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Corinthians Shanenawa, ídolos e aldeia na Arena: conheça a relação do clube com povos indígenas

  • Por Kennedy Cardoso / Redação da Central do Timão

Corinthians Shanenawa, ídolos indígenas, visita de aldeia na Neo Química Arena… A torcida alvinegra pode não saber, mas a relação do Corinthians com os povos originários brasileiros é bastante especial. Foi pensando nisso que a Central do Timão decidiu homenagear o Dia dos Povos Indígenas no Brasil, celebrado nesta quarta-feira, 19, com uma matéria sobre a ligação do clube com os cidadãos e com a cultura aborígene.

Corinthians Shanenawa

A Central do Timão contou, em 2022, a história do Corinthians Shanenawa, formado por jogadores indígenas que moram na região centro-norte do Acre. A paixão pelo clube fez o grupo criar um time de futebol amador para homenagear o Timão. Desde então, a equipe que conta apenas com torcedores corinthianos se tornou imbatível nas competições indígenas.

Corinthians Shanenawa recebeu uniformes oficiais do clube em 2022. Foto: Arquivo pessoal.

Em julho de 2022, o Corinthians Shanenawa bateu o Cruz de Ouro por 5 x 3 e se tornou tetracampeão da Copa Indígena, conquistando o título de forma invicta no campo da Aldeia Morada Nova, no município de Feijó, no interior do Acre. O sucesso do Timão indígena foi tanto que o time recebeu uniformes oficiais do Corinthians Paulista.

A gente está muito feliz, realizamos nosso sonho de vestir a camisa do Timão. Para nós, que somos jogadores, é um privilégio vesti-la. Desde a nossa infância, quando começamos a entender de futebol, nós torcemos muito pelo Corinthians e crescemos torcendo por ele, então para nós foi um sonho realizado”, contou na época o zagueiro do Corinthians Shanenawa, Nashimar Huni Kuin, à Central do Timão.

Ídolos indígenas

Índio (à esquerda) comemora título do Brasileirão de 1999 pelo Corinthians. Foto: Marie Hippenmeyer/AFP via Getty Images.

Dentro dos gramados, o Corinthians também já foi representado por atletas de origem indígena. Entre os nomes mais conhecidos, há de se destacar o ex-lateral-direito e campeão mundial em 2000, José Sátiro do Nascimento, de nome indígena Iracã, dos Xucuru-Cariri.

Conhecido como ‘Índio’, o jogador nasceu em uma aldeia no interior de Alagoas e, com apenas 12 anos, foi pai do primeiro de seus sete filhos. Ajudou na roça da aldeia da qual seu pai, Zezinho, era cacique. Aos 17 anos, em 1996, foi aprovado em uma peneira do Vitória, e rapidamente virou destaque da equipe. Seu desempenho atraiu atenção do Corinthians e logo ele se transferiu para o time paulista, onde alcançou suas maiores glórias na carreira.

Pelo Corinthians, Índio atuou em 79 jogos, marcou dois gols e ergueu cinco taças: os Campeonatos Paulistas de 1999 e 2001, os Brasileiros de 1998 e 1999 e o Mundial de Clubes de 2000. Ele deixou o clube em 2001 rumo ao Goiás. Hoje, o ex-lateral vive na aldeia Xucuru-Cariri e cuida de um projeto social onde ensina em torno de 50 crianças de 7 a 16 anos a jogarem futebol.

Assim como Índio, Paulinho também foi campeão mundial pelo Corinthians. Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP via Getty Images.

Além de Índio, outro campeão mundial pelo Corinthians tem ascendência indígena. Trata-se do volante Paulinho, que vive sua segunda passagem pelo clube desde dezembro de 2021. O ídolo alvinegro tem origem dos Xucurus, uma tribo indígena que habita a Serra do Ororubá, em Pernambuco.

José Paulo Bezerra Maciel Júnior nasceu em São Paulo, em 25 de julho de 1988. O volante iniciou a carreira nas categorias de base do Audax e também passou por Vilnius (Lituânia), ŁKS Łódź (Polônia) e Bragantino antes de chegar ao Corinthians em 2010, após se destacar na Série B de 2009 pelo Massa Bruta.

Paulinho rapidamente se tornou titular absoluto do Corinthians e um dos principais nomes do período mais vitorioso da história do clube. Logo em sua segunda temporada, conquistou o Brasileirão de 2011, sendo eleito o melhor volante da competição. Já em 2012, foi peça fundamental no título inédito da Libertadores e no bicampeonato do Mundial.

Talvez se não fosse por Paulinho, o Corinthians poderia não ter conquistado a Libertadores em 2012. Isso porque o volante foi responsável pelo gol de cabeça que deu a vitória por 1 x 0 para os então comandados de Tite contra o Vasco, nas quartas de final, no Pacaembu. Um empate levaria o duelo para os pênaltis, mas o resultado deu a vaga à semifinal aos corinthianos.

Paulinho acumula 197 jogos, quatro títulos e 40 gols marcados pelo Corinthians. Ele deixou o clube em 2013, após a conquista do Paulistão, e retornou em dezembro de 2021 após brilhar com as camisas de Guangzhou (China), Barcelona (Espanha) e Seleção Brasileira, além de uma passagem pelo Tottenham (Inglaterra). O volante ainda disputou as Copas do Mundo de 2014 e 2018 pelo Brasil.

Aldeia na Neo Química Arena

Aldeia Tekoa Tape Mirĩ visitou a Neo Química Arena em 2018. Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians.

Em junho de 2018, a aldeia Tekoa Tape Mirĩ, da etnia Guarani, acompanhou o empate sem gols do Corinthians com o Vitória, na Neo Química Arena, pelo Brasileirão, e aproveitou o dia para dar uma volta olímpica, no intervalo do jogo, com uma importante mensagem de preservação ao meio ambiente e homenagem ao Instituto Pró Indígena do Brasil.

A aldeia está cadastrada no Departamento de Responsabilidade Social e Cidadania do Clube do Povo.

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Notícias do Corinthians

Time indígena estreia uniforme oficial do Corinthians com goleada e classificação à final

  • Por Larissa Beppler / Redação da Central do Timão

O novo manto alvinegro trouxe boa sorte ao Corinthians Shanenawa, time indígena de futebol amador inspirado no Timão. A equipe estreou o uniforme enviado pelo clube paulista neste domingo (03), contra o Nova Vida, pela semifinal do Campeonato Shanenawa, e aplicou uma goleada antológica por 9 x 3.

Após ser vice-campeão da Copa Indígena, em final que precisou ser antecipada e ocorreu antes que o presente do clube alvinegro chegasse à Aldeia Morada Nova, o Corinthians Shanenawa já tem outra decisão pela frente, agora devidamente uniformizado.

Foto: Arquivo Pessoal

No próximo domingo (10), enquanto o Timão recebe o Flamengo, na Neo Química Arena, pela 16ª rodada do Brasileirão, o Corinthians indígena fará a grande final do Campeonato Shanenawa contra o Cruz de Ouro. Os corinthianos estão invictos e são multicampeões do torneio.

O povo Shanenawa habita a região centro-norte do Acre, à margem esquerda do rio Envira, no Município de Feijó, que fica a 3.856 km de São Paulo. A Aldeia Morada Nova é o principal núcleo habitacional desse povo, cuja paixão pelo Corinthians motivou um grupo de jogadores a criar um time de futebol homônimo. A Central do Timão revelou a história do Corinthians Shanenawa em primeira mão (veja reportagem AQUI).

Foto: Arquivo Pessoal

Ao tomar conhecimento das façanhas da equipe indígena, o Timão decidiu presentear os jogadores com uniformes oficiais do clube personalizados (leia AQUI), gesto que foi muito aplaudido pela Fiel Torcida. O presidente alvinegro, Duilio Monteiro Alves, chegou a gravar um vídeo desejando boa sorte ao time, que retribuiu prometendo honrar o manto sagrado.

Eu creio que no Brasil inteiro o único time que vai vestir o manto sagrado do Corinthians, do mesmo jeito que o time oficial, é o Corinthians Shanenawa, do interior do Acre, então eu creio que isso vai ficar na história tanto do povo Shanenawa como do Corinthians. Queremos agradecer muito por isso e prometemos honrar esta camisa”, afirmou o zagueiro da equipe, Nashimar Huni Kuin, em entrevista à Central do Timão.

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Notícias do Corinthians

Fibra mosqueteira: Corinthians Shanenawa é multicampeão indígena com recursos próprios

  • Por Larissa Beppler / Redação da Central do Timão

Os Shanenawa habitam a região centro-norte do Acre, à margem esquerda do rio Envira, no Município de Feijó, que fica a 3.856 km de São Paulo. Mesmo tão distante da capital paulista, berço do Corinthians, um grupo de jogadores indígenas apaixonados pelo Timão criou um time de futebol amador para homenagear o clube alvinegro. A Central do Timão conversou com o zagueiro da equipe, Nashimar Huni Kuin, de 26 anos, que contou um pouco sobre a história e o cotidiano do Corinthians Shanenawa.

Segundo o zagueiro, a ideia para o nome do time surgiu há mais de dez anos, quando Anderson Shanenawa, um torcedor fanático pelo Corinthians, sugeriu a homenagem. Contudo, a equipe passou a ter maior visibilidade na região a partir de 2017, ano em que despontou como favorita nos principais torneios indígenas do extremo Acre.

Desde então, o Corinthians Shanenawa se tornou imbatível nas competições e até já foi notado pelo clube paulista. O superintendente de Marketing, Comunicação e Inovação do Timão, José Colagrossi Neto, entrou em contato com o time e publicou um vídeo nas redes sociais.

https://twitter.com/JColagrossiNeto/status/1530892752900263939?t=wAg_EhvnEjxprhk5i5FpoA&s=19

Nashimar garante que todos os jogadores da equipe são corinthianos, e que o grande sonho deles é conhecer o estádio do Corinthians, em São Paulo. Enquanto isso não acontece, o time indígena da Aldeia Morada Nova, inspirado na força e na raça mosqueteira, joga para vencer em todos os campeonatos que consegue disputar.

Atualmente, eles lideram a Copa Indígena e estão invictos há cinco jogos na competição, apesar da dificuldade para chegar ao local do torneio, disputado na Aldeia Paroá (Terra Indígena Katukina/Kaxinawá), que fica a três horas de barco do maior núcleo habitacional dos Shanenawa.

Eles ainda participam do Campeonato Shanenawa, este disputado na própria Aldeia Morada Nova, com 11 equipes postulantes ao título, e já foram campeões 28 vezes. Além de jogar futebol, também costumam assistir aos jogos do clube paulista. Quando uma partida não é transmitida em TV aberta para o estado, os jogadores corinthianos recorrem a um aplicativo de celular para não perder nenhum lance do Timão.

O zagueiro da equipe Shanenawa acredita que o time de Vítor Pereira pode vencer a Libertadores, o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil deste ano, embora tenha adversários “muito fortes” pela frente. Os maiores ídolos do atual elenco alvinegro na aldeia são o goleiro Cássio e os laterais Fagner e Fábio Santos.

Nashimar com alguns jogadores do Corinthians Shanenawa, no Acre.

Sem patrocínio, os jogadores e a comissão técnica do Corinthians Shanenawa pagaram do próprio bolso pelos uniformes da equipe, que levam o distintivo do Timão. Eles também costumam alugar um batelão (espécie de embarcação própria para operação próxima às margens de rios) para chegar ao campo onde a Copa Indígena é disputada. Tudo é custeado pelo próprio time, mas as adversidades não superam a vontade de vencer do aguerrido Corinthians indígena.

É a força do Timão, a gente tem raça! Todos nós torcemos pelo Corinthians e, quando a gente tá dentro de campo, jogamos futebol e damos a vida pelo Corinthians. Temos um bom atacante, meio de campo, zagueiros, dois goleiros que dão conta do trabalho… Também temos técnico, auxiliar técnico, massagista e um bombeiro”, afirmou Nashimar à Central do Timão.

Graças a Deus, está dando tudo certo, mas nós precisamos de muito apoio e de patrocínio para podermos nos organizar melhor. Os uniformes, meiões e chuteiras nós mandamos fazer com o nosso dinheiro, pelo nosso esforço, nós somos uma equipe bem organizada na raça”, concluiu o zagueiro.

Os próximos jogos do Corinthians Shanenawa acontecem neste fim de semana. No sábado (04), os corinthianos viajam à Aldeia Paroá para disputar a Copa Indígena, e no domingo (05), jogam pelo Campeonato Shanenawa, em casa, onde nunca perderam.