Neste final de semana, a Central do Timão entrevistou Carlos Augusto Silva e Abreu, de 39 anos, o Guto, conhecido nas mídias sociais como Fiel GoPro
No bate-papo com a Central, Guto falou sobre o primeiro jogo, o seu processo de transformação de torcedor em fotógrafo, como é o ambiente de jogos do Timão, que fazem falta nessa quarentena e sobre seus sonhos e objetivos como fotógrafo.
Central do Timão – Com qual idade começou a frequentar a bancada e qual o primeiro jogo de que se recorda?
Guto Abreu – A primeira recordação é de 1993, final da Copinha, Corinthians x São Paulo. E na sequência Corinthians x Guarani em Campinas. Mas me tornei mais assíduo aos 16 anos, em 1997.
CDT – Como aconteceu a transformação de torcedor em fotógrafo?
Guto Abreu – Em 2009 foi o momento que resolvi estudar um pouco mais, entender um pouco mais sobre o processo fotográfico como um todo. A partir de 2010 eu passei a ver a oportunidade de levar a câmera para o estádio, até mesmo para tentar reproduzir na fotografia a emoção e tudo o sentimos na arquibancada. Só que sempre foi um problema entrar com câmera no estádio, principalmente à 10 anos atrás, quando a burocracia era maior que hoje, que já é difícil, já que antigamente, poucos utilizavam uma câmera profissional ou semi profissional, como hobby. Sempre tive vontade, mas faltava a oportunidade. Então em 2014, comprei uma “GoPro”, que é uma câmera que trabalha com um ângulo mais aberto, trabalho que ninguém fazia na época, além de ser mais compacta e facilitar meu acesso, e deu certo de entrar com ela na Arena.
CDT: E o perfil Fiel GoPro, como surgiu? Quando passou a existir reconhecimento com o trabalho?
Guto Abreu – Resolvi criar o perfil “Fiel GoPro” também em 2014, e ir para o estádio com um olhar mais criterioso, analisar melhor os ângulos, verificar qual seria o melhor posicionamento dentro do estádio, para ter umas fotos bacanas. Ali já era a Arena, e então resolvi levar mais a sério. Dois anos depois (2016) de criar o perfil, recebi convite do pessoal Arena para poder compartilhar minhas fotos com eles. Ser uma espécie de colaborador, na verdade, nunca tive retorno financeiro, e foi quando o meu perfil ficou mais conhecido.
CDT – Chegou a ter dúvidas em abdicar um pouco do lado torcedor, para se dedicar a fotografia?
Guto Abreu – Por mais que eu tenha uma satisfação de poder tirar as fotos e registrar momentos importantes do ambiente. A minha grande dúvida sempre foi tirar o prazer de ir ao estádio para torcer, perder lances do jogo, para registrar esses momentos. Mas hoje eu tenho tanta satisfação em tirar as fotos, como eu ia para torcer.
CDT – Qual a foto você tirou que mais tem orgulho, aquela que você tem exposta na sua casa?
Guto Abreu – Tem essa foto. Último jogo do Brasileirão de 2017, já campeões, jogo contra Atlético-MG. Gosto dessa foto porque mostra o torcedor Corinthiano de punho cerrado, em uma posição bem tradicional dos torcedores. É significativa porque demonstra a forma que eu torcia também. Por muitos anos fui para o estádio para fazer exatamente isso, e hoje já não tenho tanta possibilidade de fazer por conta da fotografia.
CDT- O que mais gosta no ambiente dos jogos do Corinthians?
Guto Abreu – Além do momento do jogo em si, o pré-jogo, tudo o que antecede a entrada na Arena. Acho que é algo que nenhuma outra torcida tem. A possibilidade de ficar lá no boteco, na calçada, no barzinho, no ambulante que vende as “três brejas por 10 conto”, só de poder estar ali vendo o pessoal, todo mundo na expectativa do jogo… o que antecede a partida é tão gratificante quanto o jogo. Ir para Arena de uma forma geral, é você estar ali durante algumas horas, sem pensar em problemas e nas dificuldades que existem no dia-a-dia, momento de alegria, prazer e satisfação. Estar entre familiares e amigos. Coisas que só quem frequenta, entende o que estou dizendo.
CDT- E nessa quarentena, a Arena está fazendo falta?
Guto Abreu- Fazendo falta é pouco. Criamos uma rotina de ir para Arena, ver os amigos, e o isolamento social não permite nem que vejamos os amigos. Tirou tudo o que temos, o Corinthians, os amigos, nosso momento de lazer e diversão. Entendo que é preciso e necessário, mas não vejo a hora de poder voltar para Arena para voltar com os registros, rever os amigos.
CDT – Como fotógrafo, qual seu objetivo, seu maior sonho?
Guto Abreu – Um deles já realizei, tive oportunidade de participar de um livro da Arena, por intermédio do Bruno Teixeira Rolo. Ter minhas fotos eternizada em um livro. Mas meu objetivo hoje, se tudo der certo, é ser um fotógrafo de campo. Acho que é a transição natural das pessoas que fazem esse tipo de trabalho. Eu recentemente recebi um convite do Corinthians para poder fotografar a arquibancada, mas por conta da pandemia, demos uma brecada no projeto até mesmo porque não tiveram mais jogos após o Santo André, e o jogo seguinte (contra o Ituano) foi sem torcida e na sequência aconteceu a paralisação. Não sei como será essa volta, mas seria um sonho grande mas não impossível de ser realizado. Então acho que o próximo passo é ter o registro de fotógrafo, chegar no campo e ter minhas fotos, meu olhar dentro do campo.
Aperte o play e confira a entrevista que Guto Abreu concedeu no QG da Central do Timão, em 2019:
Por Ciro Hey / Redação Central do Timão
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