Na noite desta quarta-feira, 19, o Corinthians fará sua estreia na Copa Libertadores! O Timão visita a Universidad Central (VEN), às 21h30 (de Brasília), pelo jogo de ida da segunda fase preliminar da competição. O jogo acontece no Estádio Olímpico de Caracas, estádio tradicional do país sul-americano por onde o Timão conquistou um importante título no passado, há exatos 72 anos: a Pequena Taça do Mundo de 1953.
Era uma época em que o calendário das competições era muito mais flexível, o que permitia aos clubes complementarem seus compromissos oficiais com a realização de turnês para a disputa de jogos e torneios amistosos. Muitos destes torneios eram organizados por clubes anfitriões, mas outros possuíam importância maior, por contarem com a participação de federações nacionais e, em alguns casos, o apoio de dirigentes de confederações continentais ou mesmo da própria FIFA.
Um pouco de contexto
Tais competições surgiam, inclusive, para preencher lacunas competitivas causadas pela ausência de torneios continentais oficiais. Na Europa, essa prática era muito antiga: o primeiro registro de uma “competição” internacional é o Football World Championship, disputado entre equipes da Inglaterra e Escócia entre 1887 e 1902 e que se propunha eleger um “campeão mundial de clubes”.
Ao longo das décadas, outros torneios surgiram, sempre dentro do Velho Continente: a Coupe Van der Straeten Ponthoz entre 1900 e 1907; a Coppa Lipton entre 1908 e 1911; a Coupe Jean Dupuich entre 1908 e 1925; a Coupe des Nations em 1930; e, posteriormente, competições como a Mitropa Cup e a Copa Latina, criadas em 1927 e 1949 respectivamente e que, junto com o Tournoi de Paris de 1948 serviram de inspiração para a criação da Copa dos Campeões por parte da UEFA.
Já na América do Sul, tal movimento era restrito inicialmente aos clubes argentinos e uruguaios, que disputaram algumas competições entre si como a Cup Tie Competition entre 1900 e 1906; a Copa de Honor Cusenier entre 1905 e 1920; e a Copa Aldao entre 1916 e 1947. Apenas no ano seguinte, em 1948, surgiria a primeira competição aberta a mais países: o Campeonato Sul-Americano de Campeões, considerado precursor da Copa Libertadores.
O que se seguiu então foi a popularização deste modelo de “copa de campeões”, com diversas versões sendo criadas com o patrocínio de confederações nacionais. No Brasil, a CBD organizou quatro torneios em sequência: a Copa Rio Internacional em 1951 e 1952, o Torneio Octogonal Rivadavia Correia Meyer em 1953 e o Torneio Internacional Charles Miller em 1954 – vencido pelo Corinthians, inclusive. E um de seus principais concorrentes à época foi, justamente, a Pequena Taça do Mundo.
A Pequena Taça do Mundo
O torneio venezuelano, cujo nome oficial era Copa Marcos Pérez Jiménez, em homenagem ao presidente local, foi criado em 1952 por empresários locais com o apoio da federação local, que garantia que a competições seguisse as normas técnicas da FIFA e da Conmebol. Desde seu início, contou com grande interesse de clubes europeus, especialmente os espanhóis como Real Madrid, Espanyol, Barcelona e Valencia, que preferiam disputá-lo ao invés do seu concorrente brasileiro.
Times do Brasil também era frequentadores da competição. A predileção dos venezuelanos era por equipes do Rio de Janeiro, então capital nacional e que, por isso, dava ao seu campeão estadual um status informal de “campeão brasileiro”. Em 1953, porém, o Vasco recusou convite para disputar o torneio, e o Corinthians foi convidado a substitui-lo, aceitando a proposta e um cachê de um milhão de cruzeiros, livre de despesas.
O time era o campeão vigente do Campeonato Paulista e do Torneio Rio-São Paulo naquele momento, mas não era considerado o favorito para a disputa. Esse papel cabia ao poderoso Barcelona (ESP), time do astro húngaro László Kubala e então bicampeão espanhol e também vencedor da Copa Latina, o mais importante torneio europeu da época. Os outros times do quadrangular eram a Roma (ITA) e a Seleção de Caracas (VEN).
No entanto, o campo falou diferente e, nas seis partidas disputadas no mesmo Estádio Olímpico de Caracas onde o Time do Povo atua hoje, sobressaiu o futebol brasileiro, com o Corinthians vencendo todas os duelos: 1 x 0 e 3 x 1 contra a Roma, 2 x 1 e 2 x 0 contra o Caracas XI e 3 x 2 e 1x 0 contra o Barcelona. Brilhou a estrela de Luizinho, artilheiro do torneio com cinco gols ao lado de Kubala.
A exibição corinthiana encantou os organizadores do torneio, que chegaram a fazer um convite para que o time permanecesse na Venezuela para disputar outra competição, recebendo para isso uma premiação adicional de US$ 5 mil. No entanto, a delegação recusou, voltando ao Brasil na data programada e sendo recebida no desembarque com festa por uma multidão de torcedores, conforme relatam os jornais da época.
Tradição internacional
Vale lembrar que a conquista da Pequena Taça do Mundo não foi o primeiro feito do Corinthians no exterior em sua história. Em 1951, o time foi convidado a disputar um quadrangular em Montevidéu (URU) que celebrava o aniversário da vitória daquele país na Copa do Mundo sobre o Brasil no ano anterior. Ao vencer o combinado uruguaio por 4 x 1 na semifinal, o Timão foi recebido com festa, por “estragar” a festa adversária.
No ano seguinte, ainda, o Alvinegro realizou excursão à Europa, visitando oito países e derrotando grandes clubes e seleções nacionais, inaugurando ainda o Estádio Olímpico de Hensinki na Finlândia. Ao todo, foram 12 vitórias, três empates e apenas uma derrota na estreia, rendendo ao clube o recebimento da Fita Azul do Futebol Brasileiro, concedida apenas aos clubes que honrassem o país no exterior.
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