Na tarde desta quarta-feira, 28, o Corinthians Feminino anunciou que viajará aos EUA na pausa para a Copa América da modalidade, disputando no país o Teal Rising Cup, torneio amistoso promovido pela Divisão de Turismo do Missouri (Visit Missouri) e sediado pelo Kansas City Current, equipe que disputa atualmente a National Women’s Soccer League (NWSL).
A competição será disputada entre 12 e 15 de julho, em um formato clássico de quadrangular eliminatório. Além dos anfitriões KC Current e do Corinthians, também participam o Chicago Stars (EUA), outra equipe que disputa a NWSL, e o Palmeiras. Todas as partidas serão disputadas no CPKC Stadium, casa do Kansas City Current.
Foto: Reprodução
As Brabas abrirão o torneio enfrentando o Chicago Stars no dia 12 de julho, às 18h30 (de Brasília). No mesmo dia, mais tarde, KC Current e Palmeiras fazem a outra semifinal. Quem perder as partidas se enfrenta na disputa do terceiro lugar do torneio, no dia 15, enquanto quem vencer faz a final, no último jogo da competição, também dia 15.
Esta será a primeira vez em sete anos que o Corinthians Feminino disputa um torneio amistoso fora do Brasil. A última vez havia ocorrido em 2018, quando o clube foi convidado a disputar a Rosario Cup, na Argentina. As Brabas conquistaram o título após vencerem quatro equipes daquele país: 15 x 0 sobre o San Lorenzo Histórico, 7 x 0 contra o Deportivo Lux, 2 x 0 sobre o Atlético Belgrano e 11 x 0 em cima do Unión de Santa Fé.
Também será a primeira vez após 16 anos que o Corinthians Feminino enfrenta uma equipe estadunidense. Em 22 de maio de 2009, o então Corinthians/São Caetano/UNIP recebeu o Penn State Nittany Lions, tradicional equipe universitária que disputa competições da National Collegiate Athletic Association (NCAA). O amistoso, disputado no CT Joaquim Grava, à época chamado de Parque Ecológico do Tietê, terminou 0 x 0.
Por Daniel Keppler e Larissa Beppler / Redação da Central do Timão
Dois dias após a posse de Osmar Stabile como presidente interino do Corinthians, um dos assuntos mais comentados nos bastidores trata da possível volta à gestão de nomes conhecidos da torcida, por terem sido nomeado (e dispensados) recentemente do clube pelo presidente afastado Augusto Melo. Os debates sobre o tema, porém, tem sido cercados de dúvidas e especulações sobre a real situação de cada um dos citados.
A Central do Timão apurou que pelo menos três ex-membros da gestão Augusto Melo estão, de fato, colaborando com a diretoria interina: Rozallah Santoro, ex-diretor financeiro, Leonardo Pantaleão, ex-diretor jurídico, e Marcelo Munhoes, ex-chefe de TI. No entanto, os níveis de contribuição de cada um diferem entre si, e não envolvem necessariamente seus retornos aos cargos que ocupavam na diretoria.
Foto: Divulgação/Corinthians
Explicando caso a caso
Rozallah Santoro é um destes casos. O conselheiro trienal, segundo apurado, foi convidado a colaborar com o departamento financeiro por ter familiaridade com os métodos de trabalho que vinham sendo adotados e por ter conhecimento, ainda que parcial (pois deixou a função há 11 meses), dos números do clube. No entanto, não ocupará qualquer cargo no organograma do departamento.
Além de auxiliar, sob demanda, em questões pontuais do financeiro alvinegro, Rozallah também deverá representar o Corinthians nas conversas que vem sendo feitas entre Libra (Liga de Futebol Brasileiro) e LFU (Liga Forte União), que negociam a criação de uma liga brasileira unificada.
O caso de Leonardo Pantaleão é similar, segundo apurado. O conselheiro trienal e ex-diretor, que deixou o cargo na diretoria em setembro passado, também foi convidado pelos mesmos motivos: ajudar o departamento jurídico a encaminhar as demandas mais urgentes e as tarefas de rotina, aproveitando-se do seu conhecimento prévio sobre a estrutura do departamento.
À Central do Timão, Pantaleão confirmou o convite, complementando ainda que, devido a isso, pediu licença do Conselho Deliberativo (CD), o que inclui também a presidência da Comissão de Justiça do órgão: “Não ocuparei nenhum cargo, estatutário ou não. Mas entendo que não posso contribuir, ao mesmo tempo, para o órgão fiscalizado (diretoria) e para o fiscalizador (CD), então pedi licença durante esse período de transição para que não haja qualquer conflito de interesse.”
Por fim, a redação confirmou que Marcelo Munhoes está de volta ao Corinthians. Será o único caso, dentre os citados nesta matéria, onde haverá um retorno ao cargo que era ocupado anteriormente (chefe de TI do Corinthians), do qual havia sido demitido no fim de janeiro deste ano.
Munhoes, que retorna ao cargo a convite de Stabile, ficou conhecido entre a torcida, nos últimos meses, por ter denunciado irregularidades no programa Fiel Torcedor e na logística de emissão de notas fiscais no Parque São Jorge e no Centro de Treinamento do Corinthians. Sua demissão, à época, ocorreu por divergências com a gestão nestes e outros assuntos sobre o clube.
Restrição estatutária
A compreensão sobre o nível de contribuição de Rozallah Santoro, Leonardo Pantaleão e Marcelo Munhoes junto à diretoria interina do Corinthians se faz relevante por conta de rumores levantados nas redes sociais desde o afastamento do presidente Augusto Melo, que tornou sua diretoria estatutária demissionária, a partir de uma interpretação extensiva do artigo 108 do estatuto alvinegro.
Isso pois, no artigo 79 do mesmo documento, é citada uma espécie de “quarentena” a conselheiros que ocupam cargos na direção e se retiram dos mesmos, proibindo-os por um ano de retornar à gestão. Em tese, Rozallah e Pantaleão seriam atingidos por esta “quarentena”, não podendo assumir cargos diretivos até 7 de junho e 30 de setembro deste ano, respectivamente. Munhoes, por sua vez, não é afetado por esta restrição.
A Central do Timão apurou, no entanto, que a colaboração dos conselheiros nas áreas financeira e jurídica independe de cargos, visto que nem Rozallah nem Pantaleão assumiram algum cargo infra-diretorial para assistirem aos departamentos, tais como uma gerência ou superintendência. O foco, no momento, seria manter o funcionamento diário do Corinthians e atender as demandas mais urgentes de ambos os setores.
Na noite desta quarta-feira, 28 de maio, o Corinthians entra em quadra para enfrentar o Pontz São José, pelo 15ª compromisso da equipe na Liga de Basquete Feminino (LBF). O confronto acontece na casa do adversário, o Ginásio Teatrão, em São José dos Campos, a partir das 19h30 (de Brasília).
As Furiosas seguem em boa fase na competição, acumulando 11 vitórias e sofrendo apenas três derrotas até o momento na LBF. No último jogo, a equipe venceu o ADRM Maringá por 94 x 73, e agora quer engatar a segunda vitória seguida. No primeiro turno, em março, o Corinthians venceu o São José em casa por 72 x 58.
Foto: João Marcos/Ag. Corinthians
Escalação do Corinthians
O treinador Bruno Guidorizzi não deve fazer alterações no time titular. Assim, o quinteto inicial deve ser formado por Beatriz, Yasmim, Mari Dias, Nahomis Vargas e Tassia.
Transmissão
O canal Live Basketball BR fará a exibição na íntegra, com imagens e narração, em seu canal no YouTube.
Próximo compromisso
Após viajar para enfrentar o time do interior paulista, o Corinthians retorna para sua casa, o Ginásio Wlamir Marques, onde recebe no dia 5 de junho o Sampaio Basquete, às 19h30.
Na noite desta terça-feira, 27, o Corinthians enfrentou o Huracán-ARG, no Estádio El Palacio, em Buenos Aires, pela sexta e última rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana. Mesmo enfrentando um adversário com nove reservas, o Alvinegro falhou em se impor na partida e, com gol sofrido no início do segundo tempo, acabou derrotado por 1 x 0.
Com isso, o Timão se manteve com apenas oito pontos ganhos no Grupo C, sendo ultrapassado pelo América de Cali (COL), que empatou em casa com o Racing Montevideo (URU) por 1 x 1 e também chegou aos oito pontos, mas garantiu o segundo lugar do grupo por ter melhor saldo de gols. Assim, o Corinthians terminou no terceiro posto da chave, se despedindo das competições internacionais ainda no primeiro semestre.
Foto: Daniel Jayo/Getty Images
Para a partida, a comissão técnica corinthiana não pôde contar com o zagueiro Gustavo Henrique (cirurgia de hérnia inguinal) e o atacante Yuri Alberto (trauma na região lombar).
Diante disso, o técnico Dorival Junior escalou a seguinte equipe: Hugo Souza; Félix Torres, André Ramalho, Cacá e Fabrizio Angileri; Raniele, José Martínez, Breno Bidon e André Carrillo; Memphis Depay e Romero. O banco de reservas contou com: Matheus Donelli, Matheuzinho, João Pedro Tchoca, Matheus Bidu, Hugo, Charles, Maycon, Ryan, Igor Coronado, Rodrigo Garro, Talles Magno e Héctor Hernández.
Escalação do Huracán
Já o time da casa optou por iniciar a partida com Meza; Fuente, Pereyra, Goitea e Lescano; Cantillo e Pérez; Cabral, Watson e Alanis; Sequeira.
Arbitragem
A arbitragem foi comandada por Gery Vargas (BOL). Ele teve o auxílio de Jose Antelo (BOL) e Edwar Saavedra (BOL). O quarto árbitro e o VAR foram, respectivamente, Javier Revollo e Wilfredo Campos (BOL).
Próximo compromisso
Agora, o Corinthians retomará o foco para o Campeonato Brasileiro. No próximo domingo, 1 de junho, o Alvinegro receberá o Vitória, às 18h30 (horário de Brasília), na Neo Química Arena, pela 11ª rodada do torneio nacional.
Primeiro tempo
O Corinthians partiu para o ataque imediatamente após o pontapé inicial. Aos dois minutos, uma tentativa de lançamento para Memphis saiu com força excessiva, terminando na linha de fundo. Aos três minutos, o Huracán respondeu com perigo: Cabral cruzou da direita, e a bola passou rente à área sem que nenhum argentino finalizasse.
O jogo seguiu equilibrado até os dez minutos, quando o Timão teve falta a favor. Memphis levantou na área, mas Raniele não dominou com eficiência. Dois minutos depois, o volante arriscou chute de longe, sem direção, após jogada individual pelo meio.
Aos 17, o Huracán voltou a ameaçar em escanteio: a defesa corinthiana afastou, mas o contra-ataque não prosperou. Três minutos depois, nova chance argentina em falta de Cacá. Watson levantou na área, mas a bola passou sem finalização.
Aos 26 minutos, Raniele, em nova função, recebeu dentro da área, girou e finalizou, mas foi bloqueado pela marcação. Hugo Souza brilhou aos 32 minutos: após erro na saída, defendeu chute de Sequeira em jogada perigosa.
Já no final do primeiro tempo, aos 36 minutos, Martínez desperdiçou a melhor chance corinthiana. Angileri cruzou da esquerda, a defesa desviou, e o volante chutou por cima.
Segundo tempo
No intervalo, o técnico Dorival Júnior substituiu Martínez por Talles Magno. Porém, logo no primeiro minuto de jogo na segunda etapa, o Huracán abriu o placar: Watson cabeceou no canto após levantamento preciso na área.
Incapaz de reagir, o time viu mais mudanças serem feitas, quando aos 11 minutos Dorival Júnior colocou Garro e Matheuzinho em campo, substituindo Romero e Torres. Na sequência, o Corinthians teve falta perigosa, mas o chute foi bloqueado.
Aos 13 minutos, Sequeira quase ampliou: avançou sobre Cacá, mas finalizou para fora. Três minutos depois, Cabral chutou raspando o travessão após rebote. O Corinthians reagiu pouco depois, quando Garro cobrou falta com perigo, forçando o goleiro a desviar para escanteio.
Com a desvantagem mantida no placar, Igor Coronado entrou no jogo no lugar de Breno Bidon aos 28, mas o Corinthians seguia com dificuldades ofensivas. Apenas aos 34 o time voltou a arriscar um ataque, quando Carrillo cruzou para Talles Magno na área, mas o atacante não acertou o cabeceio.
Os minutos finais foram de controle da partida por parte dos donos da casa, que acabaram vencendo o jogo por 1 x 0. No minuto final, chegou a notícia sobre o gol do América de Cali na outra partida, que sacramentou a troca de posições da equipe com o Corinthians e a eliminação do Alvinegro da Sul-Americana.
Na noite da última segunda-feira, 26, o Conselho Deliberativo (CD) do Corinthians afastou cautelarmente o presidente Augusto Melo do cargo, com 176 votos favoráveis ao pedido e 57 contrários. Em seguida, o primeiro vice-presidente Osmar Stabile tomou posse como presidente interino, assumindo plenos poderes da função até a Assembleia Geral que precisa analisar a decisão dos conselheiros.
Stabile, que já se pronunciou por escrito logo após o fim da reunião do CD, concederá entrevista coletiva no Parque São Jorge nesta terça-feira, 27, devendo ser questionado, entre outros temas, sobre a situação dos diretores estatutários do clube, nomeados pelo presidente afastado durante seu mandato.
Foto: Divulgação/Corinthians
Em entrevista coletiva após a votação do CD nesta segunda-feira, o presidente do órgão Romeu Tuma Júnior afirmou que tais dirigentes passaram a ser considerados demissionários com o afastamento de Augusto Melo, a fim de que Stabile possa nomear pessoas de sua confiança para comandar os setores do clube.
Trata-se, na verdade, de uma interpretação extensiva do que o estatuto do clube diz sobre o assunto em seu artigo 108. O texto do artigo determina que, em caso de vacância do cargo de presidente, os diretores são considerados demissionários, ou seja, deixam voluntariamente seus cargos à disposição. O mesmo vale, estatutariamente, para diretores-adjuntos e também para o secretário geral.
Segundo apurado pela Central do Timão, a interpretação extensiva deste artigo para também se aplicar a um afastamento cautelar do presidente Augusto Melo deve-se à necessidade de evitar constrangimentos, dentro do Parque São Jorge, durante a montagem de equipe do presidente interino Osmar Stabile, deixando-o, dessa forma, livre para nomear pessoas de sua confiança para as funções.
O mesmo, no entanto, não se aplica a funcionários remunerados, tais como o executivo de futebol Fabinho Soldado, que permanece vinculado ao Corinthians. A apuração da Central do Timão, inclusive, dá conta de que Stabile já deixou claro a interlocutores que não pretende modificar a estrutura estabelecida no futebol, e portanto, quer manter Soldado em suas funções no clube.
Um dos cargos que já se sabe que ficou vago na diretoria na manhã desta terça-feira, foi o da Diretoria de Patrimônio e Obras, já que Marcelo Tadeu Machado, então titular da pasta, entregou carta de renúncia. A informação foi divulgada inicialmente pelo jornalista Rodrigo Vessoni, do Meu Timão.
Dentro da estrutura administrativa do Corinthians, um dos órgãos mais importantes na fiscalização do trabalho da diretoria é o Conselho Fiscal, composto no clube por três conselheiros eleitos a cada triênio. Quem confere essa importância ao CF, porém, não é apenas o estatuto alvinegro, mas também a legislação, principalmente a Lei Pelé (lei 9.615/1998) e a Lei Geral do Esporte (lei 14.597/2023).
As normas deixam clara a importância de que as entidades desportivas não apenas mantenham um Conselho Fiscal, mas também assegurem a esse órgão total autonomia em seu trabalho, livre de qualquer tipo de pressão política. No entanto, essa independência vem sendo ameaçada no Parque São Jorge, com tentativas da gestão de persuadir os membros do órgão a decidirem favoravelmente aos dirigentes em temas sensíveis, como as finanças do Corinthians.
Haroldo Dantas, Paulo Pimentel , Claudio Senise e Josué Lopes no Corinthians. Foto: Reprodução
Aproximação indevida
A informação foi obtida pela Central do Timão por meio de fontes ligadas ao clube, com trânsito livre no Parque São Jorge. A apuração indica que, nos últimos meses, os membros do Conselho Fiscal do Corinthians vêm sendo sistematicamente pressionados a se posicionar de forma alinhada à agenda da atual gestão.
Esse cenário teria se intensificado a partir de abril, quando cresceu a tendência de reprovação das contas de 2024, o que acabou ocorrendo no final daquele mês, e a subsequente tentativa da diretoria de reverter o quadro, ao propor a reabertura do balanço de 2023 para atribuir R$ 191,2 milhões em contingências àquele exercício e, assim, transformar o déficit de R$ 181,7 milhões registrado no ano passado em um superávit de R$ 9,5 milhões.
Segundo as fontes ouvidas pela Central do Timão, o principal interlocutor da diretoria no Conselho Fiscal é o presidente do órgão, Haroldo Dantas, que apoiou a candidatura do presidente Augusto Melo e que se candidatou a conselheiro trienal em 2023 pela Chapa 83 (Valores Corinthianos). Teria sido ele, por exemplo, o responsável por pautar o debate no CF que culminou no ofício em que o órgão aceita a reabertura das contas de 2023 do clube, mediante o cumprimento de determinadas condições.
Outro ponto sensível na relação entre o Conselho Fiscal e a diretoria, segundo as fontes ouvidas, diz respeito a encontros dos quais os membros do órgão teriam participado, ao longo dos últimos meses, na residência do então diretor financeiro Pedro Silveira, onde seriam debatidos assuntos relativos às finanças do Corinthians.
Tais encontros representariam uma quebra da imparcialidade do CF diante da gestão, comprometendo a independência exigida por lei. “(O Conselho Fiscal) foi alertado sobre esta aproximação. O órgão precisa ter absoluta independência, nenhuma ligação com a diretoria. Não pode haver nenhum tipo de dependência”, afirmou uma das fontes.
Possível conflito de interesses
Por fim, outra questão relativa a esse tema diz respeito a Josué Lopes de Souza, auditor fiscal do Corinthians. A Central do Timão recebeu sete atas de reuniões do Conselho Fiscal, ocorridas entre abril e outubro de 2024, nas quais Josué atua como “assessor técnico” do órgão. A função não está prevista nem no estatuto do Corinthians nem nos regimentos internos dos órgãos do clube.
Oficialmente, Josué deixou de assessorar o CF no final de outubro e, no mês seguinte, passou a atuar como auditor fiscal do departamento financeiro do Corinthians, um cargo remunerado – a primeira nota fiscal emitida em seu nome data de 16 de dezembro. No entanto, segundo fontes ouvidas pela redação, há suspeitas de que sua colaboração com o setor financeiro do clube já vinha ocorrendo pelo menos três meses antes desta data.
Ainda segundo estas fontes, há suspeitas de que Josué, que é da mesma chapa que o presidente do CF, teria sido indicado por este para integrar o time financeiro da gestão, comandado à época por Pedro Silveira, também integrante da mesma chapa. A intenção seria fortalecer a agenda do departamento em defesa da atual diretoria.
A Central do Timão apurou ainda que o Conselho de Orientação (CORI) vem tentando, nos últimos meses, acessar o contrato firmado entre o Corinthians e o auditor fiscal. No entanto, o clube ainda não atendeu aos pedidos do órgão fiscalizador, que não pôde analisar o documento.
Ouvimos dois advogados para compreender melhor a situação, e ambos afirmaram que a rápida migração do profissional do Conselho Fiscal para o setor financeiro da diretoria configura um conflito de interesses que, em tese, prejudica a autonomia do órgão fiscalizador. Um deles chamou atenção para a falta de algo como uma “quarentena”, que é um período de impedimento para que autoridades públicas, após deixarem seus cargos, exerçam atividades no setor privado.
A prática, prevista na lei 12.813/2013, visa justamente evitar situações que possam gerar conflitos de interesses, impedindo que ex-funcionários utilizem seu conhecimento ou influência para obter vantagens pessoais no setor privado, em detrimento do interesse público. No Corinthians, este conflito estaria posto na medida em que Josué, como auditor, passou a defender os interesses da gestão que, antes, estava ajudando a fiscalizar, estando ciente de todos os debates internos promovidos no CF.
Um dos advogados ouvidos pela Central do Timão completou: “É uma posição de estrita moralidade, né. Em empresas grandes e sérias de auditoria e compliance, isso é afastado (a troca repentina de funções). Não há nenhum crime, nada ilegal, mas ofende alguns princípios básicos da integridade”, disse.
As respostas dos citados
A Central do Timão procurou os membros do Conselho Fiscal para se manifestarem a respeitos dos temas levantados nesta matéria. O presidente Haroldo Dantas não retornou ao chamado da redação, e caso o faça a resposta será incluída aqui. Paulo Schmidt Pimentel declarou que não pode responder pelo CF. Já Claudio Luiz Senise, secretário do CF, solicitou que as perguntas fossem encaminhadas ao e-mail institucional do órgão, e havendo retorno o texto será atualizado.
O auditor fiscal Josué também foi questionado e respondeu por meio da assessoria do presidente Augusto Melo. Ele confirmou sua passagem pelo CF como assessor, afirmando que deixou a função “devido a compromissos profissionais”. Negou ainda ter sido indicado por Haroldo Dantas para a gestão, afirmando que o convite partiu diretamente do ex-diretor Pedro Silveira.
O auditor afirmou ainda que o início de seu vínculo com o Corinthians se deu em 16 de novembro de 2024, válido até 31 de dezembro de 2026. Por fim, negou que a troca de funções represente um conflito de interesses, ressaltando a recomendação do Conselho Fiscal de reprovar as contas do clube.
“Esse fato (participação prévia no CF antes de integrar o financeiro corinthiano) não alterou a opinião do parecer do órgão, tendo em vista que o balanço 2024 foi reprovado pelos mesmos. (…) Meu relacionamento com o CF é ótimo e a viabilização dos questionamentos é facilitada pelo fato de eu entender a necessidade de compreensão do trabalho.”
Nota da redação: a matéria foi alterada em 29 de maio de 2025 para incluir a data de início do vínculo entre Josué Lopes e o Corinthians.
Na noite deste sábado, 24, o Corinthians enfrentou o Atlético-MG, em jogo na Arena MRV, em Belo Horizonte-MG, válido pela décima rodada do Campeonato Brasileiro. Com um time misto, o Alvinegro soube controlar os donos da casa na defesa, mas não conseguiu aproveitar as poucas chances no ataque e o duelo terminou empatado em 0 x 0.
Embora o ponto conquistado tenha sido positivo, acabou por representar a manutenção de um incômodo jejum do Timão no torneio nacional. Isso pois a equipe ainda não venceu como visitante na competição, obtendo dois empates e sofrendo três derrotas nos cinco jogos disputados nessa condição.
Foto: Pedro Vilela/Getty Images
É, porém, um resultado levemente melhor do que o obtido nas duas últimas edições do Brasileirão. Em 2024, o Corinthians conquistou apenas um ponto em seus cinco primeiros compromissos fora de casa. Já em 2023, o desempenho foi ainda pior, com o time perdendo cinco vezes seguidas como visitante. Apenas em 2022 o cenário foi melhor: vitória por 3 x 1 sobre o Botafogo no Rio de Janeiro, na primeira rodada.
Relembre os jogos do Corinthians longe de Itaquera neste Brasileirão:
Na noite deste sábado, 24, o Corinthians enfrentou o Atlético-MG, em jogo na Arena MRV, em Belo Horizonte-MG, válido pela décima rodada do Campeonato Brasileiro. Com um time misto, o Alvinegro soube controlar os donos da casa na defesa, mas não conseguiu aproveitar as poucas chances no ataque e o duelo terminou empatado em 0 x 0.
Com isso, o Timão chegou aos 14 pontos ganhos no torneio, após vencer quatro partidas, empatar duas e perder outras quatro. No momento a equipe ocupa a oitava posição na tabela, mas ainda pode perder uma posição a depender do resultado do Botafogo na rodada – o time carioca teve seu compromisso na rodada adiado, e ocorre apenas no próximo dia 4 de junho, contra o Ceará.
BELO HORIZONTE, BRAZIL – MAY 24: Players of Corinthians pose for photos before a match between Atletico Mineiro and Corinthians as part of CONMEBOL Sudamericana 2025 at Arena MRV Stadium on May 24, 2025 in Belo Horizonte, Brazil. (Photo by Pedro Vilela/Getty Images)
Para a partida, a comissão técnica corinthiana não pôde contar com o zagueiro Gustavo Henrique (recuperação de cirurgia na hérnia inguinal), o lateral-esquerdo Fabrizio Angileri (controle de carga), o meia Rodrigo Garro e o atacante Memphis Depay (fase final de transição).
Diante disso, o técnico Dorival Júnior iniciou o jogo com: Hugo Souza; Matheuzinho, João Pedro, Cacá e Matheus Bidu; Raniele, Ryan, José Martínez e André Carrillo; Talles Magno e Héctor Hernández. O banco de reservas contou com Matheus Donelli, Félix Torres, André Ramalho, Léo Maná, Hugo Farias, Charles, Maycon, Alex Santana, Igor Coronado, Breno Bidon, Ángel Romero e Yuri Alberto.
Escalação do Atlético-MG
Já o time da casa optou por iniciar a partida com Everson; Natanael, Lyanco, Alonso e Rubens; Patrick, Franco, Scarpa e Bernard; Rony e Hulk.
Arbitragem
Rafael Rodrigo Klein (RS) foi o árbitro da partida. Ele foi auxiliado por Rafael da Silva Alves (RS) e Michael Stanislau (RS). O VAR ficou sob responsabilidade de Daniel Nobre Bins (RS).
Próximo compromisso
Agora, o Corinthians vira a chave para a Conmebol Sul-Americana. Na próxima terça-feira, 27, às 21h30, o clube do Parque São Jorge enfrentará o Huracán-ARG, fora de casa, pela sexta e última rodada da fase de grupos do torneio internacional.
Primeiro tempo
Mesmo com alguns atletas considerados titulares sendo poupados, o Corinthians iniciou o confronto com postura agressiva, pressionando a saída do Atlético-MG já nos minutos iniciais. A equipe tentou priorizar a posse de bola, mas esbarrou na dificuldade de converter domínio em oportunidades concretas, o que se refletiu em poucas chances de gol.
A primeira oportunidade real acabou acontecendo apenas aos 14 minutos, dos donos da casa, mas o ataque não assustou Hugo Souza. Aos 25, o Corinthians pediu a expulsão de Lyanco após forte entrada em Matheus Bidu, no entanto o árbitro ignorou os protestos e deu apenas amarelo ao zagueiro.
Aos 33 minutos, o Timão criou sua melhor chance: Martínez lançou Talles Magno em profundidade, mas após invadir a área, livre, o camisa 43 isolou frente a Everson. Dois minutos depois, os corinthianos novamente pediram a expulsão de Lyanco após puxão acintoso em Héctor, e desta vez a arbitragem sequer falta marcou.
Já próximo dos acréscimos, Hulk aproveitou erro de Bidu e chutou perto da trave, com o Corinthians respondendo com Carrillo, que invadiu a linha de fundo e assustou a defesa mineira aos 43. Nos lances finais, ainda houve tempo para Héctor e Rony desperdiçarem oportunidades, uma para cada lado.
Segundo tempo
O Corinthians voltou para o segundo tempo sem mudanças, e tentando retomar o controle da posse de bola. No entanto, as dificuldades na criação continuavam, com Carrillo tentando o primeiro chute da equipe, mas sem perigo a Everson.
As primeiras trocas no Alvinegro ocorreram aos 20 minutos, quando Yuri Alberto entrou no lugar de Héctor Hernández, que sentiu lesão, e Charles entrou no lugar de Martínez. Na sequência, o Atlético-MG conseguiu boa saída e, em chute perigoso de Hulk, forçou Hugo Souza a fazer boa defesa.
O time da casa melhorou na partida e, para tentar sair do aperto, o técnico Dorival Júnior fez mais ajustes na equipe aos 28 minutos, com as entradas de Romero e Breno Bidon nos lugares de Talles Magno e Carrillo. Pouco depois, Félix Torres assumiu a lateral-direita no lugar de Matheuzinho.
Ainda assim, o Atlético-MG seguia perigoso, e Hugo Souza voltou a fazer boas intervenções em finalizações de Scarpa e Rony. Com o jogo caminhando para o final, Rubens foi expulso após carrinho em Bidon, mas após análise do VAR a arbitragem reverteu a decisão e apenas deu amarelo ao atleticano.
Nos acréscimos, o time da casa ainda tentou pressionar o Corinthians, que se fechou e protegeu a defesa para evitar sofrer um gol e, assim, garantir o empate em Minas Gerais, que foi exatamente o que acabou acontecendo ao final da partida, concluída sem nenhum gol marcado.
No último dia 15, o presidente do Corinthians Augusto Melo solicitou à Comissão de Ética e Disciplina do clube a abertura de procedimento contra o ex-diretor financeiro Rozallah Santoro, que ocupou o cargo entre janeiro e junho de 2024. O mandatário alvinegro faz diversas acusações contra Rozallah e pede a sua expulsão do quadro associativo do Corinthians.
Além disso, Augusto Melo exige que a CED obrigue Rozallah a pagar mais de R$ 40 milhões ao clube, a título de reparação por prejuízos supostamente causados por ele durante sua passagem na diretoria. A Central do Timão teve acesso ao ofício, que tem sete páginas e é assinado por Augusto Melo na condição de presidente. Confira a seguir um resumo do texto:
Rozallah Santoro e Augusto Melo no Corinthians. Foto: Reprodução
Conduta criticada
O texto inicia recordando que Rozallah foi diretor financeiro do Corinthians até o início de junho de 2024, e aponta que, já na condição de conselheiro trienal, votou para rejeitar as contas daquele exercício. Augusto diz que tal atitude, apontada como “contradição”, feriu o artigo 6º do Regimento Interno Administrativo, que fala sobre o dever de “zelar pelos interesses do Corinthians”. Um artigo do estatuto também é citado, mas chama atenção que o texto da norma não tenha relação com os fatos imputados ao ex-diretor.
Além disso, o documento acusa Rozallah de não apresentar “planos de longo prazo, orçamentos, previsões e iniciativas de redução de custos, alinhados com os objetivos estratégicos do clube”, e ignorar “gestão de riscos com vistas a identificar e mitigar riscos financeiros, preparando o clube para cenários adversos”. No entanto, o pedido não incluiu elementos para sustentar tais acusações.
Caso Rojas
A denúncia, então, aborda o caso Rojas, meia paraguaio contratado pelo Corinthians em 2023 e que abandonou o clube em fevereiro do ano seguinte, após o descumprimento de um acordo firmado no início da gestão Augusto Melo para quitar dívidas de direitos de imagem. O Alvinegro foi condenado pela FIFA, em junho passado, a pagar R$ 40,4 milhões ao atleta – um recurso do clube ainda tramita na Corte Arbitral do Esporte (CAS).
Augusto acusa o ex-diretor de ter sido omisso e decidido, por conta própria, não pagar a parcela de fevereiro do acordo entre clube e jogador. Para sustentar a acusação, o pedido apresenta a cópia de um e-mail, enviado pelo advogado de Rojas em 21 de fevereiro de 2024, a membros da diretoria do Corinthians, no qual aponta o atraso na parcela. O valor do pagamento era de R$ 1.363.342,13 ao representante do atleta (Redland Marketing Esportivo) mais US$ 43.008,00 ao intermediário (Football One S.A.).
No e-mail, o advogado Rafael Botelho explica que o vencimento da parcela havia ocorrido em 10 de fevereiro, e que desde o dia 15 o atleta estava livre para rescindir unilateralmente seu vínculo com o clube, de acordo com termos presentes no acordo e aceitos pela diretoria corinthiana. A rescisão, em si, acabou acontecendo no dia 28, também por e-mail. Rubens Gomes, ex-diretor de futebol, e Roberto Gavioli, ex-gerente financeiro do clube, também estavam copiados em ambas as mensagens.
Neste trecho da denúncia, também é apresentada uma tabela que representaria o fluxo financeiro do Corinthians entre os dias 16 e 24 de fevereiro do ano passado, apontando saldo positivo total de pelo menos R$ 3,7 milhões nas contas. Não há, porém, um demonstrativo similar para a semana anterior (9 a 15 de fevereiro), que abrangeria a data de vencimento da parcela e os dias subsequentes.
O documento também não apresenta evidências de alguma cobrança do presidente ao ex-diretor, por escrito, em qualquer data, seja antes ou depois do vencimento da parcela, da cobrança do advogado de Rojas ou do anúncio do rompimento unilateral do atleta, que gerou uma cobrança de R$ 8.030.008,00 – atualmente em disputa no CAS. Tal disputa, diz a denúncia, seria de responsabilidade de Rozallah, que com isso teria causado “grave dano” à imagem do Corinthians, citando o artigo 28 do estatuto:
Art. 28- É passível da pena de desligamento o associado que: D – cometer ato grave contra a moral social desportiva ou contra dirigente em função de seu cargo.
Outras acusações
O documento também afirma que Rozallah teria sido irresponsável no exercício da função de diretor, ao não controlar o fluxo de caixa do Corinthians. Augusto Melo acusa seu ex-diretor de não alertar a gestão sobre “possíveis descontroles no orçamento”, omitindo “prejuízos financeiros” ocorridos no período.
Vale apontar, porém, que em março de 2024, ainda com Rozallah como diretor financeiro, o clube promoveu a revisão do orçamento da temporada. O clube aumentou sua projeção de faturamento, prevendo arrecadar mais em patrocínios e venda de atletas, além de prever um aumento também nas despesas, mas ainda esperando um superávit de R$ 17,6 milhões no exercício.
Também é atribuída a Rozallah a responsabilidade pelos balancetes mensais do período, que não teriam sido publicados. No entanto, em rápida consulta ao site do Corinthians, é possível encontrar notícia de 19 de março de 2024, quando o clube anuncia a publicação do balancete mensal de janeiro. Apenas em junho, já com Rozallah fora da gestão, o clube anunciou os números dos meses seguintes, na forma de um balancete trimestral.
Possíveis divergências
As acusações de Augusto Melo são feitas 11 meses após a saída de Rozallah Santoro da diretoria e 15 meses após a rescisão unilateral consumada por Rojas. Até então, durante todo este período, em nenhum momento o presidente havia se manifestado em sentido parecido, assim como jamais havia atribuído ao ex-diretor má gestão no exercício do cargo.
Em maio de 2024, por exemplo, portanto após a saída do atleta, Augusto posou com Rozallah em vídeo para reforçar a permanência do ainda diretor, que havia pedido para deixar o cargo em razão de declarações do presidente no podcast do influencer Cross, naquele mesmo mês. Persuadido a permanecer após promessa de autonomia total na função, Rozallah acabou por repetir o pedido de demissão pouco depois, em 7 de junho.
Nesta entrevista em questão, inclusive, o presidente alvinegro fala sobre o caso Rojas, afirmando abertamente que tinha ciência do atraso no pagamento da parcela e que o dinheiro, provisionado inicialmente para honrar o acordo com o meia, foi usado para pagar as multas rescisórias da demissão de Mano Menezes e contratação de António Oliveira junto ao Cuiabá:
“Não tinha motivo pra ele sair, pô, era questão de um, dois dias, e eu tinha falado (que) a gente paga. Porque nós tivemos que usar esse dinheiro do Rojas pra pagar o treinador (António), pra ele poder (estrear) no dia, tá?”
A mesma versão foi relatada pelo próprio Rozallah no podcast Deu Zebra Cast, em 9 de maio deste ano. “Tinha acabado de acontecer a rescisão do Mano, eu tinha que pagar a primeira parcela, e tinha jogo sábado, a diretoria já queria que o António Oliveira estivesse sentado no banco, então tinha que pagar a liberação junto ao Cuiabá. Aí fui ao escritório do presidente e disse que o único o dinheiro que a gente tinha estava provisionado pra pagar o Matias Rojas”, disse.
O conselheiro prosseguiu, afirmando que a decisão de pagar as rescisões e atrasar o pagamento a Rojas foi do presidente: “(Ele disse) ‘Paga, depois a gente se vira’. Para o António Oliveira ser liberado. Cara, na quarta-feira não tinha dinheiro pra pagar o Rojas. A gente não se vira, né? Ah, mas entra a bilheteria. Está no fluxo de caixa, projetado. A decisão foi dele (Augusto).”
Augusto Melo foi ouvido sobre o caso Rojas outras vezes, ainda, nos últimos meses, sem jamais responsabilizar Rozallah pelo atraso na parcela do acordo. Em março de 2024, por exemplo, o presidente falou ao ge.globo que conversou pessoalmente com o atleta e seu empresário sobre o problema, sem sucesso.
“Ele não quer ficar mais, me explicou que queria ficar com a família. O mais pesado (da dívida) é (de direitos de) imagem, porque nunca foi pago. Acumulou muito. O salário dele, CLT, está em dia. É uma situação complicada. É daí (R$ 8 milhões) para mais. Falei com ele, falei com o empresário, eu mesmo tomei a frente e vamos resolver.”
Já em junho, à Gazeta Esportiva, Augusto culpou Rubens Gomes pela cláusula de rescisão por inadimplência. “O Augusto não participou de nenhuma reunião, nem com o Rojas e nem com nenhum jogador que o Rubão contratou. A assinatura do contrato foi feita porque ele (Augusto) confiava (em Rubão), e falaram que estava tudo certo”, informou a assessoria do presidente à época.
No entanto, Rafael Botelho, advogado e representante de Rojas, desmentiu a versão, afirmando que Augusto sabia da cláusula e estava à frente das negociações que firmaram o acordo, prometendo honrar os pagamentos: “O Augusto sabia de tudo, participava, falou comigo, participou por vídeo de uma reunião, sabia da cláusula. Fizemos o acordo pra pagar em seis vezes, sem juros, sem correção, sem multa, parcelas iguais, tudo para ajudar o clube. E o Augusto me disse ‘Agora, aqui tem palavra, eu cumpro, pode mandar o contrato’.”
Com a palavra, a CED
A Central do Timão entrou em contato com Roberson de Medeiros, presidente da Comissão de Ética e Disciplina do Corinthians, para apurar o andamento da denúncia feita por Augusto Melo contra Rozallah Santoro. Até o momento, no entanto, não houve retorno. As perguntas encaminhadas ao conselheiro foram:
O procedimento já foi oficialmente aberto pela Comissão?
O conselheiro Rozallah Santoro foi formalmente notificado?
Já foi estabelecido prazo para apresentação de defesa?
Há previsão de quando o caso será apreciado pela Comissão?
Havendo resposta, a matéria será atualizada.
Resposta de Rozallah
O ex-diretor financeiro e atual conselheiro divulgou nota em que rebate as acusações de Augusto Melo. No texto, Rozallah Santoro afirmou que o presidente falta com a verdade em sua denúncia. Também defendeu seu trabalho junto à diretoria financeira e recordou a rejeição de contas da atual gestão no Conselho Deliberativo e o indiciamento do dirigente alvinegro no caso VaideBet. Confira:
“Augusto Melo, para variar, mente.
E eu quero dizer aqui, com toda clareza: não meça os outros pela sua régua, Augusto.
Você é o presidente que foi indiciado. Você é o presidente que teve as contas reprovadas. Você é quem arrastou o Corinthians para as páginas policiais.
Por isso, repito: não meça os outros pela sua régua. Vamos aos fatos.
O contrato do Rojas foi você que assinou. Eu era Financeiro. Você e o Departamento de Futebol que criaram e assinaram esse contrato com uma cláusula muito prejudicial ao Corinthians.
E sabemos que não foi o único a que você fez sem antes avaliar se tinha capacidade financeira necessária para tal.
No dia em que vencia o pagamento do Rojas, haveria dinheiro em caixa. Mas você decidiu usar esse recurso para pagar a multa do Cuiabá, porque queria o Antônio Oliveira no banco. Essa foi a sua escolha.
E agora tenta jogar a culpa em mim — como se eu fosse responsável por uma situação causada única e exclusivamente pela sua completa falta de capacidade administrativa.
Você ainda diz que reprovei contas das quais participei. Mais uma vez, mente.
Até o momento em que estive lá, estávamos rigorosamente dentro do orçamento. Foi a sua gestão, depois da minha saída, que estourou em R$ 100 milhões a despesa operacional. É essa a verdade que você tenta esconder.
E Augusto, eu não entreguei as contas? Vamos lá, né… você NUNCA entregou documentos solicitado a pelo CORI. De novo, você!
Essa é, possivelmente, a semana mais triste da história do Corinthians. E ao invés de atacar quem fiscaliza, Augusto, você deveria pedir o boné.
Porque não sou eu quem está respondendo inquérito. É você. Com seus amigos. Também indiciados.
Não vou me calar. Não tenho rabo preso. Não tenho medo da verdade. Quem deveria ter é você.
Que o seu próximo movimento seja pedindo para sair e não acusando mais corinthianos sérios e preocupados com nosso Sport Club Corinthians Paulista, como eu.”
Por Daniel Keppler e Larissa Beppler | Redação da Central do Timão
Na noite desta quinta-feira, 22, a Polícia Civil de São Paulo concluiu as investigações do caso VaideBet, recomendando o indiciamento do presidente do Corinthians Augusto Melo, além de Marcelo Mariano (ex-diretor administrativo), Sérgio Moura (ex-superintendente de marketing) e Alex Cassundé (dono da Rede Social Media Design, indicada pelo clube como intermediária da negociação com a casa de apostas).
Assinado pelo delegado Tiago Fernando Correa, o documento, com pouco mais de 100 páginas, detalha as divergências nas versões apresentadas pelos envolvidos sobre a falsa intermediação que desviou R$ 1,4 milhão do Corinthians para a UJ Football Talent, empresa apontada por delatores como ligada ao crime organizado. No entanto, a Central do Timão apurou que esse ainda não é o relatório final da investigação.
Foto: Agência Corinthians
Na realidade, o documento trata-se de um despacho de indiciamento, instrumento emitido pela autoridade policial para formalizar que há elementos suficientes para atribuir a prática de crimes a determinados indivíduos. Segundo apuração da redação, o relatório final da investigação ainda será apresentado na próxima semana, com mais contexto e detalhes sobre as conclusões das autoridades.
Uma das questões que o relatório final deverá esclarecer é o papel da VaideBet no imbróglio envolvendo a inclusão da Rede Social Media no contrato de patrocínio. Conforme apurado pela Central do Timão, a ex-patrocinadora do Corinthians chegou a ser pressionada por dirigentes alvinegros a assumir o pagamento das comissões à empresa de Alex Cassundé. No entanto, a tentativa não teve sucesso.
Essa tentativa está registrada em ao menos um documento, datado de 29 de dezembro de 2023, no qual constam os dados da Rede Social Media e a previsão de que sua comissão seria paga diretamente pela casa de apostas. Esse formulário, cujas diretrizes acabaram não sendo incorporadas ao contrato final assinado entre as partes, sugere que, em algum momento da negociação, os representantes da VaideBet tinham ciência de que a empresa indicada pelo clube talvez não fosse a verdadeira intermediária do acordo.
No entanto, a ausência de representantes da VaideBet entre os indiciados no despacho sugere que a autoridade policial não considerou suficientes os elementos disponíveis para enquadrar a casa de apostas como partícipe no esquema que desviou recursos do Corinthians.
Vale lembrar, no entanto, que novas acusações ainda poderão ser feitas a qualquer um dos envolvidos, a depender da análise do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Caberá ao órgão decidir se acata, total ou parcialmente, as conclusões do delegado e oferece denúncia à Justiça, ou se opta por rejeitá-las, solicitando o arquivamento do inquérito.
Nesta quinta-feira, 22, o delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) da Polícia Civil de São Paulo, concluiu o inquérito sobre o caso VaideBet, recomendando o indiciamento, pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro, Augusto Melo (presidente do Corinthians), Sérgio Moura (ex-superintendente de marketing), Marcelo Mariano (ex-diretor administrativo) e Alex Cassundé (indicado pelo clube como intermediário do acordo com a casa de apostas).
A Central do Timão teve acesso ao despacho de indiciamento com a conclusão do delegado sobre as investigações. O documento, com 116 páginas, descreve em detalhes o passo a passo seguido pela polícia para justificar os indiciamentos, afirmando que a intermediação defendida pelos indiciados, na verdade, não aconteceu, servindo de pretexto para desviar recursos do Corinthians. Confira a seguir os pontos principais do relatório:
Montagem/Reprodução
Encontro que não aconteceu
A polícia afirma, no relatório, que a intermediação da empresa Rede Social Media Design, de Alex Cassundé, jamais aconteceu, tendo sido forjada pelos envolvidos no acordo. Em seu depoimento, Cassundé deu a entender às autoridades que jamais teve acesso a detalhes da negociação entre Corinthians e VaideBet, tendo sido “escolhido” para figurar como intermediário do contrato, posteriormente.
Em suas oitivas, os quatro indiciados divergiram completamente sobre o contexto da suposta intermediação, em todos os seus elementos. Ou seja, Alex Cassundé, Sérgio Moura, Marcelo Mariano e Augusto Melo forneceram versões diferentes para todos os questionamentos das autoridades, sobre a participação da Rede Social Media no acordo com a bet.
Como exemplo, vale destacar o relato sobre uma suposta visita de Cassundé ao Parque São Jorge, em dezembro de 2023. Cassundé disse que foi ao clube encontrar Marcelinho, por orientação de Sérgio Moura, que estaria ausente no dia. Já Marcelinho alegou que Cassundé foi levado a ele por Moura, pessoalmente. Por sua vez, Moura sustentou que Cassundé pediu para ir ao clube, onde os três se encontraram. E embora nenhum deles tenha citado Augusto Melo, o presidente corinthiano afirmou que foi apresentado a Cassundé no mesmo dia, por meio de Marcelinho.
Na sequência do documento, porém, todas estas versões são desmentidas pela polícia que, por meio da quebra do sigilo telemático do telefone de Alex Cassundé, comprovou que o mesmo não apenas não esteve no Parque São Jorge na semana citada pelos investigados em depoimento, como sequer se aproximou da região entre 9 e 31 de dezembro de 2023.
Mais divergências
As mesmas divergências foram apontadas em outras situações envolvendo a suposta intermediação. Além disso, o empresário não conseguiu comprovar à polícia diversas afirmações, como por exemplo o uso do ChatGPT para “conseguir contatos de patrocínio”. Além disso, Cassundé falhou em provar seu contato com um certo “André”, supostamente ligado à VaideBet, cujo telefone ele teria encontrado na internet.
As duas pessoas da casa de apostas com este nome foram ouvidas pela polícia, negando conhecer Cassundé. E Cassundé, por sua vez, não conseguiu comprovar o suposto contato telefônico que realizou, já que formatou seu WhatsApp no fim de maio de 2024, logo após a denúncia do repasse à empresa laranja estourar na mídia. Também não conseguiu comprovar supostos contatos por e-mail, pois teria excluído as mensagens e “destruído os equipamentos” que as continham, conforme depoimento.
O debate sobre a comissão também foi alvo de divergências: enquanto Cassundé disse que não pediu valores a Sérgio Moura pela intermediação, Moura afirma que o montante foi sim exigido e negociado – mas as datas desta suposta conversa são diferentes nas oitivas. A mesma situação acontece em relação à assinatura do contrato em si, supostamente exigida por e-mail a Cassundé. No entanto, tal e-mail jamais foi apresentado às autoridades, que concluíram que, na verdade, o e-mail não existe.
Falta de cooperação do Corinthians
Em busca de mais respostas sobre o papel de Alex Cassundé e da Rede Social Media Design no caso, as autoridades buscaram então o Corinthians para que pudesse se manifestar. Um ofício foi enviado ao clube com questionamentos no dia 13 de fevereiro deste ano, para ser respondido em até cinco dias – o que o clube não fez. O clube, então, foi cobrado com um novo ofício no dia 11 de março, mas novamente ignorou a polícia, sequer solicitando um prazo maior para resposta.
Apenas após o envio de um terceiro ofício, no dia 20 de março, cujo texto cita o Conselho de Orientação (CORI) observando seu papel de órgão fiscalizador do clube, é que a diretoria respondeu a polícia, afirmando que, inicialmente, apenas Sérgio Moura e Marcelo Mariano mantiveram contato com Alex Cassundé – três semanas depois, esta afirmação seria desmentida pelo próprio Augusto Melo em depoimento.
Na resposta, o Corinthians ainda apontou a plataforma Docusign como sendo a ferramenta usada para coletar as assinaturas dos envolvidos no contrato – sem conseguir apontar, no entanto, os e-mails dos outros signatários. É neste ponto que o relatório levanta a hipótese de que a assinatura de Alex Cassundé tenha sido fraudada no contrato com a VaideBet.
Pagamento das comissões
Em outro momento do relatório, a polícia observa que apenas após a assinatura do contrato a Rede Social Media solicita à Junta Comercial de São Paulo a CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) relativa à intermediações financeiras. O pedido ocorreu dia 16 de janeiro de 2024, seis dias após ser emitida a nota fiscal relativa ao pagamento da primeira parcela de sua comissão, no valor de R$ 700 mil.
À polícia, Cassundé tentou sustentar que tal valor teria sido recebido apenas em março, na verdade, o que se provou falso. Afinal de contas, neste mês, especificamente no dia 1º, foi feito o pagamento da segunda parcela de R$ 700 mil, quando se totalizaram os R$ 1,4 milhões pagos pelo Corinthians à empresa pela intermediação que a investigação aponta jamais ter existido.
Neste dia 1º de março, inclusive, o empresário passou a tarde no Parque São Jorge, segundo os registros telefônicos – fato omitido pelo mesmo em seu depoimento, e também não citado por nenhum outro investigado, o que chamou atenção das autoridades.
No entanto, o pagamento destas notas ainda não havia sido feito, e o contexto da cobrança destes valores foi, novamente, alvo de divergências entre Cassundé, Marcelinho e Sérgio. Um e-mail de Cassundé a Sérgio foi citado, mas nenhum dos dois apresentou a cópia do mesmo à polícia. Nem mesmo as datas de recebimento dos valores (18 e 21 de março) foram lembradas corretamente pelo falso intermediário.
A lavagem do dinheiro
O documento, então, detalha como o valor milionário passou do Corinthians à Rede Social Media e desta para a Neoway Soluções Integradas, empresa fantasma cuja dona no papel, Edna Oliveira, desconhecia a existência. Alex Cassundé afirma que transferiu R$ 1,06 milhão à Neoway após ser enganado por uma pessoa chamada Mauricio Manfra, de quem teria levado um golpe após adquirir um sistema de telemedicina pet.
Ocorre que, após investigar, as autoridades descobriram que o telefone atribuído a esta pessoa foi desativado em 31 de maio de 2024 – o mesmo dia em que Cassundé formatou seu WhatsApp. Pior: posteriormente, a polícia apurou que Maurício Manfra, na verdade, havia falecido em 26 de abril de 2024, vítima de uma doença degenerativa que o manteve internado em um hospital nos últimos meses de vida.
Além disso, a polícia também observou no relatório o fato de que, apesar de alegar ter “perdido” o valor milionário em um golpe, Alex Cassundé jamais registrou sequer um boletim de ocorrência para denunciar o caso. O valor real da transferência também não corresponde ao citado pelo empresário, já que a Neoway, na verdade, recebeu da Rede Social Media R$ 1,042 milhão, em dois depósitos.
Escondendo o intermediário
Ao investigar o modo como a Rede Social Media apareceu no contrato, chamou a atenção das autoridades a demora com que o Corinthians incluiu a empresa no documento. Embora o jurídico alvinegro já tivesse os dados desde 29 de dezembro de 2023, a primeira minuta (versão) do documento sequer tinha o campo de intermediário – este só surgiu na segunda minuta. Por sua vez, a inclusão dos dados em si ocorreu apenas na terceira versão, em 3 de janeiro de 2024.
Para a polícia, este e os elementos anteriores, juntos, demonstram que a intermediação de Alex Cassundé jamais aconteceu, e a gestão do Corinthians buscou, de todas as formas, esconder o empresário dos radares da negociação – o relatório exemplifica essa afirmação expondo que o mesmo não esteve no anúncio do patrocínio, no Parque São Jorge, embora tenha comparecido, por exemplo, à posse de Augusto Melo.
Os reais intermediários
O documento então cita o nome de Antônio Pereira dos Santos, o “Toninho Duettos”, personagem que surgiu no caso VaideBet após ser revelado em entrevista à Gazeta Esportiva, onde se declarava o real intermediário do acordo entre Corinthians e VaideBet. A essa altura, a polícia já tinha o seu nome em mãos, pois o mesmo havia sido citado pela VaideBet em depoimento de José André da Rocha Neto, dono da casa de apostas.
José André afirmou às autoridades que, interessado em patrocinar o Corinthians, procurou Toninho, pois sabia que este tinha “contatos” no clube. E em seguida, viajou a São Paulo, para se encontrar com o empresário e membros do Alvinegro: Augusto Melo e Marcelo Mariano. A mesma versão foi dita, em detalhes, por Toninho na entrevista à Gazeta.
A reunião onde o negócio foi fechado verbalmente aconteceu em 27 de dezembro de 2023 no Hotel Tívoli. No entanto, já no final do encontro, Toninho foi avisado por Marcelo Mariano que outra pessoa constaria no contrato como intermediária e que a sua comissão pelo acordo seria paga de outra forma. A polícia define o movimento como um golpe do ex-diretor administrativo no empresário.
O contato de Toninho no clube era Washington Araújo, coordenador de redes do Corinthians. A “ponte” entre ambos foi um funcionário de Toninho chamado Sandro, que conheceu o dirigente alvinegro antes de o mesmo ingressar na campanha de Augusto Melo à presidência do Corinthians. Eles apresentaram às autoridades prints de conversas e fotos, onde comprovaram estes vínculos.
Sandro chega a publicar, em suas redes, um story onde exibe uma camisa do Corinthians com o logo da VaideBet, exaltando o acordo e marcando o perfil de Augusto Melo. Após a reunião no Hotel Tívoli, ele também grava um vídeo com o presidente alvinegro – um frame do conteúdo é exibido no relatório. Meses depois, em depoimento, Augusto Melo garantiu à polícia nunca ter conhecido Sandro.
Os indiciamentos
O relatório então passa a descrever os indiciamentos, baseado nas evidências coletadas durante a longa investigação. No documento, o delegado aponta a intermediação de Alex Cassundé como uma “simulação” planejada e viabilizada por uma “atuação orquestrada e criminosa” de Augusto Melo, Marcelo Mariano e Sérgio Moura, para afastarem do negócio os reais intermediários e manterem o controle sobre o dinheiro relativo à comissão do contrato.
No texto, é sustentada a tese de que todos os envolvidos agiram com dolo no esquema e que, considerando que o fato de a Rede Social Media ter recebido R$ 1,4 milhão do Corinthians por uma intermediação inexistente implica em afirmar que o clube foi vítima de furto qualificado (artigo 155, parágrafo 4º do Código Penal). A UJ Football Talent, destinatária final de R$ 1,074 milhão deste total, é citada neste trecho para reforçar o argumento das autoridades.
A polícia também diz que o esquema criminoso se aproveitou de um abuso de confiança de Augusto Melo, Marcelo Mariano e Sérgio Moura para com os corinthianos que elegeram a chapa para dirigir o Corinthians. Tal abuso de confiança dos então dirigentes alvinegros faz recair, para a polícia, a acusação de fraude sobre Alex Cassundé.
O documento afirma, ainda, que a reunião do grupo para a celebração do esquema faz impor, por si só, o crime de associação criminosa (artigo 288 do Código Penal), e pondera que o grupo estava ciente de que, não sendo Cassundé o destinatário do dinheiro desviado do Corinthians, um esquema de transferências seria executado para mascarar o real “dono” dos recursos. Por saberem disso, lhes recairia também o crime de lavagem de dinheiro (artigo 1º da Lei 9613/98).
Por fim, o relatório deixa em aberto a situação do ex-diretor jurídico Yun Ki Lee, cujo advogado solicitou habilitação nos autos e, tendo em vista que o pedido ainda não foi apreciado, as conclusões sobre o mesmo serão feitas posteriormente. O delegado aponta, porém, que considera que o ex-dirigente “deixou de se atentar a detalhes cruciais da negociação”, especialmente ao se levar em conta sua experiência profissional e jurídica.
O inquérito da Polícia Civil de São Paulo sobre o caso VaideBet terminou com o indiciamento de quatro pessoas pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro, entre elas o presidente do Corinthians, Augusto Melo. Os outros indiciados foram Sérgio Moura (ex-superintendente de marketing), Marcelo Mariano (ex-diretor administrativo) e Alex Cassundé (indicado pelo clube como intermediário do acordo com a casa de apostas).
A investigação, comandada pelo delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), foi concluída nesta quinta-feira, 22, sem definir a situação de Yun Ki Lee (ex-diretor jurídico), pois o mesmo pediu habilitação nos autos, mas o pedido ainda não foi apreciado. Posteriormente, as autoridades farão suas conclusões sobre ele.
Foto: Reprodução
O patrocínio entre Corinthians e VaideBet foi anunciado em janeiro de 2024 como sendo o maior da história do Brasil, mas teve um fim abrupto em junho, após a empresa acionar a cláusula anticorrupção, na esteira do escândalo provocado por denúncias de que a empresa Rede Social Media Design, de Alex Cassundé, repassou parte dos R$ 1,4 milhão recebidos como comissão a uma empresa laranja.
Na investigação, a polícia conseguiu rastrear o caminho percorrido pelo montante pago pelo clube à suposta intermediária. Os valores foram desviados para diversas outras empresas, em uma teia de transferências bancárias que a investigação chamou de “percurso maquiavélico” e que terminou na UJ Football Talent Intermediação, empresa que Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), apontou como sendo parte das atividades do grupo criminoso no mundo do futebol.
Próximos passos
Agora, o caso vai para o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que deve analisar as conclusões do delegado e todas as evidências coletadas pela investigação desde maio do ano passado. Vale lembrar que o MP acompanhou a Polícia Civil durante o inquérito, participando inclusive das oitivas – prática considerada comum, que visa tornar os procedimentos mais céleres.
O MP-SP tem total autonomia para tomar a decisão que considerar a melhor sobre a investigação feita pela polícia. A promotoria pode tanto acatar integral ou parcialmente as recomendações de indiciamento quanto alterar alguma acusação, incluindo algum crime não considerado pela polícia, ou pode até mesmo rejeitar as recomendações e pedir o arquivamento do inquérito.
Nesta nova etapa, o MP-SP pode solicitar novas diligências ou depoimentos caso decida necessário, mas também pode tomar sua decisão apenas com a análise dos autos do inquérito. Portanto, é possível que o presidente Augusto Melo sequer seja ouvido pelos promotores.
Caso se decida pela continuidade do inquérito, seja mantendo as acusações da polícia, seja modificando-as, então o MP-SP procederá com a denúncia dos envolvidos à Justiça, que precisa aceitar a denúncia. Caso aceite, o passo final é instaurar um processo na primeira instância, tornando os acusados, oficialmente, réus.
Apoio político desmorona
A Central do Timão apurou que os primeiros momentos após a notícia do indiciamento foram desastrosos para Augusto Melo, nos bastidores do Parque São Jorge. Relatos dão conta de que importantes apoiadores do mandatário alvinegro nos órgãos fiscalizadores do clube declararam, informalmente, que não estão mais ao lado do presidente.
Internamente, uma parcela considerável da diretoria deseja a sua renúncia do cargo. De acordo com Luis Fabiani, da Rádio Bandeirantes, seis diretores se reuniram nesta noite de quinta-feira e decidiram que deixarão seus cargos caso Augusto Melo não se afaste da presidência do Corinthians.
Nas redes sociais, as reações entre os torcedores do Corinthians são similares, com a imensa maioria também exigindo uma renúncia do dirigente. Tal exigência também é compartilhada por setores das torcidas organizadas, que poderão articular uma pressão para fazer Augusto Melo tomar esta decisão.
Por fim, a situação política do presidente se fragiliza muito para a votação da próxima segunda-feira, 26, no Conselho Deliberativo, que aprecia o mérito do processo de impeachment contra o dirigente, justamente por irregularidades estatutárias cometidas no caso VaideBet. A tendência de aprovação do afastamento de Augusto Melo deve aumentar, com o seu indiciamento.
No início do mês de maio, o Corinthians se posicionou, através de nota oficial em seu site, a respeito da polêmica envolvendo o controle das notas fiscais de materiais esportivos da Nike, enviados pela Fisia, representante da empresa no Brasil, diretamente ao CT Joaquim Grava, prática que passou a ser adotada na atual gestão – antes, a logística era centralizada no Parque São Jorge. Na nota, o clube afirmou que todos os lançamentos contábeis estavam regularizados e presentes no balanço de 2024.
Porém, novos documentos revelam que o CT Profissional do Corinthians, desde o início do ano passado, emitiu centenas de notas em seu CNPJ à margem do sistema então implementado apenas na sede do clube, cuja soma total chega a quase R$ 1,2 milhão, sem jamais terem sido integralizadas nos demonstrativos financeiros do clube.
Foto: Reprodução/YouTube
Os produtos adquiridos são variados: materiais esportivos, como chuteiras da Adidas; materiais e construção, como calhas e parafusos; itens domésticos, como edredons e talheres; produtos alimentícios, como frango, massas, azeite, leite condensado, tomate seco, cogumelos e vinhos; e até mesmo brinquedos, como carrinhos Hot Wheels, bonecos de personagens como Naruto e Polly Pocket e mochilas de pelúcia.
A Central do Timão obteve acesso a uma planilha de controle destas notas fiscais, cujo período abrange de 25 de abril de 2024 a 27 de janeiro de 2025. Nela, há o detalhamento completo de 1424 compras lançadas no CNPJ do CT Profissional, dispostas em 448 notas fiscais que, somadas, tem valor de R$ 1.193.359,66. Quem garante que estas notas não foram devidamente lançadas é Marcelo Munhoes, ex-chefe de TI do Corinthians, demitido pela diretoria no final de janeiro deste ano.
Atraso e descontrole fiscal
Em conversa com a redação, o ex-funcionário do Alvinegro denunciou a situação, afirmando que o número de notas sem lançamento pode ser maior. Isso pois, segundo ele, o CNPJ do CT não era utilizado com regularidade até 2024 e, por isso, o local não estava munido das ferramentas necessárias para lançamentos de notas, controle de estoques e contabilização e apuração fiscal.
“Estima-se que aproximadamente 3 mil notas fiscais emitidas para o CT não foram lançadas na contabilidade do clube no exercício de 2024. O Corinthians conseguiu recuperar uma parte, manualmente, por meio de e-mails enviados pelos próprios fornecedores ao longo do ano. No entanto, o clube ainda não possui a real dimensão da extensão do problema.”
Segundo Munhoes, a questão também envolve as notas fiscais dos produtos recebidos da Nike. Ao todo, em 2024, o Corinthians recebeu 33.908 itens da fornecedora estadunidense, cujo valor total chega a R$ 13.200.598,11. Deste montante, o CT recebeu 9.062 itens, cujo valor total chega a R$ 4.941.075,13. É exatamente a soma citada pelo clube, na nota oficial divulgada no último dia 10.
No entanto, o ex-chefe do TI corinthiano sustenta que, até sua demissão no fim de janeiro, o clube não havia feito o devido lançamento dessas NF’s na forma exigida pela lei, procedendo com a inclusão manual dos valores após esta data, mas ainda a tempo de constar no balanço de 2024. Isso não faz, porém, com que o Corinthians não esteja sujeito a sanções, pois o atraso na contabilização fere legislações tributárias.
“O clube precisa cumprir tanto o próprio estatuto quanto a legislação brasileira, garantindo a conformidade contábil, fiscal e de controles internos do Corinthians. Isso se aplica, especialmente, ao registro de notas fiscais de entrada, controle de estoques e à veracidade das demonstrações contábeis, avaliando os riscos envolvidos e possíveis infrações à legislação vigente.”
Segundo Munhoes, o atraso na contabilização das NF’s da Nike lançadas para o CT e o não-lançamento das outras NF’s relativas a despesas diversas expõem o clube junto ao Fisco, sendo passível de autuações e multas severas – mesmo após correção posterior. “A regularização contábil e fiscal posterior é permitida pela legislação vigente, por meio de “retificações”. Contudo, as demonstrações financeiras do exercício de 2024 ficaram incorretas, que caracteriza fraude contábil e fiscal”
“Outra denúncia feita pelo ex-funcionário diz respeito aos estoques do CT, algo inexistente segundo ele. “Não há qualquer controle do que se tem no CT. Não há sequer pleno conhecimento de todas as notas fiscais emitidas contra o CT, uma vez que o Departamento Financeiro adquiriu o certificado digital apenas em novembro de 2024. Considerando que a SEFAZ disponibiliza as notas fiscais apenas referentes aos últimos três meses, existe uma lacuna crítica de informações fiscais anteriores a esse período.”
Para Munhoes, o envio de parte dos materiais da Nike para o CT tinha um objetivo claro: tornar parte do estoque fornecido pela empresa estadunidense irrastreável. “A ideia era tornar o estoque da Nike invisível aos olhos do PSJ. Pretendiam, inclusive, implantar um sistema de controle de estoque paralelo, a fim de garantir que ninguém do PSJ tivesse conhecimento do que estava ocorrendo. Eles insistiram nessa estratégia, mas não permitimos, argumentando que não era possível um sistema de estoques apartado, pois as informações precisam ser integradas”, disse.
Consultoria fez alerta
A EY, parceira do Corinthians no primeiro semestre de 2024 para diversos assuntos, inclusive organização administrativa, alertou o clube sobre as irregularidades na gestão das NF’s. A CentraldoTimão teve acesso a trocas de e-mails entre departamentos do Corinthians e a consultora durante parte de 2024.
O primeiro alerta ocorreu em agosto, poucos meses após um funcionário do clube, responsável pelos materiais da Nike estocados no Parque São Jorge, perceber que não estava mais recebendo as notas fiscais. Foi quando se soube que, por determinação do presidente Augusto Melo, foi feita uma descentralização do estoque e da emissão das NF’s, direcionando parte dos produtos da fornecedora para o CT Profissional.
Quem executou esta descentralização foi Caio do Valle, consultor de negócios estratégicos do Corinthians, que segundo Munhoz teria, pessoalmente, solicitado à Nike que alterasse o faturamento de uma parte dos produtos para o CNPJ do CT, sem alinhar esta alteração com outras áreas do clube, como a Controladoria, e gerando um vácuo de controle das informações e registros.
Ciente da situação, a EY fez um alerta por e-mail em agosto. Diversos dirigentes e membros da administração alvinegra receberam a mensagem, como Pedro Silveira, ex-diretor financeiro, Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo, Vinicius Azevedo, ex-superintendente de marketing, Luiz Ricardo Alves, o “Seedorf”, gerente financeiro, Caio do Valle, consultor de negócios estratégicos, e Marcelo Munhoes, ex-chefe de TI, entre outros. Em e-mails subsequentes, até mesmo Marcelo Eduardo Rodrigues Sales, o “Ninja”, chefe de gabinete de Augusto Melo, é copiado com seu e-mail pessoal.
No e-mail, a EY discorre sobre esta descentralização promovida pela diretoria, que teria gerado até agosto de 2024 um rombo de R$ 3,5 milhões em notas não lançadas no sistema. À consultora, foi apresentada uma justificativa para a mudança, que teria sido motivada pela alta demanda do futebol masculino e por atrasos de entrega da Nike. Ainda assim, a EY deixou claro que o movimento expôs o clube a multas fiscais, riscos de quebra contratual, reembolsos retroativos e danos à reputação.
Visando “eficiência operacional”, então, a EY recomendou a centralização do estoque no Parque São Jorge, orientação negada pela equipe do CT, alegando “falhas logísticas” na distribuição dos materiais. Foi explicado, ainda, que a separação do envio dos materiais e emissão notas em dois CNPJs era uma determinação da gestão do clube, alinhada no início de 2024.
Em complemento ao e-mail da EY, o TI corinthiano, na pessoa de Munhoes, levantou a necessidade de envolver formalmente os setores contábil e fiscal em mudanças processuais. Também ressaltou que a legislação tributária brasileira exige autorização prévia para alterações no faturamento, sob risco de autuações e processos, e que além disso a Nike também precisaria validar a política de emissão das notas no CNPJ do Parque São Jorge, mas com entrega dos itens direta no CT.
A situação poderia, em tese, ter se regularizado com a implementação do sistema Protheus (sistema de gestão empresarial desenvolvido pela TOTVS) no CT, algo que, em e-mail enviado em dezembro de 2024, o mesmo departamento confirmou que foi feito. No entanto, as diretrizes seguintes a essa implementação, como a emissão das notas pendentes, não foram cumpridas como deveriam.
Vale lembrar que a EY aponta, em seu relatório, que recebeu de departamentos do Corinthians a informação de que estas notas fiscais não lançadas e, portanto em situação fiscal irregular, estavam sendo emitidas e enviadas diretamente a Marcelo Mariano por e-mail, supostamente para regularização futura.
Outras medidas emergenciais cujo cumprimento era necessário incluíam inventariar o estoque do CT, ajustar saldos no Protheus e iniciar o ano de 2025 com dados corrigidos. O clube afirma que o lançamento das NF’s da Nike foi regularizado, sem citar, à época, nada a respeito das outras notas relativas a despesas diversas.
Sem regularizar totalmente a situação, o Corinthians segue sujeito a penalidades do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital da Receita Federal) pela falta de transparência fiscal, além de correr o risco de prejudicar as relações com a Nike e arranhar a imagem do Corinthians no mercado.
A Central do Timão procurou o Corinthians para falar sobre o assunto. O clube se comprometeu a verificar as informações apresentadas e retornar com um posicionamento, que será repercutido devidamente assim que for recebido.
Na noite desta quarta-feira, 21 de maio, o Corinthians enfrentou o Novorizontino, na Neo Química Arena, pela partida de volta da terceira fase da Copa do Brasil e venceu por 1 x 0. O gol do Alvinegro foi marcado pelo atacante Yuri Alberto. Com o resultado, o clube do Parque São Jorge avança às oitavas de final da Copa do Brasil – 2 x 0 na soma dos placares.
Após a partida o atacante Lucca, do Novorizontino, falou na zona mista com os jornalistas. O atleta esteve vinculado ao Corinthians entre 2015 e 2020, vencendo o Campeonato Brasileiro de 2015 e o Campeonato Paulista de 2018 pelo clube. Ele se lembrou da passagem pelo Timão, afirmando que ficou marcada em sua história, apontando o gol marcado contra o Atlético-MG, no Brasileirão 2015, como um ponto alto.
Foto: Reprodução/YouTube
“Foi uma passagem para mim que está marcada na minha história. Realizei um sonho de criança. Então, sem dúvida nenhuma, o primeiro a gente nunca esquece. Foi um bonito gol, foi um gol que está marcado no meu coração, no coração dos meus familiares. Porque, sem dúvida nenhuma, tudo que eu passei aqui jamais vai ser esquecido por mim, por toda a minha família, meus filhos, minha esposa. Então, é muito gratificante poder viver tudo que eu vivi aqui.”
O atacante lamentou a derrota sofrida pelo seu time em Itaquera, apontando a força da Fiel torcida na Neo Química Arena. “A gente sabe da força que tem o Corinthians aqui. Poder vir aqui de novo, a gente fica muito contente, mas a gente não conseguiu o que a gente queria. Eles foram mais felizes que a gente. A gente tem que dar sequência agora ao nosso trabalho aí na Série B”, afirmou.
Por fim, Lucca disse não sentir nenhum arrependimento na sua passagem pelo Parque São Jorge, reforçando que defender o Corinthians foi um sonho realizado: “Nenhuma, nenhuma. Eu te falei, eu realizei um sonho de criança. É uma coisa que meu pai falou um dia para mim, eu pude realizar. Então, cara, arrependimento nenhum, só felicidade. Eu fui campeão aqui. Então, isso para mim, eu fico sem palavras. Porque, como eu te falei, cara, uma coisa de criança. Eu poder realizar, eu acredito que são poucos que realizam sonhos assim como eu tive o prazer de realizar.”
Por Daniel Keppler e Larissa Beppler | Redação da Central do Timão
Os bastidores do Parque São Jorge foram movimentados nesta quarta-feira, 21, por mais posicionamentos da diretoria e dos órgãos fiscalizadores do Corinthians em relação ao imbróglio envolvendo as contas reprovadas do clube, em especial sobre a pretensão da gestão de atribuir R$ 191 milhões em contingências registradas no balanço 2024 ao exercício de 2023, o último da gestão Duilio Monteiro Alves.
Logo cedo, um documento denominado “Nota Técnica sobre os questionamentos acerca das demonstrações financeiras referentes ao exercício findo em 31 dezembro de 2024” começou a circular na imprensa, assinado pelo departamento financeiro do Corinthians. No texto, de 13 páginas, a diretoria resume suas ideias sobre as contas do último exercício, reforçando a tese de que, sem as citadas contingências, o clube obteve superávit de R$ 9,5 milhões no ano passado.
Trecho da nota técnica sobre as demonstrações financeiras de 2024. Foto: Reprodução
Segundo apurado pela Central do Timão, o documento não foi entregue a nenhum órgão fiscalizador do clube como o Conselho Deliberativo (CD). De fato, a nota técnica não está datada, nem é endereçada a nenhum órgão específico, embora cite em sua introdução não apenas o CD, como os Conselhos Fiscal (CF) e de Orientação (CORI).
Poucas horas depois, foi a vez de o Conselho Fiscal se manifestar, por meio de um ofício assinado pelo presidente Haroldo José Dantas da Silva. Nele, o conselheiro confirma que o financeiro corinthiano respondeu ao ofício anterior do órgão, que tratava da pretensão da diretoria de reapresentar as contas de 2023, e confirma que o CF poderá reanalisar os números dos balanços de 2023 e 2024.
O documento, porém, faz uma ressalva, ao deixar claro que tal reanálise só ocorrerá caso os números sejam reapresentados no mesmo padrão que vêm sendo utilizado até agora, e estejam acompanhados dos documentos que comprovem a reclassificação das despesas em debate. Além disso, condicionou a reanálise ao envio, por parte da gestão, dos mesmos materiais ao CORI e ao CD.
Parte do ofício do Conselho Fiscal sobre a reapresentação das contas do clube. Foto: Reprodução
Na noite desta quarta-feira, o Conselho de Orientação se manifestou sobre o tema. Por meio de um comunicado assinado pelo presidente Miguel Marques e Silva, o órgão diz que ainda não recebeu quaisquer informações sobre a reanálise de demonstrações financeiras. O documento diz ainda que a reanálise, caso ocorra, deverá ser objeto de uma “avaliação técnica rigorosa”, tendo em vista as normas contábeis envolvidas.
O presidente do Conselho Deliberativo Romeu Tuma Júnior também se manifestou por meio de um comunicado à imprensa, posicionando-se contra a reabertura das contas de 2023 e 2024. Segundo ele, “o único órgão que julga contas da Diretoria é o Conselho Deliberativo”. Em relação às contas de 2024, Tuma esclareceu que elas já foram analisadas e reprovadas, com base em parecer do Cori que apontou gestão temerária.
O dirigente ainda informou que a presidência do conselho já comunicou à gestão a intenção de encaminhar um ofício ao Conselho Regional de Contabilidade (CRC), solicitando a apuração da atuação dos profissionais de contabilidade vinculados ao clube, assim como das empresas responsáveis pela auditoria e contabilidade. No entanto, o envio do ofício aguarda uma resposta da diretoria, que, segundo ele, ainda não forneceu as informações requisitadas há mais de uma semana.
Já a antiga administração do Corinthians se pronunciou por meio de Wesley Melo, ex-diretor financeiro na gestão Duilio. Em nota encaminhada à Central do Timão, ele afirmou que não recebeu qualquer notificação do Conselho Fiscal a respeito do tema e destacou que as contas da gestão anterior foram aprovadas por três anos consecutivos e que o balanço de 2023 já foi encerrado e apresentado pela atual diretoria, motivo pelo qual, em suas palavras, “não há mais o que dizer sobre os nossos balanços”.
“Não temos qualquer informação oficial e tomamos conhecimento dessa disposição do Conselho Fiscal pela imprensa. Entendemos que a atual diretoria tem dificuldade de explicar seus números de 2024 e procura narrativas para desviar a atenção. Talvez tenham descoberto agora, com as contas reprovadas, que as normas contábeis são claras e exigem atenção rigorosa. Aprovamos contas em todos os órgãos por três anos consecutivos usando esse rigor, sendo que as contas de 2023 foram fechadas e apresentadas pela atual gestão por isso não há mais o que dizer sobre os nossos balanços”, afirmou.
A expectativa da gestão alvinegra é de que, sendo bem sucedida na reclassificação das contingências de R$ 191 milhões, transferindo-as para o balanço de 2023, possa ter suas contas de 2024 reanalisadas pelos órgãos fiscalizadores do Corinthians, desta vez apresentando um superávit e, portanto, sendo passíveis de aprovação. Membros da gestão passada já afirmaram que questionarão a estratégia, podendo levar o caso aos órgãos de classe da contabilidade ou mesmo à Justiça, se necessário.
Na noite desta quarta-feira, 21 de maio, o Corinthians enfrentou o Novorizontino, na Neo Química Arena, pela partida de volta da terceira fase da Copa do Brasil e venceu por 1 x 0. O gol do Alvinegro foi marcado pelo atacante Yuri Alberto. Com o resultado, o clube do Parque São Jorge avança às oitavas de final da Copa do Brasil – 2 x 0 na soma dos placares.
Além de representar a classificação na copa nacional para o Alvinegro, o jogo também foi especial para um jogador em particular: o zagueiro André Ramalho. Isso pois o atleta completou 50 jogos com a camisa do Corinthians nesta quarta-feira, ajudando a equipe a novamente não ser vazada – em sete jogos sob Dorival Júnior, é a quarta vez que o Timão não sofre gols.
Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians
O camisa 5 corinthiano teve desempenho seguro em Itaquera, registrando bons números defensivos, que incluíram quatro cortes, uma interceptação e um duelo ganho pelo chão. Além disso o jogador registrou 96% de acerto nos passes (64/67), além de 80% de precisão nos passes longos (8/10), sendo um destes considerado decisivo. A atuação rendeu a André Ramalho uma nota 7,3 na plataforma de estatísticas Sofascore.
Antes do jogo, o zagueiro havia comentado a possibilidade de chegar à importante marca pessoal nesta quarta-feira. “É um orgulho vestir essa camisa. Chegar a 50 jogos em menos de um ano, então, é muito significativo para mim. Até o ano passado, toda a minha carreira profissional tinha acontecido na Europa e eu nem tinha planos de voltar ao Brasil. Mas quando recebi a proposta do Corinthians, tudo mudou”, disse.
Por Daniel Keppler e Larissa Beppler | Redação da Central do Timão
A Neo Química Arena completará 11 anos em 2025 e, nesse período, já recebeu quase 400 jogos e 12 milhões de torcedores. O estádio em Itaquera, projetado para ser a casa do Corinthians, teve seu orçamento e projeto arquitetônico ampliados após ser escolhido para sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014. No entanto, a obra foi concluída sem que a Odebrecht, construtora responsável, executasse integralmente o que havia sido previsto em projeto.
Uma das etapas não cumpridas foi o projeto paisagístico, elaborado pela empresa estadunidense SWA e assinado pelo renomado arquiteto John Loomis – os mesmos responsáveis pela arborização do entorno do Burj Khalifa, famoso edifício em Dubai (Emirados Árabes Unidos). O projeto previa piso de granito integrado a espelhos d’água e jardins, que funcionariam também como barreira vegetal, criando uma transição entre o estádio e seu entorno.
Foto: Reprodução/Instagram
A não execução do projeto paisagístico da Neo Química Arena impactou não apenas a estética do local, mas também o conforto térmico. A ausência de vegetação tornou o espaço conhecido entre os torcedores por ser extremamente sensível às altas temperaturas, o que gera desconforto para os corinthianos que o frequentam. Foi pensando em resolver esse problema que surgiu o Corredor Ecológico Corinthiano (CEC), movimento coletivo que busca promover a arborização do entorno do estádio.
A Central do Timão procurou o coletivo, cujo trabalho pode ser acompanhado pelo perfil oficial no Instagram, para entender melhor o contexto de sua formação, os grupos com os quais se articula e as pretensões do movimento. A conversa também abordou o apoio recebido da torcida e os primeiros passos planejados para colocar a iniciativa em prática. Confira a entrevista completa a seguir:
Como surgiu a ideia do Corredor Ecológico Corinthiano?
A gente brinca que foi uma ideia coletiva. É meio que um espírito de época, né? O pessoal começou a sentir a Arena muito quente. O entorno da Arena é árido, em dias de sol, no verão, primavera. Até no outono, em dias de sol, você sente aquela aridez, aquela ilha de calor. Muito concreto, muito asfalto, ficou aquela coisa urbana, pesada. Isso foi despertando nas pessoas um sentimento, aí conversamos com o Pulguinha (ex-vice-presidente dos Gaviões da Fiel), e foi crescendo a ideia. Tinha o pessoal do Coletivo Democracia Corinthiana, da Coalizão pelo Clima. A ‘corinthianada’ que frequentava o estádio, torcida, ambientalistas, foi tendo essa ideia.
Quais foram os principais problemas ambientais identificados no entorno da Neo Química Arena?
É um local árido, mais quente, você sente isso muito. No entanto, quando se fica embaixo de uma árvore, a diferença de temperatura é brutal. E junto com isso a gente vê todos esses problemas que a falta de arborização causa. As árvores amenizam não só o calor, mas a poluição e as enchentes… elas diminuem a velocidade das águas nas enchentes. A Prefeitura teve até que fazer uma obra de águas pluviais, porque a região da Artur Alvim (ponto de concentração da torcida) já encheu de água várias vezes. A arborização vem para responder esses problemas regionais, além da questão das mudanças climáticas em nível global também. É a única tecnologia que nós temos disponível para captura de carbono e para mitigação dos efeitos, mas também das causas das emergências climáticas e do aquecimento global.
Além disso, esse projeto pode ressignificar o espaço para a comunidade local também. Porque aquele lugar é morto quando não tem jogo. Aquele corredor que vai da Estação Artur Alvim até a Estação Corinthians-Itaquera, se não tem jogo, é um lugar morto, perigoso. A gente precisa ressignificar, primeiro com plantio de árvores, mas depois planejamos fazer oficinas de compostagem, de canteiros biossinérgicos, (além de) ter gente que vai tratar a questão do lixo. Então, na verdade, (a arborização) é o primeiro passo para uma ressignificação do local para o bairro também, tomar aquele espaço para si. Não só a torcida corinthiana, mas eles também, o pessoal do bairro.”
Por que articular esse projeto sob o nome e valores do Corinthians? Qual a importância de iniciativas populares vinculadas a clubes de futebol, como o Timão?
O Corinthians é um time fundado por operários anarco-sindicalistas. O Miguel Battaglia já dizia que o Corinthians é o time do povo e é o povo quem vai fazer o time, e essa é uma frase de Enrico Malatesta (teórico e ativista anarquista italiano), que disse: ‘Nós, anarquistas, não queremos emancipar o povo, queremos que o povo se emancipe’. Toda a origem do Corinthians passa pela luta contra o elitismo no futebol, incluindo a participação nas grandes greves de 1917, quando tem aquele jogo de arrecadação de fundos para o Partido Comunista Brasileiro. Sem falar na própria Democracia Corinthiana, que é o capítulo mais conhecido dessa história. Tem também o apelo popular das nossas torcidas organizadas, como os Gaviões da Fiel. O Corinthians é uma entidade identificada com valores populares, democráticos e de igualdade. Essa questão mobiliza forças. E toda vez que a gente fala desse projeto, os olhos das pessoas brilham, então tem muito apelo popular e social. É democrático. O futebol move algumas forças que a gente pode aproveitar social, política e ambientalmente, sem ser partidário. É a política como forma de você mudar a sua realidade coletiva.”
Qual é a meta de arborização? Quantas árvores pretendem plantar e em qual área? Quais espécies de árvores estão sendo priorizadas e por quê?
A gente pretende plantar até mil árvores no entorno da Arena, saindo lá de Arthur Alvim, da Praça do Elefante, subindo a avenida Miguel Ignácio Cury e circulando o estádio. A gente espera que depois desse primeiro mutirão, dando certo, o Corinthians abra as portas pra gente conversar melhor com eles. Mas a meta é plantar mil árvores nativas, de preferência frutíferas, mas também outras árvores… ipê roxo, amarelo, branco, quaresmeira… para termos diversas cores em nosso plantio.
Projeto paisagístico não-executado durante a construção do estádio (Foto: Reprodução/DDG Arquitetura)
Como o projeto dialoga com a Prefeitura ou com órgãos ambientais?
A gente está buscando o apoio deles para que, pelo menos, eles autorizem esse plantio. A gente está em conversa com a Secretaria do Clima, a Secretaria do Verde e as Subprefeituras da Penha e de Itaquera. A participação dos conselheiros e conselheiras dos CADES Regionais, – não só de Itaquera e da Penha, mas de outras regiões também – tem sido fundamental desde o início das articulações. Estão indo bem as conversas e a gente está buscando um apoio, com adubo orgânico, ou ver se eles fornecem algumas mudas pra gente. Mas é a gente que quer fazer o plantio, vai ser pelas nossas mãos. O mutirão de plantio é popular, e em relação aos órgãos públicos, queremos que eles sigam a obrigação deles de dar apoio, e eles estão dando apoio, sim.
Como tem sido a adesão da torcida e dos moradores da Zona Leste?
A adesão da torcida está legal. Os Gaviões da Fiel pelo seu Departamento Social, a Pavilhão 9 também está com a gente. Coletivos como o Coringão Antifa e o Coletivo Democracia Corinthiana estão também. Muita gente procurando a gente pelo Instagram. A gente está com um time de futebol de várzea, o Onze Futebol Clube da Cohab 1. E por meio desse pessoal, a gente está agitando a população do entorno da Arena, e a resposta tem sido boa.
Como as diferentes entidades se articulam entre si? Quais os próximos passos ou eventos planejados?
Está sendo uma experiência de bastante aprendizado. Temos também alguns sindicatos cutistas apoiando a gente, o Movimento Sem Terra (MST) que está com mil mudas para doar para a gente também, e a própria Coalizão Pelo Clima, que agrega diferentes atores sociais e ambientais, tem conselheiros e conselheiras dos CADES Regionais (Conselho Regional de Meio Ambiente Desenvolvimento Sustentável) de Itaquera e Penha. Cada entidade tem seus objetivos diferentes, né, a torcida organizada, o MST, os sindicatos cutistas e os movimentos ambientais. Além do Coletivo Democracia Corinthiana, que fica ali entre o futebol e a política. São atores diferentes com características e modos de agir diferentes e isso é interessante, conseguir fazer essa articulação numa linguagem que todo mundo consiga dialogar. É uma articulação ampla.
Vocês veem relação entre a luta popular que marcou a história do Corinthians e a luta ambiental hoje? Existe um paralelo entre o papel histórico do clube nas causas sociais e ações como essa de cunho ambiental?
A gente não consegue separar os problemas ambientais dos problemas sociais, né? O ser humano é a espécie que tem o maior poder de construção e de destruição do planeta. Os problemas ambientais que nós temos hoje no planeta são problemas humanos, de ordem política, econômica, social. É o ser humano que derruba a Amazônia. São os mesmos que retiram os direitos dos trabalhadores via flexibilização da CLT, via retirada dos direitos da Reforma da Previdência. As questões estão muito ligadas entre elas. A gente tem um sistema econômico que se pauta pelo crescimento infinito da produção e da acumulação de riqueza num planeta com a natureza de tamanho limitado. Isso é um problema, é uma conta que não bate. Então, tem uma questão social e econômica e política dada nas questões ambientais. Se a gente não mudar o sistema, muito dificilmente a gente vai conseguir manter o planeta da maneira que está. A gente já gasta 70% a mais de recursos naturais do que o planeta é capaz de repor, de regenerar.
Linha de arborização pretendida pelo projeto (Foto: Reprodução)
Como a arborização pode ajudar a mitigar problemas típicos da Zona Leste de São Paulo, como enchentes, ilhas de calor e poluição?
Principalmente, mitigar problemas típicos da Zona Leste, como enchentes, ilhas de calor e poluição. Há estudos técnicos que mostram que as árvores retêm a luz do sol, diminuindo a temperatura em dois a três graus a diferença entre locais arborizados e locais não arborizados, em média. Elas diminuem a velocidade das águas, as folhas vão pegando as gotas de chuva, vão segurando, reduzindo o impacto das enchentes. E as árvores capturam gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono.
Quais os principais desafios técnicos para a implementação de um corredor ecológico urbano?
Tem uma questão que não é só uma ‘frescura’. A gente não pode sair quebrando calçada, né, em locais que a gente não sabe se passa rede de água, rede de esgoto, rede de luz, fiação de internet, telefonia. Você precisa tomar um cuidado com isso. A relação com a Prefeitura ajuda nisso, a localizar esses espaços. Tem a questão da segurança urbana, a gente precisa tomar cuidado para não tornar alguns espaços muito escuros. São questões que a gente precisa conversar e ver bem. Acertar com a Prefeitura a iluminação dos espaços que vão ser arborizados, para que não se tornem muito escuros e mais inseguros. E a gente também vai precisar contar com a boa vontade dos corinthianos em dia de jogo para não saírem quebrando as mudas, para serem gentis. É um lugar de grandes aglomerações, e a gente vai precisar dessa boa vontade para manter essas árvores de pé e tornar o entorno da Arena muito mais agradável para nós e para a população local.
Como as pessoas podem se engajar ou apoiar o projeto daqui para frente?
Estamos circulando um formulário para a gente ver quem sabe plantar, para estar com a gente no primeiro mutirão, dia 1º de junho. A gente precisa de braços, mentes e corações dispostos a plantar. Tanto quem sabe, quem não sabe, mas é bom que tenha gente que sabe. Já tem bastante gente se inscrevendo. A gente vai montar equipes para fazer o plantio de uma maneira correta, tecnicamente e ambientalmente. E, ao mesmo tempo, rolar uma troca de experiência, um aprendizado.
O pessoal pode ajudar também a divulgar o projeto nas redes, até o dia do mutirão. A gente está abrindo também espaço para oficinas, que têm a ver com o meio ambiente, como de manejo da terra, de plantio, agroecológico, biossinérgico. Ao todo, serão quatro mutirões para plantar as mil árvores que a gente quer, as mil mudas. Nesse primeiro momento, a gente está se programando para plantar 200 árvores, e entre um mutirão e outro, a gente vai fazer essas oficinas, na mesma linha do Corredor Ecológico Corinthiano.
Para participar do primeiro plantio popular do Corredor Ecológico Corinthiano, basta confirmar sua presença clicando AQUI. Também é possível apoiar o financiamento coletivo do projeto AQUI.
Por Daniel Keppler e Larissa Beppler / Redação da Central do Timão
Nos últimos dias, a diretoria do Corinthians intensificou as negociações para a troca de fornecedor de material esportivo. Conforme noticiado pela Central do Timão na última segunda-feira, 19, o clube avançou nas conversas com a Adidas para que a empresa alemã substitua a Nike a partir de 2026, em um contrato de dez anos cujo valor total, incluindo bônus e gatilhos, pode chegar à casa de R$ 1 bilhão.
No entanto, o acordo ainda precisa ser submetido à aprovação do Conselho de Orientação (CORI), conforme determina o estatuto do Corinthians, devido ao seu alto valor. Embora a atual gestão tenha pressa em fechar o contrato, a reunião do CORI para analisar a documentação e emitir seu parecer deverá ocorrer apenas após o dia 26, quando o Conselho Deliberativo (CD) votará o mérito do processo de impeachment contra o presidente Augusto Melo.
Foto: Divulgação/Corinthians
Oficialmente, a gestão não confirma que o contrato em questão foi negociado com a Adidas, ou mesmo que se trata de um acordo envolvendo fornecimento de material esportivo. Em suas declarações públicas, o presidente Augusto Melo tem se referido ao acordo como “contrato de R$ 1 bilhão”. No entanto, a gigante alemã foi citada em apurações diversas sobre o tema, não apenas na Central do Timão como em inúmeros outros veículos da imprensa.
Em conversa com a Central do Timão, o presidente do CORI Miguel Marques e Silva afirmou ter conversado com Augusto Melo para esclarecer a situação. O conselheiro, que também não confirmou o nome da Adidas, sustentou que se trata de uma análise complexa, pois envolve não apenas o contrato com a nova fornecedora, mas também a rescisão com a Nike, cujos custos e riscos precisam ser cuidadosamente mensurados.
“Talvez dia 2 de junho, (o dia que) sugerimos. Para analisarmos eventual proposta da Adidas, necessitamos ver os documentos relativos ao contrato com a Nike, eventual multa em face de rescisão, etc. Temos que ter tempo razoável para analisarmos os documentos e as questões.”
Ainda segundo o presidente do CORI, a reunião não pôde ocorrer nesta última segunda-feira pois, por norma, as reuniões do órgão precisam ser marcadas e publicadas com pelo menos três dias de antecedência. A ideia de ouvir a gestão e analisar o contrato após a votação do impeachment, segundo apurado pela Central do Timão, é apoiada pela maioria dos membros do colegiado, com a data citada anteriormente (2 de junho) não sendo definitiva, mas apenas uma sugestão.
Vale lembrar que o CORI é um órgão de fiscalização do Corinthians, cujo escopo de trabalho inclui analisar as ações da diretoria, incluindo orçamentos e balancetes da gestão, além de autorizar a assinatura de contratos e apurar responsabilidades por irregularidades cometidas. Ele é composto por dez membros vitalícios e dez membros trienais eleitos, dos quais nove foram indicados pela atual gestão.
Por Matheus Fernandes e Daniel Keppler / Redação da Central do Timão
Na última sexta-feira, 16, durante coletiva na Neo Química Arena, o presidente o Corinthians Augusto Melo falou sobre a política de contratações da sua gestão para as categorias de base. Ele minimizou o fato de já ter contratado 87 atletas para as categorias Sub-17 e Sub-20, ponderando que “mais de 50” jogadores deixaram a base no mesmo período.
Segundo o mandatário alvinegro, os jovens que chegam ao Parque São Jorge são fruto de uma negociação que é tratada pela diretoria como “participação”, e não contratação, onde se dariam “oportunidades”, num prazo entre seis meses a um ano, para que o atleta mostrasse seu potencial. Mas esse modelo encontra paralelo nos principais rivais do Corinthians? E em campo, vem mostrando resultados práticos?
Foto: Reprodução
Para responder estas perguntas, a Central do Timão fez um extenso levantamento sobre as contratações e dispensas promovidas pelos quatro grandes clubes paulistas (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo) desde o começo de 2024. E os dados mostram que nenhum clube mexeu tanto em seus elencos do Sub-17 e Sub-20 quanto o Corinthians.
O Alvinegro foi responsável por 87 contratações e 56 dispensas no período citado. Como consequência destes números, ainda é possível afirmar que os elencos das duas categorias “inchou” em 31 atletas. Por sinal, o Timão é o único dos clubes pesquisados a ter um saldo positivo neste cálculo – todos os seus rivais mais dispensaram que contrataram jovens.
O Palmeiras, por exemplo, trouxe 58 atletas e dispensou 64 no mesmo período, um saldo negativo de seis jogadores. Já o Santos integrou 42 jovens e se desvinculou de outros 51, um saldo negativo de nove atletas portanto. O São Paulo, por fim, contratou 36 jogadores e dispensou outros 46, com saldo negativo de dez atletas ao todo.
Por sinal, justamente o São Paulo, a equipe que menos mexeu na sua base, foi a que colheu mais frutos nas competições disputadas desde então. O clube chegou em cinco finais nos nove torneios disputados, conquistando dois títulos (Copa do Brasil Sub-20 de 2024 e Copa São Paulo de 2025) e sendo vice três vezes (Paulista Sub-17 de 2024, Paulista Sub-20 de 2024 e Copa do Brasil Sub-17 de 2024).
O Palmeiras, por sua vez, chegou a quatro decisões nos oito torneios que disputou, com um título conquistado (Brasileirão Sub-20 de 2024), além de três vices (Brasileirão Sub-17 de 2024, Copa do Brasil Sub-20 de 2024 e Copa Libertadores Sub-20 de 2025). Já o Santos atingiu somente uma final em sete competições disputadas, conseguindo vencer (Paulista Sub-17 de 2024).
Em comparação, o desempenho do Corinthians não se destaca, com o time tendo chegado a apenas duas finais nos sete torneios disputados, vencendo uma (Copa São Paulo de 2024) e perdendo outra (Copa São Paulo de 2025). Vale lembrar, porém, que a Copinha de 2024 foi conquistada pela comissão técnica e elenco já formados no clube antes da posse do presidente, que assumiu o mandato um dia antes da estreia do time na competição.
Na última segunda-feira, 13, o superintendente de comunicação do Corinthians Tiago Maranhão concedeu entrevista para o canal Boppismo, de Lucca Bopp, onde tratou de diversos assuntos sobre o trabalho desenvolvido no clube. Um dos temas foi Memphis Depay – o jornalista deu mais detalhes sobre como o clube chegou ao nome do neerlandês em 2024.
Segundo Tiago, a busca de Vinícius Azevedo e Pedro Silveira, ex-superintendente e ex-diretor financeiro do Corinthians respectivamente, giraram em torno de um nome que mudasse o time, que no segundo semestre de 2024 tinha dificuldades para concretizar bons resultados e sair da zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
“Aí entra na internet, (procura) jogadores livres no mercado. Apareceram alguns nomes e chegaram no Memphis. (Pensaram que) O Memphis cabe nesse time, o Memphis tem a ver com esse time, porque não só ele faz gol, como ele dá assistência e ele faz a galera em volta jogar. Mas como é que eu convido o Memphis pra jogar no Corinthians? Não tem o WhatsApp do Memphis…”
O profissional explicou que a busca chegou até o perfil do atacante no Transfermarkt, conhecido site de estatísticas sobre futebol. Nele, havia o contato de um empresário, que foi procurado pelo Corinthians, já com o interesse de contratar o jogador. Vinícius Azevedo e Pedro Silveira se colocaram à disposição do staff do atleta para discutir termos e valores de um possível vínculo.
“Aí o cara questionou se era pra valer. ‘Legit? For real?’… (Respondemos que) Sim, tá aqui uma foto nossa. Dissemos que tínhamos uma certa pressa, porque a janela era ali. E aí começaram a conversar. Ele tem umas propostas, mas não tem nada fechado. Tinha jogado a Eurocopa, tinha acabado de fazer gol. E aí, enfim, conversa vai, conversa vem, começaram a definir questões do contrato. Profissional pra caramba, aquela coisa mais europeia, não teve um deslumbre.”
Tiago também disse que, após a contratação e chegada de Memphis ao Brasil, foi o responsável por “apresentar” o clube ao atleta. “Eu contei a história do Corinthians pra ele. Levei ele no Memorial do Corinthians, a gente passou por foto de ídolos, ele conheceu o Fernando Wanner, (historiador do Corinthians), enfim, ele fez uma imersão”, disse.
O superintendente complementou revelando uma fala de Memphis a ele, para justificar seu aceite à oferta alvinegra: “Aí ele me contou: ‘Você sabe por que eu vim? Eu conhecia o Corinthians de reputação, de (ser) um time popular brasileiro, mas nunca assisti um jogo do Corinthians. Eu acredito em propósito.’ E aí, quando eu comecei a ler, eu falei, cara, viralizou a música ‘corinthiana’ que ele tem (2 Corinthians 5:7). Não é coincidência.”
Outro tema relacionado ao neerlandês, citado por Tiago Maranhão, foi o pênalti perdido pelo jogador na partida contra o Mirassol pelo Brasileirão – Memphis escolheu cobrar de “cavadinha”, sendo parado pelo goleiro Walter. Para o superintendente, não houve displicência do camisa 10 na cobrança.
“No dia-a-dia, ele é um cara sério, profissional, ele cobra de todo mundo muita intensidade. Ele fala, cara, não vim aqui passear, eu vim aqui pra ganhar e vim aqui pra gente jogar o melhor possível. (…) Todo mundo sabe que ele não fez aquilo ali por displicência, ele fez porque é um estilo que ele já bateu mil vezes e talvez na cabeça dele ele falou, cara, isso aqui vai dar uma moral, vai mostrar que a gente está confiante, enfim, escolha que ele fez ali, ele tem essa liberdade total.”