“No Dia Mundial do Orgulho LGBTQIA+ e sempre: respeite as diferenças! #AmeSemModeração“, pediu o perfil oficial do Corinthians no Twitter
A maioria dos torcedores LGBT ainda não se considera no direito de ir ao estádio de forma coletiva e identificada. Os grupos são mais atuantes na internet do que nas arquibancadas, onde temem ser reconhecidos e agredidos.
De forma especial, o Corinthians tem trabalhado para vencer esse preconceito, sempre aproveitando episódios que acontecem no mundo ou datas especiais, como ocorreu em 17 de maio, data mundial de combate à homofobia.
Mas esses posicionamentos são frutos do trabalho de torcedores que decidiram voltar suas energias não apenas aos times, mas também para fazer do futebol um espaço que os aceite como são.
E isso não vem de hoje. Uma torcida gay já foi “contratada” pelo Corinthians para lhe dar sorte. Em 1977 o Timão ia completar 23 anos na fila pelo título Paulista e o presidente Vicente Matheus, que encarnava o verdadeiro espírito de “Time do Povo, Time de Todos”, mandou buscar na torcida gremista uma ajuda especial para o Alvinegro Paulista ser campeão.
Também em 1977, em Porto Alegre, torcedores apaixonados decidiram expressar seu amor pelo Grêmio, fundando a Torcida Organizada Coligay. Assumiram sua homoafetividade e, ao mesmo tempo, ganharam fama de pé-quente.
A fama foi tão grande, que atravessou as fronteiras do Rio Grande do Sul. A Coligay foi convidada pelo presidente do Corinthians, Vicente Matheus, para assistir no Morumbi à final do Campeonato Paulista de 1977. E o convite deu certo: com um gol de Basílio o Timão venceu o campeonato e encerrou um jejum de quase 23 anos sem títulos paulistas.
“Pagaram a nossa passagem e tudo mais. Fomos muito bem recebidos pelo próprio Vicente Matheus. Éramos umas 20 bichas subindo as escadarias do avião. Aquilo foi um escândalo”, lembra Volmar Santos, o fundador da torcida, em trecho publicado no livro “Coligay, tricolor e de todas as cores”, escrito pelo jornalista gaúcho Léo Gerchmann.
Mas o começo da torcida gay gremista não foi fácil.
“No primeiro jogo em que fomos ao Olímpico, a surpresa e o desespero dos torcedores foi geral, tanto que queriam brigar e surrar os componentes da torcida por não aceitarem aqueles gays cantando, rebolando”, conta Volmar.
“Temendo agressões, eu até coloquei o pessoal pra fazer karatê pra nos defendermos de possíveis ataques”, diz Volmar. Assim, na ocasião em que foram de fato atacados por torcedores do Gaúcho, clube de Passo Fundo, durante o Campeonato Gaúcho de 1977, a Coligay colocou os machões agressores para correr.
No entanto, o tempo e a dedicação ao Grêmio desta nova turma de torcedores organizados foram tornando comum aquilo que antes parecia anormal, e a Coligay conquistou seu espaço nas arquibancadas do Olímpico, assim como a simpatia dos que amavam o Grêmio tanto quanto eles.
A torcida terminou seis anos depois, quando Volmar voltou para sua cidade natal, Passo Fundo.
No Dia Mundial do Orgulho LGBTQIA+ num momento em que o movimento anti-homofobia no futebol começa a ganhar força, relembrar a história da Coligay, primeira torcida LGBT do Brasil, no título lendário do Corinthians é uma considerável contribuição ao futebol.
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Por Nágela Gaia / Redação da Central do Timão
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