Nesta segunda-feira (13), o delegado Roberto Sahagoff, titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre, encaminhou o inquérito do caso de suposta injúria racial de Rafael Ramos, do Corinthians, ao Ministério Público. O meio-campista Edenilson, do Internacional, acusa o português de tê-lo chamado de “macaco” no empate por 2 x 2 entre as equipes, em 14 de maio, no Beira-Rio.
No inquérito, o delegado gaúcho indiciou o lateral do Timão contra injúria racial ao volante colorado. Roberto Sahagoff, que havia afirmado que indiciaria o atleta por considerar ter indícios suficientes do crime, declarou que, agora, a decisão está nas mãos do promotor. “O caso foi concluído por mim e encaminhado ao Ministério Público. O promotor definirá se ingressa com ação, arquiva ou pede alguma diligência”, disse, em contato com o site “Globo Esporte”.
O delegado optou por concluir o caso com o indício a Rafael Ramos mesmo após o laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul definir que não era possível identificar o que foi dito pelo lateral a Edenilson.
A atitude de Roberto Sahagoff, que afirmou que tinha indícios suficientes de injúria racial, foi contestada pelo advogado contratado pelo Corinthians para a defesa de Rafael Ramos, Daniel Bialski.
“Acaso o delegado pretenda, contra a prova pericial taxativa, indiciar o Rafael, iremos tomar as devidas providências jurídicas, seja para evitar isso, seja para apurar o abuso de autoridade praticado. Não se tolerará novamente arbitrariedade“, disse o advogado na semana passada.
Relembre o caso
Após o empate por 2 x 2 entre Corinthians e Internacional no Beira-Rio, há pouco mais de duas semanas, Rafael Ramos afirmou que Edenilson acabou entendendo errado a frase “mano, caralh*”. O defensor chegou a ser preso em flagrante, mas acabou sendo solto após pagamento de fiança de R$ 10 mil. Já o jogador colorado disse que “sabe o que ouviu”.
O Timão chegou a contratar uma primeira perícia para apurar a acusação contra o português. Essa leitura labial apontou que não houve ofensa racial por parte do defensor. De acordo com os peritos, segundo as imagens analisadas, não é possível que a letra “m”, inicial da palavra “macaco”, tenha sido pronunciada pelo lateral-direito, independentemente do sotaque português do atleta.
Na semana retrasada, um outro laudo contratado pelo Corinthians, desta vez emitido pela empresa The Perfect Link Forensics, especializada em perícia forense, disse que o lateral-direito não cometeu injúria racial contra o meio-campista. De acordo com a perícia, o corinthiano disse a expressão “f…, mano, c…”, que conta com oito sílabas e oito fonemas. Edenilson diz ter ouvido a frase “f…, macaco”, que possui seis sílabas e seis fonemas.
No último dia 31, Rafael Ramos prestou depoimento ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e voltou a negar a utilização da palavra “macaco”. Já Edenilson depôs na última segunda-feira, 6, e manteve sua versão contra o jogador alvinegro.
No âmbito esportivo, o lateral-direito pode ser enquadrado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). A punição para atos discriminatórios varia de cinco a dez jogos, com multa de até R$ 100 mil.
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