Por Ciro Hey e Samuel Cavalcante | Redação da Central do Timão
O Corinthians negocia uma nova proposta com a Caixa Econômica Federal para a quitação da Neo Química Arena. A Central do Timão apurou que, no começo desta semana, dirigentes do clube se reuniram com os representantes do banco para estudar um acordo de quitação que seja viável para ambas as partes. Atualmente, o valor que o Corinthians deve à Caixa é de aproximadamente R$700 milhões.
Há um certo otimismo por parte do Timão em relação a um possível acordo nos próximos meses, uma vez que a Caixa sinalizou positivamente para as soluções que poderiam ser apresentadas pelo clube alvinegro. A proposta não abrange os valores que o Corinthians tem a receber pelo naming rights da Arena.
A intenção da diretoria, liderada pelo presidente Augusto Melo, é liquidar integralmente o financiamento da Neo Química Arena até o término da atual gestão, que se estende até o final de 2026.
No início de fevereiro, o banco recusou uma proposta de quitação apresentada pela gestão anterior, comandada por Duilio Monteiro Alves. A intenção da antiga diretoria era pagar aproximadamente R$531 milhões para zerar a dívida do estádio, utilizando os R$356 milhões que o clube tem a receber pelo acordo com a Hypera Pharma pela venda dos naming rights. Os R$175 milhões restantes seriam compostos pela compra de precatórios, que seriam dívidas que o banco tem a pagar para terceiros a longo prazo. A proposta foi considerada inviável pela Caixa.
Após a recusa, Augusto Melo e outros representantes do Corinthians viajaram até Brasília para realizar uma reunião com o intuito de aproximar a nova gestão do clube com a direção do banco. Agora, o Timão e a Caixa estudam juntos um acordo para quitação do estádio.
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Por Samuel Cavalcante | Redação da Central do Timão
Nesta quinta-feira, 15, os dirigentes do Corinthians se encontraram com o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira Fernandes, na sede do banco em Brasília. Após a rejeição da primeira proposta feita pela administração anterior do clube, a agenda da reunião permaneceu centrada no pagamento do financiamento da Neo Química Arena.
O Corinthians foi representado pelo presidente AugustoMelo, pelo secretário-geral Vinícius Cascone, pelo diretor financeiro Rozallah Santoro e pelo superintendente de novos negócios e esportes olímpicos Marcos Boccatto.
Representantes em reunião entre o Corinthians e a Caixa. Foto: Reprodução/Internet
Alexandre Padilha, Ministro das Relações Institucionais e torcedor corinthiano, esteve presente na reunião e comentou em suas redes sociais: “A Caixa e o Corinthians sempre buscarão caminhos que sejam tecnicamente e financeiramente bons para a Caixa, como banco público e para a Nação Corinthiana”.
De acordo com o ge.globo, o propósito da reunião foi estabelecer vínculos entre as partes e obter uma compreensão mais clara das condições da Caixa relacionadas ao pagamento do estádio. Segundo a reportagem, a diretoria do Timão ainda não formalizou uma nova oferta para quitação do financiamento da Arena. Entretanto, um eventual novo acordo não seguirá os mesmos termos propostos pela antiga diretoria do clube.
Na última segunda-feira, 12, a Caixa rejeitou uma proposta de pagamento da Neo Química Arena, apresentada em novembro de 2023 pela administração do ex-presidente Duilio Monteiro Alves. Após análise, o banco determinou que a oferta era “inviável”.
O Corinthians propôs quitar R$531,51 milhões da dívida com o banco por meio de duas alternativas combinadas: os valores do naming rightsda Arena, recebidos da Hypera Pharma, e também utilizar créditos que seriam adquiridos em contratos do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS). Desses R$531,51 milhões propostos para a quitação, a quantia de R$356 milhões seria por meio dos naming rights, e R$175 milhões seriam reduzidos pela tentativa do FCVS, porém as duas hipóteses foram recusadas pela Caixa.
Até o momento, o acordo atual de quitação do estádio permanece como foi estabelecido em 2022, quando o Corinthians concordou em pagar em 2023 e 2024 somente juros das parcelas não quitadas nos anos anteriores, passando a efetuar os pagamentos novamente de forma oficial até o ano de 2041.
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SAO PAULO, BRAZIL - NOVEMBER 1: Aerial view of the stadium before the match between Corinthians and Athletico Paranaense as part of Brasileirao Series A 2023 at Neo Quimica Arena on November 1, 2023 in Sao Paulo, Brazil. (Photo by Ricardo Moreira/Getty Images)
Por Ciro Hey e Kennedy Cardoso / Redação da Central do Timão
Um informe mensal divulgado nesta terça-feira,19, pelaArena Fundo de Investimento Imobiliário, o fundo que administra a Neo Química Arena, viralizou nas redes sociais no início da tarde. O motivo é pelo fato de que a dívida do Corinthians com a Caixa Econômica Federal apareceu sem nenhum saldo devedor, indicando uma possível quitação do débito junto ao banco estatal.
Mas então significa que a dívida referente ao financiamento do estádio, enfim, foi quitada? Não é bem assim. A Central do Timão entrou em contato com o Corinthians para entender o caso e, através de uma nota enviada à reportagem, o clube explicou que o informe mensal divulgado pelo fundo “não presta contas sobre o endividamento da Neo Química Arena” – leia o comunicado abaixo.
Neo Química Arena, estádio do Corinthians. Foto: Ricardo Moreira/Getty Images.
Portanto, nenhum informe mensal divulgado pelo fundo de investimento imobiliário, incluindo o de dezembro de 2023, contém qualquer informação sobre a dívida do Corinthians com a Caixa. Os relatórios são disponibilizados no site da Comissão de Valores Mobiliários.
Vale lembrar que, há exatamente um mês, a Neo Química Arena recebeu a visita do presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira. O mandatário se encontrou com o presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves, e as partes encaminharam um acordo para a quitação total da dívida referente ao financiamento do estádio. Resta a aprovação dos órgãos fiscalizadores.
Leia a nota completa enviada pelo Corinthians à Central do Timão:
“O Informe Mensal divulgado pela Arena Fundo de Investimento Imobiliário – FII não presta contas sobre o endividamento da Neo Química Arena. Nem o relatório publicado em dezembro de 2023, nenhum outro Informe Mensal anteriormente disponibilizado no site da Comissão de Valores Mobiliários contém qualquer informação sobre a divida, que está registrada junto a empresa cotista do fundo.
Em outra frente, a proposta para quitação da dívida da Neo Química Arena segue em andamento junto aos órgãos competentes, conforme anunciando em novembro último.”
O último movimento da Caixa no futebol teve início justamente com o Corinthians em 2012, quando o banco fechou uma cota de patrocínio master da camisa, durante a gestão de Dilma Rousseff como presidente da República. Isso gerou uma onda de patrocínios que beneficiou mais de 30 clubes até 2017, quando os contratos foram encerrados, já sob o governo de Michel Temer.
É pouco provável, porém, que o banco retorne como linha de patrocínio, conforme fontes ligadas à negociação ouvidas pela Central do Timão. Os sinais são de que o banco poderia criar uma espécie de divisão de investimentos esportivos, a exemplo do que muitos bancos internacionais tem feito, como o Goldman Sachs e o JP Morgan, que tem levado investidores americanos ao futebol italiano. Na última semana, o Real Madrid anunciou o Saudi Investment Bank como novo patrocinador.
Segundo essas fontes, o setor financeiro tem olhado clubes e estádios como investimentos benéficos para grandes investidores, graças ao potencial de realização de eventos lucrativos na diversificação da programação das arenas e também pelo acesso aos camarotes em grandes partidas, a fim de estreitar relacionamentos corporativos com clientes.
Estrategicamente, as conversas giram em torno da Caixa talvez atuar na viabilização de acordos para SAFs e outros investimentos correlatos, como exploração de arenas, o que faria sentido no caso do Corinthians, conforme explicação dada pelo diretor financeiro Wesley Melo na última semana.
A reportagem ainda apurou que foram tratadas na visita à Neo Química Arena algumas ações específicas de parceria que poderiam ser iniciadas em um curtíssimo espaço de tempo. O encontro contou também com a presença do candidato da situação à presidência do clube, André Luiz de Oliveira, conhecido como André Negão, e de seu segundo vice de chapa, Donato Votta, que foram apresentados a Carlos Vieira.
Duilio Monteiro Alves, presidente do Corinthians (à direita), recebeu Carlos Vieira, presidente da Caixa, na Neo Química Arena. Foto: Rubens Machado/Divulgação/Corinthians.
Proposta de quitação
Em entrevista ao Meu Timão, diretor financeiro do Corinthians, Wesley Melo, explicou a proposta para quitar a Neo Química Arena: adquirir um título semelhante a um precatório. Isso permitiria ao clube pagar mais rapidamente, garantindo descontos substanciais. Com esse título de custo mais acessível e os recursos dos naming rights, a proposta oferece uma solução abrangente para a dívida.
“Esse contrato de naming rights vale R$ 300-350 milhões. Agora, trazido para o valor presente, esse contrato, somado a esse título que adquirimos por um preço mais baixo, mas com um valor mais alto, estamos apresentando à Caixa: ‘É todo seu’“, explicou Wesley Melo.
De acordo com o diretor financeiro, o Corinthians se comprometeu a pagar de 10% a 50% do valor total do título, “Não são 10%, mas é algo entre 10% e 50% (do valor do título)”, informou.
Essa medida levaria ao acerto de quase metade do montante total pendente da Neo Química Arena, que é estimado em R$ 611 milhões, por meio da venda dos naming rights. Como resultado, o passivo do clube seria diminuído, atingindo aproximadamente R$ 400 milhões.
A transferência dos naming rights da Hypera Pharma para a Caixa é parte da proposta. Os pagamentos iniciais, originalmente estabelecidos em R$ 15 milhões anuais, podem ser renegociados. O pagamento inicial ao Corinthians será usado para adquirir o título da empresa detentora dos precatórios, parcelado em “cinco ou oito anos só com correção do IGP-M, sem juros”.
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SAO PAULO, BRAZIL - APRIL 26: General view of Neo Química Arena before a match between Corinthians and Boca Juniors as part of Group E of Copa CONMEBOL Libertadores 2022 on April 26, 2022 in Sao Paulo, Brazil. (Photo by Ricardo Moreira/Getty Images)
Por Larissa Beppler e Kennedy Cardoso / Redação da Central do Timão
O fundo responsável pela administração da Neo Química Arena, Arena Itaquera S/A, e a Caixa Econômica Federal pediram um novo adiamento do acordo entre as partes para a quitação da dívida total do estádio. De acordo com despacho que a Central do Timão teve acesso, os departamentos jurídicos solicitaram a prorrogação do prazo de suspensão dos autos por mais 60 dias.
Porém, a juíza federal Ana Lucia Petri Betto, da 24ª Vara Cível Federal de São Paulo, postergou por apenas mais 20 dias. “Defiro em parte o requerido. Prorrogo a suspensão dos autos, por ora, pelo prazo suplementar de 20 (vinte) dias para tratativa das partes com vistas à composição amigável. Oportunamente, tornem os autos conclusos”, declarou a magistrada.
Neo Química Arena, estádio do Corinthians. Foto: José Manoel Idalgo / Ag. Corinthians
Este é o 11º pedido amigável realizado pela Arena Itaquera S/A e pela Caixa. Todos foram atendidos pela Justiça. Entretanto, foi a primeira vez que o prazo concedido foi menor do que o solicitado. Isso significa que as autoridades acreditam que um avanço nas negociações pode acontecer daqui a 20 dias.
Além disso, o Timão conseguiu aumentar o prazo de isenção de pagamentos das parcelas do estádio. Antes, o período máximo era até dezembro deste ano. Agora, foi prorrogado por mais um ano, ou seja, até dezembro de 2023.
O juízo da 24ª Vara Cível Federal de São Paulo designou audiência de conciliação para o dia 29/10, na Ação de Execução proposta pela Caixa em face da Arena Itaquera S/A.
O juiz, em princípio, não analisou o pedido de efeito suspensivo pleiteado pela Arena Itaquera S/A até a aceitabilidade dos valores mobiliários oferecidos em penhora constante no contrato de financiamento imobiliário pactuado entre as partes.
Desta forma, designou audiência de tentativa de conciliação, cuja oportunidade será examinada a eventual cobrança de encargos indevidos.
(Foto: Daniel Augusto Jr./Arena Corinthians)
Destaca-se que a Caixa Econômica Federal cobra da Arena Itaquera S/A o pagamento de R$ 536.092.853,23 em razão do atraso de seis parcelas.
Enquanto segue o processo, Corinthians e Caixa se reuniram no dia 24 de setembro.
O Corinthians não formalizou uma proposta oficial, mas pretende aditar o contrato pela 4ª vez em condições mais vantajosas para o clube e, principalmente, com juros mais baixos e valores de parcelas variáveis de acordo com a utilização da Arena Corinthians, que tem menos jogos no período entre novembro e fevereiro.
Ressalte-se que o Corinthians já tinha feito essa proposta ao Banco, mas o fez de forma verbal.
O contrato inicial feito via BNDES previa juros em torno de 9%, com aumento para 12% em caso de inadimplência.
Após a audiência de conciliação, caso não seja formalizado o acordo, a Caixa terá a oportunidade de impugnar os Embargos à Execução opostos pela Arena Itaquera, que alega, em síntese, o descumprimento de cláusulas contratuais e a cobrança de encargos ilegais por parte da Caixa que, por consequência, descaracterizariam o atraso no pagamento das parcelas, o que inviabilizaria a cobrança antecipada da dívida.
Caso o Corinthians não quite o débito, a Caixa poderá manter bloqueados os ativos financeiros da empresa que administra a Arena Corinthians até a finalização do débito.
O Banco estatal cobra R$ 536 milhões do clube pelo financiamento da Arena Corinthians; presidente também diz ter “se expressado mal” ao falar da quitação da dívida com a Odebrecht
Em reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, que aconteceu na noite da última segunda-feira (30), no Parque São Jorge, o Presidente Andrés Sanchez esclareceu aos conselheiros do clube, que irá iniciar os trâmites para resolver de vez o imbróglio judicial com a Caixa Econômica Federal. Ainda não há nada formalizado.
Informações divulgadas em matéria da Central do Timão foram confirmadas por Sanchez (Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)
De acordo com os documentos apresentados pela Caixa à Justiça, o clube deve seis parcelas deste ano do pagamento mensal que fazia ao banco estatal. Apenas as parcelas dos meses de janeiro e fevereiro foram pagas. O caso está na 24ª Vara Federal Cível de São Paulo.
No encontro com os conselheiros, Andrés disse que o clube não pagou apenas as parcelas de junho e julho deste ano. Segundo o presidente, a diferença é que a Caixa não conta com um acordo verbal que existiria entre as partes. Neste acerto, o Corinthians pagaria parcelas mensais de R$ 5,7 milhões, de março a outubro, e R$ 2,5 milhões de novembro a fevereiro, período que quase não há jogos, eventos, e por isso, menos renda com a Arena, segundo o Presidente.
Andrés também falou sobre a dívida com a Odebretch. O dirigente se desculpou por ter “se expressado mal” ao falar que o clube não devia nem um centavo para a empreiteira. Em coletiva de imprensa após a ação da Caixa, Andrés Sanchez foi enfático, dizendo por diversas vezes que o Corinthians só devia para a Caixa.
Com o repasse dos CIDs para a Odebtrech, o Timão tenta uma redução da dívida com a empresa para pagar no máximo R$ 160 milhões. Ainda na reunião do conselho, Andrés disse estar otimista com o acordo e que o clube poderá pagar ainda menos à Odebretch. O mandatário também disse que ainda não é possível cravar um valor.
Um encontro entre os representantes do Corinthians e da caixa estava previsto para ontem, terça-feira (01), porém, sem a presença de Andrés. Recentemente, o presidente declarou que só existiria um acordo “do jeito que o Corinthians quer”.
A Caixa emprestou R$ 400 milhões para a construção da Arena Corinthians. Pelas contas do clube, o Timão já pagou R$ 170 milhões. Com juros e correções, ainda segundo o clube, o valor da dívida gira em torno de R$ 487 milhões. No processo aberto para a execução da dívida, além do valor restante, o Banco cobra uma multa e o valor de R$ 536 milhões.
Estatal Financeira questiona a inclusão de várias empresas no processo de Recuperação Judicial da Odebrecht
Foto: Imagem/Divulgação/Ag. Corinthians
Na manhã dessa sexta-feira (28), os veículos de imprensa do Grupo Estado, e também o jornal Folha de São Paulo, divulgaram notícias informando que a Caixa Econômica Federal pediu a extinção da recuperação judicial da Odebrecht.
Segundo consta nos documentos obtidos pelos órgãos de imprensa, a Caixa aponta que a Construtora incluiu empresas distintas na Recuperação Judicial, o que seria ilegal.
Entramos em contato com o advogado Cesar Marques, buscando esclarecer para a Fiel o que está petição da Caixa na Recuperação Judicial da Odebrecht pode representar para o acordo entre o Corinthians e a construtora. Confira:
“A Caixa Econômica Federal requereu a extinção da Recuperação Judicial da Odebrecht
A Caixa alega, em síntese, que a Odebrecht não explicou adequadamente os motivos da inclusão de várias empresas na Recuperação Judicial. A possibilidade de extinção do processo é bem remota, tendo em vista que, caso o juiz considere crível a petição da Caixa, a Odebrecht ainda terá prazo para Emendar o Plano de Recuperação Judicial.
Dessa forma, o acordo entre Corinthians e Odebrecht não corre quaisquer riscos nesse momento.”
Confira a petição na integra
Por Marcelo Becker com colaboração do Advogado César Marques
A Central do Timão fez um levantamento e obteve informações inéditas sobre o processo que a Caixa move contra o Corinthians, por não pagamento de parcelas. Além disso, buscamos opiniões de advogado, economista e conselheiros sobre as recentes notícias envolvendo a casa do Timão
(Foto Bruno Teixeira Rolo/Agência Corinthians)
Para a construção do estádio, foram feitos dois contratos paralelos: um com a Própria Construtora Odebrecht. Segundo o presidente Andrés Sanchez, o Corinthians conseguiu abater uma dívida de mais de 800 milhões de reais com a Construtora e não deve mais nada à família Odebrecht. Essa informação está no link abaixo:
Conforme citamos na matéria acima, o acordo com a Construtora depende de uma série de fatores, principalmente a aprovação do conselho da própria Odebrecht. A princípio, a Construtora negou o acordo, mas emitiu nota dizendo concordar com os termos do acordo.
A novela da vez se trata do contrato da Caixa Econômica Federal. O banco estatal entrou com um pedido de execução da dívida com o Corinthians por não pagamento de 6 parcelas. Esse não pagamento repercutiu mal dentro do clube, pois o próprio presidente Andrés Sanchez disse em reunião do Conselho Deliberativo que as parcelas estavam em dia com o banco.
Em coletiva na semana passada, o presidente corinthiano disse que o clube tinha apenas duas parcelas em atraso, devido à paralisação dos campeonatos para a disputa da Copa América. A Caixa confirmou que o atraso é de realmente seis parcelas, e consta nos autos do processo. Uma reunião no Conselho Deliberativo foi solicitada pelos conselheiros para que Andrés explique se mentiu ou não. Há informações de dentro do clube que conselheiros ameaçam pedir impeachment do presidente corinthiano.
O contrato com a Caixa Econômica Federal, intermediadora do financiamento com o BNDES, foi planejado com um grupo de quatro empresas, para gerir o Fundo da Arena. Entre as empresas estão a Construtora Odebrecht, Sport Club Corinthians Paulista, Jequitibá Patrimonial S/A e Caixa Econômica Federal. O contrato com a Caixa seria de 400 milhões de reais, porém 3 aditivos no contrato, mais os juros e custos judiciais farão a dívida chegar na casa dos 600 milhões, entenda:
R$ 400 milhões é o valor original do empréstimo, com mais 3 aditivos, chegou a R$ 475 milhões e com juros por atraso, o valor atual chegou a R$ 536.092.853,27.
Esse contrato sempre foi guardado a sete chaves pelos administradores do clube, porém, a CEF incluiu todas as versões do contrato no pedido de execução da dívida. Com isso, podemos ter acesso às cláusulas. Há muitas informações que fazem o contrato ser muito maléfico ao clube.
Consultamos o advogado César Marques, que teve acesso ao processo de execução da dívida que a Caixa move contra o Corinthians e nos passou um resumo do processo:
– A Ação de Execução em face de Arena Itaquera S/A, sociedade de propósito específico, foi distribuída no dia 22.08.2019 perante a 24ª Vara Cível Federal da Seção Judiciária de São Paulo.
O Sport Club Corinthians Paulista não é parte no processo, mas participa do contrato como “Interveniente-Anuente”. A Caixa alega, em síntese, que não houve pagamento das parcelas referentes aos meses de março, abril, maio, junho, julho e agosto de 2019. Destaque-se que as parcelas do contrato ficaram suspensas entre os meses de maio de 2017 a maio de 2018. Desta forma, a Caixa exige o pagamento da importância de R$ 536.092.853,27, no prazo de 3 dias, a partir da citação da parte devedora.
Assim, o prazo para o pagamento da quantia supracitada expirar-se-ia em dia 18 de setembro. O Corinthians não pagou a quantia pretendida pela Caixa e se defenderá através de uma peça chamada “Embargos à Execução”, com prazo final até o dia 04 de outubro. Na hipótese de rejeição dos Embargos à Execução, poderá incidir até 20% de honorários advocatícios, o que elevaria o pretenso crédito da Caixa para a importância de R$ 643.311.423,92.
Da decisão de Embargos à Execução, que tem natureza de sentença, cabe Recurso de Apelação perante o Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
A ação de execução implica, nesse momento, o rompimento entre as partes e, por consequência, o pagamento das parcelas continuará não sendo efetuado até que se resolva a pendência por completo. Entretanto, a Arena Itaquera S/A poderá ter os seus ativos financeiros penhorados.
Ademais, nada impede que mesmo diante do litígio, que as partes formalizem um acordo. Suponho que o Departamento Jurídico do Corinthians esteja trabalhando nesse sentido.
Eis um resumo do processo e suas probabilidades.
Sigamos adiante.
O objeto da ação é o contrato de financiamento para a construção da Arena Corinthians, que foi assinado em 29/11/2013 e aditado nos dias 07/02/2014, 05/02/2015 e 29/09/2017. O valor originário do contrato perfazia o montante de 400 mil reais.
Os juros convencionados entre as partes é o TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo, que é calculada com base em dois componentes, isto é, metas de inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional e prêmio de risco.
Apenas a título exemplificativo, a parcela de julho de 2019 perfazia o montante de R$ 5.624.428,70. Considerando que a parcela não foi paga, incidiu à importância de R$ 139.329,59 a título de juros.
O Parque São Jorge foi dado em garantia da mesma forma que outras 12 garantias contratuais. Em tese, não parece viável que o Parque São Jorge, mesmo em caso de inadimplemento, seja objeto de garantia do contrato.
O tão propagado “Naming Rights” também consta no contrato. As partes estabeleceram que 100% das receitas oriundas do Naming Rights pertenceriam a Caixa até que o saldo devedor chegasse a 200 milhões. As partes estabeleceram, ainda, que somente poderia haver antecipação de recebíveis decorrentes do Naming Rights com a autorização da Caixa.
Em suma, o contrato de financiamento de 400 milhões não é mais 400 milhões. É mais de 536 milhões. E o Corinthians precisa pagar, embora o contrato tenha diversas cláusulas abusivas e leoninas, que podem diminuir o valor da dívida.
No geral, o contrato de financiamento estabelecido com a Caixa é péssimo e leonino para o Corinthians.
Me faz relembrar de uma das fábulas de Esopo.
Na fábula, quatro animais, leão, raposa, chacal e o lobo, associam-se durante uma caçada. A presa que pegassem seria irmãmente dividida entre eles. Após matarem um inocente veado, puseram-se a fazer a partilha, tendo o leão no comando. E no parte e reparte, o leão acabou ficando com o animal inteiro, enquanto os demais ficaram a ver navios. O Corinthians não é o leão, mas terá que se defender da Ação de Execução e, por consequência, pagar o débito através de acordo de 10, 20, 30 anos, sob pena de dívida eterna com o leão, digo a Caixa Econômica Federal.” disse o advogado.
O Contrato de financiamento do Corinthians conta com quatro empresas envolvidas na administração da Arena Corinthians. Uma delas está como consultora do Fundo e causa uma dúvida da real necessidade de participar do processo: JEQUITIBÁ PATRIMONIAL
Essa empresa foi criada em 2009, e tem um capital social
estimado em apenas R$ 800,00. Tem dois sócios, Maurício da Costa Ribeiro e
Rodrigo Boccanera Gomes, e os representantes dessa empresa na gestão do fundo
da Arena são os mesmos que representam a Arena Corinthians, Daniela Bonifácio e
Sérgio Dias.
Veja mais algumas informações sobre o contrato:
NAMING RIGHTS SÓ COM A APROVAÇÃO DA CAIXA
O Corinthians nunca conseguiu fechar parceria para o Naming
Rights da Arena Corinthians. Houve muitos boatos sobre empresas interessadas e
até mesmo bancos. Talvez o clube não tenha obtido êxito as negociações porque
todas as negociações teriam que ter o aval da Caixa. Inclusive, há uma cláusula
no contrato que dá ao banco o direito de vetar qualquer negociação que entenda
ser maléfica ao contrato. Há também a preferência da Caixa em fechar Naming
Rights com o estádio, caso o clube tenha recebido uma oferta de outra
instituição financeira.
Parte do Parque São Jorge está alienado no contrato
O Corinthians corre, sim, o risco de perder parte do Parque
São Jorge, que fora colocado em garantia de pagamento da Arena Corinthians.
Digo partes porque a totalidade do Parque São Jorge tem uma avaliação de mercado com um valor muito acima do contrato. A Fazendinha tem ao menos 4 matriculas e duas delas foram incluídas no processo: Imóveis de matrículas 241.016 e 162.200 no 9° registro de imóvel de São Paulo, no Tatuapé.
Mas qual o risco de o Corinthians perder esses imóveis acima citados? Quase zero. Para a Caixa, não interessa adquirir – por mais valorizada que esteja a região do Tatuapé – algum tipo de imóvel de forma ajuizada. Dessa forma, um longo processo se arrastaria por décadas e o Corinthians ficaria liberado de pagar parcelas enquanto não fosse julgado e transitado. Para a Caixa, também é interessante que haja um acordo de renegociação da dívida do estádio.
Por contrato, a CEF têm direito em administrar as contas do Clube?
Foi noticiada por um blogueiro que a Caixa Econômica Federal tem o poder de administrar as contas do Corinthians, e não só da Arena Corinthians. Isso não é verdade.
Basicamente, a cláusula que foi citada é condicionada a um contrato, que não consta nos autos. Seria o contrato de administração de contas do clube, que, em tese, deveria ser celebrado em 15 dias após a assinatura do contrato.
Entretanto, embora seja algo assustador, nesse caso, antes de chegar nesse ponto, ou seja, dar em garantia os créditos do clube, como TV, Loterias e atletas, o Corinthians pode solicitar a liberação parcial das garantias referentes ao Parque São Jorge. São 2 matrículas.
Em suma. O Corinthians, mesmo com a incompetência comprovada no caso, jamais deixaria a questão chegar nesse ponto.
Arena Corinthians incluída na lista de devedores do Serasa
No processo movido pela Caixa, foi solicitado e a Arena Corinthians entrou para a lista de devedores do SERASA. A dívida em questão são as parcelas em atraso, que totalizam 48 milhões de reais. Isso não muda muita coisa tecnicamente, pois o CNPJ da Arena Corinthians é diferente do CNPJ do Corinthians ou Fundo da Arena. Mas, esse tipo de notícia sempre atrapalha o clube, na questão do Marketing e até mesmo conseguir o famigerado Naming Rights.
Andrés poderia ser candidato, em 2014, a Deputado Federal?
No contrato firmado com a Caixa, há uma cláusula que em caso de diplomação como Deputado(a) Federal ou Senador(a), de pessoa que exerça a função remunerada na Beneficiária, ou esteja entre seus proprietários, controladores ou diretores, pessoas incursas nas vedações previstas pela Constituição Federal, artigo 54, incisos I e II. Andrés, que era um dos administradores da Arena Corinthians, foi eleito Deputado Federal em 2014, mas se afastou do clube e do estádio quando diplomado. Porém, em 2018, foi eleito presidente do Corinthians quando iria cumprir seu último ano de mandato. Andrés disse à época que, caso eleito presidente do Corinthians, renunciaria ao mandato federal, promessa que nunca se cumpriu. A Caixa poderia ter executado a dívida, mas como o Clube estava em dia com as parcelas, preferiu não acionar a justiça.
O Economista Rafa Gil Gil diz como o clube pode equacionar essa dívida com a CEF:
“- O contrato firmado entre a Caixa e o Corinthians é comprovadamente um péssimo negócio. Porém, é importante que sejam adotadas medidas para que a dívida seja paga e tenha o tratamento preciso com a máxima urgência. A primeira ação a ser adotada é a renegociação da dívida. É imprescindível sentar junto a instituição credora e definir prazo de pagamento e juros adequados para a amortização da dívida. É importante que as parcelas se encaixem ao orçamento e ao fluxo de caixa do clube.“
‘- Uma vez este contrato renegociado, mesmo que seja num prazo longo, serão necessárias várias ações para incrementar receitas e tentar amortizar as parcelas em um menor tempo possível. É um árduo caminho, mas é exequível e traria tranquilidade para dar sequência na definitiva solução da questão da Arena Corinthians.”
Advogado e conselheiro do Corinthians, Herói Vicente (Foto: Arquivo pessoal)
Em entrevista exclusiva para a Central do Timão, o conselheiro Herói Vicente fala sobre os problemas do Corinthians com a Caixa Econômica Federal:
Você concorda com o clube tentar revisar, diretamente com a CEF, os valores das parcelas acordadas inicialmente?
“- Temos que buscar um acordo. Fomos arrastados involuntariamente para essa “aventura”, que precisa ser solucionada. O que era para ser a realização do sonho da casa própria, está se tornando rapidamente um enorme pesadelo. Nosso nome está exposto da pior forma possível, como inadimplentes contumazes, afastando mais uma vez investidores de porte e que trabalham com compliance.“
“- A alternativa que dificilmente será lançada – por óbvia falta de interesse dos envolvidos – seria a “perquirição dos negócios jurídicos subjacentes”, ou em outras palavras, realizar uma avaliação judicial da arena e descobrir definitivamente se houve ou não superfaturamento da obra. Se eventualmente ocorreu essa supervalorização, o contrato estaria viciado e todos seus termos deveriam ser revistos desde o início, com possível rebaixamento do saldo devedor e indenização por perdas e danos contra os eventuais responsáveis pelo vexame. Creio contudo que a diretoria optará pela via da renegociação do débito em face da teoria da imprevisão (a teoria da imprevisão justifica a resolução ou a revisão de um contrato caso ocorra um acontecimento superveniente e imprevisível que desequilibre a sua base econômica, impondo a uma das partes obrigação excessivamente onerosa). Veremos.”
O clube fez certo em tentar o acordo direto com a CEF e
começar a cumpri-lo, mesmo sem a formalização final?
“- Quando lidamos com patrimônio coletivo, a atenção deve ser redobrada. Se é que o tal acordo existiu, exigir-se-ia que fosse obtida a anuência prévia do credor. Por escrito. Agora resta tentar demonstrar a anuência tácita. É uma argumentação válida, mas ninguém sabe como os fatos serão interpretados pelo Judiciário.”
Para você, o clube deve insistir em um acordo direto com a CEF ou deve partir para a via judicial?
“- O acordo, como existe processo ajuizado, deve ser entabulado nos autos (acordo judicial). Só espero que não surja a ideia brilhante de repassar a responsabilidade para as próximas gestões. “Quem pariu Mateus que o embale”. Precisamos fiscalizar de perto esse eventual acordo, para garantir que não sejam criadas situações excessivamente onerosas para os sucessores de Andrés.“
Por ser umas das únicas arenas que está pagando o BNDES,
a Arena Corinthians não deve ser tratada de forma especial pela CEF? Você acha
normal tal postura do Banco?
“- É normal. A Caixa atua por normativos. Regras tem de ser seguidas, mormente trate-se de uma instituição pública. Agora que se respeite o devido processo legal.“
Caso o imbróglio não seja encerrado e a justiça queira
penhorar e vender parte do Parque São Jorge, qual medida o clube deveria
adotar?
“- Prefiro não cogitar essa possibilidade catastrófica. O que me causa irresignação, é que essa mera probabilidade já seria motivo para afastamento de toda a diretoria. Creio que o presidente Dualib sofreu sanção por muito, muito menos.“
O posicionamento tomado por Andrés Sanchez no episódio onde o torcedor xingou o presidente da República, pode ter influenciado o novo posicionamento da Caixa?
“- Não tem sentido. A Caixa é uma instituição séria. Essa teoria (de perseguição política) me parece apenas servir ao propósito de afastar a responsabilidade da atual gestão e das anteriores. Há inadimplência e há… cobrança. Agora que se desenvolva o processo e que nosso Clube saiba oferecer as respostas que sua nação exige. Seria estranho se, mesmo sem pagar, o credor nunca ajuizasse a execução. Então, vamos acreditar que tudo dará certo.“
Andrés afirmou aos conselheiros ou alguma comissão que as
parcelas estavam adimplidas?
“- Sinceramente nem lembro mais. Temos de olhar as últimas atas das reuniões do Conselho. A Liberdade Corinthiana (grupo ao qual faço parte) sempre atua destacadamente, defendendo os interesses da instituição. Não será diferente agora. Se detectarmos alguma mentira declarada, pediremos a apuração dos fatos na seara disciplinar adequada.“
Ex-candidato a presidente do Corinthians, Felipe Ezabella (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)
Ouvimos também a opinião do candidato a presidente do Clube na última eleição, Felipe Ezabella:
Você concorda com o clube tentar revisar, diretamente com a CEF, os valores das parcelas acordadas inicialmente?
“- Lógico. O clube reconhece a dívida e tem que procurar a Caixa para tentar adequar as parcelas dentro de seu orçamento. A Caixa também tem interesse em receber. Mas isso tem que ser feito com transparência e responsabilidade e não da forma como tem sido conduzido atualmente. Só em multas pela má gestão desse contrato já temos alguns milhões de reais e o valor pode aumentar se ainda tivermos que pagar honorários de sucumbência.“
O clube fez certo em tentar o
acordo direto com a CEF e começar a cumpri-lo, mesmo sem a formalização final?
“- Não. Ninguém faz um acordo “informal” de R$ 500 milhões com uma instituição financeira. Atitude de risco totalmente desnecessária e temerária, prejudicial aos cofres da arena.“
Para você, o clube deve
insistir em um acordo direto com a CEF ou deve partir para a via judicial?
“- Acordo. Judicialmente discutiríamos apenas questões acessórias; o principal é devido.“
Por ser umas das únicas
arenas que está pagando o BNDES, a Arena Corinthians não deve ser tratada de
forma especial pela CEF? Você acha normal tal postura do Banco?
“- Não sei dizer se é verdade que somos os únicos que estão pagando, até porque estamos pagando parcialmente. A Caixa é um banco público, deve tratar todos de forma igualitária, buscando resolver os problemas de créditos e débitos de acordo com as políticas vigentes. Como o clube não é transparente e não divulga qualquer informação nem mesmo aos seus conselheiros, fica até difícil de avaliar a postura das partes envolvidas.”
Caso o imbróglio não seja
encerrado e a justiça queira penhorar e vender parte do Parque São Jorge, qual
medida o clube deveria adotar?
“- O processo de execução judicial é lento e muito caro para as partes (custas, honorários de sucumbência). Ainda tem muita coisa para acontecer antes de chegar no Parque São Jorge.“
O posicionamento tomado por Andrés Sanchez no episódio onde o torcedor xingou o presidente da República, pode ter influenciado o novo posicionamento da Caixa?
“- Espero que não.“
Andrés afirmou aos
conselheiros ou alguma comissão que as parcelas estavam adimplidas?
“- Sempre que perguntado sobre o tema o presidente dizia que o clube estava em dia com as parcelas da Caixa. Isso foi dito aos conselheiros e à Comissão do Estádio. Isso é grave porque se descobriu, da pior maneira possível, que não era verdade que estava em dia e que não era verdade que existia um acordo. Isso é uma infração ética gravíssima, não sei como os conselheiros vão reagir a isso tudo. “
Antônio Roque Citadini,
Conselheiro vitalício do clube, se mostrou bastante irritado com a diretoria:
Na última reunião do conselho, Andrés havia afirmado que não existiam parcelas inadimplentes. Porém, em coletiva, disse que havia duas parcelas não pagas. ele mentiu sobre isso?
“- É claro que não foi falado o que verdadeiramente ocorria. Essa vêm sendo a regra. A partir daí é difícil falar sobre solução.“
E sobre o contrato com a Odebrecht, em que há um acordo
registrado – segundo o próprio Andrés -, mas que ainda não passou pelo conselho
da construtora. Você acha que tem validade e o Corinthians realmente não deve
mais nada a eles?
“- Tudo, exatamente tudo do que se fala está com um ponto de dúvida. Podemos estar comentando o que não existe. A única coisa que sabemos é que a Caixa ficou cansada com o impasse e resolveu agir. Nada além disso.“
Mas ele mostrou um documento assinado, na coletiva. Ele
não levou esse documento ao Conselho?
“- Se você acredita no que a direção fala, depois de tudo o que ocorreu, vá em frente. Eu tenho dúvidas e não embarco nessa.”
O Conselho não tem o poder de exigir a abertura de todas
as contas do fundo da Arena?
“- A maioria do Conselho Deliberativo é favorável à direção, acreditam em tudo.“
Nem pedir esclarecimentos sobre ter mentido com relação ao
não pagamento das parcelas?
“- A maioria não quer, e a minoria (oposição) não acredita já de muito tempo.“
Mas a Comissão da Arena é composta por oposicionistas,
também. Inclusive o Romeu Tuma Jr é o Relator, não?
“- O que é isso?! A oposição é reduzida e não acredita.“
O senhor acha que essas notícias da Arena podem
enfraquecer o grupo do Andrés para a próxima eleição?
“- A direção tem grande apoio no Conselho Deliberativo, na mídia social, nas organizadas e nas rádios e TVs, tanto que – mesmo com o ocorrido da Caixa -, continuam trabalhando a agenda da diretoria.“
Mas há uma parte da imprensa que cobra a diretoria, que é
imparcial. Ou não?
“- Não conheço. Até quando ataca, defende.“
Por Manoel Silva e Fábio Macedo com colaboração de Rafa Gil (Economista) e Dr César Marques (Advogado)
Nesta quinta-feira (12), o Corinthians foi notificado extrajudicialmente pela Caixa Econômica Federal, pela falta de pagamento das parcelas da Arena Corinthians junto ao banco.
(Foto: Eduardo Viana/ LANCE!Press)
O Corinthians pegou um empréstimo com o BNDES, através da Caixa, de 400 milhões e há algumas garantias de pagamento que envolvem a Construtora Odebrecht, e partes do Parque São Jorge. Vamos tentar esclarecer algumas dúvidas que torcedores têm a respeito dessas notícias tão desencontradas:
Calote proposital O não pagamento das parcelas cobradas pela CEF foi proposital e Andrés já havia alertado os conselheiros do Corinthians, em fevereiro de 2019. O “calote”, segundo ele, seria uma forma de pressionar o banco a renegociar os valores de parcelas e juros, que ele considera abusivo;
Notificação não é execução A notificação da Caixa, ontem, foi extrajudicial, ou seja, não há nenhum risco, por hora, do Corinthians ter sua dívida ser executada, e consequentemente o clube perder algum pedaço do Parque São Jorge, como está no contrato com a CEF.
Por que parte do Parque? A especulação imobiliária no Tatuapé está em alta, e aquela região é muito valorizada. Há uma projeção de que o terreno total do Parque São Jorge esteja avaliado em 4 a 7 bilhões de reais. Dá para desmembrar, basta a Caixa aceitar, mas, na prática, é uma equação difícil. O Parque São Jorge em si, paga a dívida. E ainda sobra. Essa parte do Parque São Jorge foi avaliada em 400 milhões, que é o valor do contrato. A notificação serve como prova de uma tentativa da Caixa em negociar. Entretanto, o Corinthians, em tese, não cumpriu os itens contidos na notificação, que servirá de base para o ingresso na justiça;
Prazo para resposta do Clube Não há uma previsão exata na notificação para que o Corinthians responda sobre a cobrança. Em casos como esse, geralmente há um prazo de 20 dias, mas não é certo;
Pagamento de parcelas congelado Com a judicialização do acordo, o Corinthians, pode sim, congelar o pagamento das parcelas que estão em contrato até que o caso seja resolvido. Aí está o segundo motivo para o Andrés deixar de pagar as parcelas;
Arrecadação da Arena Uma das questões mais intrigantes desses imbróglios no financiamento da Arena Corinthians é para onde vai o dinheiro da arrecadação dos jogos. Toda a renda do estádio vai para o Fundo que administra o estádio, gerido pelo próprio Corinthians em parceria com a Odebrecht e a Caixa. Quando não há pagamento de parcela, o dinheiro fica retido no fundo e não pode ser usado pelo Clube para outra finalidade, senão, manutenção da própria Arena;
Prejuízo da imagem É sempre muito ruim levar a fama de mau pagador, principalmente quando é um grande clube. O Corinthians busca patrocínios, Naming Rights e parceiros de negócios para transformar a Arena em um negócio rentável. Esse tipo de notícia só afugenta um possível investidor.
Créditos: Informações jurídicas Dr. Cesar Ferreira, advogado
Twitter @TioSamSccp
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