Em 1975, a ONU oficializou o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. Originalmente, esta data simboliza a luta de mulheres operárias pela igualdade política e por melhores condições de trabalho, mas não deixa de ser também uma oportunidade para recordar e homenagear todas aquelas que fizeram e fazem a diferença na sociedade. No Corinthians, não poderia ser diferente.
As mulheres sempre desempenharam papel fundamental na construção da gloriosa história alvinegra. Desde 1910, quando um grupo de operários decidiu fundar um time de futebol para todos, elas estiveram presentes.
A costureira Antônia Perrone, esposa do fundador Raphael Perrone, era a responsável pelos uniformes da equipe e bordou, em 1913, o primeiro distintivo do Corinthians nas camisas. Mais tarde, a primogênita do casal se tornou conselheira do clube.
Na década de 1920, as mulheres se tornaram protagonistas em diferentes modalidades esportivas do Corinthians, que já contava com um departamento feminino próprio. Mais de trinta mulheres faziam parte do quadro associativo do clube, um número considerável para a época.
Do Parque São Jorge também surgiu a primeira mulher presidente de um grande time de futebol brasileiro, a saudosa Marlene Matheus, esposa do lendário ex-presidente Vicente Matheus. Dona Marlene dirigiu o Corinthians entre 1991 e 1993. Também foi vice-presidente social em 2007, membro do Conselho de Orientação (CORI) e participou ativamente da vida política do clube por mais de quarenta anos.
Entre presidente, diretoras, conselheiras, atletas, colaboradoras e associadas, o Timão também contou com uma mulher na vice-presidência do clube recentemente. Edna Murad ocupou o cargo no triênio 2018/19/20 e foi a principal responsável pela criação de um novo departamento, o de Esportes Radicais, além de participar ativamente de outros departamentos, como o de Responsabilidade Social e Cidadania.
Segundo pesquisas, as mulheres representam 53% da torcida do Corinthians. Um símbolo dessa presença feminina nas arquibancadas foi Elisa Alves do Nascimento, conhecida como Dona Elisa, ícone que inspirou gerações de torcedoras e figura carimbada em todos os estádios onde o Timão jogava.
Dona Elisa ganhou notoriedade no período entre 1954 e 1977, quando o Corinthians amargou o maior jejum de títulos de sua história. O nome dela está imortalizado em uma placa no Parque São Jorge.
A maior torcida organizada do Timão, Gaviões da Fiel, também conta com milhares de mulheres em seu quadro associativo. Dentre as quais, destacam-se figuras lendárias e fanáticas, como tia Dirce e tia Geni, que atravessou o mundo, aos 91 anos de idade, para ver o Corinthians ser campeão mundial no Japão em 2012.
Geni Santiago de Almeida, sócia nº 5.353 dos Gaviões, foi uma das precursoras femininas na festa das arquibancadas, na década de 1950. Sua casa, na Zona Leste de São Paulo, era toda decorada com pinturas e artigos relacionados ao time do coração. Madrinha da Velha-Guarda da agremiação, a saudosa tia Geni empresta nome à sala de acervo da torcida.
Nas décadas de 1960 e 1970, o Corinthians chegou a ser perseguido pela ditadura militar e pela antiga Comissão Nacional de Desportos (CND) ao tentar criar o primeiro time de futebol feminino profissional do país. A modalidade era proibida no Brasil e o clube foi obrigado a trabalhar com essas atletas na várzea para driblar o regime e a CND, sob pena de encerrar suas atividades.
Hoje, o Corinthians figura entre as melhores equipes de futebol feminino do mundo, empatado com o Real Madrid, além de ser o único clube não-europeu no ranking da Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS).
Personalidades brasileiras nos campos da arte, da política, do esporte e da cultura também já declararam seu amor pelo Timão. Elis Regina, Leci Brandão, Rose Nogueira, Marília Gabriela, Milly Lacombe, Luiza Erundina, Erika Palomino, Eva Wilma, Amelinha Teles, Alessandra Negrini, Hortência, Fofão, Daiane dos Santos, Marta, Rayssa Leal, Milene Domingues, Paula Lima e Negra Li são alguns exemplos.
Na década de 1980, a corinthiana Rita Lee, ao lado de Sócrates, Casagrande, Wladimir e cia, foi a voz feminina na campanha pelas Diretas Já, com a canção “Vote Em Mim”. E viva a Democracia Corinthiana!
Todas essas notáveis alvinegras representam outras milhões de torcedoras que diariamente trabalham, vibram, torcem, amam – acima de tudo – e contribuem para que o Corinthians seja aquilo que de fato nasceu para ser: o verdadeiro Time do Povo.
Hoje e sempre, respeita as minas!
Todas as mulheres da Central do Timão
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