O técnico corinthiano Vanderlei Luxemburgo disparou contra o esquema de apostas que surpreendeu o futebol brasileiro nas últimas semanas. O episódio ficou conhecido como Operação Penalidade Máxima e vem sendo investigado pelo Ministério Público de Goiás, que já tornou réus 16 pessoas, sendo sete atletas – nenhum do Corinthians. Para o treinador, “quem tiver que se ferrar, que se ferre” no caso.
“Algumas coisas dá para falar externamente, trabalhando em prol do futebol brasileiro. Eu estou achando ótimo isso (investigação do MP-GO) acontecer. Quem tiver que se ferrar, que se ferre. Essa é a grande realidade. Não tem como você preservar alguém que faz coisas erradas e prejudica todo um processo do futebol“, declarou Luxemburgo, durante entrevista coletiva no Nilton Santos na última quinta-feira, 11.
“Estou achando ótimo. E quem fez bobagem, segura sua onda. Não vejo nenhum problema nisso (investigação), não, até porque precisa moralizar. Essa coisa ficou muito vulnerável. Quem não presta, não presta. Bota para fora, e vamos moralizar as coisas que estão aqui.”
Luxemburgo, vale lembrar, é garoto-propaganda de uma casa de apostas. E para o técnico, as “bets” não são o problema, e sim quem utiliza as plataformas para ganhar dinheiro sujo. O treinador também acredita que esse esquema de manipulação de resultados vai chegar “em outros setores” do futebol.
“O problema não está nos donos dos bets (casas de apostas). O problema está na relação, onde você fica vulnerável. Vai chegar em outros setores do futebol e tem que punir todo mundo, doa a quem doer. Só pode deixar que o dinheiro chegue limpo. Se tiver alguma falcatrua, alguém fazendo alguma situação… Por isso sempre fui negativo em relação à mala-branca e mala-preta”, finalizou.
Vale destacar que, antes mesmo de a imprensa tornar pública a investigação do MP-GO na Operação Penalidade Máxima, o Corinthians já se preocupava com o tema. De acordo com o diretor jurídico Herói Vicente, a área de compliance do clube previu, “meses atrás”, uma seção específica sobre esquema de apostas em seu novo código de conduta. O assunto aguarda aprovação dos órgãos internos do Timão.
Entenda o que é a Operação Penalidade Máxima
Uma nova denúncia sobre manipulação de resultados no futebol brasileiro foi apresentada pelo Ministério Público de Goiás. O órgão investiga jogos das Séries A e B do Brasileirão de 2022, além de partidas dos campeonatos estaduais de 2023. Os clubes e as casas de apostas são tratados como vítimas no caso.
Pelo menos 20 jogos vêm sendo analisados pelo MP. A nova denúncia foi iniciada a partir de busca e apreensão de equipamentos em fases anteriores da Operação Penalidade Máxima. A Justiça já tornou réus 16 pessoas.
Os casos investigados envolvem apostas para lances variados, como punições com cartões, amarelos ou vermelhos, e pênaltis cometidos. O apostador Bruno Lopez de Moura é visto pelo MP como líder da quadrilha no esquema de manipulação de resultados. Ele já havia sido detido na primeira fase da Operação Penalidade Máxima.
Diversos jogadores de, sobretudo, clubes da Série A vêm sendo apontados nos últimos dias como participantes do esquema. Entre eles, estão os zagueiros Eduardo Bauermann (Santos) e Vitor Mendes (Fluminense), o lateral-direito Nino Paraíba (América-MG), o lateral-esquerdo Pedrinho (Athletico-PR), o volante Richard (Cruzeiro), o meio-campista Nathan (Grêmio) e os atacantes Dadá Belmonte e Matheusinho (ambos do América-MG).
Na última quarta-feira, 10, o ge.globo noticiou que o atacante Nathan Palafoz foi citado por apostadores como um possível participante do esquema em 2022, quando ainda tinha contrato com o Corinthians e estava emprestado ao Avaí. O centroavante teria recebido R$ 15 mil como um “sinal” para sofrer cartão amarelo contra o Athletico-PR, em setembro, mas não teria cumprido o acordo e teve de devolver o dinheiro.
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