Filho do Terrão e multicampeão pelo Corinthians, o goleiro Júlio César, que completa 38 anos nesta quinta (27), é um dos atletas mais representativos da história recente do Clube
Muitos torcedores vêem a base corinthiana como um celeiro de pedras preciosas. Dela saíram alguns de nossos principais jogadores, com destaque para os goleiros, responsáveis por conquistas memoráveis e outros que tiveram sua importância em determinado momento de nossa história.
Julio César de Souza Santos faz parte desse time. Chegou à base do Timão com quinze anos em 1999 e já em 2004 conquistou seu primeiro título de relevância, a Copa São Paulo, repetindo a dose em 2005.
Suas boas atuações o levaram ao time profissional, tendo conquistado, o que poucos lembram, o título brasileiro de 2005 onde jogou apenas uma partida, a vitória sobre o Figueirense por 2×1 no Pacaembu. Nunca conseguiu se firmar e mesmo sendo preterido por goleiros, alguns de gosto muito duvidoso que chegavam ao Parque São Jorge, soube esperar pacientemente sua oportunidade.
E ela surgiu em 2010, ano do centenário corinthiano, em um time recheado de bons jogadores, após a saída do titular Felipe. Mesmo com boas atuações, o Corinthians, após a Copa do mundo, recorreu ao veterano paraguaio Bobadilla que sequer atuou. A bola literalmente estava nas mãos de Júlio.
O ano de 2011 começa e a eliminação para o Tolima na pré-Libertadores só aumentou a pressão sobre ele e a equipe, que continuou forte após sua falha no gol de Neymar na final do Paulistão daquele ano, ligando definitivamente o sinal de alerta para o Campeonato Brasileiro. E lá foi a diretoria atrás do jovem Renan, goleiro com boas atuações pelo Avaí, o preparando para ser a sombra de Júlio César.
O time faz boa campanha no certame nacional. Chega então a décima rodada, partida contra o Botafogo no estádio de São Januário e o momento mais marcante da carreira do goleiro. Na reta final do jogo, com o Corinthians tendo feito as três alterações e vencendo por 1 a 0, em um lance fortuito ele sofre uma luxação exposta no dedo mínimo da mão esquerda.
O arqueiro chora de dor, mas o espírito guerreiro, a garra, a raça e principalmente o amor ao Corinthians o fizeram superar a adversidade seguindo até o final da partida, inclusive fazendo uma defesa muito difícil após um cruzamento. Indagado por um repórter ao final da partida do por quê daquele ato de heroísmo, a resposta foi simples: “AQUI É CORINTHIANS”.
Sai da equipe para se recuperar e abre espaço para Renan, mas este falha nas partidas contra Cruzeiro e Avaí, acabando com a boa sequência do time e fazendo com que a Fiel implore pela volta de seu titular.
A recompensa por tamanha identificação vem com o título em dezembro. Continua como titular até as quartas de final do Paulistão 2012 quando após duas falhas na derrota e eliminação por 3×2 para a Ponte Preta, perde a vaga para o recém chegado Cássio, exatamente no primeiro jogo válido pelas oitavas de final da histórica Libertadores, contra o Emelec. Indiretamente Júlio César foi importante também aí, não da maneira que gostaria, mas abriu espaço para alguém que viria a se tornar um dos maiores ídolos da história do Corinthians.
Coisas do futebol. Seu ciclo no clube terminou em meados de 2014 ao ser negociado com o Náutico.
Júlio é um dos maiores vencedores de troféus da história do Corinthians, exatamente ao lado de Cássio, com nove conquistas profissionais, mais duas Copinhas. Hoje atua no Red Bull Bragantino.
Vida longa a esse herói corinthiano!
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