Na noite da última terça-feira (28), durante a partida entre Corinthians e Boca Juniors, na Neo Química Arena, pelas oitavas de final da Conmebol Libertadores, três torcedores do clube argentino foram flagrados fazendo gestos racistas para a torcida corinthiana. Eles foram detidos e encaminhados ao Departamento de Operações Policiais Estratégicas, na Zona Oeste da capital. Dois deles pagaram fiança e foram liberados na tarde desta quarta-feira (29).
Sebastián Palazzo foi acusado de injúria racial (por imitar um macaco) e Federico José Ruta, de racismo (fez uma saudação nazista). Cada um deles pagou uma fiança fixada em R$20 mil para responder ao processo em liberdade. Já o terceiro torcedor, José Lisa Raga, argentino que reside no Brasil e também imitou um macaco, não conseguiu a quantia e foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, onde permanece preso.
“Três homens foram presos em flagrante, dois por injúria racial e um por racismo, na noite desta terça-feira (28) em um estádio de futebol, em Itaquera, zona leste da capital. Os autores foram conduzidos à sede da 6ª Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE), onde o caso foi registrado. Eles permanecem à disposição da Justiça na carceragem do DOPE”, informou a Secretaria da Segurança Pública em nota divulgada antes do pagamento da fiança.
Curiosamente, o torcedor flagrado fazendo uma saudação nazista (veja o vídeo aqui), que inicialmente seria enquadrado por apologia ao crime – inafiançável – acabou liberado após pagar fiança e responderá por racismo, segundo informado pelo representante da Defensoria Pública do Estado de São Paulo ao GE. O argentino chegou a alegar que estava mandando beijos para a torcida alvinegra.
Além desses, outros três torcedores do Boca foram detidos no estádio e levados ao Juizado Especial Criminal (Jecrim), mas acabaram liberados em seguida. Há, ainda, um argentino que não foi localizado pela polícia após ser filmado e denunciado por corinthianos.
Ligação institucional
De acordo com o promotor de Justiça do Jecrim, Roberto Bacal, um dos presos acusado de injúria racial, o argentino Sebastián Palazzo, mencionou o fato de ter sido dirigente da equipe auriceleste. O Boca Juniors não confirmou a informação, no entanto o nome dele consta no site oficial do clube, na página do corpo diretivo, como assessor da Mesa de Representantes.
Reincidentes
Embora condenáveis, os gestos racistas são frequentes nos confrontos entre Corinthians e Boca Juniors. Torcedores do clube argentino foram flagrados cometendo tais atos nos dois encontros das equipes pela fase de grupos da Libertadores. Um deles chegou a ser detido na primeira partida em Itaquera, mas foi solto após o Consulado da Argentina pagar fiança.
Recentemente, a Conmebol puniu o Boca Juniors em razão dos atos perpetrados pelos torcedores na fase de grupos. A entidade aplicou uma multa de 100 mil euros (R$ 554 mil reais na cotação atual) e determinou que o clube realize campanha antirracista na partida da volta contra o Timão, que será disputada na La Bombonera, na próxima terça-feira (05).
A confederação ainda advertiu os xeneizes que “caso seja reiterada qualquer infração à disciplina esportiva, de igual ou similar natureza, a CONMEBOL poderá determinar o fechamento total ou parcial do estádio para sua próxima partida em casa”.
Corinthians repudia novos atos racistas na Neo Química Arena
Ao tomar conhecimento sobre os recentes episódios de racismo e injúria racial praticados por torcedores do Boca Juniors no estádio alvinegro, o Corinthians se posicionou novamente contra a conduta dos adversários. O Timão já havia cobrado uma atitude da Conmebol anteriormente e não aprovou a punição, considerada branda, aplicada ao clube argentino.
“O Corinthians repudia veementemente os atos racistas que envolveram torcedores argentinos na Neo Química Arena nesta terça-feira (28), durante o jogo contra o Boca Juniors pelas oitavas da CONMEBOL Libertadores. Todos foram prontamente conduzidos ao Jecrim do estádio.
Estes comportamentos não serão tolerados. Dois dos torcedores foram enquadrados por injúria racial. A eles foram aplicadas fianças para liberação.
Fiel à sua história de luta, o Corinthians procederá novamente às queixas cabíveis – o que faremos sempre, até que não seja mais necessário”, informou o clube em nota publicada nas redes sociais.
Por sua vez, o Boca Juniors não fez nenhuma menção à prisão dos torcedores no jogo da última terça-feira. Antes do confronto, a equipe argentina emitiu um comunicado a fim de conscientizar sua torcida, tanto para a gravidade dos atos racistas, quanto para as consequências que o clube pode sofrer.
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