Em quatro anos de gestão – dois mandatos de dois anos -, o palmeirense demitiu mais que o corinthiano em quase oito anos
Até a 9ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2020, seis técnicos já foram demitidos. E ainda há outros ameaçados de caírem bem antes da metade do torneio. Dois deles se enfrentarão na noite de hoje, justamente em um dos maiores clássicos do país. Mas tanto Tiago Neves, do Corinthians, quanto Vanderley Luxemburgo, do Palmeiras, tem sido respaldados por seus dirigentes, pelo menos até agora.
E o histórico dos presidentes dos dois clubes com técnicos traz uma lista grande de ocupantes do cargo, mas não necessariamente por demissões.
Andrés Sanchez, mandatário do Corinthians, trabalhou com dez técnicos, mas apenas três foram demitidos. Além disso, três técnicos eram interinos. Desses, um foi efetivado.
Já o presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, empregou oito técnicos, sendo dois interinos, com cinco demissões. Galiotte está no poder desde o final de 2016, enquanto Andrés está no cargo desde o começo de 2018, mas já tendo ocupado a presidência com dois mandatos entre 2007 e 2011. Em quatro anos de gestão (dois mandatos de dois anos), o palmeirense demitiu mais que o corinthiano em quase oito anos.
Andrés tem um histórico de preservação de treinadores, mesmo em momentos de forte instabilidade. No início de seu mandato, o técnico do time era Nelsinho Baptista, com quem o Corinthians acabaria rebaixado no Brasileirão de 2007. Baptista cumpriu seu contrato, que iria até o fim daquele ano, e foi substituído por Mano Menezes. O gaúcho teria uma passagem vitoriosa no Timão e só sairia em 2010 para treinar a Seleção Brasileira.
Para o lugar de Mano, Andrés contratou Adilson Batista, mas uma série de derrotas no Brasileirão levou o presidente a demitir o técnico depois de 17 jogos. Em seu lugar, o então auxiliar Fábio Carille assumiu o comando interino da equipe. Logo depois, Andrés contratou Tite, que faria sua segunda passagem no clube e ficaria no cargo até depois da saída do presidente.
Mesmo se consagrando no Timão, Tite teve que passar por um teste de resistência – e de apoio interno: no início de 2011, o Corinthians foi eliminado na pré-Libertadores pelo Tolima, da Colômbia, levando muitos a pedirem a cabeça do treinador. Mas Andrés bancou a permanência do gaúcho no comando da equipe, e o final dessa história já é conhecido por todos.
Quando Andrés voltou à presidência do Corinthians em 2018, o técnico da equipe era Fábio Carille, que tinha sido efetivado em 2017, ainda na gestão Roberto de Andrade. Foi na administração atual que aconteceu a maior parte das trocas de técnicos: Carille saiu em maio de 2018 para treinar o Al Wehda, da Arábia Saudita, e Osmar Loss, auxiliar e treinador da base, assumiu o comando.
Sem fazer o time emplacar, Loss saiu do cargo depois de 25 jogos, mas não foi demitido; em vez disso, voltou para a base e foi substituído por Jair Ventura no time principal. A passagem de Ventura durou apenas 19 jogos, com um péssimo aproveitamento, e ele acabou demitido no final de 2018. Na mesma época, Andrés acertou o retorno de Fábio Carille, muito desejado pela torcida após os maus resultados de seus dois sucessores.
Apesar de voltar como uma nova esperança para a Fiel, Carille não teve sucesso em sua segunda passagem: mesmo conquistando o tricampeonato Paulista, o mau desempenho da equipe no Campeonato Brasileiro culminou na demissão do técnico depois de 69 partidas. Em seu lugar, assumiram Leandro Cuca e, depois, Dyego Coelho, ambos interinos. No fim de 2019, Andrés contratou Tiago Nunes.
No início da gestão de Galiotte no Palmeiras, o técnico era Eduardo Baptista, que seria demitido com 23 jogos. Para o seu lugar, o presidente contratou Cuca, campeão brasileiro com o alviverde em 2016, mas que acabou dispensado depois de 34 partidas. Alberto Valentim assumiu temporariamente e, em 2018, Galiotte contratou Roger Machado, que também seria demitido, com 44 jogos.
Então, Galiotte acertou o retorno de Luiz Felipe Scolari, que teria a passagem mais longa, com 77 jogos. Felipão ganhou o título brasileiro de 2018 e ficou até 2019, quando, depois de uma série de tropeços na Libertadores e no Brasileirão, acabou demitido. Para o seu lugar, a diretoria contratou Mano Menezes, que caiu depois de 20 partidas e foi substituído interinamente por Andrey Lopes, até a chegada de Vanderley Luxemburgo.
Embora os dois treinadores estejam pressionados pelo mau desempenho de seus times na temporada, ambos têm sido apoiados publicamente por seus presidentes:
“Eu não vou mandar o Tiago Nunes embora neste momento. Ele não tem culpa. Tem culpa, mas apenas uma parcela, não é o único. Está uma pressão insuportável para tirá-lo. Não vou tirar”, disse Andrés sobre seu técnico.
“O Luxemburgo está fazendo um bom trabalho. Acabou de ser campeão paulista, não podemos esquecer disso. Se levarmos todo o nosso raciocínio para uma decisão emocional, não vamos dar continuidade ao trabalho”, disse Galiotte sobre seu técnico.
Corinthians e Palmeiras se enfrentam logo mais, às 19h15, na Neo Química Arena.
Por Eduardo Quintino/Redação da Central do Timão
Leia mais:
+ Fagner lembra de gols marcantes pelo Corinthians e importância de vitória em clássico
+ O Derby entre Jô, do Corinthians e Luiz Adriano, do Palmeiras
2019 @ Central do Timão - Todos os direitos reservados