O ex-Corinthians Cristian, que passou pelo clube em 2008/09 e 2015/16 e ficou marcado pela suas comemorações fervorosas, teve mais uma noite de muita emoção neste último fim de semana, agora atuando na várzea paulista. Jogador do Pau No Gato, ele marcou o gol da classificação para o mata-mata Super Copa Pioneer, quando o time tinha dois jogadores a menos.
A partida aconteceu contra o Havaí, pela última rodada da apelidada carinhosamente Champions League da Várzea, no CDC Dorotéia e terminou 1 x 0 para o Pau No Gato, sacramentando a classificação da equipe da Fazendinha, bairro paulistano, para a fase seguinte do torneio.
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Atuando com a camisa 20, Cristian foi uma das contratações mais impactantes dentre os times de várzea neste ano, junto de Luis Fabiano, que também foi contratado pelo PNG. Boquita, jogador revelado pelo Corinthians, também está atuando nesta competição.
Em sua primeira passagem no Corinthians, Cristian participou da subida do Timão para a primeira divisão, em 2008. No ano seguinte, conquistou a Copa do Brasil junto de Ronaldo e companhia. Meses depois, foi contratado pelo Fenerbahçe, da Turquia, onde ficou por tempos.
O retorno dele ao clube foi mais conturbado. Mal fisicamente, ele fez parte do elenco campeão brasileiro em 2015, comandado por Tite. No jogo da taça, ele marcou um dos gols na goleada por 6 x 1 contra o São Paulo e reeditou, com mudanças, sua histórica comemoração com gestos obscenos.
A competição ainda não divulgou os detalhes dos jogos da próxima fase. Contudo, a final já tem data marcada, dia 2 de julho, e será disputada no Allianz Parque, sendo o primeiro jogo de várzea no estádio.
O Campo do Lenheiro tinha 80×60 metros e foi capinado na foice e na enxada por Antônio Pereira e Joaquim Ambrósio, fundadores do clube
Após sua fundação, em 1º de setembro de 1910, o Corinthians precisava de uma bola e de um lugar para treinar e jogar. Uma vaquinha percorreu as casas dos moradores do Bom Retiro e resolveu o problema da bola, que custou 6 mil-réis.
A solução para o local foi o alugar o Campo do Lenheiro, terreno baldio que ficava ali mesmo no Bom Retiro, à Rua dos Imigrantes (atual José Paulino), número 34. O terreno era bem grande e dava fundos para a Rua Ribeiro de Lima, quase junto à Rua Prates.
Nele, um homem chamado João Ligeiro guardava cavalos de corrida e vendia toras de lenha. Daí o apelido ‘Campo do Lenheiro’. O aluguel custava 30 mil réis ao mês. Não era pouco para um clube que acabava de ser fundado. O campo tinha 80×60 metros e foi capinado na foice e na enxada por Antônio Pereira e Joaquim Ambrósio, fundadores do clube.
Nesse campo aconteceram, de 1910 a 1913, os primeiros jogos do Corinthians varzeano.
Imagem/Reprodução
E foi ali que o Corinthians aplicou sua primeira goleada, vencendo a Associação Atlética da Lapa por 5 x 0.
Não existem registros sobre os artilheiros desse dia, nem da equipe que entrou em campo. Supõe-se que tenha sido a mesma que fez as duas partidas anteriores: Valente, Perrone e Atílio; Lepre, Alfredo e Police; João de Silva, Jorge Campbell, Luiz Fabi, César Nunes e Joaquim Ambrósio.
“Nesse dia, o bairro foi todo festa. Começou ali a se enraizar a fibra corinthiana. O destemor já fazia parte da vida esportiva do Corinthians, o time que despertava curiosidade e simpatia aos que acorriam à várzea para assistir à prática de bom futebol.” (SIC – Folha de São Paulo).
Campo do Lenheiro, o primeiro “estádio” do Corinthians (Foto/Reprodução/Corinthians)
Sobre o Campo do Lenheiro, o jornalista e historiador Celso Unzelte conta:
“O primeiro estádio do Corinthians foi o modesto Campo do Lenheiro, localizado na Rua dos Imigrantes (atual Rua José Paulino), no bairro do Bom Retiro, onde o clube foi fundado em 1910. O local era apenas um terreno baldio que pertencia a um vendedor de lenha da época. No Lenheiro, na tarde do dia 14 de setembro de 1910, o Timão, ainda um mero time de várzea, venceu a primeira partida da sua história. Com gols de Fabbi e Jorge Campbell, a equipe então comandada por Rafael Perrone, um dos cinco operários que fundaram o clube dias antes, venceu o Estrela Polar por 2 a 0.”
“A relação entre o Corinthians e o Campo do Lenheiro durou somente até 1913. Ao todo, foram sete jogos (três vitórias e quatro resultados desconhecidos). Dentro das quatro linhas da primeira casa, o Timão tornou-se um time respeitável no futebol varzeano paulistano. O acanhado Lenheiro já era mais suficiente para receber os jogos da equipe. Famoso e já temido pelos rivais, entres eles, Germânia, Americano, Minas Gerais e Paulistano, o Corinthians atuou no Parque Antártica (43 jogos) e no Estádio da Floresta (oito jogos) entre 1913 e 1917. No ano seguinte, a chegada da primeira casa própria.”
Fontes de pesquisa: Banco de Dados da Folha de São Paulo (NO BOM RETIRO, EM 1910, COMEÇA ESTA HISTÓRIA) – Artigo publicado na Folha de S.Paulo, domingo, 5 de dezembro de 1976 – Almanaque do Timão – Celso Unzelte
