- Por Kennedy Cardoso / Redação da Central do Timão
Na década de 2010, o Corinthians dominou o futebol brasileiro com conquistas como Libertadores, Mundial e três Brasileiros, além de outros títulos como Recopa Sul-Americana e quatro Paulistas, com uma forma definida de jogar: uma linha com quatro jogadores na defesa e um sistema defensivo sólido. Esse esquema de jogo começou com Mano Menezes, se consolidou com Tite e teve Fábio Carille como último entusiasta.
Porém, em 2020, o clube decidiu alterar seu sistema de jogo e apostou em Tiago Nunes, então nome badalado entre os treinadores brasileiro após fazer sucesso no Athletico-PR. A contratação não deu certo e, de lá para cá, foram outros seis técnicos efetivos (Vagner Mancini, Sylvinho, Vítor Pereira, Fernando Lázaro, Cuca e Vanderlei Luxemburgo), além de interinos (Dyego Coelho, Fernando Lázaro e Danilo), sem nenhum título conquistado.
Na opinião de Fábio Carille, último técnico campeão pelo Corinthians, o clube precisa recuperar o seu “DNA”. Para o treinador, atualmente no V-Varen Nagasaki, do Japão, a ideia de jogo definida foi o principal motivo pelo sucesso na década passada, e para a equipe voltar a conquistar títulos, é preciso redefinir uma forma de atuar.
“O Corinthians a gente está acompanhando de longe. Já tem quatro anos que eu saí do clube, então não estou lá dentro. Mas é claro que vou dar minha opinião. A questão da instabilidade de técnico, o que eu penso, primeiro, o Corinthians precisa criar uma forma de jogar. Praticamente pode se dizer que, de 2009 a 2019, houve uma ideia de jogo“, iniciou Carille, em entrevista ao Canal GOAT.
“Claro que mudava um pouco por causa das características dos jogadores, mas a ideia era a mesma, de ter um meia armador jogando de lado. Foi Danilo muito tempo fazendo isso, depois veio o Jadson fazer isso durante muito tempo. Tinha uma linha de quatro muito definida e acho que se perdeu um pouquinho nesse sentido, de uma forma de jogar. Eu acho que o Corinthians tem seu próprio DNA, falando de clubes“, completou.
Carille citou que, historicamente, apenas dois times vencedores do Corinthians tiveram características mais ofensivas. O primeiro, segundo o treinador, foi o formado por nomes como Rincón, Marcelinho Carioca, Vampeta e Ricardinho, bicampeão do Brasileirão em 1998 e 1999 e campeão do Mundial de 2000. Já o segundo foi o de 2015, que conquistou o campeonato nacional daquele ano sendo liderado pela dupla Jadson e Renato Augusto.
“De quando eu acompanho o Corinthians, lembro de dois momentos que o Corinthians era time para propor jogo, que foi na época que ganhou o Mundial (de 2000) com Rincón, Marcelinho, Vampeta, Ricardinho, um timaço, e 2015, que era um super time, com Renato Augusto e Jadson. Fizeram um Brasileirão maravilhoso.”
Até o histórico Corinthians campeão da Libertadores e do Mundial de 2012 era um time que, na visão de Fábio Carille, sabia se defender bem e não buscava propor tanto o jogo, assim como a equipe campeã do Brasileirão de 1990, o primeiro título nacional da história alvinegra. Vale lembrar que o treinador foi auxiliar-técnico do clube de 2009 até o final de 2016, quando assumiu de forma efetiva.
“A própria Libertadores e Mundial de 2012, era um time de guerreiros com muita personalidade. Não tinha uma estrela. Falando de Libertadores e Mundial, foram 16 jogos, onde o time tomou quatro gols. Era bem ajustado, só que com jogadores que decidiam na frente, com personalidade. O Corinthians ganhou muito sendo assim. O próprio Brasileiro de 1990, o Corinthians não era favorito. Foi indo, fechadinho, Neto decidindo e jogadores da frente decidindo.”
“Então, a primeira coisa para voltar, é achar uma forma definida de jogar. Fica mais fácil para o técnico e para contratar jogador, a partir do momento que você tem uma linha a seguir”, finalizou Carille.
Como treinador, Fábio Carille conquistou o Brasileirão de 2017 e os Paulistas de 2017, 2018 e 2019 pelo Corinthians. A taça do torneio estadual de quatro anos atrás é, até hoje, a última erguida pelo clube.
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