Formado nas categorias de base do Corinthians e integrante do elenco campeão brasileiro em 2005, o zagueiro Carlão relembrou como Hervé Renard, atual técnico da Arábia Saudita, que derrotou a Argentina na primeira rodada da Copa do Mundo, salvou sua carreira após um período de depressão. O caso aconteceu em 2013, quando o jogador defendia o Sochaux, da França, à época comandado pelo treinador francês.
“Esse cara (Hervé Renard) foi o melhor treinador que tive na carreira. Como ser humano, é sensacional. Quando ele chegou no clube, em outubro de 2013, eu tinha parado de jogar, porque estava deprimido. Foi ele quem me trouxe de volta“, declarou Carlão, em entrevista à ESPN.
“Eu nunca tinha trabalhado ou visto o Renard, mas o que ele fez para me ajudar foi coisa de ser humano bom mesmo, de querer ajudar o próximo. Ele foi fundamental para eu estar jogando futebol até hoje“, complementou o zagueiro.
Carlão disse que havia decidido parar de jogar futebol dois dias antes da chegada de Renard ao Sochaux. Uma ligação do atual técnico da Arábia Saudita, no entanto, mudou o destino do ex-zagueiro do Corinthians.
“Eu tinha decidido parar de jogar dois dias antes dele ser contratado. Daí ele chegou no clube e me ligou. Pensei que ia me dar minha liberação para voltar ao Brasil, porque eu ia parar de jogar. Pensei: ‘Eles vão querer jogadores novos, e eu estou aqui ocupando vaga de extracomunitário’. Fui preparado para ter essa conversa e ir embora”, disse.
“Só que a conversa foi totalmente diferente. Ele me perguntou da minha vida pessoal, falou sobre quais eram os objetivos dele para o clube. Depois da conversa, ele perguntou: ‘O que você vai fazer agora? Vamos treinar um pouco?’. Eu respondi: ‘Não vou fazer nada, mas não vou treinar’. Ele insistiu: ‘Então vamos treinar’.”
Carlão ainda relembrou que não atuava há cinco meses quando o Sochaux contratou Hervé Renard. “Eu estava parado há cinco meses, tinha largado mesmo. Depois do primeiro treino, ele falou: ‘Você vai ficar aqui no Sochaux’. Juntou todas as bolas na meia-lua e falou: ‘Vamos brincar de ficar chutando na trave’. Enquanto a gente chutava, ele perguntou da minha vida. Fomos conversando por mais de uma hora”, disse.
“No final, ele perguntou: ‘Amanhã você vem’?. Eu falei que não. Mas ele insistiu: ‘O que você vai fazer?’. Falei que nada. E ele disse de novo: ‘Então você vem’. Treinei por mais três dias e ele falou que eu jogaria no final de semana. Eu contestei: ‘Como vou jogar de titular se não atuo há cinco meses? Não tenho condição nenhuma de jogo!’.”
“Então, ele me falou: ‘Amanhã de manhã te ligo e você me diz se vai para o jogo’. Eu estava crente que responderia que não, porque não me sentia confortável para jogar. Só que, na hora que ele me ligou, acabei falando ‘sim’. Daí, ele não respondeu nada, ficou em silêncio… Achei que a ligação tinha caído, fiquei falando ‘alô, alô, alô’… Passou um tempo, ele falou, com a voz emocionada: ‘Até de tarde!’.”
Carlão finalizou recordando a reestreia com a camisa do Sochaux, que acabou com vitória. Depois disso, o técnico francês transformou o zagueiro no capitão do time.
“Então, eu treinei forte, fui para o jogo e ganhamos! Depois disso, em todos os treinos ele me puxava. Virei o capitão dele na equipe. O Renard me trouxe de volta mentalmente para o futebol, porque eu não tinha mais vontade de jogar. Quando acabou a temporada, fui agradecê-lo por me resgatar. Foi muito legal, e ele ficou bastante emotivo com a situação”, concluiu o ex-corinthiano.
Pelo Corinthians, Carlão disputou apenas 48 jogos entre 2005 e 2008 e marcou dois gols. Ele integrou o elenco campeão brasileiro em 2005, mas não chegou a entrar em campo. O zagueiro ainda conquistou o título da Série B do Brasileirão, em 2008. Hoje no Ituano, o jogador também defendeu Apoel, do Chipre, e Torino, da Itália, na Europa.
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