Durante dezoito anos não consecutivos, o espanhol e corinthiano de coração Vicente Matheus foi presidente do Timão, sendo sucedido por sua esposa, Marlene, única mulher a presidir o clube
Vinte e dois anos depois do falecimento de Vicente Matheus, folclórico ex-presidente do Corinthians, nesta semana, a nação alvinegra também deu adeus à sua viúva, dona Marlene, aos 82 anos. Ela foi sucessora de Vicente logo após seu último mandato, em 1950. Em 108 anos de Corinthians, Marlene foi a única mulher a ocupar o cargo político de maior influência no clube, de 1991 a 1993.
A parcela mais jovem dos 30 milhões de loucos, ainda que não tenha nascido na época em que estes dois grandes ícones foram mandatários, provavelmente já ouviu falar do quão marcante são esses períodos para a história do time paulista. Marlene e Vicente são mais um caso de história de amor em preto e branco. Se conheceram graças ao Corinthians e, se hoje estivessem vivos, completariam 51 anos juntos. Ambos compartilharam uma vida de amor pelo clube, com carisma e feitos históricos.
Durante a era Vicente Matheus, o Corinthians viveu um jejum de quase 23 anos sem a conquista de títulos importantes. No entanto, neste período se consagraram grandes nomes, ídolos reverenciados até hoje e para sempre na história do Sport Club Corinthians Paulista. O fim do jejum se deu graças a um deles. Conhecido como “pé de anjo”, Basílio chegou ao elenco do clube paulista em 1975 e foi autor do gol mais comemorado da história do futebol mundial. Em 13 de outubro de 1977, em um jogo das finais do campeonato paulista contra a Ponte Preta, a Fiel torcida finalmente pôde soltar o grito de campeão.
Vicente Matheus também levou ao parque São Jorge jogadores como Biro-Biro, Wladimir, Geraldão e o eterno Sócrates. Basílio, contudo, com o passar dos anos tornou-se amigo da família Matheus. Ele esteve presente no último adeus à Marlene Matheus, na última terça-feira (2), em São Paulo. O ex-jogador prometeu guardar a imagem da mulher alegre e feliz que ela foi em vida e lamentou a sua perda repentina, antes mesmo da homenagem que o clube pretendia fazer a ela no mês de agosto. “Não tivemos tempo pra nada”, disse em entrevista à Gazeta Esportiva.
Emocionado, Basílio recordou a importância do legado da família Matheus na história do Corinthians:
“Tem muitas coisas boas. O seu Vicente, quando assumiu pela primeira vez como presidente, de lá pra cá, tem uma história muito bonita dentro do clube. Quando cheguei, o resgate que ele estava fazendo dentro do clube deixou uma marca fundamental”, afirma.
O resgate ao qual ele se refere, era resultado da indignação de Vicente diante da dificuldade do time de conquistar um título, que pode ser entendida em outra fala de Basílio, em uma entrevista cedida ao Esporte Fantástico, nove anos atrás:
“Ele entrou chutando porta, parede, empurrando cadeira e falou que iria reformular todo aquele elenco, comprar novos jogadores”, relembra.
No ano desta reportagem, dona Marlene ainda era viva. Em suas palavras, era possível perceber o amor e o orgulho por toda a vivência que teve ao lado do esposo em prol do Coringão. Hoje, estão juntos novamente, para brilhar por toda a eternidade no céu alvinegro. Se foram, mas deixaram um legado a toda nação corinthiana, dos mais jovens até os que viveram na mesma época que o casal: acreditar, sempre, no Corinthians. Pelo Corinthians. Com muito amor. Até o fim.
Em memória de Marlene e Vicente Matheus.
(1936 – 2019 | 1908 – 1997)
Por Redação Central do Timão
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