Em 1945, um grupo de torcedores corinthianos liderados pela jovem Amélia Barreto, criou um time cujo estádio se chamava Parque São Jorge, e em pouco tempo arrastava uma torcida apaixonada no interior paulista
O Sport Club Corinthians de Presidente Prudente, também conhecido como Corinthinha de Prudente, foi fundado em 08/02/1945. Participou da Primeira Divisão do Paulista somente em 1960, tendo sido rebaixado no mesmo ano, e nunca mais conseguiu retornar à elite. Mandava seus jogos em estádio próprio, denominado “Parque São Jorge”.
O Corintinha não existe mais, o estádio foi demolido para dar lugar à construção do Shopping Center Americanas, e os poucos troféus e fotos estão espalhados em mãos de pessoas que tiveram alguma ligação com o clube.
Um grupo de torcedores do Corinthians Paulista, de Presidente Prudente, estava incomodado de o único time do município, a Prudentina, ser tricolor, assim como o rival do Timão da Capital. Por usar uniforme vermelho, preto e branco, que também são as cores do município, o clube tinha a antipatia dos corinthianos. Por isso, em 1945, Amélia Barreto resolveu juntar os torcedores do Timão para criar um xará.
Produtores de algodão e amendoim, os japoneses Gushiken, Kuskin, Kusken, Gosken e Sairin compraram todos os uniformes, as bolas, os materiais de treino, mas exigiram participar do time. Mas, Gushiken era cego do olho esquerdo. Perdeu a visão depois de se chocar com um arame farpado durante uma “pelada” nos campos de plantação. Mas não foi empecilho.
Já em 1948, a equipe conquistaria seu primeiro título – o de campeão da Alta Sorocabana. Foi a última competição amadora da equipe, que se inscreveu na segunda divisão (Série Branca) do Campeonato Paulista junto à Federação Paulista de Futebol. Em sua estreia no profissional, foi apenas o 10° colocado da chave, perdendo a vaga para a fase final para o Linense.
Foi nessa época que o time construiu seu estádio, o Parque São Jorge. O terreno, localizado na rua Siqueira Campos, foi doado por Mellén Isaac ao presidente do clube, Alvino Gomes Teixeira. Na inauguração, o time do interior paulista venceu a equipe de aspirantes do São Paulo por 4 a 0, quebrando uma série invicta de 36 jogos do time da capital paulista.
Porém, foi apenas nos anos 1950 que o Corinthinha, apesar de não conquistar nada, viu que era preciso aumentar o estádio, que já não cabia a torcida. Um mutirão da torcida construiu uma nova arquibancada no Parque São Jorge, aumentando para 10 mil lugares a capacidade do estádio.
Em 59, o time conquistaria a única vaga disponível para o acesso ao Paulistão de 1960. Era a conquista da Série A-1 do Campeonato Paulista, em 1959. Foi o primeiro acesso de um clube da cidade.
O Corinthinha estreou na primeira divisão em 12 de junho de 1960, em casa, justamente contra o xará famoso, o Sport Club Corinthians Paulista. Foi derrotado por 2 a 0. No entanto, venceu a Portuguesa Santista (3 a 0) e Portuguesa (5 a 2) em seguida.
No entanto, logo viriam outras derrotas, e a equipe não conseguiu escapar do rebaixamento. O Corinthinha era rebaixado com a 17ª colocação, à frente apenas da Ponte Preta. Era o fim de sua única participação na elite do futebol paulista.
A tentativa de conquistar a simpatia dos torcedores dos outros times paulistas na cidade, fez com que o Corinthians prudentino mudasse de nome em 1973. Surge então o Presidente Prudente Esporte Clube, com as cores azul e amarela, que buscava unificar as torcidas da cidade. Dividiu.
O time perdeu o apoio dos torcedores mais tradicionais e de seus fundadores, principalmente de “dona” Amélia Barreto, a torcedora-símbolo, a idealizadora do time. Uma votação decidiu pela retomada do nome e das atividades do Sport Club Corinthians de Presidente Prudente.
O ano de 1975 marcaria a retomada do Corinthinha ao futebol paulista. Porém, como não existia a Lei do Acesso no estadual, o time passou a viver os piores momentos de sua história até então em divisões intermediárias. Tanto que, em 76, teve seu estádio penhorado e vivia a maior agonia de sua existência.
Um grupo de atletas e torcedores se une para tirar o clube do vermelho. O time reforma o gramado de seu estádio e volta a realizar bons jogos, deixando para trás a ameaça de extinção. Voltou a encher as arquibancadas do Parque São Jorge na segunda divisão de 77 e no ano seguinte deixou de alcançar o acesso apenas na fase final.
Em 79, ganha destaque como um dos favoritos à vaga do acesso. Porém, nem mesmo com a diretoria organizada, o time arrumado e os salários em dia, o time garantiu o retorno à elite do Paulistão. Era o melhor da história do clube desde 1959.
Em 1980, o time passou 23 jogos sem perder entre a primeira e a segunda fase da segunda divisão. O Parque São Jorge estava novamente lotado, mas o time deixou escapar o acesso mais uma vez nas rodadas finais.
A decepção foi grande, e o time perdeu parte do apoio da torcida. Logo, as verbas tornaram-se escassas, e em 1983, o terreno do Parque São Jorge foi vendido para a construção de um shopping center – o primeiro da cidade, o Americanas (atual Prudente Parque Shopping).
De nada adiantou o choro desesperado e a contestação dos torcedores, que iniciaram movimentos até mesmo para devolver o dinheiro da negociação à empresa compradora do terreno. Em 7 de novembro de 1983, o Corinthians de Prudente vendia o maior patrimônio de sua história.
Sem patrimônio, o time ainda disputou algumas partidas no Parque São Jorge, mas posteriormente firmou-se no recém-inaugurado Estádio Municipal Eduardo José Farah, o Prudentão. Porém, até o final da década de 1990, fez campanhas medianas na Série A-2 do Paulista, sem brigar diretamente pela vaga, mas sem lutar contra o rebaixamento.
Rebaixado para a Série A-3, sem recursos, o Corinthians P.P. fecharia suas portas. Mas, com novas eleições, o presidente Jaime Lira Leal Filho conseguiu junto à FPF evitar o fechamento do clube e deu prosseguimento da equipe no Paulista da Série A-3.
O time voltou em 1996 para a A-2. Naquele ano, realizou uma campanha memorável, e ao final do torneio, foi promovido ao lado de Matonense e Francana.
Instável, voltou a ser rebaixado em 1999 e em 2000 fechou suas portas definitivamente. Era o fim de um sonho de 55 anos, que começou porque uma alvinegra, Amélia Barreto, se negava a usar as cores que representavam um time rival.
O “novo” Corinthians de Prudente pode até fazer lembrar aquele antigo Corinthinha do século XX, mas percorrem caminhos paralelos. Este, atual, disputa uma liga amadora desde 2016 por meio da Taça Paulista de Futebol. Utiliza o mesmo nome e escudo para disputar a Liga Amadora de Futebol. Porém, não tem nenhuma ligação com o tradicional clube que representou a cidade em campeonatos estaduais por décadas.
Amélia Barreto e Adir Dallefi foram as figuras que viveram, incansavelmente, a história do extinto Corinthians de Presidente Prudente e tudo fizeram para sua manutenção e sucesso. Ambos já faleceram.
“É branco e preto é preto e branco / Eu sou Corinthiano o que é que há / É na vitórias ou nas derrotas / Eu sou Corinthiano o que é que há / Nós somos os mosqueteiros / Um por todos todos por um / Povo altaneiro que enaltece a sua gente / Salve o Corinthians, Corinthians de Prudente!”
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Por Nágela Gaia / Redação da Central do Timão
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