Há muitas definições para o silêncio, e a que mais o explica é: ‘ausência total de som’. Mas há ocasiões que desafiam a lógica. O torcedor do Corinthians experimentou algumas vezes esse desafio, provavelmente, o da noite do dia 23 de maio de 2012 seja o maior deles.
Aquela era uma noite típica de quarta à noite para muita gente, não para a Fiel. No Pacaembu, acontecia o segundo jogo das quartas-de-final da Libertadores. O primeiro confronto, lá no Rio, se findou da mesma forma que começou, com o placar em 0x0. Em São Paulo, o primeiro terço do segundo tempo também já tinha ido, e tudo permanecia na mesma; até o silêncio acontecer.
O cronômetro marcava quase 18 da segunda etapa. O Corinthians estava no ataque, tentando de alguma forma atender aos gritos da torcida que embalava o time no cântico de “Vamos, Corinthians, essa noite teremos que ganhar”, tinha que ganhar. Cobrança para a área vascaína, Fernando Prass espalma, a bola cai no pé de Alessandro, ele prepara e chuta a bola em direção à área adversária. Só que ele não esperava um Diego Souza no caminho. O que não podia acontecer, aconteceu.
Diego Souza, em uma das fases de sua carreira, bloqueou o lançamento de Alessandro e automaticamente criou uma chance de gol para o Vasco a partir de um ataque corinthiano. Correu como o vento, com Alessandro em sua cola, mas muito atrás, e teve a chance aos seus pés de acabar com o sonho da Fiel.
O silêncio que se seguiu no estádio foi ensurdecedor. Mesmo o termo se definindo como ‘a ausência total de som’, aqueles segundos, de certa forma, foram completamente barulhentos na cabeça dos torcedores e das torcedoras do Timão. Foram 7 segundos desde que Alessandro acertou o adversário até Cássio salvar um sonho com a ponta dos dedos, mas tudo parece ter corrido em câmera lenta.
Até os mais otimistas ou os mais ruins de conta sabiam que um gol àquela altura poderia significar mais uma eliminação, mais um quase na Libertadores, competição que cansou de maltratar o coração alvinegro após os insucessos em anos certos para o título ser do todo poderoso.
Em sete segundos a torcida viu e ouviu todos os decretos de eliminação, todos os gols adversários, todas as promessas que voltariam mais fortes, todas as gozações de rivais incansáveis na tarefa de colocar o alvinegro mais amado do mundo um patamar abaixo. Em sete segundos de um silêncio sepulcral, couberam mais de 50 de anos de espera e de sentimentos ruins.
Até hoje os torcedores e torcedores assistem o lance com apreensão. Como se aquela bola pudesse entrar no cantinho ou Diego Souza mudar de ideia e jogar por cobertura, marcando um golaço. Há quem garanta que rever trás má sorte, “um dia a bola entra, vocês estão abusando da sorte”. Mas garanto, garanto! Enquanto Cássio estiver atento, focado na bola e preparado para um milagre, naquele lance, nada mais mudará. O silêncio, ano após ano, continuará sendo quebrado por um grito de alívio que mais parecia um grito de gol.
Por: Bruno Cassiano / Redação da Central do Timão
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