo e Boselli, fez o golaço do título paulista que marcou o tricampeonato estadual do time de Carille.

Com presença marcante em dois títulos, Vágner Love pode até perder sua cota de gols, dar algumas caneladas aqui e acolá, mas nunca deixou de se esforçar e, não raramente, acaba por marcar certos golaços típicos de seu estilo de jogo veloz e vertical.

(Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians)

#4 Jô

Jogador mais jovem a vestir a camisa do Corinthians e formado no extinto terrão do Parque São Jorge, Jô saiu do clube após ser campeão paulista em 2003, como reserva de Liédson, e brasileiro em 2005, como reserva de Tevez e Nilmar. Voltou, após rodar o mundo e virar ídolo no Atlético, para conquistar os mesmos títulos, mas agora com protagonismo incontestável no mágico ano de 2017.

Alto e bom cabeceador, Jô, mais veterano, aprimorou sua técnica e seu estilo de jogo: pivô essencial para segurar a bola e fazer Rodriguinho e companhia chegarem à frente, também foi de suma importância seu repertório ofensivo. Velocidade (como no gol contra o Flamengo), oportunismo (como no gol contra o Botafogo), elasticidade (como no gol contra o Santos) e poder de decisão (como no gol de pênalti que selou a vitória na “finalíssima” contra o Palmeiras) foram alguns dos recursos que fizeram de Jô o craque do Brasil no ano de 2017 – e primeiro artilheiro nacional com a camisa do Coringão.

(Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians )

#3 Guerrero

Recomendado pelo filho de Tite, Paolo Guerrero era um jogador de careira consolidada na Alemanha, mas de pouca fama no Brasil. Por mais que alguns poucos soubessem de sua capacidade, foi no Corinthians que sua exposição tomou proporções mundiais, literalmente: foi dele os dois gols no Mundial de Clubes de 2012. Somando-se ao título no Japão a Recopa e o Paulista de 2013 – e mais a Bola de Prata de 2014, primeiro prêmio entregue a um atacante corinthiano desde Tevez, em 2005 – Guerrero garantiu seu lugar cativo na história corinthiana, por mais polêmica que tenha sido sua saída. Mais importante, portanto, é lembrar de sua jornada desde sua chegada. Encarregado de ser o 9 do Mundial, após uma conquista de Libertadores sem centroavante fixo, Guerrero não decepcionou. Entrosando-se com a equipe de Tite em pouco mais de uma dezena de jogos, fez tratamento durante a longa viagem para poder jogar contra Al-Ahli e Chelsea. Valeu (muito) o esforço. Até sair em 2015, Guerrero se tornou o maior artilheiro estrangeiro da história do clube, com incrível média de 54 gols em 130 jogos (0,41).

(Foto: Nelson Antoine / Fotoarena)

#2 Liédson

Liédson talvez seja o jogador mais subestimado dessa lista. Quem lembra de seu futebol nunca deixa de falar com admiração e saudade – mas poucos lembram de primeira. Talvez seja o fato do Levezinho se situar entre Ronaldo, que dispensa comentários, e Guerrero, que fez o gol mais importante da história do clube para os torcedores mais jovens (não é o meu caso). Talvez, quem sabe, seja seu protagonismo em um Campeonato Brasileiro que ficou, curiosamente, ofuscado pelos títulos internacionais ganhos em seguida, sem a participação efetiva dele, já em decadência técnica. Talvez, e a história nos dá lá seus exemplos, seja pura e simples falta de marketing.

O fato é que Liédson foi um dos jogadores mais bravos, técnicos e importantes da história do clube. Em um período sombrio pós-Tolima, seguido pela aposentadoria de Ronaldo e saída de Roberto Carlos, Jucilei e Bruno César – todos os três destaques do clube em 2010 – Liédson voltou ao clube depois de fazer uma lindíssima história no Sporting de Portugal. A responsabilidade não era fácil: substituir nada mais nada menos que Ronaldo e fazer a equipe de Tite, um técnico que tinha de matar três leões por dia para continuar no clube, funcionar ofensivamente.

E Liédson o fez.

E o fez de forma gloriosa: conduziu o clube ao vice-campeonato paulista antes de ser o artilheiro do pentacampeonato com 12 gols. Destes 12, muitos foram marcantes: o golaço de voleio (e a jogadaça feita no primeiro gol) contra o Grêmio de Renato Gaúcho, em pleno Olímpico, que garantiu a virada por 2 a 1;  o hattrick espetacular na épica goleada contra o São Paulo, no Pacaembu, por 5 a 0; o oportunismo contra Botafogo e Atlético Mineiro, ambos fora de São Paulo; os dois golaços contra o Flamengo de Ronaldinho Gaúcho, no Pacaembu, para marcar a virada por 2 a 1 contra o então concorrente ao título; o golaço de cabeça (sim, isso existe) contra o Atlético Mineiro, empatando o jogo a ser virado por Adriano; e o quase gol do título contra o Figueirense, em uma aula de posicionamento ofensivo e cabeceio.

Liédson fez muito pelo clube nesse 2011 cheio de desconfiança a cada fim de semana. Era o ano do tudo ou nada. E foi de tudo – ou melhor, do começo de tudo – graças a uma reformulação de espírito da equipe liderada tecnicamente por um camisa 9 letal e silencioso.

Foto: Reprodução

#1 Ronaldo

Falar do fenômeno é chover no molhado. Eu gostaria de aproveitar o espaço apenas para situar um cenário poucas vezes lembrado e suscitar um leve tema para debate: há Campeonatos Paulistas e há Campeonatos Paulistas. Em 2013, na esteira dos títulos ganhos em 2011 e 2012, o Paulistão vencido contra o Santos de Neymar era algo quase como certo – mesmo havendo riscos na semifinal e na própria final. Os campeonatos de 2001 e 2003, por exemplo, têm muito menos peso do que os de 1995, 1999 e 2018, conquistados contra o arquirrival. 2009, que é onde eu quero chegar, tinha um gostinho especial pelo seguinte: o último título estadual havia sido 2003. Nesses seis anos, o Corinthians não só caíra muito – além do literal rebaixamento, a moral da equipe no cenário nacional tinha ido para ao brejo com a malfadada parceria com a MSI e as páginas policiais decorrentes. – como também, por contraste, perdera o posto de campeão dos anos 98/03 para o São Paulo, então tricampeão brasileiro que havia, por mais de quatro anos, mantido um tabu incômodo contra nosso time.

2009, como ano da volta após o calvário da série B, foi o ano da redenção. Mas poderia não ter sido. O foi porque a equipe de Mano Menezes – talvez só menos vistosa do que o Timão de 2015 – tinha um entrosamento sensacional e, principalmente, um centroavante que está no top 10 de maiores jogadores da história do jogo. Com Ronaldo, o Corinthians ganhou uma fortaleza em campo, recuperou seu respeito no cenário estadual e nacional e quebrou a série hegemônica do São Paulo de Muricy Ramalho. Seus 35 gols em 69 jogos – um gol a cada dois jogos, praticamente – foram símbolos de uma instituição recuperada e sólida. Em resultados, isso significou um Campeonato Paulista invicto – fato geralmente subestimado, mas de importância tremenda – e uma Copa do Brasil incontestável.

E sobre os gols, há muito que se falar, mas pouco espaço. Melhor mostrarmos com saudosa lembrança e gratidão:

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BLOG DO DELBON: O Corinthians é a cara do fracasso

Fracassar na vida é ter acesso à poesia – sem o suporte do talento
(E. Cioran)

(Foto: Reprodução/Instagram/fielgopro

Saudações Corinthianas

Em dias de vitórias, goleadas por 1 a 0, títulos ou gols memoráveis, não raro acabo me pegando em devaneios sobre o tamanho do poder e da paixão que o Corinthians impõe nesses 27 anos de vida que Deus me deu. Vira e mexe anoto, seja no celular, no computador ou no que tiver em mãos, o que o escudo do Timão simboliza para mim: fidelidade, amor incondicional, generosidade, altivez, resistência, tradição, brio, raça.

Convenhamos: tudo isso pode ser ouvido de qualquer corinthiano roxo (com o perdão do pleonasmo). Dependendo do dia, do clima, do estado de espírito, ser Fiel é ser o amante mais puro ou o guerreiro mais feroz; o questionador mais voraz ou o tradicionalista mais convicto. É sempre no olho do torcedor que o espírito da declaração fala – clichês não deixam de ser verdades profundas no olhar e na voz do torcedor sincero.

O que resta, sempre, é uma lealdade tão ardente quanto a paixão que a gera. Eu não sei exatamente o que é ser corinthiano, mas sei que ser morno definitivamente é não ser corinthiano. Há encanto alvinegro suficiente no calor dos anos 90 ou no frio dos anos Tite. Ser fiel é passar de um ao outro, na vitória ou na derrota. Principalmente na derrota.

Pensando com mais cuidado, minhas principais lembranças do Timão na época de formação do meu corinthianismo são fracassos retumbantes. Meus dois primeiros clássicos na Saudosa Maloca foram 5 a 1 para tricolores, em 2005, e 3 a 0 para santistas, no ano seguinte. Foi no Pacaembu que vi Luizão, ídolo de infância, começando uma goleada humilhante. Foi lá que vi Zé Roberto com a 10 branca comandando o ataque contra meu time. Em ambos tive de afastar meu pai de brigas nas arquibancadas mistas. Em ambos, senti impotência.

Foi tal impotência, bombada pelos fracassos recorrentes nos torneios sul-americanos, pela falta de estádio e até pelo polêmico título de 2005 que me fizeram entender um pouco do DNA Corinthiano: o sofrimento enviado ao corinthiano não é à toa e não é para qualquer homem. A falta de títulos paulistas de 54 até 77, a demora pelo primeiro título nacional em 90, e pelo primeiro título sul-americano, em 12, só se tornaram marcantes porque vieram precisamente do jeito que vieram.

Se há algo que aprendi com o Corinthians em todos estes anos é isso: poderíamos até hoje estar sem Libertadores, ou poderíamos ter passado 100 anos sem um título brasileiro. Ou, ainda, poderíamos ter ficado 40 anos sem título, de 54 até os gols de falta de Neto ou Marcelinho: o único resultado certo dessas hipóteses é que o fervor da nossa torcida cresceria de forma inimaginável.

Parafraseando Albert Camus, o que mais sei sobre moral e as obrigações do homem eu devo ao Corinthians. Ser corinthiano é fracassar e anular o fracasso no mesmo ato, graças à esperança que surge da dor. E quanto maior a dor de uma derrota, maior a paixão de vestir a camisa corinthiana na escola, na faculdade ou no trabalho do dia seguinte. Não há nada – nem título, nem vitória, nem golaço – que tire de mim a sensação de paz e força que foi usar o manto alvinegro na quinta feira posterior à eliminação contra o Flamengo de Vágner Love pela Libertadores de 2010.

Coisa semelhante só vi em místicos católicos como São João da Cruz ou Santa Teresa D’Ávila. O fardo nunca é leve – e nunca deixa de ser desejado, o que anula seu peso.

Dou aqui meus dois centavos: ser corinthiano é ter a plena e duradoura noção que alguém maior envia o sofrimento não por nos odiar, mas por nos amar. É o sofrimento que nos vincula a algo maior, além de nós mesmos. Ser corinthiano é transcender, é tocar a imortalidade mesmo sem nenhum mérito próprio – basta fracassar para se livrar da vaidade e do orgulho, o mesmo que a gente vê toda quarta e domingo em camisas coloridas pelo Brasil afora.

Ser corinthiano é ir além do próprio Corinthians e olhá-lo com eterna gratidão por isso.

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