É quase certo que você conheça alguém que tenha feito alguma loucura pelo Corinthians. Afinal, a torcida mais apaixonada do mundo é “O Bando de Loucos”
No aniversário de 109 anos do Timão, nossa redação conversou com torcedores que mostraram que o amor pelo time está acima de qualquer dificuldade ou contratempo, e tanto amor “que não se explica” faz o torcedor cometer as mais diversas “loucuras” e ser chamado de Fiel.
Marcelo Becker – a paixão pelo escudo quando criança
Já imaginou você morar a 1000 km de São Paulo, numa cidade de 200 mil habitantes, ter uma vida profissional estável e largar tudo, para começar uma vida nova em uma das maiores cidades do mundo, pelo seu time do coração? Isso é um caso muitas vezes impensável, mas não impossível de acontecer e Marcelo Becker, 38, jornalista, é a prova disso.
Apaixonado pelo Alvinegro do Parque São Jorge desde os sete anos de idade, Marcelo, com o passar dos anos foi alimentando cada vez mais sua paixão pelo clube. Gaúcho de Passo Fundo-RS, Marcelo conta que seu pai comprava camisas de vários times para ele e seu irmão (menos do Internacional, pois é gremista fanático). Desde muito novo, Marcelo gostou do símbolo do Corinthians, e só usava a camisa do Timão. À medida que crescia, ia ganhando outra camisa, e outra, pois só queria usar a camisa que tivesse aquele escudo. Seu pai tinha assinatura da revista Placar, e nela vinham adesivos dos escudos dos times para colar no futebol de botão. O dele, claro, foi o do Corinthians.
“Quando estava com 7 anos, meu pai disse: “Eu e teu irmão somos do Grêmio, se tu quiseres ser do Corinthians, podes ser, mas terás que ser só dele e para sempre.” Eu disse, “mas já é, pai”. Em 1994 pedi e ganhei um presente de aniversário: vim para São Paulo a primeira vez, conhecer o Parque São Jorge e ir a um jogo. Corinthians 5 x 1 Bragantino. Daí em diante, de tempos em tempos, vinha para ver jogos, um ou dois por ano, e ia todas as vezes que o Timão jogava em Porto Alegre.”
Sempre foi um sonho viver perto do Corinthians, e em 2017, Marcelo e sua esposa (ambos jornalistas), decidiram tentar a mudança.
“Desde então, estou quase sempre na Arena, e nesse período aqui fomos Tri Paulista e Campeão Brasileiro. Não é fácil sair de uma cidade de cerca de 200 mil habitantes, com vida profissional consolidada, e seguir para a metrópole que é São Paulo. Mas, pelo Corinthians tudo vale a pena.”
Ramire Rangel – O sonho de milhares de corinthianos que moram longe do Corinthians
“Toda criança antes de sonhar em ser jogador de futebol, sonha em acompanhar seu time do coração na arquibancada, mas a maioria só consegue pela TV, rádio ou internet nos dias atuais, mas no meu caso, era pelo rádio e às vezes pela TV, quando tinha jogo televisionado (Graças a Deus inventaram o pay per view), sim nos anos 90 não se transmitiam tantos jogos ao vivo. Além da dificuldade tecnológica, eu tinha a barreira da distância morando em Lages, na serra catarinense.”
Engenheiro, 34 anos, Ramire Rangel se recorda com poucos detalhes dos títulos do Paulista de 88 e Brasileirão de 90, porém lembra com clareza das derrotas em 93 e 94 assistindo pela TV, onde a vontade era estar no estádio, gritando, cantando, empurrando, torcendo, e mostrando o amor ao time como os demais fiéis, que mesmo na derrota não paravam de cantar.
“Foram vários jogos idealizados nos sonhos, projetava partidas no Pacaembu, mas a realidade, o futebol acontecia na rua ou em algum campinho do bairro. Durante a adolescência pensei, um dia vou realizar meu sonho e conseguirei estar na arquibancada nos jogos do Todo Poderoso Timão. O primeiro jogo foi na torcida do mandante (Atlhetico) em Curitiba, jogo sofrido, sem poder cantar ou vibrar, e fiquei admirando nossa torcida cantando mais alto que a torcida mandante. Em outras oportunidades acompanhei o Timão como visitante no Paraná e Santa Catarina, até chegar o grande momento que minha vida profissional reservou, em outubro de 2018 tive uma proposta para trabalhar em São Paulo, não pensei duas vezes e aceitei.”
A partir daí, são 23 partidas na Arena Corinthians. O ano de 2019 tem sido especial para Ramire, por ele ter ido a, praticamente, todos jogos do Coringão.
“A cada jogo que passa, agradeço a Deus por existir o Corinthians e estar vivendo esse momento. A Arena é ambiente mágico, local que me sinto em casa na capital paulista, lugar maravilhoso onde recarrego minhas energias, que já fiz e tenho feito grandes amigos.”
Ramire diz que todas as vezes que vai para a Arena, se lembra dos corinthianos que moram longe, em especial seu pai que vive e vibra pelo Corinthians mesmo morando em Santa Catarina. É estar realizando um sonho de criança, é como se estivesse vivendo o sonho de milhares de corinthianos que moram longe.
Marcello Verderamo e o legado de seu pai: jamais abandonar o Corinthians
A história de Marcello Verderamo, 52, é um pouco “inversa”. Paulistano nascido e criado na Mooca, neto de italianos, tanto do lado paterno, quanto materno (todos palmeirenses), mas filho de um corinthiano que amava o Corinthians de tal forma, que queria registrar o filho mais novo como Roberto Rivellino, e só não o fez, porque a esposa ameaçou ir embora de casa. Desde Corinthians x Juventus em 1974, Marcello sempre acompanhava o pai aos jogos.
Em 1992 se casou, e sua esposa sempre soube que o Corinthians era uma das prioridades, e mesmo não sendo fã de futebol, nunca colocou obstáculos para que Marcello exercesse seu amor. Em 1995 nasce o primeiro filho, Bruno.
“Coloquei como objetivo que o legado que meu pai me deixou deveria ser transmitido. Esta seria minha missão: faria do meu filho um amante do Corinthians! Não precisei de esforço. Naturalmente ele se tornou um Fiel e tenho orgulho de ver como se dedica em defesa do Corinthians, não admitindo que nosso nome seja mencionado sem o devido respeito.”
Marcello se formou Advogado em 1996, e dez anos depois, já exercendo a Advocacia, foi aprovado em um concurso público. Com a alegria da aprovação ocorreu um medo: o cargo que passaria e exercer seria de Oficial de Cartório e, existia grande possibilidade de que ele não conseguisse vaga na Capital de São Paulo, tendo que exercer seu cargo no interior. Caso isso acontecesse (como de fato aconteceu), e ele viesse a morar longe da Capital, como seria não poder comparecer em, praticamente, todos os jogos do Timão em casa?
Por sua boa colocação no concurso, ele podia optar por algumas cidades, e acabou optando por Taubaté, aproximadamente a 130km da Capital. Não era a melhor escolha financeira, mas a mudança não o levaria para longe do Corinthians.
“Conversei com minha esposa e meus filhos e expliquei que poderíamos ir para mais longe e ganhar mais, mas ter o peso no coração de não estarmos próximos ao Timão, ou ganhar menos e termos a alegria de poder comparecer em um número maior de jogos. Novamente os ensinamentos do meu Pai prevaleceram: humildade. Dinheiro é bom, faz parte da vida, mas não pode ser a prioridade. Optamos pelo amor.”
Se mudaram e veio a surpresa. A Arena Corinthians foi construída praticamente à beira da Rodovia Ayrton Senna, exatamente a estrada que liga Taubaté até a Capital. Com mais esta facilidade, Marcello e seu filho deixaram de assistir apenas três jogos do Corinthians na Arena, desde que a mesma foi inaugurada. Também adquiriram o costume de, quando possível, acompanhar o Corinthians fora de casa, já foram ao Chile, Argentina e grande parte do estádios brasileiros.
Em todos os jogos você pode encontrar pai e filho no mesmo lugar da Arena Corinthians, no setor Leste Inferior, no bloco 422, fila ii, cadeiras 13 e 14.
“Obrigado, meu pai, por me fazer Corinthiano e obrigado, meu Deus, por me dar um filho que ama tanto o Timão quanto eu. Ser Corinthiano, é ir além” (Toquinho).”
Por Nágela Gaia
Os comentários estão fechados.
2019 @ Central do Timão - Todos os direitos reservados
Que texto top…