Imigrante espanhol, Vicente Matheus nasceu em 28 de maio de 1908, num pequeno município da província de Zamora na Espanha. Um dos 11 filhos de Luís Mateos Encarnación (português) e Mangloria Valle Sánchez (espanhola), chegou ao Brasil aos seis anos de idade.
De origem pobre, humilde, ajudava os pais no armazém da família, mas as coisas começaram a melhorar quando sei pai arrendou uma pedreira, segundo consta no livro “Quem sai na chuva e para se queimar”, que relata sua vida.
Ajudava o pai, carregava pedras, quebrava-as e, por fim, passou a cuidar dos pagamentos. Quando o pai morreu, herdou naturalmente a administração do negócio, e assumiu o sustento da família após a morte do pai.
“Nunca tive tempo pra estudar”, dizia.
Na década de 30, sua empresa venceu licitações para pavimentar as ruas de São Paulo, entre elas a rua São Jorge, que liga a avenida Celso Garcia até o portão de entrada do Parque São Jorge. O Corinthians já havia se mudado da Ponte Grande para o local. Foi quando Vicente Matheus, que já tinha identificação com o clube, mudou-se para o Tatuapé, para ficar perto do Corinthians. No ano seguinte, tornou-se sócio do clube e naturalmente chegou ao conselho.
Em 1954, ano da histórica conquista do Paulista do IV Centenário de São Paulo, tornou-se diretor de futebol do Clube. Iniciava-se assim na vida política do Parque São Jorge e em 1959 elegeu-se presidente pela primeira vez.
Foi o comandante nos anos difíceis de seca de títulos, mas também nos anos de duas das principais conquistas do Corinthians: o Campeonato Paulista de 1977, que encerrou um jejum de quase 23 anos sem taças no Estadual, e o Campeonato Brasileiro de 1990, o primeiro nacional de relevância do clube.
Apesar da fama de pão duro, é incontável a fortuna que ele doou ao Corinthians. Dizia que o dinheiro era do Corinthians, não era dele para gastar como quisesse.
Como presidente, Matheus fez de tudo para o Corinthians ganhar títulos. Contratou craques, buscou técnicos experientes, caçou sapos enterrados no Parque São Jorge (acreditando que o jejum era motivado por algum “trabalho” de feitiçaria), e chegou até a ser radical mandando para o Fluminense o maior jogador do time (e do clube), Roberto Rivellino, após o time perder a decisão do Campeonato Paulista de 1974 para o Palmeiras. Dizem que sofreu com essa decisão, mas, que queria ver o Corinthians bem.
“Ele era um homem que acima de tudo amava o Corinthians. Fazia tudo pelo Corinthians e, apesar do que muitos pensam, administrava com a razão e não com a emoção”, disse José Teixeira, que foi técnico, auxiliar-técnico e coordenador do clube alvinegro.
Dizia que amava mais o Corinthians que sua própria família. “A ser exata, o Vicente se resume a uma palavra, Corinthians”, dizia a esposa, Marlene Matheus.
Rico, humilde e carismático, dono de um bom humor inesgotável, grande frasista e apaixonado pelo Corinthians, vez ou outra soltava pérolas que se tornaram lendárias com o passar dos anos.
Vicente Matheus foi presidente do Sport Club Corinthians Paulista por vinte anos durante vários mandatos não consecutivos de 1959 a 1991. Em suas gestões, o clube foi campeão Paulista nos anos de 1977, 1979 e 1988 e campeão Brasileiro em 1990.
Faleceu em 8 de fevereiro de 1997, aos 88 anos, de problemas cardíacos.
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