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Diretor financeiro do Corinthians fala sobre problemas do clube

Sem jogar desde março, Corinthians viu os problemas financeiros se intensificarem; veja declarações do diretor Matias Romano Ávila

Arena Corinthians não recebe jogos desde março.
Foto: © Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Após fechar o ano de 2019 com um déficit de R$ 177 milhões, o Corinthians enfrenta ainda mais problemas financeiros causados pela pandemia do coronavírus. A paralisação dos campeonatos de futebol interromperam também o recebimento de direitos de transmissão da TV e até de cotas de patrocínio.

Frente às dificuldades, o Corinthians precisou agir. Assim, reduziu salários de jogadores e funcionários do clube. O diretor financeiro do Timão, Matias Romano Ávila, em entrevista ao GloboEsporte.com, explicou os cortes.

“Assim que retomarmos a capacidade de pagamento, vamos retomar a conversa com os jogadores. Nós, por enquanto, só negociamos a redução. Muitos questionam, mas o corte dos funcionários foi de 50% e dos jogadores só de 25% por uma questão de legislação, é o que a lei permite. Os jogadores foram parceiros, têm sido muito parceiros com Duílio , eu e Andrés”, declarou o diretor.

Outros clubes, até dentro do futebol paulista, têm negociado cortes permanentes dos salários, pelo menos até o fim de 2020. No Corinthians ainda não há tal acordo. E, apesar de reduzir os vencimentos dos atletas, o Timão chegou a atrasar meses de pagamento.

“Estamos, sim, com dois meses atrasados. Mas as outras coisas do clube estão em dia, seguro saúde… Tivemos 60% de redução de receita. Isso fez com que a gente não conseguisse cumprir alguns compromissos”, disse Matias ao GE.

Demissões e cortes

Apesar de declarar ainda não ter feito cortes e demissões no Corinthians, Matias Ávila argumentou que, sem competições, o clube pode acabar dispensando alguns funcionários.

“Onde não houver competições, vamos reduzir o corpo de profissionais. Nada de funcionários ligados ao associado. Então, treinamentos de filhos de associados, base, tudo vai continuar. No futebol feminino e na base, fizemos um planejamento de que naquilo que não tiver competição, faremos uma redução, sim. Não tem competição. São funcionários nessas categorias”, declarou Matias.

O diretor ainda reforçou que as reduções podem ocorrer na parte do clube social. Vale ressaltar que o departamento foi responsável por mais de R$ 60 milhões no déficit de 2019.

“O Corinthians é futebol, mas também é um clube social. São quase 15 mil sócios, e administramos o clube para o futebol de milhões de torcedores. Tomamos algumas providências: não demitimos ninguém ainda, vamos ter que fazer uma redução da parte social, esportes amadores e futebol. Tudo para passar pela pandemia”, citou Matias, que ainda completou.

“Colocamos alguns funcionários de férias por 30 dias, reduzimos o salário dos funcionários em 50% e seguimos com isso por mais 60 dias. O basquete, por não ter mais competição, decidimos encerrar esse ano. Têm aparecido propostas para seguirmos esse ano. Se for bom para nós, vamos continuar. No futsal, cortamos o direito de imagem. Mas o futsal continua”, finalizou o diretor.

Dinheiro da venda de Pedrinho

Pedrinho comemora gol com a camisa do Corinthians, 2018.
Foto: © Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

No início da temporada de 2020, o Corinthians vendeu Pedrinho para o Benfica por 20 milhões de euros. Dono de 70% dos direitos do atleta, o Timão fechou o negócio em quatro parcelas ao longo dos próximos quatro anos. Porém, para sanar dívidas, o clube também negociou o empréstimo do valor total junto a um banco internacional, contando, inclusive, com os 30% do empresário do meia, Will Dantas.

O problema é que o dinheiro – cerca de R$ 120 milhões sem contabilizar a taxa do banco, não divulgada – deveria ter chegado em junho, assim que o Benfica depositasse a primeira parcela, algo que ainda não aconteceu.

“O que houve foi que a janela de transferências na Europa mudou de 31 de julho para o final de agosto. Como o Pedrinho ainda não chegou lá, está no contrato que tem que chegar e integrar o elenco para que o Benfica possa fazer o pagamento da primeira parcela. Isso aí faz parte do acordo com o agente financeiro que nós estamos adiantando, mas é uma coisa normal, providência tranquila. Assim que for finalizado, esse dinheiro deve entrar nos cofres”, citou o diretor.

Dessa maneira, o Corinthians aguarda o recebimento do dinheiro da venda ao Benfica para adiantar as questões mas urgentes do momento, como pagamentos de salários dos atletas.

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Por: Gabriel Gonçalves / Redação Central do Timão

Notícias do Corinthians

Quais os ‘culpados’ pelo déficit de R$ 177 milhões do Corinthians em 2019?

Contratações demais e arrecadação de menos; balanço financeiro do Timão elenca motivos do déficit

De acordo com as demonstrações financeiras de 2019 do Corinthians, o clube fechou o ano com um déficit de R$ 177 milhões. Tal situação está relacionada ao balanço receitas x despesas pender mais para o lado dos gastos.

arena corinthians, 2020
Foto: Rodrigo Coca / Ag. Corinthians

O próprio documento divulgado oficialmente pelo Portal da Transparência do Corinthians elencou quatro motivos principais para a causa do déficit. São eles:

Receitas de TV abaixo do esperado

De acordo com o balanço financeiro do clube, as receitas de TV em 2019 registraram R$ 32 milhões a menos do que o previsto pela administração. Além disso, contabilizou-se uma queda de R$ 9 milhões em relação à temporada 2018.

Vale ressaltar que a mudança dos direitos de transmissão em 2019 dividiu o valor das cotas por premiação ao fim do campeonato, número de jogos transmitidos em TV aberta e pay-per-view. Todas as variáveis do Corinthians ficaram abaixo do esperado para o orçamento.

A 8ª colocação no Brasileirão 2019 rendeu 2 milhões de reais a menos do que previsto no orçamento. A TV aberta transmitiu menos jogos. A TV fechada (SporTV) não exibiu nenhuma partida ao vivo e o pay-per-view registrou um número de assinaturas inferior ao esperado.

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Despesas de pessoal

O balanço financeiro do Corinthians indica um aumento significativo dos gastos com salários, direitos federativos e outros encargos relacionados a pessoal. O próprio presidente alvinegro, Andrés Sanchez, citou em entrevistas recentes que o clube contratou demais em 2019.

Além disso, a administração não conseguiu reduzir os custos dos atletas já contratados pelo clube, como informa o texto das demonstrações financeiras:

“Não foi possível efetuar a redução de custos relacionadas a atletas que não estavam sendo utilizados, tampouco obter o ressarcimento das despesas desses atletas através do empréstimo a outros clubes.”

Custos financeiros para financiamentos

O aumento dos gastos com pessoal também resulta em um acréscimo dos custos de financiamentos, principalmente por empréstimos junto a bancos e representantes de atletas. Nesse quesito, o Corinthians cita uma adição de R$ 25 milhões.

Receita na venda de atletas abaixo da média

Em 2019, o Corinthians registrou R$ 45 milhões recebidos em direitos federativos de atletas. Uma parte do dinheiro, inclusive, nem está relacionada a negociação de jogadores, mas sim a mecanismos de solidariedade da Fifa. Um exemplo é o ex-atacante Malcom. A ida do jovem para o Zenit rendeu mais de R$ 3 milhões ao Timão.

Nos anos anteriores, o Corinthians recebeu uma média de R$ 120 milhões por temporada com direitos de atletas. Sobre o assunto, o texto do balanço financeiro alega que:

“Tal resultado se deve à busca em melhorar a qualidade do elenco e obter melhores resultados esportivos bem como à demanda de mercado, notadamente o europeu, inclusive pela adesão as regras do fair play financeiro na Europa.”

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O balanço financeiro ainda traz outros dados. Houve um aumento de 70% nas receitas de patrocínio em relação a 2018, temporada em que o Corinthians passou a maior parte do ano sem patrocinador master. O clube ainda registrou um crescimento de 13,2% em outras receitas, como licenciamentos, contribuições de sócios e explorações comerciais.

Apesar de não fazer parte do fluxo financeiro de caixa do Corinthians, o clube alega que a Arena tem papel fundamental em seus rendimentos, conforme cita o texto:

“Para efeito de comparação a receita de bilheteria em 2012 – ano emblemático pelas conquistas da Libertadores e do Mundial – foram de R$ 35 milhões – (R$ 51 milhões ajustados pela inflação do período) o que demonstra a importância de ter uma ‘casa própria’. Além do incremento nessa receita específica há outras fontes de receita na Arena (camarotes, cadeiras, exploração de eventos, mídia, etc.) que incorporam novas fontes de resultado – e caixa – para o Corinthians, que não existiam sem a Arena.”

Por Gabriel Gonçalves / Redação da Central do Timão

Notícias do Corinthians

BALANÇO FINANCEIRO: Corinthians pode arrecadar menos do que em 2018 e o Clube Social segue deficitário

Demonstrativo financeiro do Corinthians não é conclusivo quanto às receitas totais no ano, mas antecipa uma possível diminuição na arrecadação do Departamento de Futebol e constata a “sangria” crescente promovida pelo Clube Social e Esportes Amadores

O Sport Club Corinthians Paulista divulgou, na última terça-feira (03), seu Balancete Financeiro relativo ao primeiro semestre de 2019, sendo que o documento traz dados importantes para a compreensão da situação financeira atual do clube e para se vislumbrar o resultado ao fim do atual exercício financeiro da entidade, em 31 de dezembro. O clube subdivide seu demonstrativo de receitas/despesas entre o Futebol e o Clube Social e Esportes Amadores.

Clube é um dos que mais arrecada no Brasil e ainda tem margem para aumentar suas receitas (Foto extraída do site do SCCP)

Nos seus primeiros seis meses do ano, o Corinthians, que planeja fechar o exercício com R$ 650 mil de superávit, registrou um déficit de R$ 94,9 milhões de reais, no somatório do Futebol (R$ 68,4 mi) e do Clube Social e Esportes Amadores (R$ 26,5 mi), mesmo tendo tais setores gerado uma arrecadação de cerca de R$ 197 milhões, no período.

FUTEBOL

No Futebol, o clube apresentou, no primeiro semestre, algumas mudanças em relação ao ano anterior, pois arrecadou menos com venda de atletas e teve mais arrecadação com propaganda e publicidade. No mais, a arrecadação seguiu num ritmo semelhante ao do ano anterior. Confira os números deste nicho:

  • Direitos de transmissão de TV – R$ 91.871 milhões
  • Patrocínio e publicidade – R$ 34.157 milhões
  • Arrecadações de jogos – R$ 30.252 milhões
  • Premiações, Fiel Torcedor e Loterias – R$ 12.415 milhões

No que tange às despesas, o clube teve proporcionalmente uma elevação no tocante ao valor gasto com pessoal. Em todo o ano de 2018, os gastos com este setor foram de R$ 178,5 milhões, enquanto que no corrente ano os gastos já bateram a casa de R$ 113 milhões, em seis meses.

O futebol, superavitário em 2018, registrou um déficit de R$ 68,4 milhões, contudo, tal panorama deficitário não serve de base para o balancete de todo o ano, tendo em vista que grande parte da verba de TV tem previsão de ser paga apenas neste segundo semestre, bem como as despesas com aquisição de atletas são menores neste período, o que pode fazer este quadro mudar.

Se o volume dos valores advindos da TV deve elevar até o fim deste segundo semestre, o mesmo não podemos dizer da venda de atletas. O clube arrecadou apenas R$ 21 milhões em 6 meses, contra R$ 118,8 milhões em todo o ano de 2018. Tendo em vista um ano de baixo rendimento do time e de grande parte dos atletas, não se vislumbra grandes vendas na janela de transferências do início de 2020. Assim, o clube pode ter seu pior ano de vendas desde 2014, quando arrecadou R$ 41 milhões.

Portanto, mesmo com um salto na arrecadação com publicidade e propaganda, que deve render pelo menos R$ 25 milhões a mais do que no ano anterior, o seguimento Futebol tem grandes chances de ter uma arrecadação inferior à de 2018, quando sozinho gerou R$ 415 milhões em receita.

CLUBE SOCIAL E ESPORTES AMADORES

Se o Futebol, como carro chefe do clube, tem variadas e elevadas fontes de receita, o mesmo não se pode dizer do Clube Social e os Esportes Amadores. Tais seguimentos geram um encargo financeiro alto ao clube, sendo que as fontes de receita não chegam perto do total das despesas por eles geradas, o que faz o clube ter grande déficit ano a ano.

Fato agravante é que este déficit tem crescido de forma constante, o que faz deste desequilíbrio um grande problema para o clube, que precisa urgentemente procurar formas de equacionar tal área da instituição. Importa observar que o Corinthians tem um dos maiores rombos neste campo, se comparado com os demais clubes brasileiros.

Em 2018, a arrecadação foi de R$ 31 milhões, frente a uma despesa muito maior, o que gerou um rombo de R$ 41 milhões. Em 2019, apenas no primeiro semestre, o déficit foi de R$ 26,5 milhões.

Diferente do Futebol, que terá um grande incremento de verba de TV neste segundo semestre, o Clube Social não tem previsão de elevação da arrecadação na segunda parte do ano, o que indica que pode ter um rombo de 15% a 25% superior ao do ano de 2018.

O FUTURO

Em meio a um inflamado mercado nacional, que convive com uma elevação de arrecadação média dos clubes, com destaque para o Flamengo, que recentemente passou por uma reestruturação administrativa/financeira, e o Palmeiras, com investimentos externos fortes de uma parceira, o Corinthians, que continua figurando na lista dos clubes que mais arrecada, precisa otimizar seus gastos, que, até 2018, não eram tão inferiores aos clubes citados, quanto às despesas com futebol, bem como procurar meios de gerar mais receitas e equalizar a operação do Clube Social e Esportes Amadores.

Por Redação Central do Timão

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