Na tarde desta terça-feira, a principal torcida organizada do Corinthians, Gaviões da Fiel, utilizou seu perfil no Instagram para publicar uma nota oficial contestando as punições da Conmebol nesta Libertadores para atos racistas de torcedores nas arquibancadas. Na fase de grupos da atual edição da competição, seis jogos envolvendo clubes brasileiros, incluindo os dois entre Timão e Boca Juniors, tiveram registros de racismo.
A maior reclamação da Gaviões da Fiel foi pelo fato de a Conmebol ter aplicado uma multa de 30 mil dólares (R$ 158 mil na cotação atual) para o Boca Juniors, por conta de atos racistas de torcedores xeneizes, enquanto o Corinthians foi multado em 63 mil dólares (R$ 332 mil) por atrasar a entrada ao campo e por utilização de sinalizadores nas arquibancadas. Os casos aconteceram na derrota da equipe argentina por 2 x 0 para o Timão, na Neo Química Arena, em 26 de abril.
“A disparidade nas punições demonstra o real interesse da Conmebol. O compromisso com os patrocinadores dos torneios é muito maior do que o combate ao racismo, de fato. Ao arrefecer com o racismo e bradar pelos protocolos, a Conmebol aceita as provocações aos negros e negras e aos povos originários desse continente”, diz trecho da nota da Gaviões da Fiel – veja o texto completo abaixo.
Por fim, a torcida organizada exigiu “punições à altura do que o combate ao racismo requer”. “Esperamos que no próximo discurso do presidente Alejandro Domínguez o comunicado imponha a verdadeira intolerância contra o racismo e a discriminação e que as punições passadas sejam só uma incoerência pontual, não uma hipocrisia recorrente”.
Em tempo: Corinthians e Boca Juniors-ARG voltam a se enfrentar nesta terça-feira, às 21h30, desta vez pelo jogo de ida das oitavas de final da Libertadores. O duelo será disputado na Neo Química Arena.
Veja a nota oficial da Gaviões da Fiel (clique AQUI para ver a publicação original):
“No dia 27 de maio, enquanto alguns torcedores da América do Sul, cujos times ainda participam dos dois torneios continentais, ansiavam pelo início do sorteio das oitavas de final, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, discorreu contra o racismo.
Entre algumas frases, pediu para que “sejamos intolerantes com essa cultura que tornou feroz, provavelmente se consequências de enraizada como maus costumes” e prometeu que o “compromisso da Conmebol e de todos nós é acabar com essa prática”.
O discurso vinha em hora oportuna, já que, até aquele dia, haviam sido registrados ao menos cinco casos de racismo na edição corrente da Libertadores. Por esse motivo, a Conmebol tinha aumentado a punição financeira por atos de racismo. Da bagatela de US$ 30 mil para US$ 100 mil.
E por causa do eloquente discurso, causou espanto na sociedade brasileira quando o Tribunal Disciplinar da Conmebol puniu o Corinthians em US$ 63 mil, por desrespeitar
i) o protocolo de horário de partida (US$ 8 mil);
ii) ser reincidente na mesma falta (US$ 50 mil);
iii) por acender sinalizadores na arquibancada (US$ 5 mil), enquanto o Boca Juniors foi punido em apenas US$ 30 mil.
O Boca, enfatize-se, reincidente também, teve um torcedor detido no jogo de ida contra o Corinthians e outros filmados fazendo gestos racistas no jogo de volta da fase de grupos.
A disparidade nas punições demonstra o real interesse da Conmebol. O compromisso com os patrocinadores dos torneios é muito maior do que o combate ao racismo, de fato.
Ao arrefecer com o racismo e bradar pelos protocolos, a Conmebol aceita as provocações aos negros e negras e aos povos originários desse continente. A Conmebol admite a existência do racismo estrutural, que os afoga na miséria, no trabalho análogo a escravidão, no desemprego, na extrema fome, mas reconhece que a intolerância com a “cultura racista”, palavras do presidente Domínguez, tem limites.
Os Gaviões da Fiel Torcida, por meio desta nota, exigem punições à altura do que o combate ao racismo requer. Exige, também, que a cultura torcedora, ou, a “magia do futebol sul-americano”, segundo as palavras do mandatário da Conmebol, a válvula de escape do povo sofredor e explorado deste continente, não seja moldada interesses dos grandes patrocinadores de e subordinados cartolas. por seus
Esperamos que no próximo discurso do presidente Alejandro Domínguez o comunicado imponha a verdadeira intolerância contra o racismo e a discriminação e que as punições passadas sejam só uma incoerência pontual, não uma hipocrisia recorrente.”
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