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BLOG DO DELBON: Década dourada (2009-2019) – Os 10 maiores centroavantes

Hoje eu inicio no blog uma breve série de cinco rankings sobre os maiores jogadores que vestiram a camisa do Timão entre 2009 e 2019. A escolha dos anos é óbvia: dos títulos da equipe liderada por Ronaldo até hoje, nosso alvinegro viveu uma espécie de década dourada, semelhante aos anos 50 de Luizinho, Baltazar, Roberto, Cláudio e cia. e ao final dos anos 90 e início dos anos 2000, onde o Timão não passava um ano sem levar algum troféu.

(Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians)

A diferença, aqui, é a extensão e a importância das taças: uma discussão que dá pano para manga e que não cabe neste post. O que cabe é eleger e relembrar grandes figuras do Coringão que, seja com grande técnica ou com muita raça (ou ambos, nos melhores casos), honraram e marcaram seus nomes na história alvinegra.

Em vez de começar da defesa, começo pela camisa 9. O critério é também bem simples: meu gosto pessoal. Caso discorde, não se enfureça. Deixe quantos comentários quiser e relembre conosco o patrimônio e a história destes últimos anos dourados que esperamos que permaneçam nos vindouros anos 20.

(Foto: Divulgação/Ag. Corinthians)

#10 Kazim

Destoa, mas o motivo de sua presença é explicável: Corinthians 1 x 0 Avaí, 11 de novembro de 2017. O gringo da fiel nunca foi um primor técnico, mas nunca se acovardou em meio à chuva de críticas que sofria. Um dos 4 gols nos 37 jogos feitos entre 2017 e 2018 foi de suma importância: após a “final” contra o vice-líder Palmeiras e a vitória arrancada na raça contra Atlético Paranaense, na Arena da Baixada, o Timão tinha a chance de praticamente garantir o hepta em um jogo contra o Avaí em casa. Só tinha um problema: Jô, o craque do campeonato, estava suspenso e… o reserva era o pobre Kazim, reserva praticamente durante toda a competição.

Foi com o peito, na raça, que o turco-britânico deixou seu nome em um dos títulos nacionais mais improváveis da história do clube. Sua vida não foi longa nem tranquila no Parque São Jorge, mas deixou lá uma boa lembrança – além do marketing todo do sincero (quem duvida?) e emotivo jogador-torcedor do clube.

(Foto: Ag. Corinthians)

#9 Gustavo

O futebol tende a ser injusto. 2016 foi uma temporada tenebrosa após a saída de Tite para a Seleção. Do pacote comprado no início do ano para substituir a incrível equipe de 2015, ninguém vingou. No segundo semestre, Gustavo, artilheiro do Criciúma na série B, chegou em um ambiente pouco afeito às boas oportunidades: trocas de técnico, escassez de gols dos homens de frente e desorganização defensiva. Resultado: 9 jogos, zero gols e uma tatuagem precoce que virou piada pronta, ainda mais para quem carrega o maldito sufixo “gol” no nome.

Gustavo rodou, virou o maior artilheiro do Brasil em uma temporada – feito não alcançado por nenhum outro jogador na presente lista – e voltou a um Timão mais fresco, com técnico campeão de volta, equipe se conhecendo e pilares defensivos e ofensivos aparentemente sólidos. Resultado: 11 gols em 39 jogos na atual temporada e um título paulista onde foi importantíssimo na primeira fase. Pela idade e o potencial, pode alcançar muito mais pelo Coringão nos próximos anos e subir nesse ranking aqui. Não foi José Mourinho que rasgou elogios ao centroavante após o jogo contra o Racing?

(Foto: Reprodução)

#8 Luciano

A estreia de Luciano foi acachapante. Em dois jogos pelo Paulistão de 2014, marcou 4 gols e logo foi se firmando como boa opção ao centroavante titular, Paolo Guerrero. O ano era de transição, de formação de uma nova equipe que daria frutos só em 2015, mas ainda guardou para Luciano outra atuação marcante: contra o Goiás, pelo Brasileiro, marcou 3 gols em 11 minutos e se tornou o primeiro jogador a fazer um hattrick na então recém-inaugurada Arena.

O motivo da presença de Luciano aqui, contudo, foi sua participação crucial na campanha do Campeonato Brasileiro de 2015. Com a saída de Guerrero no início do torneio, a grande aposta de Tite era Vágner Love, que passou longe de corresponder: foram só 3 gols no 1º turno do torneio. Percebendo a queda de desempenho, antes mesmo de virar o turno Tite acabou por colocar Luciano de titular no clássico contra o São Paulo, no Morumbi. No empate de 1 a 1, o gol foi de Luciano. No jogo seguinte, contra o forte Sport de Eduardo Batista, Luciano marcou dois gols na vitória por 4 a 3. Na 19ª rodada, quatro dias depois, foram seus os dois gols da vitória corinthiana contra o Avaí, na Ressacada, por 2 a 1.

O segundo turno seria seu, não fosse uma lesão sofrida pela Copa do Brasil na Vila Belmiro. Love reassumiu o posto contra o Cruzeiro já marcando dois gols e o resto é história…mas, mesmo com oscilações e irregularidades, a canhota cirúrgica de Luciano deixou 24 gols em 94 partidas pelo Timão entre 2014 e 2016.

(Foto: Reprodução Youtube)

#7 Adriano

O imperador dispensa apresentações e também é óbvia a razão pela qual Adriano, de 8 jogos e apenas 2 gols com a camisa do Timão, estar aqui: Corinthians 2 x 1 Atlético, pela campanha do penta em 2011.

Longe da forma ideal, do entrosamento e da confiança de sempre, o eterno imperador de Milão, que chegou para substituir Ronaldo pelo menos em nome e marketing, fez um gol histórico na virada contra o Galo em uma dificílima partida no Pacaembu. Disputado ponto a ponto contra o Vasco, o campeonato de 2011 foi um dos mais emocionantes e importantes: dali saiu a semente do que viria a ser a melhor equipe do mundo no ano de 2012. Adriano pouco contribuiu na campanha inteira, mas sua canhota poderosa e precisa não deixou o Timão na mão quando foi requisitada. Com assistência de Emerson Sheik e explosão no Pacaembu, o histórico gol de Adriano o marcou na história do Timão – muito mais do que na história do rival tricolor, onde Adriano jogou muitos mais jogos e fez oito vezes mais gols.

(Foto: Reprodução Youtube)

#6 Boselli

Mauro Boselli mal conseguiu se firmar como titular do Timão nesta sua primeira temporada, mas está na metade desta lista por um fator claro: salvo os dois primeiros nomes do ranking, é de Boselli a maior técnica de um centroavante nestes 10 anos. E quem discordar está errado, sinto dizer. Eu sei que é uma afirmação discutível para quem discorda, mas Boselli tem uma técnica tão apurada que suas atuações – em uma equipe paupérrima de opções ofensivas – permanece sendo uma aula de, digamos, “como ser um centroavante”: leitura de jogo, pensamento rápido, jogo em dois toques, pivô, domínio, técnica apurada, posicionamento e finalização. É um Dennis Bergkamp latino, se quiserem uma comparação hiperbólica a ser cuspida por quem me achar maluco. É verdade que o argentino não está mais no auge dos tempos de Estudiantes – aquele Estudiantes de Verón que fez frente ao Barcelona de Xavi, Messi e Iniesta – ou de León, onde marcou inacreditáveis 130 gols. Porém, lúcido e participativo, Boselli, como Gustavo, tem grande potencial para se tornar um artilheiro inesquecível do Timão – só falta combinar com comissão técnica e equipe.

(Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians)

#5 Vágner Love

Love tem história antiga com o Timão. Em 2005, na época da MSI, por muito pouco não chegou ao galáctico Corinthians para formar a dupla de ataque com Tevez. Por precipitações, o negócio melou. Antes disso, tinha sido revelado pelo nosso arquirrival. Depois disso, passou pelo Flamengo e marcou o fatídico gol da eliminação do Timão da Libertadores de 2010, ano do nosso centenário. Cinco anos depois, chegou ao alvinegro vindo da China, cercado por uma desconfiança que viria a se justificar: fora de forma e em má condição técnica, fez um péssimo primeiro semestre.

Mas embalou no segundo e foi o artilheiro do Timão na campanha do hexa. Não só marcou 16 gols na temporada como fez parte da equipe mais vistosa do Corinthians nestes dez anos dourados. Saiu no fim do ano, mas ainda voltou no início de 2019 em melhor forma do que em 2015 e, revezando com Gustavo e Boselli, fez o golaço do título paulista que marcou o tricampeonato estadual do time de Carille.

Com presença marcante em dois títulos, Vágner Love pode até perder sua cota de gols, dar algumas caneladas aqui e acolá, mas nunca deixou de se esforçar e, não raramente, acaba por marcar certos golaços típicos de seu estilo de jogo veloz e vertical.

(Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians)

#4 Jô

Jogador mais jovem a vestir a camisa do Corinthians e formado no extinto terrão do Parque São Jorge, Jô saiu do clube após ser campeão paulista em 2003, como reserva de Liédson, e brasileiro em 2005, como reserva de Tevez e Nilmar. Voltou, após rodar o mundo e virar ídolo no Atlético, para conquistar os mesmos títulos, mas agora com protagonismo incontestável no mágico ano de 2017.

Alto e bom cabeceador, Jô, mais veterano, aprimorou sua técnica e seu estilo de jogo: pivô essencial para segurar a bola e fazer Rodriguinho e companhia chegarem à frente, também foi de suma importância seu repertório ofensivo. Velocidade (como no gol contra o Flamengo), oportunismo (como no gol contra o Botafogo), elasticidade (como no gol contra o Santos) e poder de decisão (como no gol de pênalti que selou a vitória na “finalíssima” contra o Palmeiras) foram alguns dos recursos que fizeram de Jô o craque do Brasil no ano de 2017 – e primeiro artilheiro nacional com a camisa do Coringão.

(Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians )

#3 Guerrero

Recomendado pelo filho de Tite, Paolo Guerrero era um jogador de careira consolidada na Alemanha, mas de pouca fama no Brasil. Por mais que alguns poucos soubessem de sua capacidade, foi no Corinthians que sua exposição tomou proporções mundiais, literalmente: foi dele os dois gols no Mundial de Clubes de 2012. Somando-se ao título no Japão a Recopa e o Paulista de 2013 – e mais a Bola de Prata de 2014, primeiro prêmio entregue a um atacante corinthiano desde Tevez, em 2005 – Guerrero garantiu seu lugar cativo na história corinthiana, por mais polêmica que tenha sido sua saída. Mais importante, portanto, é lembrar de sua jornada desde sua chegada. Encarregado de ser o 9 do Mundial, após uma conquista de Libertadores sem centroavante fixo, Guerrero não decepcionou. Entrosando-se com a equipe de Tite em pouco mais de uma dezena de jogos, fez tratamento durante a longa viagem para poder jogar contra Al-Ahli e Chelsea. Valeu (muito) o esforço. Até sair em 2015, Guerrero se tornou o maior artilheiro estrangeiro da história do clube, com incrível média de 54 gols em 130 jogos (0,41).

(Foto: Nelson Antoine / Fotoarena)

#2 Liédson

Liédson talvez seja o jogador mais subestimado dessa lista. Quem lembra de seu futebol nunca deixa de falar com admiração e saudade – mas poucos lembram de primeira. Talvez seja o fato do Levezinho se situar entre Ronaldo, que dispensa comentários, e Guerrero, que fez o gol mais importante da história do clube para os torcedores mais jovens (não é o meu caso). Talvez, quem sabe, seja seu protagonismo em um Campeonato Brasileiro que ficou, curiosamente, ofuscado pelos títulos internacionais ganhos em seguida, sem a participação efetiva dele, já em decadência técnica. Talvez, e a história nos dá lá seus exemplos, seja pura e simples falta de marketing.

O fato é que Liédson foi um dos jogadores mais bravos, técnicos e importantes da história do clube. Em um período sombrio pós-Tolima, seguido pela aposentadoria de Ronaldo e saída de Roberto Carlos, Jucilei e Bruno César – todos os três destaques do clube em 2010 – Liédson voltou ao clube depois de fazer uma lindíssima história no Sporting de Portugal. A responsabilidade não era fácil: substituir nada mais nada menos que Ronaldo e fazer a equipe de Tite, um técnico que tinha de matar três leões por dia para continuar no clube, funcionar ofensivamente.

E Liédson o fez.

E o fez de forma gloriosa: conduziu o clube ao vice-campeonato paulista antes de ser o artilheiro do pentacampeonato com 12 gols. Destes 12, muitos foram marcantes: o golaço de voleio (e a jogadaça feita no primeiro gol) contra o Grêmio de Renato Gaúcho, em pleno Olímpico, que garantiu a virada por 2 a 1;  o hattrick espetacular na épica goleada contra o São Paulo, no Pacaembu, por 5 a 0; o oportunismo contra Botafogo e Atlético Mineiro, ambos fora de São Paulo; os dois golaços contra o Flamengo de Ronaldinho Gaúcho, no Pacaembu, para marcar a virada por 2 a 1 contra o então concorrente ao título; o golaço de cabeça (sim, isso existe) contra o Atlético Mineiro, empatando o jogo a ser virado por Adriano; e o quase gol do título contra o Figueirense, em uma aula de posicionamento ofensivo e cabeceio.

Liédson fez muito pelo clube nesse 2011 cheio de desconfiança a cada fim de semana. Era o ano do tudo ou nada. E foi de tudo – ou melhor, do começo de tudo – graças a uma reformulação de espírito da equipe liderada tecnicamente por um camisa 9 letal e silencioso.

Foto: Reprodução

#1 Ronaldo

Falar do fenômeno é chover no molhado. Eu gostaria de aproveitar o espaço apenas para situar um cenário poucas vezes lembrado e suscitar um leve tema para debate: há Campeonatos Paulistas e há Campeonatos Paulistas. Em 2013, na esteira dos títulos ganhos em 2011 e 2012, o Paulistão vencido contra o Santos de Neymar era algo quase como certo – mesmo havendo riscos na semifinal e na própria final. Os campeonatos de 2001 e 2003, por exemplo, têm muito menos peso do que os de 1995, 1999 e 2018, conquistados contra o arquirrival. 2009, que é onde eu quero chegar, tinha um gostinho especial pelo seguinte: o último título estadual havia sido 2003. Nesses seis anos, o Corinthians não só caíra muito – além do literal rebaixamento, a moral da equipe no cenário nacional tinha ido para ao brejo com a malfadada parceria com a MSI e as páginas policiais decorrentes. – como também, por contraste, perdera o posto de campeão dos anos 98/03 para o São Paulo, então tricampeão brasileiro que havia, por mais de quatro anos, mantido um tabu incômodo contra nosso time.

2009, como ano da volta após o calvário da série B, foi o ano da redenção. Mas poderia não ter sido. O foi porque a equipe de Mano Menezes – talvez só menos vistosa do que o Timão de 2015 – tinha um entrosamento sensacional e, principalmente, um centroavante que está no top 10 de maiores jogadores da história do jogo. Com Ronaldo, o Corinthians ganhou uma fortaleza em campo, recuperou seu respeito no cenário estadual e nacional e quebrou a série hegemônica do São Paulo de Muricy Ramalho. Seus 35 gols em 69 jogos – um gol a cada dois jogos, praticamente – foram símbolos de uma instituição recuperada e sólida. Em resultados, isso significou um Campeonato Paulista invicto – fato geralmente subestimado, mas de importância tremenda – e uma Copa do Brasil incontestável.

E sobre os gols, há muito que se falar, mas pouco espaço. Melhor mostrarmos com saudosa lembrança e gratidão:

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