O especialista em marketing esportivo participou da reestruturação financeira do clube carioca
A cada ano que se encerra, a cada balanço e estudo divulgados, acontece uma evolução no valor da dívida do Corinthians e já chega a R$ 476 milhões, ocupando a sétima posição no ranking das dívidas dos clubes brasileiros. O fato se agrava, quando se lembra que ainda existem outros R$ 537 milhões referentes ao financiamento da Arena Corinthians junto à Caixa Econômica Federal. As rendas dos jogos têm sido destinadas a pagar essa pendência, assim o clube tem que buscar alternativas em patrocínios e venda de jogadores. A folha de pagamento gira em torno de R$ 10 milhões. A situação se torna mais delicada, ainda, quando o torcedor olha para o elenco e vê que praticamente não houve valorização dos jogadores nesta temporada.
O Flamengo já esteve em situação parecida ou mais grave e conseguiu, com gerenciamento moderno e responsável, equilibrar suas contas. João Henrique Areias, ex-diretor do clube carioca e especialista em marketing esportivo, concedeu entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, Estadão, nesta segunda (23). João Henrique participou, em 2012, da gestão que ajudou a equilibrar as contas do rubro-negro.
Ao jornal, ele revelou o que foi feito no Flamengo e apontou caminhos para o Corinthians se inspirar. Ressaltando que as dívidas dos clubes, praticamente são com funcionários, com o governo e com os fornecedores, o especialista indica, inicialmente, a negociação visando o alongamento das dívidas. Lembrou, ainda, que os compromissos negociados serem cumpridos à risca, traz credibilidade ao clube e facilita a negociação dos demais débitos.
“- Na época, negociamos com o governo, alongamos a dívida e entramos em um desses parcelamentos que de tempos em tempos surgem. Com a dívida trabalhista fizemos um acordo junto com outros clubes do Rio. Conseguimos junto à Justiça fazer um pacote e mensalmente depositar uma porcentagem da receita em um fundo que ia pagando as dívidas. Recentemente zerou. Com os fornecedores negociamos as condições de pagamento”, disse.
João Henrique falou ainda da importância de buscar um modelo de gestão que se adeque à situação do clube. No caso do Flamengo, o Real Madrid, da Espanha, foi usado como modelo de gestão administrativa. Dirigentes foram eleitos, sem salários, e foi criado um conselho gestor, com um diretor executivo e três subdiretores: um econômico, que controla os recursos do clube, um de negócios, para captar recursos, e um investidor dos recursos, que faz a coordenação esportiva. E explica que criar essa gestão facilita, porque reforça decisões de médio e longo prazo, e afasta o imediatismo que pressiona o presidente do clube a trazer cada vez mais reforços e ser obrigado a conquistar títulos.
“- Não digo que o Corinthians deve buscar a mesma solução que o Flamengo. Hoje os três clubes mais valiosos do planeta são Real Madrid, Manchester United e Barcelona. Os dois espanhóis são associações como os clubes daqui. O Manchester é uma empresa cotada em bolsa. Os dois modelos são bons. Vai depender de quem vai gerir”, finalizou Areias.
Por Redação da Central do Timão
2019 @ Central do Timão - Todos os direitos reservados