Por Samuel Cavalcante | Redação da Central do Timão
Há uma semana, Romeu Tuma Júnior foi eleito para a presidência do Conselho Deliberativo do Corinthians, em votação contra Jorge Kalil. Em uma de das primeiras ações como novo comandante do Conselho, Tuma comunicou a criação de uma nova comissão.
Trata-se da Comissão de Mulheres. O órgão conta com cinco integrantes, todas conselheiras do Corinthians, sendo uma vitalícia, Miriam Athiê, e outras quatro trienais: Ana Lucia Tomé Orfão, Karen Hadlik, Renata Ribeiro Rainone e Rosmélia Hernandes Blanco.
De acordo com nota recebida pela Central do Timão, as cinco conselheiras foram nomeadas e empossadas na Comissão na última sexta-feira, 2, dia seguinte à vitória de Romeu Tuma Júnior nas eleições para a presidência do Conselho Deliberativo.
“O Presidente do Conselho Deliberativo do Sport Club Corinthians Paulista, Conselheiro Romeu Tuma Junior, no uso de suas atribuições estatutárias, comunica a criação da Comissão de Mulheres e a nomeação das Conselheiras que a integrarão”, diz a nota.
“Conselheira vitalícia Miriam Athiê, conselheira trienal Ana Lucia Tomé Orfão, conselheira trienal Karen Hadlik, conselheira trienal Renata Ribeiro Rainone e conselheira trienal Rosmélia Hernandes Blanco. Declaro nomeadas e empossadas nesta data 02/02/2024”, relata outro trecho.
O objetivo da nova comissão é aumentar a representação feminina em diferentes áreas do clube. Romeu Tuma Júnior ainda pretende anunciar outras novas comissões, como de Assuntos Administrativos, Responsabilidade Social, Reforma do Estatuto, de Futebol, de Marketing, de Relações Institucionais e Social, Cultural e Memória Institucional. Cada uma terá cinco conselheiros.
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Em 1975, a ONU oficializou o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. Originalmente, esta data simboliza a luta de mulheres operárias pela igualdade política e por melhores condições de trabalho, mas não deixa de ser também uma oportunidade para recordar e homenagear todas aquelas que fizeram e fazem a diferença na sociedade. No Corinthians, não poderia ser diferente.
As mulheres sempre desempenharam papel fundamental na construção da gloriosa história alvinegra. Desde 1910, quando um grupo de operários decidiu fundar um time de futebol para todos, elas estiveram presentes.
A costureira Antônia Perrone, esposa do fundador Raphael Perrone, era a responsável pelos uniformes da equipe e bordou, em 1913, o primeiro distintivo do Corinthians nas camisas. Mais tarde, a primogênita do casal se tornou conselheira do clube.
Antônia Perrone | Foto: Reprodução/Internet
Na década de 1920, as mulheres se tornaram protagonistas em diferentes modalidades esportivas do Corinthians, que já contava com um departamento feminino próprio. Mais de trinta mulheres faziam parte do quadro associativo do clube, um número considerável para a época.
Mulheres no Corinthians | Foto: Acervo Cultural Corinthians
Do Parque São Jorge também surgiu a primeira mulher presidente de um grande time de futebol brasileiro, a saudosa Marlene Matheus, esposa do lendário ex-presidente Vicente Matheus. Dona Marlene dirigiu o Corinthians entre 1991 e 1993. Também foi vice-presidente social em 2007, membro do Conselho de Orientação (CORI) e participou ativamente da vida política do clube por mais de quarenta anos.
Marlene Matheus | Foto: Acervo Cultural Corinthians
Entre presidente, diretoras, conselheiras, atletas, colaboradoras e associadas, o Timão também contou com uma mulher na vice-presidência do clube recentemente. Edna Murad ocupou o cargo no triênio 2018/19/20 e foi a principal responsável pela criação de um novo departamento, o de Esportes Radicais, além de participar ativamente de outros departamentos, como o de Responsabilidade Social e Cidadania.
Edna Murad | Foto: Reprodução/Internet
Segundo pesquisas, as mulheres representam 53% da torcida do Corinthians. Um símbolo dessa presença feminina nas arquibancadas foi Elisa Alves do Nascimento, conhecida como Dona Elisa, ícone que inspirou gerações de torcedoras e figura carimbada em todos os estádios onde o Timão jogava.
Dona Elisa ganhou notoriedade no período entre 1954 e 1977, quando o Corinthians amargou o maior jejum de títulos de sua história. O nome dela está imortalizado em uma placa no Parque São Jorge.
Elisa, torcedora símbolo, com Vicente Matheus | Foto: Reprodução/Internet
A maior torcida organizada do Timão, Gaviões da Fiel, também conta com milhares de mulheres em seu quadro associativo. Dentre as quais, destacam-se figuras lendárias e fanáticas, como tia Dirce e tia Geni, que atravessou o mundo, aos 91 anos de idade, para ver o Corinthians ser campeão mundial no Japão em 2012.
Geni Santiago de Almeida, sócia nº 5.353 dos Gaviões, foi uma das precursoras femininas na festa das arquibancadas, na década de 1950. Sua casa, na Zona Leste de São Paulo, era toda decorada com pinturas e artigos relacionados ao time do coração. Madrinha da Velha-Guarda da agremiação, a saudosa tia Geni empresta nome à sala de acervo da torcida.
Tia Geni | Foto: Reprodução/Internet
Nas décadas de 1960 e 1970, o Corinthians chegou a ser perseguido pela ditadura militar e pela antiga Comissão Nacional de Desportos (CND) ao tentar criar o primeiro time de futebol feminino profissional do país. A modalidade era proibida no Brasil e o clube foi obrigado a trabalhar com essas atletas na várzea para driblar o regime e a CND, sob pena de encerrar suas atividades.
Hoje, o Corinthians figura entre as melhores equipes de futebol feminino do mundo, empatado com o Real Madrid, além de ser o único clube não-europeu no ranking da Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS).
Corinthians Feminino com a Tríplice Coroa | Foto: Rodrigo Gazzanel / Agência Corinthians
Personalidades brasileiras nos campos da arte, da política, do esporte e da cultura também já declararam seu amor pelo Timão. Elis Regina, Leci Brandão, Rose Nogueira, Marília Gabriela, Milly Lacombe, Luiza Erundina, Erika Palomino, Eva Wilma, Amelinha Teles, Alessandra Negrini, Hortência, Fofão, Daiane dos Santos, Marta, Rayssa Leal, Milene Domingues, Paula Lima e Negra Li são alguns exemplos.
Na década de 1980, a corinthiana Rita Lee, ao lado de Sócrates, Casagrande, Wladimir e cia, foi a voz feminina na campanha pelas Diretas Já, com a canção “Vote Em Mim”. E viva a Democracia Corinthiana!
Rita Lee com jogadores do Corinthians | Foto: Reprodução/Internet
Todas essas notáveis alvinegras representam outras milhões de torcedoras que diariamente trabalham, vibram, torcem, amam – acima de tudo – e contribuem para que o Corinthians seja aquilo que de fato nasceu para ser: o verdadeiro Time do Povo.