Buscando mostrar dois pontos de vistas distintos sobre um dos temas mais polêmicos do futebol nos dias atuais, a Central do Timão convidou dois corinthianos, conhecidos por suas posições em redes sociais, para opinar sobre o retorno de público nos estádios.
Enquanto o advogado César Marques é contrário à volta do torcedor aos estádios, o empresário Ludnel Fonseca é a favor. Veja as opiniões.
A CBF recebeu sinal verde do Governo Federal para colocar em prática um plano de retorno de público nos estádios de futebol. O Ministério da Saúde aprovou estudo com a proposta de retorno de até 30% de torcida aos estádios. A condição é que cada Estado e Município realizem os seus protocolos e adotem as medidas sanitárias apropriadas para receber os torcedores.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se reuniu na última quinta-feira com representantes dos 20 clubes da Série A para decidirem um possível retorno de público nos jogos do Campeonato Brasileiro.
A maior parte dos representantes dos clubes optou pela isonomia, ou seja, a presença da torcida só seria liberada se fosse para todas as equipes. Flamengo e FERJ defenderam que o público deveria ser liberado nas cidades que concordassem com a decisão. O Rio de Janeiro, Estado e Município, concordam com a decisão. Botafogo, Fluminense e Vasco são contra a volta dos torcedores aos estádios.
A reunião terminou em discussões, xingamentos e sem definição.
Após viagem ao Equador, o Flamengo teve 41 membros da delegação contaminados, sendo 19 jogadores. Por isso, pediu o adiamento do jogo contra o Palmeiras, o que foi negado pela CBF e STJD.
Neste sábado, nove jogadores do Fluminense testaram positivo para a Covid-19.
O introito abrange fatos dos últimos cinco dias e demonstram a fragilidade do protocolo adotado para o retorno do futebol e a malandragem enraizada em certos clubes brasileiros.
Adiante.
Segundo os dados oficiais, 140.709 pessoas já foram vítimas da Covid-19. No dia 25 de setembro, 729 pessoas foram vítimas da Covid-19. Embora o governo e a sociedade em geral transmitam um status de normalidade, o fato é que a pandemia está longe do fim, ainda mais se considerarmos a ausência de uma política de combate a Covid-19.
Outro fato inconteste: a Covid-19 não tem cura até o momento. A cura está na dependência de uma vacina, que poderá sair, quem sabe, até o final do ano.
Não há cura, mas há possibilidades para minimizar as possibilidades de contágio.
Já são mais de seis meses de quarentena, embora a maioria do povo brasileiro já tenha abandonado a prática faz um bom tempo, principalmente em razão das condições econômicas e, também, por causa da irresponsabilidade contumaz que faz parte do caráter do brasileiro. Quem precisa buscar o pão de cada dia não tem alternativa. Precisa enfrentar a Covid-19. É justificável. Quem pode trabalhar em casa, DEVE trabalhar em casa. Questão de empatia.
O isolamento social horizontal era a medida mais indicada no início do cenário, uma vez que apresentava maior potencial para conter a epidemia, mas foi sabotada pelo Presidente da Republica, que criou a falsa dicotomia entre saúde versus economia e não fez a sua parte de forma adequada e imediata, isto é, socorrer os pequenos empresários e os mais carentes em geral. A consequência do descaso governamental foi o abandono da quarentena; a uma, porque o brasileiro, em geral, precisa buscar o pão de cada dia todo santo dia, não podendo se dar ao luxo de esperar a “boa vontade” do governo; a duas, porque muitos brasileiros acreditaram na letalidade da “gripezinha”; a três, porque há uma parte da população que só pensa no próprio umbigo, mesmo sem precisar “furar” a quarentena, vide praias lotadas sucessivamente nos últimos finais de semana com sol.
Adiante.
O retorno dos torcedores em percentual de até 30% da capacidade dos estádios significa que poderemos ter entre 23.651 pessoas (30% da capacidade do maior estádio, o Maracanã) e 2.970 pessoas (30% da capacidade do menor estádio, a Serrinha, local que o Goiás vem mandando os seus jogos).
Qual a segurança que o torcedor terá para frequentar os estádios?
No momento, zero.
Palavras dos especialistas, pois vejamos:
“Por mais que se discutam protocolos de cuidados, é muito difícil garantir a mudança de comportamento do torcedor e evitar que existam abraços ou comemorações. Por mais que se aplique a medição de temperatura das pessoas na entrada, isso não evita a presença no estádio de casos assintomáticos”, Sylvia Lemos Hinrichsen – Médica Infectologista Consultora em Biossegurança da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
“Ainda não podemos nos espelhar nos outros países. Estamos vivendo em outro ritmo. É necessário ter uma sustentabilidade maior do número de casos e de óbitos antes dessa discussão”, Tânia Chaves, infectologista da SBI e professora da Universidade Federal do Pará (UFPA)
“Eu não acho prioritário reabrir estádios porque a questão nossa é retomar o ensino presencial. Como a epidemia é universal, não podemos ampliar áreas de contágio sem necessidade, no caso estádios e salas de cinema”, Paulo Lotuffo, epidemiologista e professor da USP.
“O futebol não pode pensar que está em outra realidade, outro contexto. Cada região no Brasil vive uma realidade epidemiológica distinta. É até prejudicial para um campeonato ter público em uma cidade, mas não poder ter em outra”, Jaime Rocha, médico e consultor da SBI.
Eu, novamente.
A volta da torcida aos estádios precisa se harmonizar ao tempo da ciência, da explicação possível de ser testada, racionalmente válida e justificável, que possa ser replicada, e obtida por meio de estudos, observações e experimentações feitas sobre a afirmação ou o objeto estudado.
O futebol não pode se inserir num universo paralelo, como se fosse uma atividade alheia às condições sanitárias do país. Logo, sou contra a volta dos torcedores, mesmo no percentual de 30% da capacidade dos estádios.
Voltaremos aos estádios, em segurança, e com o mesmo amor, paixão e devoção pelo nosso amado, inestimado e sagrado Sport Club Corinthians Paulista.
Paciência, amigos. Tudo voltará ao normal no tempo certo. O tempo da ciência.
Saúde, Fiel.
César Marques
A minha visão como organizador de caravanas aqui do Vale e também como frequentador assíduo de TODO evento que acontece na Neo Química Arena, é que se temos uma falta de fiscalização ou uma flexibilização em praias, bares, restaurantes, praças, parques, que em sua maioria são ou tem espaços abertos, porque não o estádio de futebol?…
Muita gente coloca que enquanto não houver vacina, não há como ir para estádio. Se formos por essa pegada, sem vacina não dá pra ir em lugar algum. Mas tem shopping aberto, tem drive-in show rolando, a galera se aglomera em casa pra fazer um churras…
Conhecemos muita gente que vive do esporte, da música, de casamentos, de festas… Enfim. Galera que trampa com eventos sempre conhece mais pessoas.
Toda essa gente tá penando e se desdobrando pra sobreviver na pandemia. E o pior é que muita gente que consome esses tipos de eventos, pra não dizer todos, não entende que não dá mais pra ficar sobrevivendo e contando que vai cair mais 600 conto do governo por mês. Vai cair pela metade o auxílio agora. Com o arroz a 40 conto é 13% do valor do auxílio.
Muita gente já voltou a sua vida normal. Já está recebendo seu salário integral. Nós fomos os primeiros a parar e os últimos a retornar. O jogo Corinthians x Ituano tinha caravana aqui do Vale com dois ônibus fechados. O clube não conseguiu devolver o dinheiro pra gente e até hoje estamos com caravanas acertadas pra essas pessoas. Sem contar o Derby que de Março aconteceu em Julho e mais de 120 pessoas tem caravana garantida conosco pelo mesmo motivo do clube não conseguir ressarcir o valor dos ingressos.
O fato é que muita gente só está pensando em número de mortos com o número de sua conta corrente positiva e sua dispensa cheia. Outros estão falando sem pensar, com a dor de um ente querido perdido no peito, sendo que talvez o mesmo morreria de outra comorbidade já existente.
A doença é claro que existe. Como tantas outras. Alguma vez alguém ligou de abraçar um desconhecido na arquibancada depois de um gol? Pois é. Parece que isso agora vai virar regra mesmo depois que Covid for embora. Antes, ninguém pensava em uma gripe ou vírus que você poderia pegar num estádio, agora parece que é só lá que pegaremos a doença.
Não vamos conseguir mais ficar sem trabalhar. Ambulantes de quase 20 anos de estádio agonizam pedindo socorro. Mesmo os mais jovens de estrada querem vender sua mercadoria. As pessoas que limpam, servem e zelam dentro dos estádios, necessitam de suas rendas de volta.
Nós, que trabalhamos numa área, por assim dizer, de agenciamento de viagens, também precisamos retornar. Mas parecem que só ligam pro que a mídia passa. O tal número de mortos. Será que é tudo isso mesmo? Será que não viramos refém do nosso medo?
O único medo que nós temos nesse momento é que nos falte coragem.
Ludnel Fonseca – Alvinegros do Vale
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Pra mim torcida de volta só em 2021, e também sou contra a abertura normal de bares, restaurantes, praias, festas, e qualquer evento que gera aglomeração!
Todo mundo quer que isso acabe logo mais não faz por merecer, aí fica difícil!
Dias Melhores virão 🙏🙌
VAI CORINTHIANS