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BLOG DO DELBON: DÉCADA DOURADA #5 – Os 10 maiores laterais

Na esquerda ou na direita, nosso Timão foi muito bem servido nesta década. Tem para todos os gostos: ofensivo, defensivo, artilheiro, tático…e o critério? Bom, o critério é extremamente matemático, objetivo e preciso: minha lembrança, minha paixão e minha preferência. E qual é a sua?

Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

#10 Danilo Avelar
Avelenda, Avelenda…até aqui, janeiro de 2020, foram 92 jogos com a camisa do Timão e 9 gols – uma média bem boa para um lateral. Junta-se a isso um título paulista, com gol na final, e mais o gol da vitória no Derby em pleno Porcódromo e Avelar, de criticadíssimo pela torcida – com certa justiça – se tornou Avelenda, apenas para alternar boas e más atuações ao longo do ano, tal como todo o Corinthians de Carille em 2019. Seu estilo defensivo destoa da maioria dos nomes dessa lista. O que falta em velocidade, ultrapassagem e ofensividade sobra em estatura, impulsão e posicionamento defensivo. É o suficiente para a titularidade na lateral esquerda? Nessa nova década saberemos.

Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians

#9 Sidcley
De volta ao Timão, Sidcley tem a chance de continuar sua breve e bonita história com nosso manto. Seus 26 jogos e 3 gols realizados no primeiro semestre de 2018 foram suficientes para não o deixar na última posição do ranking, principalmente devido ao seu estilo ofensivo e incisivo que sempre agradou a Fiel. Campeão Paulista titular contra o Palmeiras em 18, tem a chance agora de se firmar em melhores posições na história do clube.

Foto: Reprodução

#8 Roberto Carlos
Ídolo do rival e talvez o maior lateral esquerdo dos anos 2000 no mundo, Roberto Carlos chegou ao Timão no ano do centenário e reencontrou Ronaldo, ex-companheiro de Real Madrid e Seleção. Jogou apenas uma temporada e mais os primeiros jogos de 2011, onde marcou 5 gols em 64 jogos. Não é pouca coisa para quem chegou ao clube com 36 anos. Com técnica ainda exímia, acabou perdendo um pouco o fôlego na reta final do Brasileirão, principalmente devido à mudança de esquema feita por Adílson Batista. Ainda assim foi eleito o Bola de Prata em 2010 e continuou no clube até o fatídico jogo contra o Tolima, onde não participou por uma lesão e uma história muito mal contada. Roberto Carlos sempre honrou, de toda forma, a camisa corinthiana em 2010. Sua falta de títulos fica, mas a memória de grandes lances, como o golaço olímpico contra a Portuguesa em pleno Pacaembu, faz o corinthiano se orgulhar de ter visto um craque vestindo sua camisa.

Foto: Reprodução

#7 Uendel
Um dos mais subestimados laterais que passaram pelo Timão recentemente – e também detentor do mau agouro que vem com seu nome, para torcedores que lembram os anos 05/07 do Timao – Uendel foi campeão brasileiro em 2015 sendo peça fundamental no esquema de Tite. Entre 2014 e 2016, fez 116 jogos e marcou 6 gols. Nesse período, atuações memoráveis contra o Flamengo, no Maracanã, em vitória por 3 a 0, e Coritiba, na Arena, em vitória por 2 a 1, são geralmente as mais lembradas pelos torcedores como amostras da raça e da técnica do jogador. Se não é mais lembrado é porque Uendel saiu repentinamente para jogar a segunda divisão pelo Inter, no início de 2017, e também por ter atuado entre os dois maiores laterais de sua posição na década. Um deles, inclusive, já vinha pedindo passagem ainda em 2015, quando o próprio Uendel sofrera uma lesão.

Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

#6 Guilherme Arana
Hoje, Arana tem apenas 22 anos, mas já bicampeão brasileiro pelo Corinthians, campeão paulista e homenageado máximo do estádio do principal rival do clube. Não é por menos. Nos 89 jogos com o manto alvinegro, a cria do Terrão sempre mostrou personalidade, ofensividade e muita habilidade. Ora distribuindo canetas ao estilo Renato Augusto, ora cruzando a bola com perfeição para consagrar Jô, o jovem lateral já firmou seu nome na história do clube. As esperanças de sua volta da até aqui malfada passagem europeia sempre fazem o torcedor corinthiano se coçar. Pelo pouco tempo que jogou aqui e pela pouca idade, há muito potencial para Arana se tornar um ícone, caso volte algum dia com um físico de atleta.

Foto: Reprodução

#5 Edenílson
Originalmente segundo volante, o gaúcho Edenílson foi trazido por Tite do Caxias ainda em 2011, para atuar como reserva de Paulinho e ser o típico jogador box to box. Mas enquanto Paulinho jogava inteiro e não dava espaço, Alessandro, já veterano, descansava um jogo ou outro, quando não se lesionava. Edenílson aproveitou as oportunidades na lateral-direita e chegou a ser titular na primeira fase da Libertadores de 2012. Ágil, regular e de boa chegada, foi um reserva de luxo e confiável na época dos maiores títulos do Timão. Quando chegou a hora de se firmar após a aposentadoria de Alessandro, foi vendido no início de 2014 para o Genoa, da Itália, abrindo espaço para o recém-chegado Fágner. Pelo Timão fez 135 jogos e 4 gols.

Foto: Reprodução

#4 André Santos
Sim sim…2009 não faz parte da década, mas eu estou roubando neste critério desde o título do nosso primeiro ranking. O motivo é simples: em 2009 é que começaram os títulos memoráveis de uma nova era do clube, simbolizada basicamente por Ronaldo e Mano Menezes. E em 2009, ou melhor, no primeiro semestre daquele ano fenomenal, Ronaldo dividia o protagonismo com alguns jogadores. Elias, Douglas e…principalmente, André Santos.

Vindo do Figueirense com Chicão para disputar a série B em 2008, o habilidoso lateral, na temporada e meia que ficou no clube, foi memorável. Seus impressionantes 24 gols em 98 jogos dão uma ideia do raio que era André Santos pela esquerda. Tal como outros grandes jogadores que pouco jogaram com a camisa do clube (Dida e Gamarra, pensando de bate-pronto), André marcou sua época com a camisa do Corinthians. Marcou gols em finais (contra Santos e Internacional), foi convocado pela Seleção sagrando-se campeão da Copa das Confederações e deixou saudade quando partiu para o Fenerbahçe, da Turquia. Driblador, ofensivo e inteligente, não é exagero dizer que André Santos foi o jogador mais técnico da lateral esquerda nesta lista – e daí minha insistência em incluí-lo, mudando décadas ao meu bel prazer corinthiano.

Foto: Reprodução

#3 Fábio Santos
O outro Santos da lista faz um contraste curioso com André Santos. Enquanto o primeiro era incisivo, driblador e artilheiro, Fábio Santos, vindo do Grêmio para ser reserva de Roberto Carlos, era tático, posicional e mais defensivo. Enquanto André durou menos de 100 jogos, Fábio durou mais de 200. Enquanto todos, à época, achavam que André um dia voltaria para se tornar um dos maiores da história recente do clube, Fábio, que todos achavam se tratar de um refugo ou uma mera opção, de fato se tornou um dos maiores. A história não mente.

Campeão de tudo no Corinthians de Tite e homem de confiança do treinador, o ex-camisa 6 do Timão entre 2011 e 2015 foi um jogador histórico. Inteligente, bom na cobertura e técnico no seu jogo cadenciado, Fábio foi um lateral que pouco lembrava os grandes da história do clube. Mas ganhou mais do que todos eles – Wladimir, Sylvinho, Kléber e cia., pensando nos últimos 50 anos. Forte mentalmente e calmo dentro de campo, é um dos símbolos de um Corinthians dono do Brasil, da América e do Mundo, com equilíbrio e brio tipicamente alvinegros.

Foto: Reprodução

#2 Alessandro
Quem não se lembra do seu gol no Derby pelo Paulista de 2011, no Pacaembu, pós-eliminação par ao Tolima, quando desabafou toda a raiva e o ardor que o torcedor corinthiano sentia? Alessandro não foi o mais técnico nem chegou perto de ser o mais completo de sua posição nos últimos tempos, mas talvez seja o maior nome nas laterais corinthianas desde Sylvinho em termos de representatividade. Capitão que ergueu a taça do Brasileiro, da Libertadores e do Mundial, é o maior símbolo, junto com Chicão, do time que foi do inferno ao céu em quatro anos. Vivendo a reestruturação total do clube, veio para jogar a segunda divisão em 2008 e se aposentou com nossa camisa como campeão de tudo em 2013. Nos seus 258 jogos e 4 gols, Alessandro virou não o Alessandro do Flamengo, do Grêmio, do Cruzeiro, do Palmeiras ou do Santos, clubes pelo qual passou com relativo ou nenhum sucesso. Alessandro hoje e para sempre será o Alessandro do Corinthians, guerreiro, imbatível e raçudo. Nosso inesquecível capitão.

Foto: Rodrigo Cocca/Ag. Corinthians

#1 Fágner
Confesso uma história pessoal: quando Fágner jogou seus primeiros jogos pelo clube, em 2006, sob o comando de Émerson Leão, eu sabia, com toda a pretensão dos meus 14 anos de idade, que ali havia uma cria de ouro do nosso Terrão. Às vezes isso se confirma, outras não. Com o então recente histórico pouco louvável de Coelho e Édson, eu já havia apostado boas fichas no jovem Eduardo Ratinho, que fez boa campanha na bagunça que fora 2005. Mas Ratinho não vingou no futebol como mostrava que vingaria, mesmo tendo oportunidades e rodando o mundo. Fágner, quando abruptamente foi embora, me gerou um tremendo mal-estar no meu fanatismo corinthiano latente: vingando ou não, sua história deveria ser contada no clube onde foi criado.

O tempo passou, Fágner foi se encontrar e se firmar no Vasco e lá, em 2011/2012, deu muito trabalho para Fábio Santos, Ralf, Tite e companhia: marcou até gol de cavadinha em São Januário contra o nosso Júlio César.

E o tempo passou de novo. E Fágner voltou – com certa desconfiança – ao clube que o lançou ao futebol. O resto é história.

Mais de 300 jogos pelo Timão, titularíssimo da lateral direita no tricampeonato paulista e no bicampeonato brasileiro da segunda metade da década e convocado para a Copa do Mundo de 2018, Fágner é hoje o segundo maior símbolo do clube (Cássio é hours-concours). Seu estilo, sempre ofensivo e de extrema técnica, se completou com os ensinamentos de Tite, em 2015: tornou-se um jogador completo, ofensivamente e defensivamente. Forte na marcação – nunca desleal como uma imprensa suja ama pintá-lo – e peça essencial na transição ofensiva, Fágner é aquele que mostra ao torcedor mais leigo como o jogo é jogado. Faz o passe difícil parecer simples, faz a vontade parecer fácil de vir à ponta da chuteira e faz o espírito corinthiano, acima de tudo, se materializar nos 90 minutos em que está em campo.

Melhor lateral-direito da história do clube pós-Super Zé, Fágner, ainda novo, tem tudo para quebrar mais recordes e firmar seu nome como uma lenda corinthiana. Por enquanto, é um dos nossos heróis em campo, símbolo do que o corinthiano mais gosta: técnica refinada aliada à inteligência e raça. Poucos são os eleitos a encarnarem nosso espírito.

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