No dia 22 de setembro comemora-se o aniversário de um dos maiores jogadores da história do futebol mundial e ídolo da Fiel Torcida: Ronaldo Fenômeno. Em quase dois anos e meio de sua vida, o craque atuou dentro das quatro linhas pelo Corinthians, tendo participação decisiva em dois títulos: o Paulista e a Copa do Brasil, em 2009.
Contratado em dezembro de 2008, após mais uma grave lesão no joelho, Fenômeno foi um sucesso de marketing logo em seus primeiros meses como jogador do Timão, mas ainda era considerado uma incógnita como jogador, principalmente por sua forma física e seu doloroso histórico de lesões. Recuperando-se de cirurgia, ficou fora dos primeiros dois meses da temporada de 2009 para retomar seu condicionamento físico.
No dia 04 de março, porém, o até então maior artilheiro da história das Copas do Mundo, entrou em campo pelo Corinthians pela primeira vez, na primeira fase da Copa do Brasil daquele ano, contra o modesto Itumbiara-GO, já no segundo tempo da partida, quando o placar já apontava vitória parcial de 2 x 0 para o Alvinegro, substituindo Jorge Henrique.
A atuação naquela noite ainda foi tímida, mas poderia ser melhor, se Douglas servisse o Fenômeno, que estava livre, em lance de contra-ataque, já nos minutos finais do confronto. Mas o melhor estava por vir apenas quatro dias depois.
Em Derby disputado em Presidente Prudente, no interior paulista, com o Timão em desvantagem, o então comandante Mano Menezes sacou o lateral argentino Escudero para a entrada de Ronaldo. Em poucos instantes em campo, o craque arriscou de fora da área e a bola caprichosamente, bateu no travessão alviverde.
Mas, já nos acréscimos, quando a vitória palestrina estava encaminhada, Douglas bateu escanteio pela direita e Ronaldo cabeceou firme para o fundo das redes, empatando o confronto, para explosão da Fiel em todo o mundo e para o próprio Fenômeno, que, enfim, estava de volta ao futebol.
“Senhoras e senhores, o Fenômeno voltou!” – bradou o narrador Mílton Leite no momento.
Na comemoração, o ídolo mundial, que havia marcado e comemorado tantos tentos, correu para o alambrado, como se fosse uma forma de desabafo, fazendo o mesmo até cair, tamanha felicidade ao lado da torcida corinthiana.
O feito histórico foi retratado posteriormente no CT Dr. Joaquim Grava na campanha “Gol de Muro”, feita pela Nike. Começava ali, de fato, uma bonita trajetória de gols, assistências e lances plásticos protagonizados pelo craque ao lado da Fiel.
No Paulistão, a participação de Ronaldo foi fundamental para a conquista corinthiana no estadual daquele ano de forma invicta. Após marcar contra o Palmeiras, Ronaldo foi decisivo na partida de volta da semifinal da competição.
Contra o São Paulo, no Morumbi, com participação no primeiro gol Alvinegro e golaço anotado na segunda etapa, vencendo Rodrigo na corrida, após lançamento de Cristian, calou a todos que ainda duvidavam de sua forma física, inclusive Leco, diretor tricolor na época, que, às vésperas do confronto, havia o chamado de “ex-jogador em atividade”.
“Estou muito emocionado. Foi uma festa maravilhosa. Acho que foi um grande dia, um grande jogo. O São Paulo está de parabéns, é um grande time, um grande clube. A festa foi incrível, a torcida veio na paz. Agora, o São Paulo não poderia ser perfeito. Tem sempre alguém falando merda, um babaca. Quero ver se esse dirigente vai aparecer falando gracinha” – disparou após o jogo.
Antes da partida, o elenco ficou apreensivo após ataque da torcida do São Paulo ao ônibus corinthiano na chegada do Corinthians ao Morumbi, com pedras e barras de ferro. Segundo presentes no dia, imediatamente, o craque levantou e começou a bater no teto do veículo, motivando seus companheiros.
“Lembro do Ronaldo, em 2009. Foi a mesma coisa quando chegamos. Aí, ele gritou assim: “P…, mas são burros demais: me acordaram”, relembrou Fábio Carille em coletiva no ano passado. Na época, Carille era auxiliar de Mano Menezes.
Porém, o lance mais genial do craque em sua passagem pelo Corinthians, foi protagonizado na final do Campeonato Paulista, contra o Santos, em plena Vila Belmiro. Ronaldo já havia balançado as redes de Fábio Costa após belíssimo domínio de pé direito, batendo rasteiro com o esquerdo.
No segundo tempo, Elias arrancou e viu Ronaldo livre pela direita. O craque então deu um corte seco, de letra, em Triguinho e tocou por cobertura em Fábio Costa, anotando um dos gols mais bonitos de sua gloriosa carreira em um lance que foi reprisado no mundo todo milhares, talvez até milhões de vezes. Vitória corinthiana por 3 x 1 e nove dedos na taça do Paulista daquele ano.
A conquista corinthiana foi confirmada uma semana depois, com empate por 1 x 1 no Pacaembu. Como o Corinthians, Ronaldo ressurgia novamente após dura queda, já que o Timão havia acabado de voltar à Série A do Campeonato Brasileiro.
Na Copa do Brasil, torneio no qual o Corinthians havia sido vice-campeão no ano anterior, Ronaldo também teve participação direta na conquista. Em especial, nas oitavas de final, contra o Athletico-PR, quando marcou os dois gols da vitória do Timão no Pacaembu por 2 x 0, revertendo vantagem rival conquistada por 3 x 2 no Paraná.
Na final, contra o Internacional, marcou belo gol após cortar o zagueiro Índio e fuzilar o goleiro Lauro, mesmo sob forte gripe, que ameaçou tirá-lo da partida.
No jogo de volta, no Beira-Rio, participou do empate por 2 x 2 que confirmou a conquista corinthiana. Os dois títulos conquistados pelo Corinthians já no primeiro semestre daquele ano consolidaram Ronaldo como ídolo da Fiel.
Já no segundo semestre, mesmo cercado por pequenas lesões, Ronaldo brilhou quando esteve em campo. Inesquecíveis para a Fiel torcida seu hat-trick anotado contra o Fluminense, no Pacaembu, o golaço marcado contra o Santo André e os dois gols anotados novamente contra o Palmeiras, também em Presidente Prudente, em clássico válido pelo returno do Brasileiro daquele ano.
No ano do Centenário corinthiano, Ronaldo foi assombrado por lesões que o tiraram de combate na maioria dos jogos do Timão no ano, mas foi decisivo quando esteve em campo.
Apesar de o Alvinegro sucumbir na Libertadores daquele ano, anotou três gols, um deles de cabeça, contra o Flamengo, na despedida do Corinthians na edição daquele ano.
No Brasileiro, apesar de o Timão amargar a terceira colocação, foi peça importante de Tite, dando dinamismo à equipe e funcionando como uma espécie de porta-voz do elenco naquele ano.
Mesmo longe de sua forma física ideal, Ronaldo quase conduziu o Corinthians ao pentacampeonato Brasileiro em 2010. Seu último gol pelo Timão foi também o último de sua carreira como jogador de futebol profissional, em vitória sofrida sobre o Cruzeiro, convertendo pênalti cometido pelo hoje zagueiro corinthiano Gil, em cima do próprio Fenômeno, no Pacaembu.
Com a terceira posição no Campeonato Brasileiro de 2010, o Corinthians disputou a Pré-Libertadores do ano seguinte. Apático nos dois jogos contra o Tolima, o Timão sucumbiu à equipe colombiana.
Ainda assim, mesmo fora de forma, Ronaldo foi um dos melhores do Alvinegro nas duas partidas. O Fenômeno foi um dos poucos que buscaram jogo e assustaram a meta adversária.
Após mais uma série de lesões, Ronaldo anunciou, no CT Dr. Joaquim Grava, sua aposentadoria como jogador de futebol profissional. Em entrevista coletiva, o Fenômeno se declarou ao Corinthians e rasgou elogios à Fiel Torcida.
“Nunca vi uma torcida tão vibrante, tão apaixonada e tão entregue ao seu time de futebol. É certo que em algumas vezes essa cobrança por resultado a torna agressiva e fora do controle. Mas eu não me imaginava viver sem o Corinthians. Agradeço ao Andrés, que é meu irmão, e digo que continuarei ligado ao clube da maneira que ele quiser. Muitas vezes vocês vão me encontrar torcendo pelo Corinthians no estádio. Aproveito e peço desculpas publicamente pelo fracasso no projeto Libertadores.” – disse, emocionado.
Pelo Corinthians, Ronaldo jogou 69 partidas, marcou 35 gols e conquistou o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil de 2009.
Parabéns, Ronaldo!
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