Ex-auxiliar e efetivado como treinador depois de anos dentro do Corinthians. Essa frase serve para definir tanto o atual técnico, Fernando Lázaro, quanto o último campeão paulista e brasileiro pelo clube, Fábio Carille. E o ex-comandante alvinegro, atualmente à frente do V-Varen Nagasaki, do Japão, acredita justamente que o ex-analista de desempenho recebeu, em 2023, uma oportunidade igual à sua, em 2017.
“Fernando é um amigo. Trabalhamos juntos por oito anos, de 2009 até o final de 2016, quando ele foi com Tite para a Seleção. Ali, era para ele ser meu auxiliar no outro ano, mas veio o convite para ele ir para a Seleção e não tinha como recusar. É uma oportunidade igual à minha, não tenha dúvida disso“, iniciou Carille, em entrevista ao canal do jornalista André Hernan, no YouTube.
“É um cara que conhece o Corinthians muito mais até do que eu conhecia. Ele nasceu dentro do Corinthians, com a história do seu pai (Zé Maria) e de sua mãe, que trabalhou lá por muito tempo. Mas momentos diferentes.”
Carille, no entanto, destacou que Fernando Lázaro vive um momento com muito mais pressão do que quando o ex-técnico alvinegro assumiu o Corinthians para 2017. Há seis anos, o clube era chamado por torcedores rivais e pela imprensa de “quarta força de São Paulo” e havia tido um desmanche em seu elenco há poucos meses. Mas o Timão deu a volta por cima e conquistou o Brasileirão e o Paulistão naquela temporada.
“Naquele período, um grupo desacreditado, que só tinha dois jogadores firmados dentro do Corinthians, que eram Cássio e Fagner. Balbuena criticado em 2016, Pablo chegando, Arana e Maycon, jovens, a gente nunca sabe a resposta que vai dar a partir do momento que coloca como titular. A gente via que tinha qualidade, mas não sabemos e foi uma resposta muito positiva. O Jô, sete meses sem jogar…”, lembrou.
“Existia a questão da quarta força, falo isso com maior tranquilidade. Isso nos ajudou, porque tirou toda a pressão. Se ficasse em quarto no Paulista, era o que todo mundo esperava. Então tirou uma pressão. Momento diferente.”
“Do meu período, desmanchou o time em 2016, saíram mais de dez jogadores no início do ano, Ralf, Gil… Depois, no meio do ano saíram Felipe, Bruno Henrique para a Itália e Elias para Portugal. Uma reformulação, onde o Roberto (de Andrade, então presidente do clube), com pés no chão e querendo colocar a casa em ordem na questão financeira”, disse Carille.
“Entramos no campeonato muito desacreditados e surpreendemos muita gente, inclusive nós mesmos. Não imaginávamos. Palmeiras era campeão brasileiro, Grêmio foi campeão da Libertadores, Atlético-MG com um timaço, Flamengo montando… E a gente bater campeão foi algo inesperado.”
Para Carille, o atual elenco do Corinthians é melhor do que o de 2017, uma vez que conta com investimentos altos, como é o caso de Yuri Alberto – embora o clube não tenha desembolsado nenhum valor para permanecer com o centroavante, houve a troca com o Zenit, da Rússia, envolvendo nomes como Du Queiroz e Robert Renan. Na visão do ex-treinador alvinegro, essa força do grupo faz a pressão ser maior para Fernando Lázaro.
“(Hoje o) Corinthians com muitos jogadores firmados dentro do futebol, investimentos altíssimos que eu não tive, caso de Yuri Alberto, Róger Guedes, volta de Gil, Balbuena que voltou consagrado… Em 2017, ainda tinha que se firmar, e agora voltou sendo Balbuena. Giuliano, com uma história enorme, Renato Augusto… Se falar de cada um, considero o grupo do Corinthians forte. Então, a pressão é muito maior do que comigo“, opinou.
Mesmo assim com uma pressão maior, Carille vê Fernando Lázaro como um profissional preparado para assumir um clube da grandeza do Corinthians. E o treinador do V-Varen Nagasaki ainda deixou um conselho para o atual técnico alvinegro: dar sequência à uma única forma de jogar e não ficar alterando o sistema tático várias vezes.
“Mas, em relação à pressão, desde o início eu cometei: ‘Vai ser diferente da minha época’. Fernando é um cara preparado, que conhece, que trabalhou com grandes profissionais, inteligente… Mas a pressão é muito maior do que foi no meu período.
“(O segredo para suportar a pressão) é não se perder. É acreditar numa linha de trabalho e numa forma de jogar. A gente acaba errando, em alguns momentos dá certo. É ele ter uma ideia, repetir e treinar, para que os jogadores também tenham confiança. Acho que isso é o caminho. Acreditar nas pessoas que estão do lado dele. Ele já entende muito o que é o Corinthians. E não se perder nesses detalhes de ficar mudando a forma de jogar, mesmo porque não tem muito tempo para treinar“, concluiu Carille.
Fábio Carille acumula duas passagens como treinador do Corinthians. Foram, ao todo, 183 jogos, com 86 vitórias, 56 empates e 41 derrotas, além de três títulos do Paulistão (2017, 2018 e 2019) e um do Brasileirão (2017). Já Fernando Lázaro comandou o time em apenas 14 partidas, com sete vitórias, cinco empates e somente duas derrotas.
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