Empatar em 0x0 com o Grêmio, em Porto Alegre, seja na Arena Grêmio ou no Estádio Olímpico, sempre foi um bom resultado.
O histórico de confrontos precisa ser analisado detidamente antes de quaisquer opiniões desfundamentadas sobre o resultado do jogo.
O Grêmio é uma das asas negras do Corinthians. Os números são incontestáveis, vejamos: na história, o Grêmio tem vantagem de 36 vitórias contra 32 do Corinthians e 24 empates. O Grêmio fez 116 gols contra 96 do Corinthians.
Na Arena Grêmio, ontem foi o 8º jogo. O Grêmio tem vantagem de 5 vitórias contra 1 do Corinthians, além de 2 empates, um deles, o fatídico “jogo do Pato”.
Houve 7 jogos na Arena Corinthians com 2 vitórias do Corinthians, 1 do Grêmio e 4 empates.
Houve 38 jogos no Estádio Olímpico, com 10 vitórias do Corinthians, 20 do Grêmio e 8 empates.
Houve 11 jogos no Morumbi, com 2 vitórias do Corinthians, 3 empates e 6 vitórias do Grêmio.
O Corinthians leva vantagem no Pacaembu, onde tem 14 vitórias, 4 derrotas e 5 empates.
Ou seja, o Grêmio é difícil em qualquer lugar. Logo, não havia alta expectativa numa possibilidade de vitória no duelo da 23ª rodada do Campeonato.
E o desempenho? Não foi ruim. Foi aceitável. Eu sou um dos críticos do Carille no twitter. Não sou da turma do “pano”. Nem sou ungido da fiel. Sou crítico.
O Corinthians fez uma partida digna diante do Grêmio. Cássio não fez uma defesa no jogo. O sistema defensivo do Corinthians prevaleceu diante do ataque do Grêmio, que é um dos melhores do Campeonato Brasileiro com Everton Cebolinha sendo chamado constantemente para a Seleção Brasileira.
Nesse sentido, considerando as qualidades do Grêmio e as qualidades do Corinthians, era óbvio que o time do Carille jogasse mais defensivamente, como é natural nas partidas fora de casa. É possível argumentar que a postura mais defensiva, especialmente nos jogos fora de casa, pudesse não ser adotada em jogos contra equipes mais fracas, como o Avaí e Fluminense, mas contra o Grêmio o argumento é fraco em face da qualidade ofensiva da equipe gaúcha, que já fez 37 gols no campeonato.
Quando se pede um time mais ofensivo, não significa abdicar do sistema defensivo competente que foi o ponto forte do Corinthians em todos os títulos de 2009 em diante. Carille é um mestre na arte de organizar um sistema defensivo, todavia é fato que o sistema ofensivo deixa a desejar. O Corinthians fez apenas 25 gols em 23 jogos no Campeonato. O time precisa de E-QUI-LÍ-BRIO. E o Carille não conseguiu chegar nesse estágio. Estamos em outubro. Mesmo assim, Carille não merece quaisquer críticas em razão do resultado e do desempenho da equipe na partida contra o Grêmio.
Ou melhor, merece uma crítica: Clayson não dá mais.
Clayson não pode ser titular absoluto do Corinthians. Carille alega que Janderson é “cru” e Everaldo está machucado. A alegação é frágil. Altera o esquema, coloca o Love na esquerda com Boselli no comando do ataque, ou coloque algum meio-campista na esquerda. É possível sacar o Clayson sem sustos. Ninguém reclamará.
Dito isso, para finalizar, destaca-se que nem nas grandes vitórias, em Porto Alegre, o Corinthians se impunha diante do Grêmio. Em 1995, no título da Copa do Brasil, os melhores em campo foram Célio Silva e Ronaldo Giovaneli. Em 1998, nas quartas de final do Brasileiro, Rincón fez um gol espetacular, mas o melhor em campo foi Nei, o nosso goleiro. Em 2017, o Grêmio atacou muito mais que o Corinthians. Dominou do início ao fim, mas Jadson, num contra-ataque criado por Paulo Roberto, definiu o jogo. O melhor em campo foi Cássio, que pegou até pênalti.
As estatísticas e a história concluem de forma insofismável que o empate de 0x0 contra o Grêmio, em Porto Alegre, foi bom. Quem achou ruim precisa estudar mais, em que pese à necessidade do Corinthians em melhorar o desempenho, especialmente o ofensivo.
Fonte: As estatísticas tiveram como fonte o “Retrospecto do Timão”, editado pelo Jornalista Ricardo Gozzi, coautor, entre outros livros, de Democracia Corintiana – a utopia em jogo (Boitempo Editorial, 2002), escrito em parceria com o saudoso Doutor Sócrates.
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