O ex-coordenador das categorias de base do Corinthians, Chicão, se pronunciou pela primeira vez após ter sido desligado do cargo. Segundo ele, a rescisão ainda não foi oficializada, mas, mesmo assim, agradeceu à instituição pelo período em que esteve à frente do departamento de base alvinegro.
“Já agradeci à instituição, agradeci. Estou esperando o pessoal entrar em contato para a gente poder ir lá assinar a rescisão de contrato. Tem um contrato que foi firmado lá atrás. Por enquanto, ninguém entrou em contato, nem comigo, acho que nem com o Batata. Tem outras pessoas da gestão também que estão sendo desligadas, e eles não estão entrando em contato”, afirmou durante transmissão ao vivo no Instagram.
Chicão foi demitido na última sexta-feira, 6, junto com Batata, coordenador técnico do departamento amador. Ambos haviam sido contratados no ano anterior, após a eleição do presidente afastado Augusto Melo.
De acordo com Osmar Stabile, presidente interino, ele não foi o responsável por comunicar a decisão. A informação teria sido repassada por Alex Brasil, executivo das categorias de base. Chicão alegou ainda que um conselheiro vitalício teria influenciado a decisão, embora não tenha citado nomes durante a live. Ele também elogiou a postura de Nenê do Posto, que assumiu o comando da base após a saída de Claudinei Alves.
“O novo diretor estava lá no CT, o presidente em exercício agora. Ele mesmo falou que vai ficar 60 dias. Eu fui lá na sala do novo diretor, falei que estava tudo pronto para a apresentação dele e cumprimentei o presidente em exercício. Ninguém falou nada. Foi feita a apresentação, almoçamos. E esse conselheiro vitalício, que o sonho dele é trabalhar no futebol profissional — se ele assumir, eu vou falar quem é — chamou o executivo, o Alex (Brasil). O diretor disse pra ele: ‘Eu não tenho coragem, porque vi o trabalho deles aqui, mas está vindo uma ordem lá de cima’. Eu não vou falar o nome ainda, estou esperando ele assumir”, declarou Chicão.
“Inclusive, ele está fazendo um esforço danado para contratar pessoas que foram demitidas lá, por algum problema ou outro — que não vem ao caso agora —, vocês vão ficar sabendo depois. Esse conselheiro está desesperado para assumir o profissional. Aí o Alex veio e me deu a notícia: ‘Me encarregaram de te avisar’. Esse conselheiro estava falando com o diretor. Eu falei: ‘Alex, eu estava esperando, é normal. Lá atrás, apoiei a gestão na campanha, apoiei o presidente Augusto, e esse grupo que veio era o vice dele também, então automaticamente apoiei os dois’. Mas aí existem as divergências deles, que eu não me meto. Quero deixar claro isso para vocês. Eles vão se resolver lá, eu sempre coloquei a instituição em primeiro lugar. Foi isso. Vim embora. E parece que não era para ter vazado, e vazou. Não sei por quê. Foi isso que aconteceu. Não foi o diretor nem o presidente que me ligaram. Mas aqui, o diretor novo que assumiu foi muito homem e conversou olho no olho comigo. E por ele, palavras dele, a gente teria continuado”, completou.
Em pouco mais de um ano, Chicão tinha como principal responsabilidade abastecer o elenco profissional com jogadores da base, facilitando a transição entre os elencos. Ele citou como exemplo a situação de Denner, uma das principais promessas do clube, promovido ao Sub-20 com apenas 16 anos e com venda encaminhada ao Chelsea, da Inglaterra, por ao menos R$ 60 milhões fixos.
“É bem complexo, porque requer um acompanhamento minucioso e uma gestão adequada. O objetivo é garantir a preparação e adaptação dos atletas ao profissional. Digo isso porque está aí o exemplo de um atleta que foi vendido para o Chelsea. E outro atleta que recebeu proposta também de 14 milhões de euros — mas não era uma questão de pagamento. O Denner, por exemplo, quando estava com 16 anos jogando no Sub-17, eu e o Batata, que era o coordenador, colocamos ele no Sub-20. Identificamos o potencial dele e acabou acontecendo isso (a venda). Às vezes, vocês não sabem, mas meu telefone tocava às 23h30, e eu tinha que arrumar um time para treinar no dia seguinte”, contou.
Durante a pausa para a Data Fifa, Dorival Júnior tem utilizado diversos jovens da base nos treinos. Alguns nomes, como Dieguinho e Bahia, já integram o cotidiano do elenco profissional há mais tempo. Chicão também relembrou o processo de transição de Kauê Furquim, atacante de apenas 16 anos (nascido em 2009), que recentemente passou a treinar com os profissionais.
“Além desses meninos que eu falei, tem outros atletas trabalhando lá. E a geração 2009, 2008, está vindo muito bem. Muito bem. Eu não fazia contratações. Eu era encarregado de abastecer o profissional. Nós fizemos uma transição muito bacana dos meninos do Sub-15 para o Sub-17. Alguns atletas que estão hoje jogando no 17 — tem quatro meninos, se não me engano, com 16 anos — nós colocamos lá junto com a comissão técnica. Quando nós assumimos, eu sempre falei que o projeto era de médio e longo prazo. E os efeitos já começaram a aparecer, tenho certeza de que o trabalho vai continuar dando frutos. Quinta-feira colocamos um menino de 16 anos para treinar com o profissional. Agora, escalar já não é comigo. Isso é com o pessoal do profissional. Tem o Dieguinho, o Bahia… o Bahia já poderia ter tido mais oportunidades”, afirmou.
Até o momento, a nova diretoria do Corinthians ainda não definiu os substitutos de Chicão e Batata. Desde que Osmar Stabile assumiu a presidência interina, 13 nomes deixaram o clube — sendo oito estatutários e cinco contratados.
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