Atacante morava em Rondônia, hoje é artilheira do Corinthians na temporada
Millene: com 23 gols assinalados, artilheira do Timão no ano, é possível perceber que a atacante vive a melhor fase da sua vida no futebol, ainda foi convocada para amistoso da Seleção Brasileira pela recém chegada técnica, Pia Sundhage.
Leia também:
Futsal: Corinthians empata com Barcelona e se garante na semifinal do Mundial
Com grande atuação, Sub-12 do Corinthians é campeão na Coreia do Sul
Nascida e criada em Rondônia, Millene foi morar em Belo Horizonte aos 13 anos, com o pai e a avó, em busca de realizar o sonho de se tornar jogadora de futebol, deixando até mesmo sua mãe para trás. A atleta bateu na porta do Cruzeiro, mas foi no rival Atlético-MG, que ela encontrou a oportunidade de iniciar sua carreira no esporte.
Hoje, a atacante é uma das peças fundamentais do time de Arthur Elias, já acumula 19 gols no Brasileirão, e pode ser grande jóia para Pia na renovação da Seleção. Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, Millene contou sobre a sua vivência.
“– Em Rondônia foi um período muito difícil. Mas era o meu sonho. Quando fui para Belo Horizonte com meu pai, não foi diferente. Ele chegou a ir ao Cruzeiro e lá não tinha futebol feminino. Na época, tinha no Atlético-MG, então fui para lá. Meu pai sempre se esforçou, sempre foi atrás de tudo. Ali, começamos a ver que era o futebol o que queria, o norte de minha vida” – disse Millene.
Ainda quando garota, Millene teve que superar a separação dos pais e não desistir do seu sonho.
“– Não era o que eu queria ver, para os filhos é sempre muito complicado. Mas eu tive de optar por um dos dois e escolhi meu pai, porque também era muito apegada à minha avó, mãe dele. Foi uma junção. Nos mudamos de Rondônia para Minas Gerais, hoje, meu pai mora em Belo Horizonte, e minha mãe em Rondônia. Eu tive que deixar os dois para ir atrás dos meus sonhos.”
Ao ser perguntada sobre seu pai e a motivação que recebeu dele, a atacante respondeu.
“– A boa relação que eu tenho com ele vem justamente do futebol. Ele ia jogar, e eu corria atrás dele, chorava, pedia pelo amor de Deus para ir junto. Não deixava ele ir sozinho. Meu pai sempre acreditou, até mais do que eu, nesse sonho. Desde sempre mesmo, até lá em Rondônia, onde não há tanto apoio (ao futebol feminino). Eu acho que são coisas de Deus. Eu poderia estar lá ainda, mas não estaria vivendo o que vivo hoje. “
Sobre a separação dos pais, Millene ainda contou:
“– Minha mãe também sempre me apoiou. A separação dos pais é algo realmente doloroso para um filho. Mas eu tenho ótima relação com ela, de muito respeito, uma relação bem gostosa. Hoje, sei que os dois têm muito orgulho de tudo isso.”
A atleta contou como fazia para se envolver com o futebol em Rondônia.
“– Jogava em escolinha, participava de torneios escolares, coisas que a cidade fazia, e sempre com os meninos. Sempre. Nunca participei de um campeonato só com menina. Acho que seis ou sete anos já estava correndo atrás de bola.”
Millene também contou como que chegou no Corinthians.
“– Acho que a ida para Belo Horizonte abriu os caminhos para o que estou conquistando hoje. Joguei em Brasília, no Mato Groso… Mas só conquistei títulos mesmo com a equipe do Rio Preto, a partir de 2015, no interior de São Paulo. Fui campeã paulista, brasileira… Então, no ano passado, tive o convite do Arthur para fechar com o Corinthians. Hoje, estou muito feliz no clube.”
O clube paulista vem fazendo grandes jogos, já tem 29 vitórias seguidas, quebrou o recorde mundial, está cada vez mais progredindo no Paulistão e no Brasileirão, e a equipe ainda disputará a Libertadores. A rondoniana contou ao que se deve todo o sucesso do time.
“– Acho que, com muita dedicação e humildade é que estamos conquistando tudo isso. Nós entramos sempre respeitando o adversário, elas também entram querendo ganhar. Acho que é a dedicação no dia a dia. Trabalho diário nos treinos. Isso, no final, sobressai. Não é à toa esse número de vitórias. Mas não podemos perder o foco porque agora vem a parte mais dura do mata-mata. A realidade pode mostrar que o Corinthians está um patamar um pouco acima de alguns times, mas, dentro de campo, são 11 contra 11. Futebol é uma caixinha de surpresas.”
Em 2018, a atleta participou da Copa América e a sua volta à Seleção era aclamada por muitos. Millene contou como se sente com esse retorno e com a nova treinadora.
“– Acho que toda atleta almeja vestir a camisa amarela e meu caso não é diferente. Sempre sonhei com isso. Já tive a chance e hoje estou tendo de novo. Então, sou muito grata a Deus por me capacitar. Estar presente na primeira convocação dela é um momento inesquecível. Quero dar meu melhor, estar bem com a Seleção como estou com meu time, para que eu possa estar em muitas.”
Ao ser perguntada como a própria se define em campo, respondeu.
“– Eu acho que me defino uma atleta dedicada, esforçada. Sou um pouco do futsal, com dribles curtos, gosto do jogo curto, gosto do jogo rápido. Não gosto muito de ficar só defendendo, gosto que minha equipe busque o gol. Tanto que é uma característica do Corinthians.”
Por Matheus Fernandes / Redação Central do Timão
2019 @ Central do Timão - Todos os direitos reservados