O lateral-direito Rafael Ramos, do Corinthians, prestou depoimento ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no início da tarde desta terça-feira. O interrogatório é parte do inquérito que apura se houve ou não racismo por parte do português contra Edenilson, do Internacional, no empate por 2 x 2 entre as equipes, em 14 de maio.
De acordo com o “Globo Esporte”, Rafael Ramos esteve acompanhado do gerente de futebol do Timão, Alessandro Nunes, e do advogado Daniel Bialski, contratado pelo Corinthians para conduzir a defesa do jogador. Eles estiveram na sede do TJD-SP (Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo), localizada no bairro Vila Mariana.
Após o depoimento, Bialski disse que Rafael Ramos voltou a negar a utilização da palavra “macaco” como ofensa ao meio-campista. O advogado também afirmou que o português sequer sabia que o termo era usado com cunho racista no Brasil, algo que não acontece em Portugal.
“Uma coisa importante que ele disse hoje, que precisa ser muito ressaltada. É que em Portugal, conforme ele mencionou, não se faz esse tipo de comentário quando se quer falar algo preconceituoso, e ele desconhecia que isso era utilizado no Brasil. Ele reafirmou o que já tinha dito várias vezes não somente no depoimento oficial que prestou em Porto Alegre, mas em todas as declarações, de que em momento algum ele ofendeu de forma racista o Edenilson.”, disse o advogado.
Na próxima segunda-feira, 6, será a vez de Edenilson prestar depoimento ao auditor do Pleno do STJD, Paulo Feuz. O Internacional fará dois jogos seguidos em São Paulo, sendo um contra o Red Bull Bragantino, em Bragança Paulista, no próximo domingo, e outro contra o Santos, na Vila Belmiro, na quarta-feira seguinte, ambos pelo Brasileirão.
No âmbito esportivo, Rafael Ramos pode ser enquadrado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). A punição para atos discriminatórios varia de cinco a dez jogos, com multa de até R$ 100 mil. O lateral-direito também se defende na esfera criminal, em investigação feita pela Polícia Civil de Porto Alegre.
Após o empate por 2 x 2 entre Corinthians e Internacional no Beira-Rio, há pouco mais de duas semanas, o português afirmou que o meio-campista acabou entendendo errado a frase “mano, caralh*”. O defensor chegou a ser preso em flagrante, mas acabou sendo solto após pagamento de fiança de R$ 10 mil. Já o jogador colorado disse que “sabe o que ouviu”.
O Corinthians chegou a contratar uma perícia para apurar a acusação contra Rafael Ramos. Essa leitura labial apontou que não houve ofensa racial por parte do atleta corinthiano. De acordo com os peritos, segundo as imagens analisadas, não é possível que a letra “m”, inicial da palavra “macaco”, tenha sido pronunciada pelo lateral-direito, independentemente do sotaque português do atleta.
Enquanto o caso é analisado pelas autoridades, o técnico Vítor Pereira vem relacionando o jogador normalmente. No último domingo, 29, Rafael Ramos foi titular do Corinthians no empate por 1 x 1 com o América-MG, na Neo Química Arena, pelo Brasileirão. Ele também deve ser titular no próximo compromisso da equipe, contra o Atlético-GO, no sábado, 4 de junho, às 20h30, em Goiânia.
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