- Por Nágela Gaia / Redação da Central do Timão
Neste sábado (27), o Derby County emitiu nota de repúdio aos ataques de racismo sofridos pelo centroavante turco ex-Corinthians, Colin Kazim-Richards. Segundo o atleta, um suposto perfil “fake” foi criado no Instagram para atacá-lo racialmente.
Kazim tem sido destaque em seu time, fazendo boas exibições e marcando gols. Por isso, supõe-se que o perfil que o ataca seja de torcedor de equipe adversária.
“O Derby County fica enojado ao saber das mensagens racialmente abusivas que Colin Kazim-Richards recebeu nas redes sociais durante a noite. Estamos com você, Colin”, escreveu o perfil do clube inglês no Twitter.
Na nota de repúdio, o Derby County revelou que Kazim teve que conversar com seus filhos pequenos para explicar porque ainda existem racismo e discriminação. O clube ainda afirmou que o fato foi denunciado às autoridades.
“O Derby County tem uma postura de tolerância zero à discriminação e ao comportamento preconceituoso e o abuso racial foi denunciado às autoridades competentes. Infelizmente, o abuso nas redes sociais está se tornando mais comum e é muito fácil para os indivíduos se esconderem atrás de uma conta. Isso não pode continuar”, afirmou.
Kazim, ex-atacante do Corinthians nasceu na Inglaterra e no início da carreira defendeu times do futebol inglês, onde acabou saindo por episódios de racismo. Em entrevista ao jornal Mirror, em 2017, o atacante relatou diversas dificuldades e momento tristes de racismo que sofreu na Inglaterra nos mais diversos meios e pessoas.
“Sofri abusos nas mãos de torcedores, professores, policiais, treinadores e gerentes e sistemas políticos durante toda a minha vida“, disse.
“No dia seguinte ao retorno após o retorno da Euro 2008, fui algemado e jogado de bruços no chão em Walthamstow, leste de Londres. Para quê? Dirigindo um bom carro e ajustando a descrição. Isso sem eu dizer uma palavra pela primeira vez. É claro que não fui acusado ou preso, principalmente porque não havia feito nada errado”, desabafou.
Ao The Guardian, também quando atuava pelo Corinthians, Kazim contou episódios tristes de quando treinava no Arsenal, da Inglaterra.
“Eu sou de Londres e me mudei para Bury. Culturalmente, foi a mudança mais difícil da minha vida. Não tinham negros lá e a comida era difícil para mim. Tudo isso para cima de mim. E aí você vai treinar e as pessoas acham que é engraçado colocar uma banana no seu pregador de roupa, acham engraçado rasgar o seu tênis, mas as pessoas não percebiam que meu pai não tinha dinheiro. Eu ganhava 45 libras por semana, não dava para comprar tênis novo toda semana. Cortavam o laço da minha calça e faziam buracos na parte da virilha, esse tipo de m…. eles não sabiam o quão duro meu pai trabalhava. Eu limpava minhas chuteiras com uma escova de dentes.“
Sobre o Corinthians, o atacante turco disse que se sentia em casa.
“Muitos times se cansaram disso (de unir raça e talento) e eu consigo ver que o Corinthians não vai cansar. Eles gostam disto. Então é como se eu tivesse achado minha casa“.
No Brasil, Kazin atuou pelo Coritiba (2016) e pelo Corinthians (2017-2018). No Timão, com alegria, carisma e humildade, conquistou o carinho da Fiel torcida, que mantém interação com o ‘Gringo da Favela’ ainda hoje, nas redes sociais.
Kazim participou de 37 jogos pelo Corinthians, marcou quatro gols e foi campeão Paulista e Brasileiro em 2017, e campeão Paulista em 2018.
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